Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.
CARO AMIGO:
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Que Jesus o abençoe.
Muita Paz
Homenagem e gratidão a Rolando Ramacciotti
Somos Seis
Francisco Cândido Xavier, Caio Ramacciotti (e) Espíritos diversos.
I - Prefácio
A juventude expressa o amanhecer no dia da existência
terrestre. Neste livro, colhemos impressões e notícias de
companheiros à Espiritualidade Superior, nesse momento
Iluminado de quantos se encontram no Plano Físico.
Sendo assim, eles não escrevem unicamente para os
corações na primavera das forças corpóreas, mas se dirigem
e se localizem nas variadas faixas do tempo, no tempo do
progresso e da elevação, fornecem a todos os espíritos da
Terra a alegria da criatividade na Seara do Bem e da
imortalidade, acima das provas e experiências que passam
os homens.
Nas entrelinhas de cada mensagem confortadora,
esclarecem que da estância humana, quaisquer que sejam,
de muita importância para a alma e que, do dia para a noite,
no dia da existência planetária, somos convidados no plantio
do amor, visando a colheita de luz, nos campos da Vida
Maior.
As palavras desses construtores de renovação nos auxiliam
na insegurança, nas falanges do bem e da paz e da alegria,
de que os autores deste volume são mesmos operosos e
felizes, são os nossos votos.
EMMANUEL
Uberaba, 1º de julho de 1976
II - A VOLTA DOS JOVENS
Os jovens estão de volta!
Após o lançamento de JOVENS NO ALÉM, em outubro de
1975, ressurgem os rapazes, como que varando extensa
cortina de cinzas, com novas mensagens. E vêm
acompanhados de outros dois autores que trazem o seu
testemunho, de certa forma semelhante, pois ambos
faleceram no incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo.
Voltam bem à vontade, sem rodeios, pois a limpidez da
transmissão mediúnica lhes permite a expressão natural, com
suas palavras próprias, muitas vezes calcadas em gíria
gostosa e clara, abordando com os jovens da Terra
importantes problemas.
Nas páginas deste livro, você, prezado leitor, terá
oportunidade de observar repetidas referências a JOVENS
NO ALÉM face à necessidade de esclarecermos fatos ou
citações já mencionados naquela obra.
Ao anotarmos o nosso agradecimento a muitos
companheiros, particularizamos nossa gratidão ao querido
amigo Francisco Cândido Xavier, a quem tudo devemos, na
estruturação do trabalho, aos pais e familiares dos jovens,
pela simpatia com que forneceram os fundamentais
elementos de identificação e ao amigo e companheiro
Espírita, José da Fonseca, de quem obtivemos ilimitadas
informações a respeito do incêndio do Joelma.
Desejamos que as surpreendentes revelações sobre a
influência do espírito, que com tanta clareza nos trazem,
representem para todos nós a oportunidade de meditação
sobre a vida além da morte, aos amigos, que carregam a dor
da separação dos filhos queridos, esperamos que estas
páginas signifiquem facilidade de reencontro das mais caras
afeições, notoriamente separadas de seu convívio pela
morte.
Caio Ramacciotti
São Bernardo do Campo, 1° de julho de 1976
III - VOLQUIMAR CARVALHO DOS SANTOS
Guaratinguetá - 1° de julho de 1952
São Paulo - 1° de fevereiro de 1974
Filha de Geraldo Avelino dos Santos e Walkyria Carvalho dos
Santos
Irmãos:
- Volnelita dos Santos Foguel, casada com Wilson Foguel,
residentes em Araras-SP
- Volnéia dos Santos Augusto, casada com José Augusto,
residentes em São Paulo - Capital
- Álvaro Avelino Carvalho dos Santos.
O INCÊNDIO DO JOELMA
Para o paulistano, habituado às dimensões arquitetônicas de
sua megalópole, não é hábito particularizar esse ou aquele
edifício, essa ou aquela construção mais ou menos soberba,
porquanto, vive-se na capital paulista entre rochedos de
concreto, perdendo-se, já em passado mais remoto, o tempo
em que se admirava a altura, então, descomunal do edifício
Martinelli, do Banco do Estado ou mesmo da Esplanada.
Hoje, apenas a idéia do Metrô quebra a rotina da população
operosa que de sol a sol constrói a maior cidade da América
Latina.
Um edifício há, contudo, que, a despeito de não apresentar
muito de diferente em relação aos outros, há dois anos
permanece vivo na retina de todos nós que da grande São
Paulo presenciamos a eclosão de catástrofe de inusitadas
proporções. Falamos do Joelma.
Com seus 26 andares, alinhados em arquitetura moderna, em
que a forma convexa de sua fachada se abre em leque para
a Avenida 9 de Julho, descortinando a extensão toda da
grande avenida que se perde nos Jardins, fica o Joelma
situado em posição estratégica. Logo no início da 9 de Julho,
próximo à Praça das Bandeiras e do Vale do Anhangabaú,
voltando suas costas para a Avenida 23 de Maio, semelhase,
mesmo, o Joelma a um guardião do miolo da cidade onde
se depositam as tradições primeiras de sua história, com o
antigo Anhangabaú sepultado pela canalização de concreto,
correndo no sopé das colinas onde se construiu, por
determinação de Manoel da Nóbrega, o Colégio de São
Paulo de Piratininga.
Pouco antes das 9 horas da manhã daquela sexta-feira, no
primeiro dia do mês de fevereiro de 1974, línguas de fogo,
nascendo do meio do Edifício, começaram a crescer,
alcançando em poucos minutos proporções que lembravam o
trágico Andrauss, de dois anos antes.
Com a combustão de materiais diversos que se imolavam ao
poder destruidor do fogo, volutas de fumaça negra, em rolos
intermináveis, alternavam-se ou conviviam com as chamas
ciclópicas.
Muitas das pessoas que se encontravam naquela manhã no
Joelma conseguiram descer as escadarias até o Térreo e
salvar-se. Mas muitas, também, não tiveram o mesmo
destino: à medida em que o fogo queimava, chamas e
fumaça subiam pelo vão das escadas, impedindo de qualquer
modo a descida de quem se encontrava nos andares
superiores. Elevadores lotados se perdiam na ausência de
eletricidade, transformando-se em fornos crematórios a
carbonizar os infelizes passageiros que acreditaram na
possibilidade de atingir o Térreo, através daquelas gaiolas de
aço.
Sem possibilidades de descer, muitos subiram até o topo do
Edifício, na idéia de que se repetiria o mesmo processo de
salvamento do Andrauss em que dezenas de pessoas foram
salvas pelos helicópteros. Não sabiam, e não adiantava
saber, que o Joelma não tinha heliporto. Na cobertura, os
muitos que lá chegaram, começaram a correr, como um
bando desorientado, fugindo para cá e para lá das lâminas de
chamas aterradoras e dos rolos de fumaça que a todos
intoxicava.
O oxigênio, rarefeito pela combustão, atraído pelo sorvedouro
do fogo, como que acabava, toda vez que as chamas mais
ousadas varriam os cimos do Joelma, retornando
escassamente quando as chamas recuavam, para com
parcimônia ser sorvido a longos haustos pela multidão em
desespero. No interior do prédio o panorama não era mais
alentador, posto que a fumaça penetrava onde não chegava
o fogo, asfixiando a muitos. As laterais do Edifício foram as
mais poupadas, ali concentrando-se a maior parte das
pessoas que foram recolhidas com vida.
No desespero de salvar-se, na confusão generalizada corpos
eram pisados ou, quais tochas vivas, impiedosamente
carbonizados: alguns não poucos, no paroxismo da dor e do
desespero, pularam para estatelar-se perto do povo que
assustado, acompanhava a tragédia, entre atônito e inerme.
O heroísmo estava presente: mais uma vez páginas de
coragem indômita foram escritas: a generosidade irmanou
muitos naquelas poucas horas e espíritos valorosos deixaram
seus corpos para alçar vôos maiores, já sem os helicópteros
que os não puderam salvar, mas, com o apoio, talvez, de
aparelhos outros, invisíveis para nós, que levavam as vítimas
fatais para regiões diferentes...
Entre esses passageiros, em viagem compulsória para um
novo destino, estavam dois dos autores deste livro. Wilson
William Garcia e Volquimar Carvalho dos Santos.
QUEM É VOLQUIMAR
Embora o irmão Álvaro a tenha reconhecido no Instituto
Médico Legal, ocultou o fato à progenitora. O dia havia sido
exaustivo; apenas àquela hora, perto das seis da tarde é que
a longa busca chegava ao fim. Desde os primeiros momentos
do incêndio, Álvaro esgotara todas as possibilidades de
encontrar Volquimar.
Os dois trabalhavam no Joelma; Álvaro Avelino Carvalho dos
Santos, o filho caçula de 19 anos e Volquimar, de 21 anos,
eram funcionários da Crefisul; o rapaz trabalhava no Térreo e
Vôlqui, como era carinhosamente chamada, no 23°, como
gravadora de processamento de dados.
Tão-logo deflagrado o incêndio, Álvaro ficou aguardando a
cada chegada de colegas dos andares de cima, a presença
da irmã. Como até às 10 horas e meia não conseguira
localizá-la, encarregou alguns amigos de continuarem na
procura, enquanto ia em casa tranqüilizar a mãe.
D. Walkyria se encontrava no Pronto Socorro Infantil Santa
Generosa, acompanhando a filha de uma vizinha que lá
estava internada. Até perto das 11 horas daquela manhã, de
nada sabia: foi informada do incêndio por uma serviçal que
procedendo aos cuidados rotineiros de limpeza no quarto da
criança, comentou que um prédio na cidade pegava fogo.
Curiosa, D. Walkyria desceu para maiores informações na
secretaria do Pronto Socorro e soube tratar-se do Joelma.
Enquanto tentava inutilmente ligação telefônica para os filhos,
o Álvaro chega, coloca a mãezinha a par da situação e volta
até o Joelma para localizar a irmã.
As buscas exaustivas em volta do prédio, nas outras
agências da Organização Crefisul, mais próximas, onde se
elaboravam listas das pessoas que conseguiam salvar-se,
foram infrutíferas.
Voltou para casa, e com D. Walkyria e o auxílio de um amigo
motorizado partiram à tarde para novas tentativas de
localização de Volquimar, tentativas que os levaram, por fim,
ao Instituto Médico Legal.
Deixando a mãezinha no carro, Álvaro entrou com o amigo no
Instituto e ao encontrar o corpo da irmã, julgou prudente
ocultar o fato ao coração materno, até que chegassem a um
Pronto Socorro Cardiológico, onde, junto de um médico, daria
a notícia; D. Walkyria poderia não resistir ao impacto.
Entrando no carro, disse a ela que a Vôlqui não estava no
Instituto e, em piedosa desculpa, falou que iriam a um
hospital próximo, onde talvez a jovem estivesse; mas, aqui
começam as participações do Além que não permitiram a D.
Walkyria manter ilusões a respeito do destino da filha.
Assim que o Álvaro deu a desculpa e o carro já rolava pelo
asfalto da Teodoro Sampaio, bem em frente ao vetusto
edifício do Instituto Oscar Freire, Volquimar apareceu em
espírito para a mãe. Sem que o irmão e o amigo a vissem,
ela disse:
- “Mãe, o Álvaro já me achou e identificou o meu corpo.”
- Álvaro, meu filho, perguntou, então, D. Walkyria, você já
localizou sua irmã, não é verdade?, sem dizer como estava
recebendo a informação.
- Não, mamãe, retrucou o Álvaro, confuso, não a encontrei.
Continuava, contudo, o diálogo invisível da filha com a mãe.
- “Mamãe, falou a Volquimar sorrindo, ele já me encontrou,
sim, e está ocultando a verdade da senhora.”
D. Walkyria tocou os ombros do filho, no banco da frente do
carro e repetiu:
- Álvaro, fale-me a verdade, a Vôlqui está no Instituto Médico
Legal, não é mesmo?
Já que o filho continuava ocultando a realidade, D. Walkyria
silenciou e teve apenas confirmada a certeza do falecimento
da filha em um Pronto Socorro, onde, de imediato lhe foram
ministradas poções calmantes.
O episódio que envolve o aparecimento da filha, pós-mortem,
à sensibilidade da genitora, na tarde do mesmo dia do
incêndio, foi confirmado por Volquimar em sua primeira
mensagem psicografada pelo Chico, como veremos mais
adiante.
Fato consumado, voltaram para casa e à uma da manhã
chegava o corpo de Volquimar já liberado; na manhã seguinte
foi sepultada no Cemitério Nova Cachoeirinha.
Filha de Walkyria Carvalho dos Santos e de Geraldo Avelino
dos Santos, Volquimar nasceu em Guaratinguetá-SP a 1º de
julho de 1952, vindo a falecer no dia 1º de fevereiro de 1974,
com 21 anos.
Em 1969, residindo em Pirassununga, no interior paulista,
Volquimar forma-se professora primária, junto com outra
irmã, Volnéia, e, em seguida, a família muda-se para São
Paulo. Em outubro de 1973, após passar por algumas
organizações comerciais, foi levada pelo irmão, que já era
funcionário da Crefisul, para trabalhar junto dele no Edifício
Joelma, onde desencarnaria quatro meses depois.
Exercia as funções de gravadora em processamento de
dados e sua seção, situada no 23º andar, foi severamente
castigada pelo incêndio.
Na véspera da morte, Vôlqui faltara no serviço para preparar
a documentação necessária à matrícula na Universidade de
São Paulo, onde fora aprovada nos exames vestibulares
recém-realizados, na cadeira de letras.
O REENCONTRO
A bênção do esclarecimento espírita foi muito importante para
a família de Volquimar, no período de adaptação após a
partida da filha para o Plano Espiritual. A dor, contudo, não
deixava o coração saudoso de D. Walkyria, que, a despeito
de convicta da sobrevivência da filha, tendo-a visto, inclusive,
em espírito na tarde de seu falecimento, como vimos
anteriormente, não se acostumava com a ausência daquele
anjo meigo, companheira de tantos sofrimentos e lutas,
amiga inseparável.
Mas a vida nos empurra invariavelmente para frente, com a
renovação dos valores a nos cobrar a readaptação às
circunstâncias, por mais adversas que sejam. E D. Walkyria
sabia que não poderia fugir ao imperativo da renovação.
Conhecia Francisco Cândido Xavier das apresentações do
Pinga-Fogo do Canal 4 de São Paulo, as célebres
participações de julho e dezembro de 1971, em que Chico
ampliou consideravelmente a legião de seus admiradores,
sobretudo entre os não-espíritas que naquelas memoráveis
horas de magnetização total, através do vídeo, puderam
avaliar a sua majestática dimensão de discípulo de Jesus.
Sendo informada pelo genro, residente em Araras-SP, de que
Chico Xavier lá estaria no mês de março, eis que quarenta
dias depois do incêndio do Joelma, no dia 10 de março de
1974, D. Walkyria era a primeira pessoa da fila para abraçar
o querido médium.
Tão-logo pôde cumprimentá-lo, disse-lhe que perdera a filha
no incêndio do Joelma, sem mais informações, tendo o Chico
solicitado que esperasse até o fim da reunião, o que ocorreu
madrugada a dentro, dada a multidão que aguardava a
oportunidade do abraço a Chico Xavier.
Às despedidas, Chico falou-lhe da filha, identificando-a por
Volquimar, sem nunca ter tido qualquer informação a respeito
da jovem. Aliás, Volquimar é nome pouco comum e,
convenhamos, nada fácil de ser sacado...
Dois meses depois, em maio de 1974, D. Walkyria se
encontrava em Uberaba e, em meio a uma conversa informal,
Chico contou-lhe que o espírito da Volquimar estava dizendo
a ele que deixara em casa algo que permitiria a comunicação
mediúnica entre ela e a mãezinha.
D. Walkyria negou a existência de qualquer cousa que a filha
tivesse deixado e que pudesse servir de intercâmbio com o
Plano Espiritual. Como Chico Xavier insistisse, lembrando
que a Volquimar confirmava a existência de uma cartolina
com letras e números, com as palavras SIM, NÃO e ADEUS
e com um pequeno cartão móvel acoplado, o filho Álvaro
lembrou-se de que realmente a Vôlqui havia feito um cartão
semelhante.
Voltando a São Paulo, identificaram a cartolina guardada
entre as coisas da filha e esse meio incipiente de
comunicação com os mortos passou a ser utilizado com
freqüência por D. Walkyria.
A cartolina é citada nas mensagens de Volquimar, como
veremos mais adiante; ressalte-se nesse episódio a
autenticidade da intervenção mediúnica de Chico Xavier, que
de nada sabia. Aliás, nem os familiares da jovem se
lembravam de que a filha deixara semelhante cartão em
casa.
A comunicação com os espíritos pelo mecanismo do
abecedário é conhecida, com as restrições devidas à
incipiência do método e à inconveniência, no mais das vezes,
de estabelecermos comunicação com o Além, à nossa
própria vontade, com o risco de perturbações decorrentes do
intercâmbio, sem o adequado preparo espiritual de nossa
parte.
Consiste na disposição sobre um pedaço de cartolina, ou
cartão grosso, das letras do alfabeto, dos algarismos
arábicos, e de palavras simples, mas de utilidade no diálogo
mais rápido, como SIM e NÃO. Um copo ou, como no caso,
uma pequena peça de cartolina cortada ao meio, é que vai
designando, durante a reunião, as letras e números que o
espírito comunicante determina. Uma pessoa as anota,
formando, assim, as frases desejadas.
É necessária a presença de um médium de efeitos físicos,
pois o copo ou o pequeno cartão cortado ao centro se move
espontaneamente, à leve aproximação dos dedos do
médium. Pessoalmente já presenciamos semelhantes
sessões em que o copo utilizado para identificar as letras
desejadas circulava com tamanha velocidade que chegava a
cair, sem que os dedos do médium estivessem nele tocando.
Trata-se de um fenômeno de efeitos físicos, com a utilização
do ectoplasma do médium para a ação psicocinética sobre o
copo ou o cartão.
Não se recomenda, no geral, a realização desse tipo de
reunião mediúnica. Apenas nos ocupamos de sua descrição
para a ilustração de fatos ocorridos, com a família da
Volquimar. Desse episódio da cartolina e do ABC destaca-se
realmente a impressionante intervenção de Chico Xavier que,
desconhecendo tudo, transmitiu o recado da filha à
progenitora.
Após essa visita de maio, D. Walkyria voltou a Uberaba em
julho de 1974, dois meses depois, recebendo a primeira
mensagem psicográfica da filha. A segunda surgiu um ano
mais tarde.
MÃEZINHA, ESTOU BEM
Querida mãezinha, meu querido Álvaro(1). Primeiro a bênção
que peço a Deus em nosso auxílio e a bênção que rogo à
querida mamãe para que as forças não faltem, agora que
tomo o lápis com o auxílio de meu avô(2) para escrever.
Não sei explicar a emoção que me controla todos os
pensamentos. É como se voltasse todo o quadro de meses
antes à memória.
Tudo me sensibiliza em excesso, tudo me faz recuar para
rever o que devo contemplar em mim própria com
serenidade. E parece um sonho, mamãe, estarmos juntas,
através das letras no entendimento desejado. Não mais o
cartão do alfabeto(3) em que os movimentos vagarosos
demais nos impedem a idéia de correr como desejamos.
Aqui, é alma para alma nas palavras que anseio impregnar
de amor sem conseguir. Peço-lhe não chorem mais o que
ficou para trás no tempo, por expressão das Leis Divinas em
forma de sofrimento.
Embora isto, sei que a senhora e os nossos pedem notícias.
Como foi o inesperado? Muito difícil a revisão. Tudo
aconteceu de repente, como se devêssemos todos naquela
manhã obedecer, de um modo só, a ordem que vinha do
mais Alto, a fim de que a gente trocasse de vida e corpo.
Quando recebi o impacto da notícia do fogo, o tumulto fora da
sala não era pequeno. O propósito de fazer com que o
trabalho rendesse, habitualmente, nos isolava dos ruídos
exteriores. E o tempo de preservação possível havia
passado. Atendi automaticamente ao impulso que nascia nos
outros companheiros – descer à pressa. E fizemos isso.
Elevadores não mais podiam aguardar-nos. A força elétrica
sofrera a queda compreensível.
Esforcei-me por atingir algum meio para a descida, mas isso
se fazia impraticável. Com alguns poucos que me podiam
ouvir, subimos apressadamente para os cimos do prédio. A
esperança nos helicópteros estava em nossa cabeça, mas
era muito difícil abraçar tantos para o regresso à rua com
recursos tão poucos. Entendi tudo e orei. Orei como nunca,
lembrando toda a vida num momento só, porque os minutos
de expectativa eram para nós um prolongado instante de
expectativa sempre menor. Tudo atravessei com a prece no
coração. E posso dizer a você, mãezinha querida, que um
brando torpor me invadiu, pouco a pouco...
O calor era demasiado para que fosse sentido por nós,
especialmente por mim com minudências de registro.
Compreendi que não estávamos à beira de uma libertação
para o mundo e sim na margem da Vida Espiritual que
devíamos aceitar com fé em Deus. E aceitei. Os Amigos
Espirituais, destacando-se meu avô Álvaro, comigo durante
todo o tempo, não me deixaram assinalar quaisquer
violências, naturais numa ocasião como aquela, da parte
daqueles que nos removiam do caminho em que se
acreditavam no rumo da volta que não mais se verificaria.
Lembrando nossas preces e nossas conversações em casa,
procurei esquecer as frases de desespero que se
pronunciavam em torno de mim. Essa atitude de prece e de
aceitação me auxiliou e me colocou em posição de ser
socorrida.
Mais tarde com algumas horas de liberação do corpo, é que
despertei ao seu lado(4). Aquele amigo certo que hoje sei nele
o meu avô e benfeitor de todos os dias, estava a postos,
reconfortando-me..
Estava em meu próprio leito, refazendo energias, e por ele fui
informada de que a ilusão de estar no corpo, precisava ser
esquecida; que o nosso querido Álvaro, auxiliado por ele, me
encontrara a forma física na instituição a que fôramos
recolhidos, depois da luta enorme e que não me cabia agora,
senão estar calma e forte para fortalecê-la.
Mas que pode se gabar de ser mais forte que os outros numa
ocasião qual naquela em que nos vimos todos agoniados e
alterados sem qualquer possibilidade de opção?
Chorei muito, mas Deus não nos abandona.
Por alguns poucos dias estive quase que constantemente ao
seu lado, até dar-lhe a certeza de que devíamos estar em
paz.
Meu avô e outros amigos me ajudaram e prossigo na
recuperação necessária.
Os irmãos hospitalizados, os que se refazem dos choques, os
que se reconhecem desfigurados por falta de preparação
íntima na reconstituição da própria forma e os que se acusam
doentes, são ainda muitos.
De minha parte, estou melhorando. Agradeço as suas preces
e as orações de Volnéia e de Volnelita, do Álvaro(5) e dos
nossos todos, sem esquecer a nossa querida Célia(6) e outras
amigas. Todos os pensamentos de paz que me enviam são
preciosos agentes de auxílio em meu favor.
Quanto posso, querida mamãe, e auxiliada por enquanto e
sempre por amigos queridos daqui, volto ao nosso ambiente
familiar. Nossas irmãs e os cunhados José e Wilson sempre
amigos, nosso Álvaro, nossos queridos Flávio e Cristiano(7),
com a sua imagem materna em meu coração, prosseguem
comigo, como não podia deixar de ser.
Estou satisfeita por haver adquirido um apartamento mais
compatível com as nossas necessidades(8). Fui eu mesma,
com auxílio de meu avô e de outros benfeitores, quem lhe
forneceu a idéia de aproveitarmos a ocasião para a compra.
A senhora, querida mamãe, não precisava hesitar quanto ao
assunto(9); você sabia que o nosso ideal era sempre o de
conseguir o dinheiro para uma entrada que aliviasse o futuro.
E não diga mamãe que isso teria implicado na prova que
atravessamos. De qualquer modo a sua filha terminara o
tempo aí e, na essência, nós ambas sempre tivemos a
certeza de que a minha existência seria curta na terra desta
vez, em que aí estive(10). O fato de grifar as palavras “desta
vez” me consola, pois isso dá a vocês a certeza de que estou
em dia com a bênção da reencarnação, na lembrança do que
aprendi.
Meu avô e nossos amigos Augusto e José Roberto estão aqui
conosco. Agradeço as nossas queridas amigas Yolanda e
Helena, Acácia e outras irmãs, pelo incentivo à confiança em
Deus que estamos recebendo.
O amor é um milagre permanente. Por ele as afeições se
multiplicam e os nossos corações sempre se escoram em
novas esperanças para a vitória na vida.
Querido Álvaro, lembre-me como em nossos retratos felizes.
Não me recorde desfigurada ou em situação difícil na qual
você é induzido a lembrar-me. Querido irmão, atravessamos
aquela sombra. Agora, tudo é luz e bênção; seja para a
nossa querida mamãe, o que você sempre foi, um
companheiro e uma bênção.
Comemoramos os aniversários de meu avô e meu que vocês
marcaram com as nossas preces(11). Quero prosseguir
escrevendo, mas não consigo.
Mamãe, continue forte e calma na fé. A morte não existe; o
que existe é a mudança que, por vezes, quando imprevista,
como foi o nosso caso, não é fácil de suportar.
Abraços aos meus pequenos filhos do coração. Não posso
esquecer os sobrinhozinhos.
Nossos amigos Augusto e José Roberto(12), já treinados com
o intercâmbio na escrita, estão me amparando. Queridas
irmãs Yolanda, Helena e Acácia(13), agradeço muito. Querida
mamãe, meu querido Álvaro, irmãos e irmãs do coração,
Deus os recompense.
Mamãe, ouça-me dando notícias e recorde aqueles recados:
Mãezinha, fique tranqüila; mãezinha, estou bem; mamãe, já
cheguei do trabalho; mamãe, chegarei um pouco mais tarde.
E esteja certa, querida mãezinha, de que com o beijo de
todos os dias e carinho de todos os momentos, continua
sendo sua, sempre sua, a filha que lhe entrega o próprio
coração.
Hoje e sempre a sua
VOLQUIMAR
13 julho 1974
NAO CHORE MAIS, MAMÃE! EU NÃO MORRI!
A reapresentação de Volquimar, após sua morte, traz-nos
algumas cogitações mais profundas. Suas palavras
descrevem, de início, como ocorreu a morte, contando-nos
das dificuldades e lutas para a tentativa de sobrevivência. O
anseio inicial de descer, frustrado pelas volutas de negras
fumaças; a determinação de atingir o topo do edifício e a
compreensão de que seus minutos estavam contados. Nada
mais havia a fazer, senão orar. E Volquimar orou como
nunca.
Diga-se de passagem que muitas das pessoas que se
encontravam no Joelma tentaram salvar-se, subindo até os
cimos do edifício, numa comparação instantânea com o
incêndio do Andrauss, ocorrido dois anos antes. Mas o
Andrauss, em função do heliporto, pôde ter centralizados os
serviços de salvamento em sua laje de cobertura; contudo, o
Joelma, sem heliporto, pouco ofereceu de segurança aos que
chegaram lá em cima; muitos morreram carbonizados,
enquanto que outros se jogaram, encontrando a morte, no
violento choque com o chão.
O salvamento no Joelma se processou, basicamente, através
das escadas Magirus e foram mais beneficiados, nas tarefas
de socorro, os que puderam permanecer nas laterais do
edifício e nos andares intermediários ou mais baixos, onde os
intrépidos bombeiros podiam atuar.
Após descrever os momentos últimos de vida, Volquimar faz
um comentário que aparentemente pode causar surpresa
entre os que não estão familiarizados com as notícias a
respeito da vida após a morte. É quando diz que há irmãos,
entre os morreram, que se encontram hospitalizados, no
Plano Espiritual, que se reconhecem desfigurados, por falta
de preparação íntima, na reconstituição da própria forma. É
que, como sabemos, a morte não significa mudança
milagrosa das condições de vida e sim a ida do espírito para
o Mundo Espiritual, em que passa a individualizar-se através
do perispírito ou corpo espiritual, envoltório sutil que lhe dá
forma. O corpo físico, é, aliás, reprodução bastante
aproximada do corpo espiritual.
Convém lembrar, assim, que o corpo espiritual também se
lesa em função de determinadas agressões, como as
mutilações provocadas pelo trauma do incêndio, sendo a sua
recuperação mais ou menos rápida, de acordo com o
merecimento próprio e, em última análise, segundo o grau de
compreensão e evolução do espírito e dos compromissos que
traga de vidas passadas. Daí alguns companheiros que
pereceram no Joelma apresentarem, alguns meses depois,
ainda o corpo espiritual em processo de recuperação.
Muito rica de informações, de pleno desconhecimento do
médium, informações, tão numerosas, pelo anseio de colocar
em dia todos os assuntos pertinentes à situação de
reencontro, a mensagem da Volquimar exprime a vontade de
atualizar o papo, acalmando mais amplamente o coração
materno.
Assim, à medida em que formos identificando os nomes e
esclarecendo as citações de Volquimar, Ofereceremos mais
elementos, colhidos na entrevista com os familiares da jovem.
1 - Álvaro - seu irmão, já identificado.
2 - Meu avô - refere-se ao seu avô materno. Álvaro de
Carvalho, como veremos mais adiante. Sub-oficial da
Marinha de Guerra, desapareceu com o Cruzador Bahia, em
4 de julho de 1945, torpedeado nos Rochedos São Pedro e
São Paulo, quando retornava ao Brasil, ao fim da 2ª Guerra
Mundial.
3 - Não mais o cartão de alfabeto - veja-se comentário
anterior, quando falamos do encontro da mãe de Volquimar
com o Chico em Uberaba.
4 - Mais tarde, com algumas horas de liberação do corpo, é
que despertei ao seu lado - como também já comentamos na
Biografia de Volquimar, é a confirmação de que a mãe
realmente a viu em espírito, próximo ao Instituto Médico
Legal, de São Paulo.
5 - Irmãos de Volquimar.
6 - Nossa querida Célia - Célia Januário Ferreira, amiga de
Volquimar, colega de cursinho e dos primeiros empregos.
7 - Flávio e Cristiano - seus sobrinhos, Flávio Henrique dos
Santos Foguel e Cristiano dos Santos Augusto, filhos,
respectivamente, das irmãs Volnelita e Volnéia.
8 - Estou satisfeita...
9 - A senhora não precisava hesitar...
São daquelas informações pela psicografia do Chico que
verdadeiramente nos desnorteiam. D. Walkyria havia utilizado
o seguro de vida da filha como entrada para a aquisição de
um apartamento; consolando a mãe, pela conveniência da
atitude, Vôlqui nos revela episódio restrito ao ambiente
familiar, em evidente prova da exuberância do processo
mediúnico autêntico. Sem ter qualquer idéia ou informação a
respeito, como pôde, senão mediunicamente, Chico Xavier
transmitir com tanta riqueza de dados este episódio revelado
pela Volquimar??
10 - Volquimar guardava secreta intuição de que seus dias na
Terra estavam contados, dando a entender à mãe, suas
intuições, por diversas vezes.
11 - Referência ao seu aniversário de nascimento e à data de
falecimento do avô, a 1° e a 4 de julho, respectivamente. A
comemoração de que fala Volquimar na mensagem diz
respeito à reunião familiar nesses dias em que a filha
desencarnada se comunicou pelo cartão do alfabeto.
12 - Nossos amigos Augusto e José Roberto - Augusto é coautor
deste livro; José Roberto Pereira da Silva, filho de Nery
Pereira da Silva e Lucy Ianez Silva, faleceu a 8 de junho de
1972, no acidente com o trem que levava estudantes para
Mogi das Cruzes. Contava, então, 18 anos. Como o Augusto,
José Roberto, ou Beto, aparece citado em outras
oportunidades neste livro.
13 - Yolanda, Helena e Acácia - O leitor terá, também,
oportunidade de encontrar em outras citações, os nomes de
D. Acácia e da mãe do Augusto. D. Helena Leal do Canto
acompanhava a mãe de Volquimar, quando da recepção
desta mensagem.
OS IRMÃOS DE FEVEREIRO
Querida Mamãe, há um ano prometi escrever ao seu carinho.
Um ano e seis dias.
Aqui estou. Renovada, melhor. Quase feliz, se a felicidade
não fosse uma luz, tantas vezes, envolta nas nuvens da
saudade. Escrevo, porém, agradecida a Deus, cujo Infinito
Amor rogo nos favoreça. O trabalho de recuperação espiritual
continua.
Mãezinha, a solidariedade é mais forte aqui, no Mundo
Diferente. Somos todos irmãos, encadeados pelo amor, uns
aos outros.
Aqueles irmãos de fevereiro(1), iluminados nas chamas que
nos resgataram de tantas sombras do passado, são agora
também minha família. Nossa família.
Creia. Se pudéssemos, nós os que vamos melhorando,
participar a todas as mães e pais, principalmente, que os
filhos não morreram, encontraríamos nessa possibilidade a
maior alegria.
Às vezes, me sinto constrangida, com esse recurso novo pelo
qual nos comunicamos.
Quisera que todos se dirigissem aos entes amados,
explicando que prosseguem lutando e aprendendo,
renovando e melhorando... Você não ignora, mãezinha, que
nós duas nunca disputamos privilégios, nem nas filas.
Estamos conscientes de que o bem é igual aos clarões do sol
que pertencem a todos.
Entretanto, aquelas preces, junto do copo e do ABC(2),
aquelas possibilidades de conversar como que me
aqueceram no frio da ausência que se sucedeu ao lume da
redenção. E dialogamos e nos entendemos de novo.
Rogo, no entanto, a você, querida mamãe, para continuarmos
no esforço de esclarecer e consolar aos que ficaram. Nós, os
que chegamos ao Mais Além, pelas bênçãos de fevereiro, há
dois anos passados, estamos nas tarefas felizes do amparo
mútuo.
Ninguém julgue que a maioria dos desencarnados aporta no
Mundo Diferente sem as marcas das ocorrências que lhes
motivaram a separação do corpo físico. É preciso haver
atravessado a existência terrestre quase que em serviço
absoluto de espiritualização para que o nosso envoltório sutil
não seja assinalado pelas impressões da morte. Aqui,
surpreendemos companheiros muitos que passam ainda por
minucioso tratamento de plástica regenerativa, enquanto que
muitos outros recolhem assistência para reparações últimas
de pontos orgânicos lesados(3).
A morte do corpo é somente mudança de plano, sem
mudança de nós mesmos. E nós mesmos, conforme os
sentimentos e idéias que carregamos, operamos
mecanicamente em nós o registro de emoções e
pensamentos que se estampam em nossa forma nova, de
modo inevitável, desde que ainda não tenhamos a precisa
educação da vida íntima, a fim de comandar com segurança
os novos estados de espírito.
Mãezinha, descanse somente pelo tempo necessário. Um
mundo de trabalho pede o esforço dos que consigam
compreender e amar.
Tudo o que se nos faça possível, realizemos em benefício
dos que jazem desanimados, aflitos, desorientados, caídos...
A Terra é uma escola imensa, em que todos somos
matriculados para as lições do amor que, na essência, é a
Herança de Deus para nós todos. Que essa escola,
mãezinha, tanto quanto possível, não se transforme por
nossa culpa em hospital ou cárcere, porque as cadeias e
doenças, são criações nossas fora da Criação Divina, na luz
da Escola Bendita da Vida Física em que nos cabe o serviço
da evolução. É necessário abrir caminhos de luz nas
sombras, acender a esperança onde tantos cultivam tristeza
e desalento, sem qualquer razão de ser.
Somos todos irmãos, repetimos. Por que não reconhecer
isso, antes que se nos finde o curso de aprendizado no
educandário humano, curso que se expressa em cada uma
de nossas existências e das quais sempre saímos
deficitários, quanto às notas de aproveitamento e de
elevações que nos compete alcançar?!
Tudo é importante, na seara do bem.
O pano com que se ampara um recém-nascido é peça do
tecido maravilhoso da caridade, como o lençol com que se
resguarda um doente.
As frases de paz que balsamizem os corações desesperados
ou que iluminem um cérebro dementado pelo sofrimento
descendem das palavras de Jesus e estão impregnadas da
bênção com que Ele, Nosso Senhor, nos revelou os
caminhos da felicidade e da segurança.
Diga isso à Volnéia e Nelita, ao nosso Álvaro(4), à nossa
Célia. Somos um grupo aparentemente reduzido; no entanto,
grande é a nossa fé. Nossos companheiros José e Wilson,
nossos queridos Cristiano e Flavinho são partes iluminadas
de nossa equipe. E daqui onde filha fala ao seu coração,
vencendo barreiras vibratórias, somos igualmente um grupo
de corações fraternos, operando e cooperando no esforço de
bem fazer aos outros, porque auxiliar em benefício de alguém
será sempre beneficiar a nós próprios.
Confirmo: nossos amigos Augusto, Carlos Alberto, Nasser,
Cristiano, José Roberto, Maria Tereza Franchini(5) e tantos
outros estão conosco.
Nossas irmãs Meimei e Scheilla(6) são professoras a quem
profundamente amamos. E de nossos parques de
refazimento e de nossos campos de trabalho, elevam-se-nos
as orações rogando a Deus para que nossas lágrimas na
Terra sejam estancadas. Nossos irmãos Dráusio, Diógenes e
Carlos acompanham a nossa irmã Zilda Rozin(7) que vem
colaborando na plantação da Luz espiritual com o amparo
dos filhos queridos; nossa irmã Nely(8), que nos auxiliou muito
e nos trouxe a mãezinha até aqui, agradece a Jesus as
bênçãos que recebeu nas provas semelhantes às nossas.
Amigos outros, como seja o nosso irmão Aldo, ligado aos
queridos amigos Neusa e Gontran(9), pede à mãezinha para
reconfortar-se na certeza de que ele está sempre e cada vez
mais vivo. Nossa irmã Hilda abençoa os caros amigos
Paulino e Julinha(10); nosso irmão Maurício(11), que eu não
conhecia até agora, beija o coração querido de mãe que por
ele tem rogado as bênçãos de Deus. Quantos amigos e
companheiros aqui se encontram, na devolução do carinho e
das lembranças afetuosas que recebem, sua filha não
saberia dizer.
Mãezinha outros surgem: nosso irmão Izídio(12) abraça a
mãezinha e às almas queridas a que se sente ligado e pede à
nossa irmã Leila continue com ele, abençoando e amando os
lares ainda desfavorecidos de maiores recursos para que o
calor do afeto em Jesus seja sol divino no caminho daqueles
que faceiam lutas e provações maiores do que as nossas;
nossa irmã Assunta(13) registra o seu amor e devotamento de
Mãe em nossas singelas palavras.
Mamãe, se posso dizer mais, reafirmo: só no câmbio do bem
conseguimos a moeda da felicidade e da paz, garantindo-nos
o Trânsito seguro e tranqüilo de uma vida para outra.
Trabalhar servindo e servindo quanto nos seja possível, a
todos abençoando em nome de Deus, porque todos somos
de Deus.
Estou reconfortada por haver transmitido esta carta que é
sua, mãezinha, e de nós entrelaçarmos nas notícias do Reino
da Paz.
Receba com as irmãs queridas, Néia e Nelita, com o nosso
querido Álvaro e com todos, todos os que amamos, o abraço
com muitos beijos de sua filha e sua companheira que pede a
Jesus para ser o seu reconforto e a esperança, o seu carinho
e o seu amor.
VOLQUIMAR
19 julho 1975
ENCONTRO SEM FRONTEIRAS
Retorna Volquimar, um ano após a primeira mensagem e um
ano e meio depois do incêndio do Joelma. Situação diferente,
tanto no Plano Espiritual, quanto aqui na Terra.
No âmbito familiar, as cicatrizes mais firmes, a saudade
colocada, cada vez mais, no serviço do bem; no Além, ela e
os amigos que pereceram no incêndio, mais adaptados à
nova vida; alguns, ainda, em fase de recuperação, conforme
esclarece Volquimar, qual, aliás, nos lembra na mensagem
anterior.
Por outro lado, o clima psíquico que cerca a psicografia
dessa mensagem é realmente envolvente, pois que inúmeros
espíritos se reúnem para o abraço aos familiares, de modo a
se estabelecer uma reunião em dois planos vibratórios: os
vivos e os mortos juntos, espantando o espectro anômalo do
materialismo e lembrando-nos que estão separados pela
necessária diferenciação vocabular, mas que os mortos são
os que vivos ainda não se aperceberam de que a morte não
existe.
No clima de euforia espiritual, as citações vão surgindo,
céleres, na escrita firme do médium experimentado. Vejamos
as mais significativas:
1 - Aqueles irmãos de fevereiro - as vítimas do incêndio do
Joelma, irrompido no primeiro dia de fevereiro de 1974.
2 - Junto do copo e do ABC - fala Volquimar do mecanismo
de comunicação que deixou para o intercâmbio mediúnico.
Esse fato foi comentado anteriormente.
3 - Ver observação no inicio destes comentários e também no
estudo da mensagem anterior.
4 - Volnéia.... - grupo familiar de Volquimar.
5 - Carlos Alberto... - No decorrer das páginas deste livro,
todos esses jovens serão identificados, posto que são citados
em diferentes oportunidades.
Maria Tereza Franchini está entre “aqueles irmãos de
fevereiro”. Faleceu no Joelma com 22 anos. Filha de
Domingos Franchini e Filomena Cantizani Franchini,
residentes na capital de São Paulo.
6 - Benfeitoras Espirituais da equipe de Emmanuel. Sempre
presentes junto à mediunidade de Chico Xavier.
7 - Nossos irmãos Dráusio... - Dráusio Giunchetti Rosin, com
23 anos, Diógenes Giunchetti Rosin, com 16 anos, filhos de
Amílcar Rosin e de D. Zilda Giunchetti Rosin, escritora
espírita, faleceram em acidente na Estrada Suzano-Ribeirão
Pires, na manhã de 5 de julho de 1966.
Carlos Guilherme de Macedo, 27 anos, filho de Guilherme
Barbosa de Macedo e de D. Maria Lanza de Macedo,
desencarnou no mesmo acidente.
8 - Nely - Nely Rossi. Filha de Armando Rossi e Ana Maria
Rossi, faleceu em São Paulo, aos, em 02 de março de 1946,
vítima de queimaduras em acidente doméstico.
9 - Nosso irmão Aldo – Aldo Sarandy Raposo, faleceu em 9
de março de 1970, com infarto do miocárdio. Contava 24
anos apenas. Filho do Dr. Gontran Sarandy Raposo e Neuza
Sarandy Raposo, residentes em São Paulo.
10 - Nossa irmã Hilda - Hilda Gritti Saraiva, esposa
desencarnada do conhecido editor e livreiro Paulino Saraiva.
Julinha é sua atual esposa, Julia Saraiva.
11 - Mauricio - Sobrinho da pequena Nely, acima citada. Filho
de Carlos Rossi e de Janeth Luzia de Chiaccho Rossi,
desencarnou em São Paulo com 8 anos incompletos, a 15 de
junho de 1974.
12 - Izídio - Izídio Inácio da Silva, filho de Cacildo Inácio da
Silva e Leila Sahab Inácio da Silva. Desencarnou em Goiânia,
no dia 26 de março de 1974, com 19 anos.
13 - Nossa irmã Assunta - Assunta Fioravanti Chilardi, mãe
do Sr. Spartaco Ghilardi, dedicado dirigente espírita na capital
paulista.
D. Assunta faleceu a 13 de junho de 1959, com 72 anos.
IV - AUGUSTO CÉSAR NETTO
- São Paulo - 27 de setembro de 1942
- Praia Grande - 27 de fevereiro de 1968
Filho de Raul César e Yolanda César
Irmãs:
- Maria Otília César Toscano, casada com o Sr. Walter
Toscano.
- Zuleica César Carvalho, casada com o Dr. Antônio Celso
Mesquita Carvalho.
- Marly César de Almeida, casada com o Dr. Paulo Roberto
Bourgogne de Almeida.
REAPRESENTAÇÃO
Facilmente o leitor identificará no decorrer da leitura deste
livro, o estilo próprio dos seus seis autores. Jovens escritores
que não vieram de cursos de beletrismo, nem se
preocuparam particularmente com o estudo das figuras de
expressão literária, de modo a se lançarem como novos
candidatos aos troféus e às cadeiras de nossas academias.
Estes jovens, que tão cedo deixaram a Terra, numa idade
variável entre 17 e 25 anos, levaram daqui evidentemente o
ardor de sua juventude, trazendo de lá, a vontade de contar o
que viram aos companheiros e aos pais queridos que não se
acostumam à sua ausência, ainda que não estejam ausentes.
Mas, a despeito de sua despretensão em fazer literatura,
todos escrevem bem, cada qual carregando a marca
inconfundível de sua comunicação pessoal. Assim, em
Volquimar, a estrela do grupo, sentimos a filha amorosa,
falando simples e de forma elevada com a mãe, do mesmo
modo que conversavam quando na Terra. Wilson, o outro
estreante, é o marido muito jovem e o filho afetuoso que
divide o coração entre a esposa querida e a mãezinha,
consolando-as a ambas, numa linguagem clara, como são
claras suas posições diante da morte.
Wadyzinho é o jovem amadurecido que aos 17 anos já se
dedicava à Causa do Bem, na tarefa de levar as palavras do
Mestre aos jovens distantes da compreensão dos valores
morais da vida, imersos nos pesadelos induzidos por drogas
e vícios outros. Wady, além de filho amoroso, é a Doutrina,
exposta, aliás, em estilo sóbrio, encorpado, com o uso da
adjetivação fácil.
Carlos Alberto, o Tato, é o engenheiro que abdicou
temporariamente de sua linguagem pragmática, concisa, em
função dos sofrimentos da mãe, inadaptada, ainda, à dor da
separação.
Augusto e Jair são diferentes dos outros em termos de
comunicação. Lembremos que todos, Lembremos que todos,
basicamente, são muito ligados às famílias, filhos carinhosos,
cada qual com suas características próprias, idênticas às que
apresentavam quando encarnados.
Jair, por exemplo, brincalhão, manuseava a gíria, Wady os
analogismos e as metáforas; cabe aqui o depoimento de uma
sua colega dos tempos de escola, a estudante de
Antropologia da PUC de Campinas, Renata Manjaterra, que
ao ler uma de suas mensagens psicografadas pelo Chico,
que seu pai lhe fez chegar às mãos, disse: - “papai, mas esse
é mesmo o Jair”.
De fato, em suas mensagens, reconhece-se o Jair em
qualquer circunstância; são as frases curtas, entrecortadas,
carregadas de pontos e de vírgulas, como se Jair não
estivesse escrevendo e sim falando. Sua gíria, é, como a do
Augusto, até mesmo dicionarizada.
E o Augusto, também usava a gíria, quando encarnado?
Conversamos com sua mãe a respeito e D. Yolanda disse
que sim, usando-a o Augusto com moderação, e
reconhecendo em suas mensagens recebidas por Chico
Xavier, expressões habituais, do seu agrado, quando entre
nós.
A verdade é que falando em gíria ou se expressando no estilo
convencional, sente-se no Augusto uma linha de exposição
típica, em que o rapaz já mais velho que os outros (hoje
estaria com 33 anos) é amoroso e alegre, utilizando-se de
construções gramaticais bem próprias.
Particularmente entendemos que houve como que uma
divisão de trabalho entre os jovens autores, de modo a
atingirem a todas as áreas no campo da divulgação de suas
idéias, com uma preferência evidente do Augusto e do Jair
pela penetração entre os jovens mais familiarizados com as
expressões de gíria. E, reconheçamos, estes jovens são os
estudantes, são os rapazes voltados para experiências
perigosas com as ervas e as bolinhas e são os outros jovens,
ainda na fase dourada da juventude, desligados dos
problemas e das coisas, bastante carentes de orientação e
esclarecimento.
É inquestionável a penetração dessa técnica que Jair e
Augusto trouxeram do Além e que é a técnica também dos
jovens daqui: a conversa franca, descontraída, em que as
palavras, ou as palas como dizem, surgem ao sabor do
próprio diálogo ou do papo informal.
TEMPO DE PAZ
Mamãe, aquele abraço pedindo para nós a bênção de Deus.
A felicidade destas horas de paz e amor aos nossos irmãos
em Humanidade é um tranqüilizante ideal. Digo assim porque
as lutas andam ouriçadas. Tomar providências de cá, receber
medidas novas de lá. E o negócio é isso aí: trabalho de
renovação, caçada de grilos para consertar a máquina.
Mãezinha, é tanta areia nas areias da vida que, de qualquer
modo, é preciso alcançar o chão e plantar lavoura segura que
nos traga, não apenas o pão de cada dia, mas também a paz
de que todos necessitamos, a cada hora. Não é preciso falar
muito. O coração tem boca e ouvidos em que se nos
expressam os sentimentos mais íntimos. Eu penso, você
pensa, os nossos pensam. E Deus pensará por nós o que
seja melhor.
Compreendo as lutas do velho(1). Do nosso velho moço, mais
forte do que todas as forças que possamos apresentar.
Nosso caro Walter e ele acharão o caminho justo. De nosso
lado, querida Mãezinha, construamos a paz e a união. De
qualquer maneira, netos são filhos e genros filhos são. Nora,
em nosso caso, já era mesmo, porque de filho casado vocês
se livraram em tempo de calma.
Nada de desarmonia, porque espinheiro na estrada de hoje
rende espinhos e muitos na estrada de amanhã. Jogar as
cascas pra lá, é o nosso programa do momento. E
continuemos aguardando tempo bom para que a tempestade
fique onde está, amenizada por nossas preces.
Creia. Seu filho agora entende um pouco de confiança em
Deus. Já não me vejo tão mocorongo, a ponto de esquecer
que estamos nas mãos de Deus.
Mamãe, você igualmente hoje sabe comigo a importância da
tranqüilidade geral. Quando nossa Maria Otília esperava por
alguém, tempos atrás, os conflitos surgiram fortes.
Presentemente, quando a vemos de novo em grandes
esperanças para o futuro, como que as lutas voltaram. Não
quero dizer “lutas-destrutivas”, mas “lutas-lições” ou “lutasbênçãos”.
No fundo disso tudo, reconheço a nossa
oportunidade de harmonizar e reconstruir. Peço aquele
sorriso seu, sempre nosso, tão nosso, e não nos deixemos
vencer por tarefas que constituem ocasiões preciosas de
serviço na construção da paz e do amor.
Continuemos em nossas atividades da hora que passa,
amparando os outros, quanto nos seja possível, para que
sejamos amparados. Uma fonte tange outra. E as fontes
reunidas fazem o grande rio, transformado em força de
progresso. Não temos outro modo de seguir adiante, com a
segurança precisa. Apoiar os outros é receber apoio maior.
Mão que se abre para ajudar é aquela que pode realmente
receber. Quanto possível, resguardemos o amor que nos
reúne a todos, uns aos outros em casa, e assim nos veremos
tranqüilos, conquanto as mudanças(2).
Renatão amigo(3), tempo de servir é qualquer tempo e lugar
de ajudar em nome de Deus é qualquer um. Há quem ensine
o caminho para o Céu, acomodando-se numa poltrona
revestida de ouro e há quem faça indicações valiosas, nesse
mesmo rumo, escorando-se num cajado de mendigo. O
negócio é não se plantar a pessoa em conversa mole, mas
sim arrancar-se, cada um de si mesmo, e trabalhar pelo bem
dos outros. Arregaçar a mangas e chorar pelos poros, quanto
seja necessário, embora muito trabalhador de valia tenha de
chorar pela cabeça, esquentando a sede do pensamento com
a aflição e vigilância pela tranqüilidade do próximo.
Não se deixe catar pelos fazedores de crás-crás-crás.
Trabalhar sim e muito. Quanto às alterações do modo de
crer, isso virá com o tempo, desde que o tempo esteja vivo na
ação a que nos referimos. Este seu irmão e primo tem sido
baratinado por muita experiência até chegar nessa estação
de entendimento novo. Ponha serenidade nas idéias e mande
tarefas boas pra frente. Mande e se mande que você acabará
mandado por Jesus a encargos sempre maiores. Perguntar é
bom, mas servir é melhor.
Mamãe, distribua meus abraços. Isso não será difícil, porque
mãe é mãe sempre. Converse em nosso verdão e em nosso
peixeiro com o pessoal(4), arranje um assunto de bola e
estaremos certos que chegaremos à goleada do amparo a
todos na rede da união.
Não deixe que lágrimas daqui ou dali venham a fazer fossas
no caminho a passar. Deus é quem manda em tudo e nós
dois estaremos na torcida do pensamento em prece.
Agradeço às nossas irmãs Acácia e Lucy(5). Vocês estão
firmes. Acompanhamos tudo hoje. Nossa irmã Gina está feliz.
É isso aí. Não podemos fazer um irmão paralítico andar de
repente, imitando Jesus, mas podemos auxiliá-lo a seguir pra
frente sobre rodas. Não conseguimos multiplicar os pães de
cinco para cinco mil, qual Jesus, diante da multidão;
entretanto, se quisermos poderemos repartir um pão em
dois(6) para suprir as necessidades de um companheiro.
Mas isso, vocês todos fazem e sabem muito melhor do que
nós, os primos pobres deste lado de cá. Andamos com vocês
e aprendemos. E graças a Deus já estamos aprendendo.
Esperamos nosso livro próximo com muito carinho(7). Cremos
que será possível conversar por ele, com muitos dos nossos
irmãos ainda dependurados no corpo físico. Dependurados
não à moda de bolso vazio, mas à feição de plantas
preciosas nos xaxins dos nervos, florescendo e frutificando
com Jesus para a vida melhor.
Agradeço, mamãe, os seus pensamentos convidando seu
filho a escrever. Mais do que isso, escrevo em seu coração
todos os dias. Todos os dias conversamos e, a todo instante,
o nosso amor é mensagem pelo correio das vibrações.
Mais uma vez abençoe seu rapaz muito esperançado em dias
melhores e, com aquele abraço de fazer o telefone retinir aos
gritos num beijo estalado de filho saudoso, sou o seu filho,
sempre mais seu e cada vez mais reconhecido.
AUGUSTO
07 julho 1975
O ESQUEMA DA PAZ
Em Tempo de Paz, Augusto volta com força total,
preocupado com a estabilidade familiar e dando conselhos
com tal minudência de informações que nos chocam a
atenção.
Desde o inicio, surpreendendo as dificuldades do pai e do
cunhado nas atividades comerciais conjuntas, tranqüiliza a
todos, lembrando que “espinheiros na estrada de hoje,
rendem espinhos e muitos na estrada de amanhã”.
Vamos colocar na seqüência da mensagem as citações que
devem ser elucidadas, para maior esclarecimento dessa
página do Augusto
1 - Compreendo as lutas do velho - Augusto comenta as lutas
na área dos empreendimentos profissionais, por que passa o
genitor. As observações do item 2 dizem respeito à mesma
problemática.
2 - Conquanto as mudanças - Augusto já prevê as
modificações na estrutura social na firma de que faziam parte
o pai, Raul César, o genro Walter Toscano e o primo Roberto
César Carlos. Realmente, mais tarde, o Sr. Raul se retiraria
da sociedade, dentro do clima de paz e harmonia solicitado
pelo próprio Augusto que assim pôde, do Além, intervir no
grupo familiar, com o socorro da paz.
3 - Renatão amigo - É o seu primo Luiz Rotta Filho, apelidado
pelos familiares por Renatão, ou Renato.
Os conselhos dados pelo Augusto dizem respeito à situação
de incerteza por que passava o Renatão, devido a graves
conflitos no campo de suas definições religiosas. Nesta
mensagem e nas seguintes vamos encontrar esclarecimentos
de Augusto ao primo. No desdobramento do tempo, Renato
foi tranqüilizando-se, aceitando as ponderações de Augusto e
hoje é operoso participante do Lar do Amor Cristão, entidade
espírita da capital paulista.
4 - Converse em nosso verdão e em nosso peixeiro - Alusão
à Sociedade Esportiva Palmeiras e ao Santos Futebol Clube,
tradicionais agremiações esportivas de São Paulo.
5 - Nossas irmãs Acácia e Lucy - D. Acácia Maciel Cassanha,
já citada em JOVENS NO ALÉM, dirigente do Lar do Amor
Cristão. Lucy, é sua irmã, Lucy Maciel dos Santos, também
residente em São Paulo.
6 - Se quisermos podemos repartir o pão em dois... - bonita
figura, referente à lição de grande profundidade espiritual
dada por Chico Xavier, algumas horas antes do Augusto
escrever a mensagem. Durante a distribuição de pães a
famílias em dificuldade num dos bairros visitados, face à fila
que se formara, o pão estava prestes a terminar e o Chico
passou a dividir cada pãozinho em dois, para atender a
todos. Não houve a multiplicação, mas todos foram
beneficiados, numa simbólica manifestação de respeito pelos
que anseiam por um gesto de carinho e amizade, ainda que
menos referendado por valores materiais.
7 - Esperamos nosso livro com muito carinho - referência a
JOVENS NO ALÉM, na época, ainda no prelo.
FALEI E PENSO QUE FALEI JÓIA
Mamãe querida! Esta é aquela hora do nosso correio do
coração. Começo, como sempre sucede, na prece de paz e
reconhecimento com que rogo a Deus nos proteja e nos
abençoe.
Estou em nossa caravana. Melhor dizendo – estamos.
Porque a nossa turma está engrossando. Hoje entramos no
combinado. Gabrielzinho, o Tato Carlos, José Roberto e o
Nasser(1), seguimos todo o roteiro.
Agradecemos, querida mamãe, tudo o que fizeram. Parece
estranho, mas é afirmação magiclick: aqui também vamos
aprendendo e transformando a nós mesmos. Ontem, aquelas
corridas de alegria por fora, hoje as caminhadas de alegria
por fora e por dentro.
Não se preocupe em aumentar o cordão dos braços
maternos, porque nós de cá, ampliamos constantemente o
grupinho dos filhos reconhecidos. Cada visita aos
companheiros tristes é conforto em nós todos. Cada fatia de
pão está iluminada pela bênção daqueles benfeitores que nos
seguem de Mais Alto. Se seu filho pudesse, inventaria um
meio de ajuntar barbaridades de grana para converter a prata
em socorro. Por isso, é que me esforço para que o pai tenha
forças e para que você receba de Deus novas energias.
Aí na Terra, minha querida mãe, falamos tanto em que é
preciso trabalhar pelos outros; mas, na maioria dos casos,
creio eu, é necessário que a gente se desagarre da armadura
física, a fim de entender isso. Enquanto parafusados no
esqueleto, caridade é lição difícil de dar, perante professores
desse gibi tão difícil de ser lido. A gente possui e crê que os
outros possuem, estamos de boa saúde e esquecemos a
tremenda situação dos que caminham mambembes,
sacudindo os ossos em trapos de carne. Mas voltando para
cá, somos naturalmente chamados a ver - a ver todas as
necessidades que dominam os nossos semelhantes. Então, é
o momento de largar as nossas mumunhas e mandar
personalidades pras cucuias. Sermos nós, seres humanos,
filhos de Deus, formando uma só família.
Sei, mãezinha. Há quem negue essas verdades, mas apenas
se entregam à entração canuda de quem se faz de cego para
não enxergar. Panos e antolhos, porém, caem da visão, mais
hoje, mais amanhã e o negócio se manda forte pra cima de
quem perde tempo e despreza a oportunidade.
Ajude, sim, mamãe, quanto puder aos que varam fossas
muito maiores do que as nossas. Troque o metal ou o papel
chapeludo em bênçãos de amparo aos que caminham na
chuva do sofrimento. Sei que meu pai e nossa gente
aprovam. Afinal, não estamos desperdiçando glórias, nem
dando shows de beneficência.
Você sabe. O nosso ajuste é calmo e equilibrado. Um litro de
Old Eight transformamos em vários cobertores. Um conserto
de carro pela grilagem de uma festa convertemos em
remédios para vários doentes. A batida - a outra de mucas e
outros viram pães e bolos para muitos companheiros que
estão fazendo cruzes na boca. Vinte litros de gasolina para
uma excursão desnecessária se arrancam hoje em enxovais
para recém-nascidos, sem meios de enfrentar o frio de um
leito sem agasalho; um pacote de fumaça cara para nós
agora é um fardo de alimento, em benefício daqueles que se
reúnem perto de um fogão apagado; e aqueles costumes
ricos de seu filho bem-ajambrado são uma enormidade de
roupas para tanta pele exposta ao vento.
Falei. E penso que falei jóia. E disse o que disse para que
nós dois, fazendo o balanço, estejamos certos de que não
estamos arruinando a família. E pode crer, minha querida
mãe, vida de meu coração e luz dos meus dias, que se
conseguisse presentemente estar com os tubos, os melhores
presentes para oferecer a você seriam estes: estas horas de
amor ao próximo em que seu Augusto aprendeu a ver os
irmãos que choram, tentando consolá-los; seriam, mamãe,
estas noites de oração e de amor em que, com as nossas
mãos encontramos os que não têm braços e em que, com a
nossa fé, colecionamos as visões dos que se enraízam no
desespero e na aflição, agoniados nas provações em que
ainda se encontram.
Eu sei de suas noites e de seus dias, em que você me
procura nos doentes e nos que se reconhecem abandonados.
E somo as suas esperanças com as minhas para transformálas
em serviço à nova família que Deus nos concedeu - junto
da nossa - a família dos últimos que seguem nas retaguardas
da Terra, confiando em Deus e naqueles que se entregam a
Deus para compreendê-los e sustentá-los. Sei que meu pai
nos compreende, que as minhas irmãs e os meus irmãos que
se ligaram a elas e a nós nos entendem e nos aprovam.
Agradeço ao papai e a todos por isso mesmo, porque eles
todos nos abençoam, compartilhando-nos as tarefas.
Aqui estão nossos amigos Gabrielzinho e o Carlos Tato.
Fazem deles estas palavras que digo. Para o Gabrielzinho,
isso não é tão novidade. Ele é um jovem filósofo. O que
nosso Jair Presente(2) mostra euforia (palavra difícil para
significar bom humor), o nosso Gabrielzinho revela de
pensamento profundo. Somos todos irmãos e estamos
formando uma pequena comunidade de amigos de Jesus.
Uns são mais extrovertidos, outros mais entregues a
reexames e revisões por dentro deles mesmos. De qualquer
modo, todos estudamos e trabalhamos. De meu lado, sou
aquele mesmo seu rapaz penetrando um mundo novo.
Admirando tudo o que é bom e pedindo a Deus para fazer-me
um portador do bem. Mas estou sempre vidrado em seu
coração para não perder a sua companhia.
Suas conversações comigo, ouço-as todas. Suas flores me
alcançam em forma de perfume. Suas preces me alertam
para melhorar a mim. E seus exemplos de trabalho e
coragem para fazer o bem representam minha escola.
Agradeço ao seu carinho por todas as luzes e alegrias que
recebo.
Peço a sua assistência para o nosso Renato(3). Ele precisa
continuar naquele posto de servidor do bem. Caridade é o
lugar em que estamos com Deus. Isso é o que tenho
aprendido aqui de todos os amigos que me dispensam
assistência e atenção. De nossa Maria Otília(4) não preciso
dizer que estamos a postos, fazendo força para que as
tarefas em andamento estejam bem.
Esperamos em Deus as bênçãos de que necessitamos.
Você, mamãe, nos seus pensamentos, lembra a nossa
Acácia(5). Ela está sustentada por muitos amigos espirituais
nas provas que estão passando. Notícias dos amados que
estão chegando até nós virão em breve. É difícil falar entre
duas vidas, porque o tempo e as dimensões dos
acontecimentos são considerados aqui de modo muito
diverso. Entreguemo-nos a Deus, confiando sempre no
melhor.
Veja o que sucedeu. Escreveria um recado e escrevi um
relatório. Coisa de rapaz, talvez muito doido, mas seu filho
com muito carinho e com muito amor.
Termino com aquele plá de saudade, muitos beijos pra você;
não me esqueço de nossos compromissos; até logo, até
breve. Tchau pra você, mas por trás disso tudo, querida
mãezinha, está seu filho, tão sempre seu que lhe traz o
coração inteirinho naquele abraço em que continuamos meu
pai e com todos os nossos, juntos e sempre mais juntos para
sempre. Seu filho rico de seu amor, sempre seu
AUGUSTO
18 agosto 1975
SUGESTÕES PRÁTICAS
E falou mesmo... Em sugestões práticas, Augusto mostra-nos
várias maneiras de pensarmos no próximo, sem que nos
envolvamos em compromissos orçamentários, muitas vezes
inacessíveis. A tônica da mensagem é a preocupação com os
mais necessitados, “agoniados nas provações em que ainda
se encontram”.
Conta-se na mitologia grega que Zeus sofria de contumaz
cefaléia. Desanimado, depois de ter tentado de tudo, teve a
idéia de pedir a Hefestos que lhe batesse violentamente na
cabeça. Após insistentes pedidos de Zeus, Hefestos lhe
atendeu a solicitação e milagrosamente, da cabeça do
grande Zeus, nasceu Pala Atenéa, a Deusa da Sabedoria,
inspiradora da cultura e das artes.
De certa forma, o impacto da morte nos leva a compreensões
mais dilatadas da vida, de tal forma que jóias nascem de
nossos sentimentos sublimados pelo sofrimento e pela
saudade. O que Augusto se propõe nessa mensagem é
mostrar-nos, com receitas simples, que podemos exercer
tanto bem em nossa existência, sem que seja mais tarde
necessária a transformação da morte para despertarmos. E
suas receitas são práticas, preventivos mesmo, para que
vivamos com o bem e pelo bem, sem a necessidade de
dolorosas transformações que, como partos de Atenéa, nos
descortinem o caminho a seguir.
Os nomes citados por Augusto na mensagem são de modo
geral conhecidos, mas para facilitar a identificação, vamos
arrolá-los por ordem de aparecimento:
1 - Gabrielzinho - Gabriel Casemiro Espejo, desencarnado
em Campinas a 27 de junho de 1974. Filho de Gabriel Espejo
Martinez e Irene Casemiro Espejo Martinez.
- Tato Carlos - Carlos Alberto, co-autor do livro.
- José Roberto - José Roberto Pereira da Silva, já identificado
na 1ª mensagem da Volquimar.
- Nasser - Nasser Miguel Haddad, filho de Miguel Nasser
Haddad e de Shirley Haddad, faleceu com 15 anos no dia 23
de abril de 1974, em acidente de trânsito, na capital paulista.
2 - Jair Presente - co-autor.
3 - Renato - Luiz Rotta Filho, citado na mensagem anterior.
4 - Maria Otília - sua irmã, na época em fase adiantada de
gestação.
5 - Lembra a nossa Acácia - a referência se prende ao fato de
seu irmão haver falecido naquele dia, em São Paulo, quando
D. Acácia já se encontrava em Uberaba. Daí Augusto dizer
mais adiante que “notícias dos amados que estão chegando
até nós, virão em breve”.
Na mensagem ainda fala Augusto em papel chapeludo,
expressão muito usada por ele, segundo a progenitora,
quando vivo, entre nós, para referir-se à nota de Cr$ 10,00, já
retirada de circulação e que trazia impressa a figura de
Santos Dumont, com o seu chapéu de abas largas.
A VOLTA DO ASTRONAUTA MIRIM
Taí, Mamãe!
O garotão do Walter chegou jóia. Parabéns pra todos, com
Walter e Maria Otília na frente do festival.
O que custou a vinda desse baby não está contado.
Passes pra lá e passes pra cá. E médicos dos dois mundos,
garantindo a contagem de regressão do astronauta-mirim.
Graças a Deus, o rapaz foi entregue à família, nos altos do
Morumbi. Agora é crescer e aparecer, mas aí estão outros
quinhentos. Pintar por aí é mais difícil do que desabrochar
onde estamos.
Você, Renato, está firme. Isso é que é o fino aí no mundo:
largar as dicas embananadas e enfrentar a pedreira do
serviço com Jesus.
No princípio, aqui estive naquela água. Agora, porém, estou
carregando aquela lenha. Coração incrementado na fé e
mãos pra jambrar no que se deve fazer. Põe os olhos nas
letras e sigamos pra frente. Por trás desses garranchos feitos
em teipes de todos os tamanhos, a que chamamos de
alfabeto, você descobrirá os pensamentos luminosos de
muitos mestres da subida para Deus.
Nas horas de entrave, não dê aquelas de vila diogo e tope.
Você ganhará sempre o melhor, ficando na luta. É um prazer
encontrar a nossa estimada Júlia(1) ao seu lado nessas
conjuminações da verdade e do serviço. Fique tranqüila,
nossa querida Julinha. O pai lembrado sempre, nosso caro
Miranda(2), está presente. Naquela base mesmo de quem
mira a Terra que ficou na retaguarda e de quem anda pra
melhor. Mantenham-se vocês alegres e fortes. É muita luz na
forma de bênçãos que estamos recebendo. E precisamos
agradecer, agindo na plantação do bem...
Mamãe, parabéns pra você. Já sei. Você está na brasa do
bem ao próximo. É isso, querida mãezinha, o que realmente
fica. As nossas transas nas comunicações continuam
iluminadas de esperança. Seu carinho materno é uma
lâmpada acesa, clareando o caminho para outras mães e
outros pais que procuram os filhos emigrados para cá. Não
sei dizer a felicidade que sinto ao ouriçar-me com você no
aprendizado das boas obras.
Você, Mãezinha, fique certa: Prossigo com o papai, olhando
as listas(3). Participo de suas preces para que a grana possa
chegar de modo a que a caridade seja atendida, com aquela
cota. Aquela cota do quanto mais, melhor, no mais para
Jesus, na pessoa dos que sofrem.
Continuemos trabalhando. Sei que não posso ser um agente
dos tubos e compreendo que tubular os cabrais pra descobrir
os nossos irmãos necessitados não é assim tão fácil. Mas
seu filho hoje já sabe também orar e é com a prece que nos
iremos... para diante, pensando alto e buscando o melhor
para os outros.
Confiemos. Confiar em Jesus é jóia mesmo Entendo agora
que a luz divina parece nascer com novo brilho, onde as
mãos do amor ao próximo liquidam com a necessidade e com
o sofrimento.
Mãezinha, você é meu exemplo. Suba sempre mais, minha
estrela, para que a nossa estrada fique mais clara, sempre
mais clara. Mãezinha, com nossa prezada Acácia, agradeço
aos irmãos que me proporcionam tanta alegria no Lar, o
nosso Lar Cristão. Sou eu o aprendiz, querendo o título de
servidor. Permanecemos sempre mais juntos. E digam aos
nossos rapazes e às nossas meninas(4) que o trabalho aqui –
os nossos encargos na Comunidade dos Amigos de Jesus –
segue dureza.
Visitamos antros e muquifos, especialmente para socorrer as
vítimas do fumo-de-angola. É uma batalha em que as armas
são feitas de paciência e de amor. Creia, no entanto, o nosso
pessoal que sacudir os irmãos que chegam por aqui no sono
da erva é fogo na jurupoca. Luta enorme em que aprendemos
e recebemos dos outros aquilo que a gente supõe esclarecer
e dar. Mas tudo segue naquele clima da esperança que não
conhece paradas de insucesso e nem vê caminhos para
fossas.
Somos vários companheiros aqui, mas aquele que mais se
preocupa em se fazer presente é o nosso José Roberto. Ele
volta a pedir aquela calma de nossa irmã Lucy.
Nesta noite, em nosso grupo(5), grande grupo, estivemos com
todos vocês nas casas felizes de nossos companheiros em
aulas abençoadas. Lágrimas santas as que vimos. Dádivas
celestes as que foram repartidas. Dinheiro iluminado de amor
todo aquele que saiu das mãos de vocês numa distribuição
que nos fala muito alto ao espírito. E, sobretudo, as preces
que vocês fizeram, falando e sentindo, compreendendo e
pensando. Reunidos todos, reconhecemos que nesta noite
celebramos a nossa fé numa festa de luz.
Mãezinha, abrace o pai por mim. Nessas novas formações ou
negócios que vão surgindo(6), torcemos para que tudo dê
certo. Deus nos ouvirá e confiamos em papai forte e
tranqüilo, na construção do futuro.
Para todos de casa aquele plá de muito carinho, com um
abração de rapaz agradecido a todos aqui unidos nas
mesmas vibrações de amizade.
Hora de até logo é sempre amarga para quem ama;
entretanto, Mamãe, não conhecemos adeus. Seu filho é seu
mesmo. Receba aquele beijo estalado de alegria por ter
recebido de Deus a melhor das mãe da Terra. Aqui, a lição
da humildade que preciso aprender manda que eu diga que
os filhos são também corujas e não posso deixar sem registro
os meus pensamentos. Mas você, Mãezinha, é mesmo a
estrela de nosso grupo. Guarde, pois, o coração do seu filho
adoidado de felicidade por pertencer-lhe.
E ao dizer “falei” quero deixar bem claro que não escrevo
tchau, porque em matéria de notícias e carinhos logo tem
mais. Aquele abraço do seu
AUGUSTO
22 setembro 1975
COMO NÃO DAR AQUELAS DE VILA DIOGO
A chegada do astronauta-mirim muito representa para o
Augusto particularmente, porque como podemos notar nas
mensagens de JOVENS NO ALÉM, nosso autor muito se
preocupava com as gravidezes frustradas de sua irmã Maria
Otilia, tendo mesmo afirmado numa das mensagens que era
o mesmo espírito que tentava renascer, através de duas
gestações que não se concretizaram. Agora, Augusto
desabafa: “o que custou a vinda desse baby não está
contado”.
Na seqüência, volta a conversar com Renato, então, já longe
dos conflitos religiosos em que se viu envolvido, falando,
assim, de modo mais tranqüilo: “Isso é que é fino, aí no
mundo: largar as dicas embananadas e enfrentar a pedreira
do serviço com Jesus”.
Como veremos também nas mensagens do Jair, parece-nos
neste livro, como no anterior, que ambos, Augusto e Jair,
assumiram a responsabilidade da comunicação mais direta
com os jovens, através da linguagem simples da gíria,
utilizando-se, inclusive, de gírias dicionarizadas, como é o
caso de “dar aquelas de vila diogo” e de “fumo-da-angola”,
encontradiças no NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO.
Walter, Maria Otília, Renato, Acácia, José Roberto e Lucy são
já conhecidos. Júlia e Miranda identificaremos a seguir:
1 - Nossa estimada Júlia - Júlia Miranda Rotta, esposa do
Renato, apelido familiar do Luiz Rotta Filho, como já vimos.
2 - Nosso caro Miranda - José Augusto de Miranda, pai de
Júlia. Revelação importante, pois Chico Xavier nada sabia a
respeito da família da esposa do Renato e muito menos que
seu pai era desencarnado. José Augusto de Miranda faleceu
em 10 de junho de 1971, com 58 anos.
Ainda na seqüência cronológica podemos citar, para maior
clareza, as seguintes observações do Augusto:
3 - Prossigo com o papai olhando as listas - quando “vivo”,
Augusto efetuava os serviços de escrita do pai,
assessorando-o nos misteres de contabilidade e
planejamento. Daí dizer que prossegue olhando as listas.
4 - E digam aos nossos rapazes e às nossas meninas... -
Augusto se refere às atividades adicionais em suas tarefas,
após os jovens do Lar do Amor Cristão organizarem a
Mocidade Espírita Augusto César Netto.
5 - Nesta noite em nosso grupo... - Antes da reunião
mediúnica o grupo realizou visita a lares necessitados da
região, para o indispensável socorro material e espiritual.
6 - Nessas novas formações ou negócios que vão surgindo -
Augusto fala dos novos empreendimentos comerciais do pai,
após a desvinculação de que tratamos em mensagem
anterior.
Em suas primeiras palavras, Augusto diz, na mensagem, que
“o rapaz foi entregue à família, nos altos do Morumbi”, em
alusão ao Hospital Albert Einstein, localizado no Bairro do
Morumbi, próximo ao Palácio dos Bandeirantes.
BALÃO APAGADO
E agora vou contar pra vocês como passei além-terra e alémmar
para o Além mesmo.
O marca-vida dera prego de bate-pronto. Procurei dar um
come-de-corpo na violenta e caí pelas tabelas no aguaçal.
Estava metido na boca do leão, rebentando peito pra sentar
pé, quando percebi que o lampejo dava uma de vagolino e a
lata deu com os burros n’água. Por dentro senti a vela
derretendo no moringório griloso, até que virei balão apagado
na alaraca.
Escutei palas e vozeirões da superequipe, mas não consegui
bater uma caixa.
No começo da mágica, faturei pensadas e acreditei que
algum cupincha tivesse feito crocodilagem, me colocando no
baratino, porque entrei num sonho de fantástico, vendo
capivaras e homens de branco à minha frente. No imaginório
birutado a visão continuou e notei que alguns tiras me
carregavam para dentro de um belo rodante pra dar uma
esticada, sem que eu soubesse pra quê. Aí mergulhei na
estirada do sono grosso.
Gastei um cacetão de tempo pra dar o eco. Foi ai com muita
demora que o clarão apareceu e estava uma vara dando o
esbregue, quando enxerguei meu avô botando banca de
anfitrionagem. Muito do abilolado, quis bronquear, dando
altercação, mas o ponta-firme aprochegou-se. Deu dicas com
açúcar, paparicando o neto.
Falou e disse que eu havia vestido o pijama de parado e me
aconselhou um banho de loja nova. Vendo que estava numa
bananosa de amargar, caí quente no bué chamando por
minha mãe. O amigão me confortou, emplacando minha
presença num carango voador e me levou pra dar umas
bandas num lugar brilhoso que me fazia pensar em festa. Era
uma sala clara e bonita, parecendo um clube muito legal.
Minha mãe estava ali numa barra de luz.
Outra mãe, com carinho de flor no coração e no nome,
abraçava minha mãe e acolheu este filhote aqui. Estava num
grupo que começava numa Acácia de Jesus, cercada de
outras Acácias.
Decorei a bandeira: “Lar do Amor Cristão”. Desde essa hora
sou do grupo.
E hoje que estou por dentro das jogadas, aqui estou dando
boquinhas para minha mãe e um pique-pique pra todas as
acácias e pra todos os companheiros da nossa turma,
gritando com toda força: - Oi, gente!
Vamos pra frente com Jesus, porque Jesus não pára e o
nosso supertime é uma parada.
AUGUSTO
03 novembro 1975
O BANHO DE LOJA NOVA
Em linguagem diferente, Augusto nos conta como passou
para o “Além Mesmo”, falando dos últimos momentos de sua
permanência na Terra, como encarnado, até a compreensão
da realidade irreversível: estava morto.
O avô a que se refere Augusto é o avô paterno Augusto
César, falecido em São Paulo há 10 anos e que serviu de
anfitrião para o neto em sua passagem para o outro mundo.
Compreendendo que desencarnara, Augusto viu-se numa
“bananosa de amargar”, mas seu avô levou-o a uma reunião
no Lar do Amor Cristão, entidade espírita da capital, onde
encontrou a mãe. Diz Augusto que estava num grupo que
começava numa acácia de Jesus, cercada de outras acácias,
em poética e carinhosa homenagem à dirigente do grupo, D.
Acácia Maciel Cassanha.
Cabe lembrar que D. Yolanda nos contou que um ano e meio
após a morte do filho, este transmitiu à ela, através de D.
Acácia, expressiva mensagem psicofônica de que D. Yolanda
respeitosamente duvidou. Seguindo para Uberaba, poucos
dias depois, em visita ao Chico, este, logo após os
cumprimentos de praxe, antecipando-se a eventuais
comentários, lhe disse: “D. Yolanda, a senhora recebeu uma
mensagem do Augusto, através de nossa Acácia...”.
O filho, sentindo as dúvidas da mãezinha, disse tudo ao
Chico.
O MELHOR PROGRAMA
Querida Mamãe, abençoe seu filho e receba aquele beijo.
Queria contar o que passei nos primeiros dias de meu novo
lado de morar e escrevi em homenagem ao nosso Grupo de
corações amigos(1).
Tudo segue bem. Agradecemos as visitas que fizeram.
Fomos nós os visitados, nós todos que estamos reunidos
aqui com o círculo querido.
Peço ao nosso Renato prosseguir, na estrada renovadora em
que se acha. Ele e nossa querida Júlia estão com muito
amparo do avô Antônio(2).
Rota certa, isso é que é. Renato, o estudo liberta e o bem ao
próximo nos pacifica. Trabalhar sempre com a bênção de
Jesus - este é o melhor programa.
Nossa querida Pia(3), a outra mamãe que temos aqui, vai
muito bem e espera escrever muito breve. Os pais do nosso
irmão Oscarzinho(4) estejam tranqüilos; o irmão está sempre
melhor. Os Paulos(5) vão bem, com o mais moço deles
trabalhando muito pelo outro que veio, há pouco tempo. E
que Deus nos abençoe a todos. O nosso querido livro(6) tem
sido motivo para muita alegria nossa. Agradecemos a Jesus
por tantas bênçãos.
E novamente, querida Mãezinha, receba, com meu pai e
todos os nossos, todo o coração naquele abraço do seu,
sempre seu,
AUGUSTO
03 novembro 1975
COMPLEMENTO
Mensagem curta, complemento da anterior, traz, contudo,
muitas citações:
1 - Em homenagem ao nosso Grupo de corações amigos -
estava presente na reunião em que Augusto escreveu pelo
Chico as mensagens Balão Apagado e O Melhor Programa,
todo o pessoal do Lar do Amor Cristão que Augusto
homenageia com suas palavras de agradecimento.
2 - Avô Antônio - Antônio Rotta, pai de D. Yolanda,
desencarnado aos 83 anos, na capital paulista, em 15 de
setembro de 1969.
3 - Nossa querida Pia - Mãe de D. Acácia, abnegada
batalhadora da Doutrina Espírita a que se dedicou durante 50
anos, Pia Passine Maciel faleceu em São Paulo, aos 70 anos,
no dia 23 de julho de 1975.
4 - Oscarzinho - Oscar Secuto Jr., filho de Oscar Secuto e
Eunice Secuto, faleceu com 24 anos de idade em São Paulo,
no dia 7 de junho de 1975.
5 - Os Paulos - Pai e filho - Paulo Antônio Passini, morreu
com 21 anos em 15 de novembro de 1971, em desastre com
automóvel no Morumbi. O pai, Paulo Passini, faleceu 4 anos
depois, no ano passado, aos 52 anos, vitimado por um infarto
do miocárdio.
6 - O nosso querido livro tem... – Referência a JOVENS NO
ALÉM, recém-lançado na época.
CARTA AO AMIGO ANÔNIMO
Mamãe querida, estamos juntos.
Corações em prece. Agradecendo a Deus e àqueles
benfeitores que o representam junto de nós, auxiliando-nos a
dar os passos certos.
Não estou vidrado nas recordações do vinte e sete, mas
Feverê acabando, Março nunca foi para nós assim tão feliz.
Ocasião de trabalho mais, com papo menos.
Creia, mamãe. Seu filho está nas melhoradas de posição.
Embarquei na mesma canoa, em sua companhia. Larguei,
desde muito, a maré mansa e estou arrebimbando malho pra
valer. Tenho até receio de repousadas, a não ser estas
últimas de Lindóia, onde conseguimos refazer forças.
Obrigado, pais queridos, é o que posso dizer.
Entendo que me esperam no lápis. Até o nosso amoroso
guardião está na jogada. Ouvir papai falando que contava
com mensagens do Augusto quase que me pôs pra desmaio.
Desmaio de alegria, por que amor e saudade são os dois
lados da mureta.
A penosa afinal não conseguiu papar-nos, de vez que
estamos de olho na vida. A penosa é aquela dama da sombra
cujo nome não preciso dizer. Existem palavras que apenas
criam complicações e grudes. E essa palavra que ficou em
penosa, é das tais. Deixa a criatura de Deus uma vara e a
gente se esbalda uma barbaridade para repor o coração no
lugar.
Este meu plá é uma lembrança para todos - para o estado
maior da família e para os oficiais-mirins que estão crescendo
embora ainda sejam pingos de gente.
Falamos muito hoje em poluição e etecétera para salvar as
crianças especialmente, mas, com a graça de Deus, todos
estão esnobando saúde e a tranqüilidade possível, se
pudermos falar em tranqüilidade com tanto apito e tantas
confas em qualquer parte do mundo.
Mamãe é isso aí: trabalhar para o bem é faturar felicidade.
Gosto de vê-la animada pra frente no time. Passar a bola, isto
é, interessar a todos ou o maior número de amigos nas
partidas é o segredo do sucesso. Continuemos. A grana
gasta em servir é o investimento que dá pé.
Sei que o papai fica feliz em saber-nos juntos no
empreendimento e quanto maior a nossa mesada, mais pão à
mesa do socorro fraterno. E isso é jóia.
O livro tem aumentado a nossa alegria de trabalhar. Muitos
companheiros pedem fios. E pelos fios do pensamento a
turma segue adiante com maiores possibilidades no
caprichado das boas obras. Não acreditava que nossas
conversas de rapazes dessem literatura. Pelo menos comigo,
o cordel está valendo. As palavras são macetes para a
compreensão e sabemos hoje que muitos amigos nas turmas
aguardavam algum blá-blá-blá de nosso lado. E a nossa
saberença está funcionando. É preciso redescobrir Jesus
para nossos tempos. Antigamente, isso era função única dos
religiosos. Hoje, porém, os mais-prá-cá-de-santos são
chamados para aderir. Falar de vida que não morre, tocar na
fé em Deus, mostrar que não adianta enrustir a realidade e
revelar que continuamos nós mesmos, para lá da penosa,
são deveres que nos cabem a todos.
Isso é assim, ainda quando os candidatos ao trabalho, de
meu nível, não estejam habilitados a segurar uma vela.
Apesar de tudo, é necessário fazer luz e prosseguir em
caminho.
Mamãe, distribua os meus abraços a todos, do amigão Raul
até o Walter Júnior, com os que ainda não nasceram e que
virão ao nosso teto.
Antes, porém, de terminar, seu filho Augusto tem uma
solicitação a fazer. Trata-se de enviar uma carta nesta carta.
O destinatário pediu moita. É, no entanto, um bom amigo.
Corda-quente e boa pinta. Leu nossas notícias do Além e
quer de nós alguma informação a mais sobre pifa e boleta. E
no futebol do por aqui não estou na banheira. Lhufas de
ensebar as canelas. Devo dar o serviço. Por isso mesmo,
posso afirmar a ele e a toda corriola sem pichação e sem
bronca para que não se engrupem. Fumete e leite-de-onça
não dão pedal.
Enquanto os caras estão por ai, resultam em escafeder pela
tubulação, cair na horizontal fora do momento caprichado de
abotoar o paletó, ouvir os esculachos de deleruscas e
samangos, curtir grampeação e outros cambaus. E depois
disso, os embalados vão chegando onde estamos, sempre
gagás da herva mágica ou caras cheias de mandureba.
Então, começam os rolos da marginalia de que os indicados
levam enormidades de caras para sair. E sair grampeados
para novas tentativas de dar os acertos.
Com o que digo não quero grilar a cuca de ninguém, mas
precisava entregar o papo e falei.
Estas notícias seguirão por serviços indiretos e alcançarão o
destino.
Pode ficar tranqüila. Um rapaz considerado morto quando
abre o bico não quer bobeira, desde que já esteja lecionado
pelos mestres daqui que tiram para nós de letra os
ensinamentos da vida.
Vamos pra frente que a frente é a chamada. Retrovisor só
para consertar a marcha.
Lembrar só o que presta.
A tia Mafalda está bem e o Renato virou um cidadão de
Cristo, dos melhores. Teria até inveja do primo, se estivesse
aí antes do tempo de agora. Mas estou feliz. Não parei. Ouvi
a campainha da verdade e procurei me alistar.
O bando da luz, pois nós temos aqui o nosso bando da luz,
está presente. Cada companheiro no instrumento próprio e
todos agradecem aos pais e mães, amigos e irmãos
presentes pelas escoras que recebemos.
Hoje melhor que ontem. Amanhã melhor que hoje. E vamos
andando. As andanças não fazem o coração esquecer. Por
isso, querida mamãe, peço um fio em sua dedicação e estalo
em sua face querida aquele beijo.
Todo o amor e todo o reconhecimento do seu filho, sempre
seu, muito seu,
AUGUSTO
1º março 1976
SOBRE O PIFA E A BOLETA
Inicialmente Augusto passa em revista os assuntos
estritamente familiares, atualizando o papo com os pais.
Curioso é notar a facilidade com que fala de fatos e
ocorrências, ligados à dinâmica doméstica, com a
naturalidade de quem acompanha tudo, de tudo sabe. Depois
de morto, Augusto mais se integrou à família, vivendo
intensamente no ambiente afetivo dos pais, irmãos, cunhados
e sobrinhos.
Está aí a contestação evidente às idéias abstrusas sobre a
morte: Augusto, como o fazem os outros jovens, diz-nos
através de exemplos práticos que ninguém morre e que as
lágrimas dos pais saudosos são enxugadas pelos próprios
filhos “mortos”.
Assim, na parte primeira da mensagem, acompanhamos a
lembrança do “vinte e sete de feverê”, data do falecimento de
Augusto; anotamos a referência à estação de águas de D.
Yolanda em Lindóia, de que também participou: “Tenho até
receio de repousadas, a não ser estas últimas do Lindóia,
onde conseguimos refazer forças”.
Mais adiante, fala da surpresa com que ouviu o desejo do pai
em receber nova mensagem sua, pela pena do Chico Xavier.
Surpresa compreensível, pois que apesar de muito amoroso
o Sr. Raul César, com seu temperamento reservado, não
tinha por hábito exteriorizar através de palavras seus
sentimentos e anseios com relação ao filho, como o fez nesta
oportunidade, deixando perplexos os familiares e, porque não
dizer, o próprio Augusto. Este é um pequeno episódio familiar
que também nos surpreende, pois Chico Xavier estava à
margem disso tudo...
Após o entendimento em torno da família, matando a
saudade, Augusto traz-nos à consideração a análise de um
dos mais importantes tópicos de referência à conduta dos
jovens. E o faz, atendendo o pedido de um amigo que
preferiu não identificar-se, como o leitor pode observar na
mensagem.
É quando fala de “pifa e boleta”.
Diz claramente: “Antes, porém, de terminar, seu filho Augusto
tem uma solicitação a fazer. Trata-se de enviar uma carta
nesta carta. O destinatário pediu moita”.
E daí por diante nos dá um show de gíria e de colocação de
um dos mais agudos problemas que atingem a nossa
juventude nos dias atuais: o tóxico e o álcool, vícios que
andam juntos, na mortificação de valores respeitáveis, com o
sepultamento de grandes perspectivas, de alentadas
esperanças, fazendo com que os jovens, ainda inadaptados
aos bancos escolares, na fase dourada de suas vidas, se
entreguem à ilusão triste do vício, seguindo por caminhos e
atalhos que os distanciam tanto dos compromissos, das
afeições mais caras e de si mesmos.
Bola branca para Augusto que foi buscar junto a esses jovens
a própria linguagem, em que não faltaram os deleruscas e
samangos, o leite-de-onça, o fumete e a mandureba...
Estalando na face querida da mãe o beijo da saudade, deixanos
o valoroso companheiro, a saudade de novas palavras,
voltadas para o esclarecimento dos jovens da Terra, com
quem sabe conversar, atualizando o diálogo, a ponto de
transformar mesmo o antigo “Bando da Lua”, de nossas
passadas recordações musicais, no atual “bando de luz”, em
que se aglutinaram os jovens do Além, cada qual em seu
instrumento próprio, para o recado aos companheiros “vivos”
daTerra.
Raul, Walter Júnior, Tia Mafalda e Renato já são nossos
conhecidos.
V - CARLOS ALBERTO DA SILVA LOURENÇO
- Santos - 25 de junho de 1956
- São Bernardo do Campo - 17 de setembro de 1974
Filho único de Severino Domingos Lourenço e Dirce Pessoa
da Silva Lourenço
A VOLTA DO JOVEM SANTISTA
A despeito de estar sempre com a espada de Dâmocles
sobre sua cabeça, com os pais que o procuram, evitando
oferecer nomes, detalhes ou quaisquer informações a
respeito do filho morto, para que a eventual revelação
mediúnica com que sejam contemplados, se torne
inquestionável, Chico Xavier invariavelmente oferece-nos
provas irrefutáveis de sua condição de intérprete do Plano
Espiritual, com informações do Além, realmente
desconcertantes.
Com meio século de atividades mediúnicas ininterruptas, de
continuada vivência dos princípios de Jesus, é Francisco
Cândido Xavier, sem qualquer possibilidade de engano de
nossa parte, o maior médium de que se tem conhecimento
em toda a história do Espiritismo, interligando a exuberância
de sua mediunidade polimorfa à condição de abnegado
apóstolo do Bem.
Cremos mesmo que a compreensão de sua grandeza, quer
no campo da fenomenologia mediúnica, que no terreno fértil
de sua colaboração à causa do Cristo, está reservada para o
futuro, quando as condições de investigação psíquica,
associadas ao nosso aprimoramento moral, nos oferecerem
mais palpáveis elementos de análise. O que podemos
entender facilmente, no momento, é que Chico Xavier
representa a imagem do homem dos séculos futuros, em que
o coração e cérebro, igualmente aperfeiçoados, edificarão a
Terra com que todos sonhamos.
Daí ser para Chico, fato rotineiro, absolutamente normal, a
passagem que envolve o jovem santista, citada em uma de
suas três mensagens constantes deste livro, denominada
Aniversário de Renascimento.
Em determinada altura da mensagem, Carlos Alberto diz
textualmente: “Outra pergunta que você e o Paizinho
Severino me endereçavam no silêncio de nossa festa de
almas, é se me achava contente com a mudança de local de
nossas lembranças”.
Desenvolvendo o assunto mais adiante Carlos Alberto diz: “O
recanto de paz em que a saudade se converte em oração
permanente é venerável, em verdade, mas não deixa de ser
o carro final em que se viajou para a estação de regresso da
excursão empreendida”.
Como o leitor pode observar é evidente referência à mudança
de local de seus despojos no cemitério, onde fora sepultado
há um ano. O próprio casal se viu surpreso diante da
revelação, pois que tudo foi feito com muito sigilo. Um mês
antes de irem a Uberaba, e um mês antes do aniversário do
falecimento do jovem, ocorrido em São Bernardo do Campo a
17 de setembro de 1974, preocupado em colocar os restos
mortais do filho em um túmulo que lhes pertencesse, a
despeito de já estarem carinhosamente acomodados em uma
das gavetas do jazigo do avô, conseguiu o Sr. Severino o
translado do corpo para outro terreno, no mesmo Cemitério
do Saboó, onde fora sepultado. Além dos pais, das
providências necessárias participaram os tios Olavo e
Amelinha.
Na mensagem de 21 de setembro, um mês após as
mudanças, Carlos Alberto não deixou por menos. Falou do
ocorrido, agradeceu aos pais e também aos tios por tudo. O
próprio Chico ficou surpreso ante as revelações...
Mas não é essa a única passagem digna de nota que
encontramos nas mensagens de Carlos Alberto, incluídas
neste livro. Há episódio outros de singular relevância, como o
recado ao pequeno Alexandre, em resposta a um pedido que
o primo lhe formulara certa feita durante visita ao Cemitério e
como as notícias da mãe do Dr. Marins, médico psiquiatra de
Santos, fatos que desenvolveremos mais adiante, no estudo
das mensagens.
O RESSEGURO DE DEUS
Queridos pais, querida Mãezinha Dirce e querida Mãezinha
Amelinha. Querido papai Severino e querido papai Olavo.
Devo pedir a bênção de quatro pais amorosos e
abnegados(1).
É o que faço. E agradeço a Deus essa felicidade. O amor é a
riqueza maior da vida. compreendo isso agora, ou melhor,
estou compreendendo e sinto-me feliz por isso. Gente muito
moça não chega aqui com muita alteração. Vamos, pouco a
pouco, lutando para penetrar o entendimento de que se
precisa.
Talvez por isso, nossos amigos e até mesmo nosso
Augusto(2) aqui presente me recomendam escrever.
Não sei, não sei se estou mesmo assim, na condição de dar
notícias construindo a paz. Entretanto, obedeço.
Mãezinha Dirce, estou agradecido a tudo o que fazem por me
auxiliar, ajudando aos outros.
A bondade que se estende, em nome dos que voltam para cá
é uma espécie de relacionamento progressivo. Cada criatura
que recebe alguma cousa de bom por nós, é um ponto de luz
quando nos recorda.
Queridos pais, sei que vão gastando tempo e dinheiro, mas
isso é semelhante a depósito bancário. Quem faz qualquer
doação em auxílio dos outros está investindo. Mesmo que a
organização de crédito venha a falir naquilo a que chamamos
esquecimento ou ingratidão, temos o Resseguro de Deus.
A Divina Providência oferece a cobertura necessária. Nunca
se sintam incompreendidos ou vítimas de alguém que haja se
desinteressado de nossa vida ou de nosso afeto. Quando
alguém se afasta do clima de amor a que foi chamado,
entrando em posição contrária à expectativa daqueles que
lhes desejam o bem, é considerado nas Leis Divinas por
doente e Deus determina que os débitos de carinho desse
alguém para com os outros sejam devidamente remunerados.
Continuemos, desse modo, a trabalhar e servir.
O tempo de transformar a dor em alegria e a aflição em
esperança está em nossas mãos. É preciso aproveitar,
estender adiante as tarefas com que fomos honrados.
Parece que vim para cá, à feição de menino, mas tenho
estudado incessantemente. Uma nova FEI está sobre mim(3),
graças a Deus, ensinando-me a matemática do bem.
Os problemas são vinculados ao amor em auxílio ao próximo
e os cálculos se realizam na base do serviço aos outros.
Agradeço, querida Mãezinha Dirce, tudo o que fazem por
mim. Toda bênção em forma de pão e agasalho, socorro e
remédio, em favor dos outros, para mim é muito importante.
Um dia disse Jesus aos companheiros: “todo o bem que
fizerdes a um destes pequeninos é a mim que fazeis”.
Para compreendermos isso, creio eu, é necessário que a
gente esteja ausente do corpo, depois de estar nele por
algum tempo. Isso ocorre, porque estamos ligados àqueles
que amamos e tudo o que façam eles por nós na pessoa dos
outros é auxílio a nós próprios.
Não tenho expressões para traduzir os meus agradecimentos
ao Paizinho Olavo e à Mãezinha Amélia. Ambos conversam
comigo na foto(4), como se estivesse ali presente na imagem.
E ouço tudo, porque um fio de amor nos liga uns aos outros,
em todas as fases da vida quando o amor nos rege a
existência. Regina, Miriam, Celso...(5) Tantos afetos estão
comigo.
Peço a Deus me faça crescer no entendimento para servir.
Rogo à Mãezinha Dirce sempre mais esperança e
serenidade. A querida Mãezinha inda me preocupa. Enquanto
nos vemos todos juntos, noto-lhe a segurança, mas quando a
solidão nos traz a lembrança, sei que as lágrimas lhe caem
do coração sobre o filho que não a esquece. Mamãe querida,
tudo passou. Agora, é uma vida nova, diferente. Seu Tato
não morreu. Apenas cumpriu a ordem de regressar para onde
o esperavam e creia que voltei rico de amor e de esperança,
porque todos, um dia estaremos juntos.
Tanto quanto possível, continue diminuindo os
tranqüilizantes. Às vezes, o sono demora ou o descanso
parece fugir e o medicamento é a isca do sono. Compreendo
tudo isso, mas precisamos de sua saúde, porque temos muito
a fazer. Agora que me ensinaram a trabalhar de outro modo,
entrelacemos nossos braços e corações para servir. É
servindo que seremos servidos. É amparando aos outros que
os outros nos trarão o amparo preciso.
Muitos amigos deixam lembranças aqui aos presentes. Nosso
Augusto abraça D. Yolanda(6) e pede-lhe a mesma fé com
que nossa querida irmã sempre se revela disposta a auxiliarnos.
Estimaríamos, ele e eu, cooperar na obtenção da
palavra de muitos dos presentes, mas isso é impossível.
Precisaríamos de muitas máquinas mediúnicas, cujas teclas
estivessem na sintonia necessária com os amigos desejosos
de se expressarem.
Nosso irmão Ricardo Tadeu(7) promete à mãezinha, à irmã e
ao jovem Márcio o carinho de todos os dias. O amigo
Gabrielzinho(8) tentará deixar aos pais um recado mesmo
rápido e nosso irmão Carlos Eduardo(9) ainda está em
condição de tratamento, sem poder exprimir-se. Nosso irmão
Cremonese(10) está presente e diz à companheira para confiar
na Bondade de Deus. Temos outros companheiros, ligados à
nossa assembléia familiar que se unem aos nossos votos
desejando-lhes paz e felicidade a todos. Nossa irmã
Lenice(11), a cuja presença fomos levados, Augusto e eu,
pelas solicitações do nosso meio, está em restauração.
A morte é uma porta aberta a fim de que a gente escape da
Terra, mas geralmente, a pessoa deixa o campo de trabalho
e de luta em que vivia assim como está em si mesma.
Poucos se livram das impressões primeiras com rapidez e
facilidade. Morrer em si será fácil, mas deixar de ser nós
mesmos é muito difícil.
Vou aprendendo essas cousas e transmitindo, porque os
Amigos da Vida Superior me recomendam que explique tudo
isso como sinto e vejo, para que ninguém se iluda com
renovações apressadas.
Mãezinha Dirce, peço-lhe calma e fortaleza mais uma vez.
Com Mãezinha Amelinha, agradeçam a vovó Deolinda as
preces com que me beneficia. Nossa querida vovó Pessoa e
outros corações queridos estão me auxiliando...
Se eu pudesse, meu paizinho Severino, cobriria todas as
mágoas do mundo com um véu de paz e de esperança. Creio
hoje que é muito triste vermos a tristeza dos outros, sem
conseguir fazer com que os outros fiquem menos tristes.
Paizinho Olavo, nosso Dr. Bezerra foi medicá-lo esta noite(12).
A indisposição já passou; estejamos tranqüilos.
Mãezinha Dirce e meu papai Severino, se estivesse em meu
poder continuaria escrevendo, escrevendo... mas é preciso
dar aquele “até logo” que põe o coração no ar, até que a
saudade venha e tome conta de todas as nossas forças. Isso,
porém, não impede a minha alegria e a minha gratidão a
Deus por lhes haver falado.
Recebam todo o carinho e todo amor do filho que os
acompanha com muita fé em Deus, na certeza de que Deus
nos fará felizes para sempre.
CARLOS ALBERTO (TATO)
16 agosto 1975
OUTROS INVESTIMENTOS
Iniciando a mensagem com uma colocação bastante feliz,
Carlos Alberto nos ensina a compreender como investimento
qualquer atitude que tomemos em benefício do próximo, pois
que o Resseguro de Deus nos garante o êxito da aplicação.
Afeito a essa nomenclatura bancária, comercial, quando vivo,
Carlos Alberto se preocupava muito com o assessoramento
das atividades do pai, que, com a função de escriturário do
Pronto Socorro. Municipal de Santos, cumula a de vendedor.
Exemplo do interesse do filho pelos negócios do pai, ocorreu
pouco antes de sua morte. Como no mês de agosto de 1974,
as vendas foram particularmente substanciais, Tato já previa
para setembro possibilidades de bons investimentos, tendo
mesmo, a respeito, trocado idéias com o pai, mal sabendo
que foi essa reserva, o lucro extra de agosto, aplicada nas
despesas do seu sepultamento.
Vejamos as citações da mensagem:
1 - Tato foi criado pelos pais e pelos tios que sempre viveram
próximos, daí encontrarmos sempre em suas mensagens a
referência aos quatro pais: Dirce e Severino, Olavo e Amélia.
Os tios, e pais por afinidade, Olavo Jorge Bonfim e Amélia
Pessoa da Silva Bonfim, já foram identificados em JOVENS
NO ALÉM.
2 - Nosso Augusto - co-autor do livro.
3 - Uma nova FEI - Faculdade de Engenharia Industrial de
São Bernardo do Campo, onde Carlos Alberto desencarnou,
na quadra de basquetebol.
4 - Ambos conversam comigo na foto... - Olavo e Amélia
confirmam essa observação do sobrinho, pois que
habitualmente procuram conversar com a foto de Carlos
Alberto, como se ele ali estivesse.
5 - Regina, Míriam e Celso - Já nossos conhecidos,
mencionados em JOVENS NO ALÉM.
- Regina Célia da Silva Bonfim Mariana
- Míriam Aparecida Pessoa da Silva
- Celso Alberto Pessoa da Silva.
6 - Nosso Augusto abraça D. Yolanda - a mãe do Augusto
aparece com freqüência nas mensagens dos jovens, posto
que sempre que pode está presente a reuniões do Grupo
Espírita da Prece, em Uberaba.
7 - Nosso irmão Ricardo Tadeu promete à mãezinha, à irmã e
ao jovem Márcio - Ricardo Tadeu Richetti faleceu em São
Paulo, a 2 de junho de 1971, com 19 anos, vitimado de
provável intoxicação pelo aquecedor a gás do chuveiro da
residência. Sua mãezinha é a Sra. Iracy de Oliveira Richetti, a
irmã é a Sra. Salete Maria Richetti Parisi, mãe do jovem
Márcio Marcelo Parisi.
8 - Gabrielzinho - também nosso conhecido, mencionado
outras vezes no livro.
9 - Nosso irmão Carlos Eduardo - Carlos Eduardo Árias
nasceu e desencarnou em Santos. Sua morte a 17 de
dezembro de 1974, com 12 anos apenas, deveu-se à
explosão de um recipiente de álcool. Filho de Adolpho
Firveda Árias e Letícia Stutz Árias.
10 - Nosso irmão Cremonese - Eunildo Cremonese, falecido
aos 53 anos, no dia 5 de dezembro de 1973, na Via
Anhangüera, perto de Araras.
11 - Nossa irmã Lenice - Lenice Sampaio Brazão, estudante
de Terapia Ocupacional, filha de Tabajara Teixeira Brazão e
de Maria Benedita Sampaio Brazão, faleceu em acidente de
motocicleta na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Ao
desencarnar, Lenice contava 20 anos.
12 - Indisposição que acometeu o tio Olavo, no dia anterior à
recepção da mensagem.
ANIVERSÁRIO DE RENASCIMENTO
Querida Mãezinha Dirce, meu querido Paizinho Olavo, Deus
nos proteja e nos abençoe.
Mãezinha, seu coração se transformou numa chama em
forma de prece ou uma oração em forma de sol, de tal modo,
que por mais tentasse acalmá-la, não consegui.
Um ano! Tanto tempo mental em tão poucos meses! E tantas
saudades juntas davam para rebentar o peito. Compreendo,
Mamãe, tudo isso, mas peço-lhe serenidade e paz.
Afinal, estamos reunidos. Não pense que seu filho estava
ausente neste natalício da alma. Estive, sim em casa, durante
o tempo em que isso me foi possível, e recebi suas preces,
seu carinho, suas lembranças e sua flores. E regozijei-me ao
ver que berço do seu Tato não estava solitário. Aquele amor
de criança me apareceu uma luz nova em nosso ambiente.
Um anjo que peço a Deus se transforme num homem de
bem, com o afago de duas Mães – Mãezinha Dirce e
Mãezinha Amélia.
Recordei os dias que nos ficaram na memória e naquele
rostinho suave tive a idéia de rever o meu próprio retrato. Não
sei externar-lhes a minha gratidão e o meu carinho de todos
os instantes. Notei, Mamãe, que você formulava tantas
perguntas em nosso encontro espiritual de meu primeiro
aniversário de renascimento. Sim, estou muito contente com
a chegada de nosso André Luiz e creia que muito pedi aos
nossos Benfeitores Espirituais para que seus braços
maternos não ficassem vazios.
Agora, roguemos a Jesus para que nos ajude a vê-lo em
desenvolvimento abençoado e feliz. Cada qual de nós surge
na Terra com uma ficha de trabalho a executar. Em razão
disso, espero que tudo possa sorrir ao presente e ao futuro
do irmãozinho que os pais queridos me deram em nosso lar
do mundo.
Creia. Achava-me ao seu lado, Mãezinha Dirce, quando de
nosso entendimento com o nosso caro amigo Dr. Danilo
sobre o nosso pequeno companheiro e guarde a certeza com
meus dois paizinhos, aqui presentes, que estou muito feliz
com essa preciosa dádiva do Céu. Eu sei que um filho é
trabalho, às vezes, sacrificial para os que fazem pais na
Terra, mas é uma tarefa que vem de Deus e que Deus
abençoa constantemente. Por isso é que o amor dos pais é
uma dedicação sobre-humana.
Rejubile-se comigo, querida Mãezinha Dirce, pelo encargo
que recebemos. Louvado seja Deus. Guiar uma criança é
melhorar os destinos do mundo, quando aprendemos a
conduzi-la para o bem. Doemos tudo o que tivermos de
melhor ao nosso querido recém-nascido ao lar e
conservemos a convicção de que amar é levantar corações
para Deus.
Outra pergunta que você e o Paizinho Severino me
endereçavam no silêncio de nossa festa de almas é se me
achava contente com a mudança de local das nossas
lembranças. Sim, queridos Paizinhos, agradeço o carinho
com que se propuseram à realização do que foi feito;
entretanto, embora reconhecido, peço para que não se
preocupem com o lado material de nossas vivências no
mundo.
Tenho a idéia de que por aí passamos à maneira de viajores,
utilizando veículos diversos para atingir o término da
romagem. O recanto de paz em que a saudade se converte
em oração permanente é venerável, em verdade, mas não
deixa de ser o carro final em que se viajou para a estação de
regresso da excursão empreendida. Não nos aflijamos tanto
com o veículo e sim conosco, de modo a transportarmos em
nós os valores imperecíveis da alma que nos entretecem a
verdadeira felicidade.
Agradeço-lhes, queridos Paizinhos, extensivamente aos
Paizinho Olavo e Amelinha, todos os pensamentos de amor
que me dedicaram na mudança a que me referi.
Neste sentido, porém, desejo contar-lhes que passei o meu
natalício número Um, em me reportando ao meu
renascimento na Vida Maior, depois de nosso encontro em
casa, num elevado ambiente de lições, no qual um instrutor
nos deu ensinamentos de que lhes transmito alguns tópicos,
à maneira das flores e dos bombons que lhes desejaria
ofertar em nossa comemoração mais íntima.
Disse ele para nós:
- “Filhos, a criatura de Deus é auxiliada por Deus mais
amplamente a começar do ponto em que essa criatura
começa ajudando aos outros. Não nos esqueçamos disso,
para reconhecer que, pelos outros, Deus se expressará
sempre em nosso benefício.”
E acrescentou:
- “Se vocês, meninos desencarnados na Terra, tivessem
obtido as maiores diplomações nas ciências humanas,
conquistando o poder de sanar o câncer ou de lavar todas as
chagas que atormentam a Terra, em forma de moléstias
difíceis; se vocês houvessem alcançado a força de orientar
multidões por decretos de autoridade suprema, renovando os
processos políticos na experiência terrestre ou construindo
cidades novas à base dos mais altos conhecimentos da
Engenharia; e se, depois de tudo isso, não tivessem atingido
o coração o coração das criaturas para iluminá-lo com as
bênçãos da compreensão e do amor, decerto teriam
conseguido muito pouco.
Certifiquem-se hoje de que a renovação com Jesus para que
o entendimento e a solidariedade venham a reinar no mundo,
é o nosso trabalho maior.”
Imagino, queridos pais e queridos amigos, que numa
festividade doméstica um brinde melhor não poderia, de
minha parte, oferecer. Trago-lhes, pois, o que senti e aprendi
teoricamente para que nos unamos todos nesse movimento
de espiritualidade e elevação de nossas vidas.
Não me programava para a comunicação pessoal nestes
dias; no entanto, as preces e lágrimas de Mãezinha Dirce me
tocaram tão profundamente que não tive outro meio senão
suplicar aos mestres me permitissem falar.
Vim às reuniões com os amigos e de novo contemplei a
grandeza do progresso de nossas cidades, meditando nisso e
associando isso à lição obtida em meu natalício e refleti que
todos os nossos arranha-céus e parques, pilotis gigantescos
e torres imensas, de pouco valeriam sem o amor de nossas
mães e, então, estou aqui, a lembrar-me de que atualmente
somos todos chamados a colocar luz e alma nos corpos de
cimento e aço em que o progresso veio morar conosco na
Terra, na forma de edificações arrojadas, atestando o poder
de nossa cultura do cérebro.
Mãezinha Dirce, suas preces venceram. Aceitemos o nosso
dever de construir um coração novo para a Humanidade. E
nessa Engenharia do Espírito, Jesus é o Arquiteto Sábio e
Justo. É preciso saber ouvi-lo para conseguirmos partilhar do
privilégio de cooperar no levantamento do Mundo Melhor.
Agradeço as lembranças de todos os nossos. Realmente,
não tenho somente o Paizinho Olavo e Mãezinha Amélia,
Regina e Miriam na memória, com vovó Deolinda e Tia Olga.
Tia Alzira e a nossa querida Alzirinha vivem nas minhas
recordações. E digam ao nosso querido Alexandre que não
fiquei com a flor, mas recebi o perfume e o perfume
permanece em meu coração para sempre. Tanto amor nos
alimenta a vida e nesse tesouro de forças é que a existência
se nos equilibra para que se possa seguir à frente. Meu afeto
e meu agradecimento a todos.
Nosso caro Beto está presente e beija a nossa querida
D.Lucy. José Roberto é um companheiro admirável e a
medicina para ele continua em valiosa preparação ante o
futuro. Nossa irmã Lucy permaneça tranqüila, porque o filho
abençoado não a esquece e se preocupa em vê-la serena e
valorosa como sempre. Nossos amigos Augusto e o nosso
caro companheiro que ontem se dirigiu aos pais queridos, o
outro José Roberto, estão aqui conosco e me auxiliam. Vovó
Zezé comigo nos abençoa.
Devo dizer à nossa querida irmã Acácia que visitamos nossa
irmã e benfeitora D. Pia em seu refazimento. Não é preciso
dizer à nossa Acácia que aquela mãezinha adorável a quem
nós todos amamos está muito bem, como não podia deixar
de ser. Creio, pela elevação dela, que os companheiros
amadurecidos no mundo físico são aqui os jovens, sempre
que chegam de consciência premiada pela bênção do dever
cumprido e nós, os jovens do plano material, aqui aportamos,
na condição de velhos inadaptados pela inconformação que,
muitas vezes, aqui se nos faz o traço particular.
D. Pia na posição de Mãe, efetivamente mostra aquela doce
e inevitável inquietação de todos os corações maternos,
quanto à distância dos filhos; mas prepara-se para reentrar
nos apostolados em que sempre viveu. E agora, em espírito,
conseguirá realizar muito mais com Jesus. Estamos certos
disso.
Agora, queridos Paizinhos, é o abraço do “até breve” no
mundo dos lápis, porque, pelo coração, estaremos sempre e
cada vez mais juntos. Mãezinha Dirce, não chore mais e
agora, com o Andrezinho, temos o nosso melhor
tranqüilizante.
Querida Mãezinha, seu filho procurou responder a todas as
suas solicitações. Continuemos com firmeza nas tarefas do
bem aos outros para recebermos o nosso bem maior.
Paizinho Severino, Mãezinha Dirce, meu Paizinho Olavo, com
todos os irmãos e irmãs queridos, guardem o meu abraço de
carinhoso reconhecimento.
Aos queridos Paizinhos, novamente, reafirmo a gratidão e a
ternura que me acendem na alma e lhes beijo as mãos com o
amor sempre mais amor de todos os dias.
CARLOS ALBERTO (TATO)
21 setembro 1975
O PEDIDO DO PEQUENO ALEXANDRE
Carlos Alberto se dirige à mãe, após o primeiro ano de sua
passagem para o Além. Compreendendo o seu desespero,
inconsolável ante as lembranças do 17 de setembro, o filho
busca tranqüilizá-la. Aliás, o encontro em Uberaba, reunindo
os pais com o filho desencarnado, é enriquecido com um fato
novo que veio modificar a dinâmica familiar, sempre voltada
ao único filho, falecido em São Bernardo do Campo.
Falamos de André Luiz, o irmãozinho que chegara ao lar,
alguns dias antes da psicografia dessa mensagem que é
essencialmente familiar, a despeito de nela encontrarmos
elementos novos de identificação, com citações numerosa e
preciosas lições, quais as da reunião na Espiritualidade,
quando do primeiro aniversário da desencarnação do Carlos
Alberto, em que o mentor traz muitos ensinamentos aos
jovens reunidos no Plano Espiritual.
Regina e Miriam foram lembradas na mensagem anterior.
Vovó Deolinda e Tia Olga aparecem em JOVENS NO ALÉM,
assim como tia Alzira. Vovó Deolinda é Deolinda Glianda da
Silva: tia Olga, Olga Bonamini Pessoa da Silva e tia Alzira,
Alzira Bonfim da Silva Vitorino.
Assim como o Dr. Danilo, Danilo Patrão Assis, médico
ginecologista de Santos, Alzirinha é citação nova. Trata-se da
prima do Carlos Alberto, Alzira Maria Bonfim Faria Santos,
casada com o Dr. Olindo Farias Santos, residente em São
Paulo. É realmente conhecida pelos familiares mais
chegados como Alzirinha.
O Alexandre, citado a seguir na mensagem, é o pequeno
Alexandre Bonfim Faria Santos, primo do Tato, filho da
Alzirinha. Com o garoto de apenas 5 anos ocorreu o seguinte
episódio no Cemitério do Saboó,em Santos:
Encontrava-se a família em visita ao túmulo do Carlos
Alberto, quando Alexandre pegou uma flor – uma rosa branca
– com o propósito de colocá-la no túmulo do primo e ao ser
interpelado por D. Dirce que lhe pediu a rosa, disse:
- “Não, tia Di, esta aqui eu quero dar, pra ele saber que sou
eu quem está dando.”
Chegou perto da sepultura e disse:
- “Cacum (como chamava o primo), olhe aqui! Esta flor é sua
estou te dando, pra ver se na outra carta você fala no meu
nome.”
Palavras de um menino de 5 anos que estava aborrecido pelo
fato de seu nome não ter sido lembrado pelo primo, nas
mensagens do Chico.
Cerca de dois meses depois, Carlos Alberto atende-lhe o
pedido, dizendo na mensagem:
“E digam ao querido Alexandre que não fiquei com a flor, mas
recebi o perfume...”
Na seqüência da mensagem, Tato menciona os nomes do
José Roberto e sua mãe, D. Lucy, já nossos conhecidos. Fala
do Augusto, da vovó Zezé, a mesma vovó Pessoa lembrada
em JOVENS DO ALÉM, e fala ainda no “outro José Roberto”,
o José Roberto Pereira Cassiano, conhecido como Shabi,
que faleceu a 9 de março de 1974, com 23 anos, em acidente
na Via Anchieta. Shabi era filho do Sr. Abigail Pereira
Cassiano e Maura Pereira Cassiano.
Após dar notícias de D. Pia, já nossa conhecida, Carlos
Alberto encerra a mensagem. Página muito rica de
revelações, retomada de posições pelo conjunto familiar, face
a compromissos novos, destaca-se sobretudo das linhas
psicografadas que é grande a preocupação dos nossos entes
queridos desencarnados, pelas afeições que deixaram na
Terra. Vivem ligados conosco e toda vez que apresentamos
algum desequilíbrio, alguma vacilação ou dúvida, eles sofrem
muito, tentando de toda forma consolar-nos.
Devemos, pois, oferecer a eles o clima indispensável de paz
e resignação para que possam também ser felizes no Além,
menos ligados às nossas preocupações, para as quais não
podem encontrar solução imediata, ainda porque essas
preocupações nascem da saudade e do inconformismo, ante
as novas realidades que enfrentamos.
Na introdução às mensagens do Carlos Alberto, sob o título
de A Volta do Jovem Santista, apresentamos comentários ao
trecho da mensagem ora em estudo, na qual o Tato se refere
aos pais, a respeito da mudança de seus despojos, no
cemitério. Quando o jovem santista desenvolvendo o assunto
grifa “festa de almas”, o faz em referência ao aniversário de
sua morte, ocorrida a 17 de setembro de 1974.
TELE-RECADOS
Querida Mãezinha Dirce e meu querido Paizinho Severino.
Peço a bênção que sempre me faz profundamente feliz, ao
mesmo tempo que rogo a Deus nos proteja.
Penso que será um privilégio, mas sei que sou desculpado.
As mães sabem o que seja o amor, quando se condensa na
saudade e os colegas aqui são os companheiros dedicados
que me compreendem.
Entendo que os corações abençoados, aqui reunidos,
exercerão, como sempre, a tolerância de que necessito e
tentarei prosseguir em meu correio do coração.
Mãezinha Dirce, o assunto é mais entre nós. Hoje
reconhecemos que a chamada “morte” de um filho é uma
chaga aberta na sensibilidade das mães e dos pais que
ficam. Ferida íntima que exige tratamento. E essa
terapêutica, Mãezinha querida, é a assistência
medicamentosa do carinho e da compreensão transformados
em palavras.
Observo que não sou o dono das frases providenciais. Nunca
soube encaixar os verbos adequados ao consolo e à
construção de Espiritualidade, mas um filho será sempre
alguém para as mães, alguém diferente, com o dom de
restaurar e lenir, reconfortar e reaver energias.
Rogo ao seu devotamento para que a fortaleza se faça em
nós. Nada de angústia ou de aflição vazia. Sei que a sua
ternura com a abnegação de meu pai fazem o máximo para
que os nossos recursos de resistência se entrelacem na
garantia de nossa segurança.
A casa de saúde, mãezinha, é um lar de reconforto e de cura;
no entanto, as doenças da alma, como sejam a carência de
afeto - presente e a falta de alguém que nos supre de forças,
as saudades sem conta e os anseios de reencontro que o
tempo nos reclama esperar, no fundo, são provações que os
remédios humanos, respeitáveis embora, não conseguem
afastar. Poderemos, sim, anuviar o pensamento com certos
fatores de acalmia que realmente não resolvem. Anestesiar
não é esquecer. As chagas voltam no ponto em que as
deixamos, sempre que a nossa opção se incline pela
farmácia da Terra. É por isso que lhe peço continuarmos na
reconquista de sua própria integração completa em si
mesma.
Quanto pudermos, concentremos atenções em nosso caro
André Luiz. Acompanho a evolução e crescimento do
irmãozinho que recebi da Divina Providência com o enlevo de
todos os dias, qual me achasse, de novo, em nossa casa da
Terra.
Compreendo que a nossa querida Mãezinha Amélia divide
conosco os mesmos cuidado de outro tempo, quando me
tutelava por filho, de partilha com o seu carinho do coração.
Andrezinho é para nós também um enfermeiro-mirim, porque,
em lhe oferecendo preocupações, nos transforma o tempo de
ansiedade em horas de paz e de nova esperança. Mãezinha
Dirce, estaremos juntos. Dá para sorrirmos um tanto, pois o
nosso querido Andrezinho é para nós um ponto de encontro.
Isso ocorre porque o irmãozinho não chegou ao nosso
ambiente sem muita significação para nós.
Às vezes, Mãezinha, a única maneira de suprimir nossas
dores é a dádiva de novas inquietações no caminho. Sei que
a saudade é uma flor de rara beleza no terreno de nossas
almas; entretanto, a saudade exala um perfume capaz de
intoxicar-nos sempre que estejamos exagerando nas doses.
Agora, Mãezinha, a nossa estrada para o reencontro há de
ser asfaltada de muito trabalho na dedicação ao próximo, a
fim de que o carro de nossos desejos continue viagem para a
frente, sem riscos de tristeza ou de enfermidade que sempre
provocam desastres por dentro do coração.
Creiamos na alegria e na paz, na certeza de que a felicidade
é nossa, desde que estejamos dispostos a sustentá-la. Tudo
na Terra, nos setores da existência que desfrutamos, vai
passando com a rapidez de um curso para determinadas
lições. É preciso converter nossas ânsias em meios de servir
e os nossos minutos em bondade e compreensão no apoio
aos semelhantes, porque, efetivamente, hoje reconheço que
a caridade não é propriamente o meio de dar e
sim,principalmente, o canal para receber.
Auxiliando a alguém, temos o apoio desse alguém, no sentido
de esvaziarmos o próprio espírito do peso de muitas
incompreensões que simplesmente nos prejudicam.
Agradeço ao seu carinho materno e a meu Paizinho
Severino, à Mãezinha Amélia e ao Paizinho Olavo, à Vovó
Deolinda e a todos os nossos, o que fazem no auxílio aos
outros em meu nome e rogo Deus faça render na
Contabilidade da Vida, a cem e a mil por uma, todas as
bênçãos que distribuem, recordando-me a presença e o
carinho. E continuemos na mesma senda de amor, porque,
por essa trilha iluminada de fé, chegaremos, sem problemas,
aos nossos objetivos.
Agradeço o seu esforço na diminuição dos remédios e,
graças a Deus, registro que a sua dedicação em tranqüilizarnos
é um agente seguro. Digo assim, porque a vejo quase
absolutamente livre desses apoios químicos que são bênçãos
de Deus, entretanto, das quais não devemos usufruir senão
pelo tempo necessário.
Somos agradecidos ao seu entendimento, satisfazendo-nos o
pedido; e agora, Mãezinha Dirce, é preciso defendermos a
saúde orgânica do Paizinho Severino. Meu pai está na
condição do tronco bendito que nos escorou por muitos
meses seguidos e, agora, à medida que melhoramos, em
matéria de segurança, ele assinala os efeitos de nossas
lutas.
Paizinho, é indispensável auxiliar-se, reconstituindo as
próprias forças. Vovó Pessoa e muitos amigos estão a
postos, no auxílio de que carecemos.
Peço aos queridos Paizinhos dizerem ao nosso caro amigo
Dr. Marins(1) que não me esqueci das solicitações dele junto à
Mãezinha nos dias últimos da Terra. Ele conversava comigo
pelo sem-fio do coração e tomei nota. Sou realmente muito
pequeno ainda, mas desejo aprender gratidão na escola do
amor. Digam a ele que a nossa querida Dona Izaura(2) está
repousando. Repousando para novamente fortalecer-se.
Afeições numerosas dispensam-lhe todas as atenções que
merece e, muito em breve, aquele coração de Mãe brilhará
sobre ele e sobre os entes queridos do mundo, como a
estrela de paz que sempre foi, no campo da família e nas
bênçãos do lar.
Rogo transmitirem ao nosso Piva todos os meus votos de
confiança e de afeto. Ele e o Iwaldo(3), nobres companheiros,
tantas vezes me recordam e perguntam se realmente estou
vivo...E estou cada vez mais presente, a fim de ouvi-los.
Muitos obstáculos surgem hoje na Terra para os que
atravessam as faixas da mocidade. E notadamente os jovens
cristãos lutam muito a fim de conservar a fé. Mas os nossos
queridos amigos saberão caminhar com Jesus nos recessos
da alma.
Mãezinha Dirce, a vida é a vida e ninguém morre.
Prossigamos sempre unidos, fazendo por todos os nossos
quanto nos seja possível em apoio e compreensão. Digo
nossos para lembrar os que se encontram mais intimamente
associados à nossa vida. Nosso querido Fernando(4) e nosso
querido Alexandre, com todos os mais crescidos são nossos,
nossos tesouros de trabalho, que nos ofertam as melhores
oportunidades de entender e ajudar, abençoar e servir.
Amigos aqui nos recomendam transmitir-lhe as lembranças.
Nosso Augusto é o companheiro invariável, dando-nos frente
e cooperação para que sejamos os irmãos contentes na
execução de nossa vontade de falar e de construir. Ele
abraça a nossa Dona Yolanda, afirmando que se acham
sempre juntos.
Senhor Abreu(5) comunica à nossa irmã Dona Laura a certeza
de que permanece ao lado dela, amparando a família,
especialmente ao filho Júnior. José Roberto beija as mãos
dos pais queridos; nossos caros irmãos Nasser e Nicolelo(6)
estão aqui associados às nossas preces, rogando a Jesus
pela felicidade dos pais queridos. Nosso Carlos Alberto, o
Toledo(7), compartilha de nosso contentamento, enlaçando os
pais no carinho de sempre e o nosso amigo Shabi(8) é aquele
coração irradiante, entre os pais abençoados, clareando o
nosso ambiente com um sorriso de paz e de luz, a encorajarnos
para o exercício do bem.
Muitos amigos outros estão presentes e a lista seria talvez
muito grande para a minha pequena capacidade de registrar.
Mãezinha Dirce, tenhamos fé para vencer, fé em Deus e em
nós mesmos. Um amigo ainda nos recomenda registro. É o
irmão Antônio, explicando às nossas queridas irmãs Dona
Yolanda e Dona Mafalda(9) que ele está colaborando para que
a saúde de Dona Mafalda esteja plenamente refeita.
Sei que os telerrecados de carinho cruzam nos fios de meu
pensamento... Por isso, peço a todos os presentes para se
sentirem lembrados amados auxiliados e sempre queridos.
Paizinho Severino e Mãezinha Dirce, recebam todo o amor
no reconhecimento do Tato que lhes acompanha os corações
com a fidelidade e com o reconhecimento de todos os dias.
Sei que ambos agora cabem nos meus braços. Aquele que
se desenvolveu nos braços dos pais queridos volve agora, de
regaço amplo para guardá-los juntos... Fiquem aqui, bem
aqui comigo, corações no meu coração e rezemos os três
juntos: “Pai Nosso que estais nos Céus”. Trago-lhes a luz que
me deram, a luz da oração que nunca se apaga...
E com as suas preces de amor, deixa-lhes o carinho total da
sua vida, com muito amor e com muita saudade, o Tato
sempre de vocês e sempre filho reconhecido,
CARLOS ALBERTO (TATO)
28 fevereiro 1976
PALAVRAS DO ALÉM
O recado do Dr. Marins coloca em evidente destaque a
limpeza da filtragem mediúnica.
Quando a mãezinha do psiquiatra se encontrava agonizando,
no Natal do ano passado, o Dr. Marins pediu ao espírito do
Tato que a amparasse no Plano Espiritual. E nessa
mensagem de fevereiro de 1976, dois meses após a morte de
D. Izaura, Carlos Alberto pede aos pais que digam ao amigo
médico ter ele ouvido sua solicitação, ao lado do corpo da
mãe, cujo nome inclusive cita na mensagem. O Chico não
conhecia a mãe do Dr. Marins, ignorava-lhe o nome e nada
sabia de seu falecimento...
Além dos já conhecidos, identificaremos os nomes lembrados
na mensagem:
1 - Dr. Marins - José Marins, médico psiquiatra de Santos.
Teve participação em JOVENS NO ALÉM, através de
interessante diálogo com o Carlos Alberto, logo em seguida à
sua desencarnação.
2 - D. Izaura - como falamos acima, genitora do Dr. Marins.
D. Izaura Rodrigues Marins desencarnou no dia de Natal de
1975, com 80 anos, em Santos.
3 - Piva e Iwaldo - companheiros do Tato, nas incursões pelo
Braille, como mencionamos nos seus Traços Biográficos em
JOVENS NO ALÉM. Piva é o José Maria Piva e Iwaldo, o
Iwaldo Ferreira Martins.
4 - Nosso querido Fernando - citado junto com o Alexandre,
já nosso conhecido. É outro primo do Carlos Alberto, o
Fernando Bonfim Mariana.
5 - Senhor Abreu, D. Laura e o Júnior - Serafim Pereira de
Abreu, falecido em São Paulo, em 1973. Sua esposa Laura
Moreira de Abreu também, juntamente com o marido, é nossa
conhecida de JOVENS NO ALÉM. Serafim Pereira de Abreu
Júnior, o Júnior lembrado pelo pai, é um dos filhos do casal.
6 - Nossos caros irmãos Nasser e Nicolela - Este é amigo de
infância de Nasser, já mencionado anteriormente. Com
apenas 6 anos de idade, Paulo Maria Vicente Perponi
Nicolela faleceu em 3 de julho de 1963.
Filho de Paschoal e Angelina Nicolela; sua mãe desencarnou
recentemente, em 31 de março de 1976.
7 - Carlos Alberto, o Toledo - Carlos Alberto de Toledo, filho
do Dr. Carlos Eduardo Toledo e de D. Olga Toledo. Morreu,
vitimado por acidente de moto, aos 22 anos, às vésperas do
Natal de 1969.
8 - Shabi - já apresentado na mensagem anterior.
9 - D. Yolanda e D. Mafalda - Mafalda Giudice é irmã de D.
Yolanda César. O irmão Antônio, pai de D. Yolanda, já é
nosso conhecido.
As avós a que se refere o Tato, Vovó Deolinda e Vovó
Pessoa também já foram apresentadas ao leitor em JOVENS
NO ALÉM. D. Deolinda Glianda da Silva, a avó materna,
reside em Santos e a Vovó Pessoa, sua bisavó materna,
Maria Josefa Pessoa dos Santos, faleceu em Portugal há
mais de 70 anos.
Entre tantas ponderações, junto à mãezinha, Carlos Alberto
no início de sua mensagem fala em casa de saúde,
observação feita ao fato de D. Dirce, alguns meses atrás, ter
ficado internada na Casa de Saúde de Santos, em
recuperação médica intensiva.
VI - JAIR PRESENTE
- Campinas - 10 de novembro de 1949
- Americana - 03 de fevereiro de 1974
Pais: José Presente e Josefina Basso Presente
Irmã: Sueli Presente.
A PRESENÇA DO JAIR
Estávamos no fim de tarde de uma segunda-feira de
Carnaval. O crepúsculo surgia e o Sol, imensa bola de fogo,
debruçava-se sobre a linha do horizonte, pintando as nuvens
brancas com suas radiações rubras.
Nossa visita ao Parque dos Flamboyants se encerrava;
cemitério moderno, assentado sobre colinas gramadas, com
alamedas de Flamboyants amarelos, cortando a relva verde,
o Parque não apresenta qualquer diferenciação entre os
jazigos, sendo estes representados externamente por uma
pequena placa de bronze com a identificação dos mortos.
É a necrópole, em essência, um bem cultivado jardim, onde
as flores depositadas pelos amigos e parentes dos mortos em
pequenos copos que ladeiam a lápide de bronze, compõem
com a grama cuidada e com os Flamboyants floridos a
própria imagem da paz que todos imaginamos para o
repouso derradeiro de nossos corpos.
A sepultura n° 841 traz o nome de Irineu Leite da Silva, citado
na mensagem de 19 de julho de 1975, de Jair Presente,
psicografada pelo Chico. Na mensagem o Jair diz que Irineu
“vestiu o paletó de madeira a 7 de junho”, pouco mais de 40
dias antes da mensagem psicografada a que nos referimos.
A citação que Jair faz do Irineu deu muito o que pensar. Sem
considerarmos que a família do Jair jamais ouvira falar de
Irineu ou de seus pais, e muito menos Chico Xavier tinha
qualquer informação a respeito desse jovem campineiro,
absolutamente desconhecido de todos, há que se destacar o
episódio que vamos relatar e que confirma mais uma vez, a
exuberância da revelação mediúnica.
Como o leitor amigo poderá observar na mensagem,
intitulada As Dicas do Fantasma-Sorriso, Jair conta que
estava presente no Parque Flamboyant, colaborando no
socorro dos recém-desencarnados, quando o Irineu foi
sepultado. Diz mais, que o Irineu estava em espírito, como
ele, junto do Chico e pedia aos pais Sérgio e Rita que se
consolassem.
Muito bem, após o recebimento da mensagem, a irmã de Jair
Presente, Sueli, procurou localizar a família do jovem Irineu,
já que nenhum dos presentes à reunião de Uberaba o
conhecia.
Voltando a Campinas, telefonou ao Administrador do Parque
Flamboyant, Renato Manjaterra, pedindo-lhe que verificasse
se no dia 7 de junho ou no dia seguinte havia o registro do
sepultamento de Irineu Leite da Silva. Consultando os
apontamentos, o Sr. Renato disse que não havia nada a
respeito de Irineu.
Como, pensou Sueli, Jair teria se enganado? Será que o
Irineu não existia? Para dirimir dúvidas começou a investigar
pelos jornais da época e eis que o Correio Popular, em sua
edição de 8 de junho de 1975, notifica o falecimento de Irineu
Leite da Silva, citando o nome de seus pais, Sérgio e Rita e
falando do sepultamento no Parque Flamboyant.
De posse do recorte do jornal, que reproduzimos adiante,
Sueli procurou o administrador do cemitério e mostrou-lhe a
notícia. Surpreso, Sr. Renato voltou aos apontamentos e
pôde constatar que nada encontrara a respeito de Irineu,
porque o seu primeiro nome havia sido escrito errado. No
diário de sepultamento constava a 8 de junho o nome de
Pirineu Leite da Silva e não Irineu. Engano perfeitamente
compreensível, pois no diário, segundo nos explicou o Sr.
Manjaterra, os nomes são anotados inicialmente por
informação telefônica, para posteriormente, de posse da
certidão de óbito, transcrever-se no Livro de Registro todos
os dados referentes ao sepultamento.
Aparentemente incompreensível, se não o entendermos à luz
do conhecimento espírita, é o fato de Jair ter falado no nome
correto de Irineu, quando no próprio cemitério seu nome
estava escrito errado. A seguir reproduziremos cópias de
documentos que exemplificam o exposto. Assim, o leitor
poderá analisar a publicação do Correio Popular, de 8 de
junho do ano passado, que serviu de ponto de referência,
para Sueli desvendar o equívoco, criado com a informação do
administrador do Parque Flamboyant. Adiante reproduzimos
também a página do livro de anotações diárias do cemitério,
com o nome Irineu rasurado, podendo-se observar
claramente a correção feita a posteriore.
Para complementação do estudo do “caso Irineu”
apresentamos ainda a página do Livro de Registro Geral de
sepultamentos, com o nome correto, baseado na certidão de
óbito, e um fac-símile da certidão de óbito, para que se
confrontem os dados referidos pelo Jair na mensagem, ou
seja, o nome completo do Irineu, o nome dos seus pais, o dia
do óbito e o local do sepultamento.
Como diz um de seus amigos, esse Jair não tem jeito
mesmo!!!
Esta publicação do Correio Popular foi encontrada, como
dissemos, pela irmã do Jair, depois que no Cemitério não
conseguiu informações sobre o Irineu.
Observe o leitor na Certidão de Óbito a confirmação dos
dados todos citados por Jair, através da psicografia de Chico
Xavier: o nome completo do Irineu, a data do seu falecimento,
o nome dos pais e o local do sepultamento.
O livro de registro diário dos sepultamentos apresenta o
nome Irineu corrigido, em retificação feita a posteriore pelo
Sr. Renato Manjaterra, administrador do Parque Flamboyant.
Foi o espírito de Jair Presente quem motivou a correção...
A seta indica o nome correto do Irineu, anotado no Registro
Geral dos Enterramentos no Cemitério, dados evidentemente
extraídos da Certidão de Óbito.
AS DICAS DO FANTASMA SORRISO
Minha querida madre, pater meu e minha sorela Sueli, somos
presentes dando presença. E não quero começar papeando
sem dar a Deus, nosso Criador e Pai, o respeito nosso.
O que há na paróquia é que vocês estão querendo aquelas
conversadas de espírito de família. E acontece que na cuca
do meu grupo a lembrança me bate forte. Não posso dar a
silenciada; é preciso falar, porque os nossos daqui me
permitem aquela boa gíria dos amizades fiéis.
As vezes, penso que é preciso acabar com essas dicas de
fantasma-sorriso; mas, e a vida que é nossa? e como deixar
de ser nós mesmos dentro da vida? Nesse sentido, minhas
palas são melhores, estou incrementado nos estudos para
retirar todos os meus grilos xexelentos. Quero carregar outra
moringa nos ombros. E o negócio é esse aí: se não trabalhar,
não entendo; se não entendo, não vale estudar.
Quando vim pra cá, percebi, de repente, que não passava de
sabereta, embrulhando muitas lições aprendidas aí em
bobagens que não tinham tamanho. Agora, vou tirando letra
em muita cousa que necessito guardar em mim para ser
melhor. Muita gente bem de nossas turminhas deram para
pensar que sou espírito vagau perdido na marginália. Pobres
meninos patetas que éramos; querendo inventar uma língua
nova, complicamos os comunicados nas melhores
comunicações.
Entretanto, para Deus o sentimento é que tem valor, o
coração é que fala. Posso latinizar as notícias da maneira
mais sofistique, mas, se não der de mim aquela sinceridade,
tou na lona da paranóia e isso eu não quero mais. Esse
negócio de dar fio nas patotas que mandam fumo ou
avançam no lesco-lesco dos comeretes a se arrancarem para
umas e outras é perigo na certa. Quero pensamento jóia para
falar mesmo, sem alinhavar as palavras fora da costura da
boa gíria.
Mandem-se para cá e vocês vão ver como é duro varar o
arco e virar a bola de pé pra frente no quadrado das notícias.
Assim sendo, vocês todos podem perdoar os cabeludos que
vieram pra cá sem preparação, bancando caretas nas lições
de Cristo. Perdão sim, porque seria difícil pra mim, falar
francês, no português brasileiro, exibindo qualidades que não
tenho.
De uma cousa, porém, vocês fiquem sabidos: é que já sei
que trabalhar para os outros é o caminho melhor. Digo isso,
embora esteja parado como nos tempos da Geografia,
explicando pro professor como se vai à Guiana Inglesa sem
nunca ter ido lá, nem pra inglês ver.
Já sei; isso é progresso. Disposição mesmo pra fazer o que
sei, penso que só amanhã. Apesar de tudo, Sueli, digo a
você: mediunidade é servir para sermos servidos. Todos
precisamos de alguma cousa. Estender as mãos para o
auxílio a quem sofre é o mesmo que receber outras mãos
que chegam do Alto pra carregar-nos sobre as lutas de cada
dia.
Para mim, caridade é o melhor negócio da vida. A pessoa
ajuda e recebe muito mais do que dá. Geralmente, querida
irmã, somos alguém a servir, mas a pessoa servida
representa em si um grupinho grande. E o grupinho se inclina
pra nosso lado e dá uma melhorada geral em nossos
caminhos. Aqui vejo muita gente fora da Terra aprendendo
isso! entregando benefícios e recebendo benefícios maiores.
Não estou ensinando você a paparicar Deus com papos
furados ou com caldos melosos de conversa amolecida na
adulação. Estou fazendo as palas do ato, porque o assunto
mais importante é agir mesmo.
Aqui está conosco o Joãozinho Alves e pede aos pais aquela
confiança em Deus que não desanima; ele está melhor e
mais forte. E outro amigo aqui ao lado de seu adoidado irmão
é o amigo Irineu Leite da Silva, um moço do fino que vestiu o
paletó de madeira em sete de junho passado. Estava eu
entre aqueles que trabalhavam no Parque dos Flamboyant
quando ele foi considerado de sono eterno. Mas acordou
junto de nós e está bem; pede para que os pais Sérgio e Rita
se consolem.
Afinal de contas essas paqueradas da morte acontecem com
qualquer um. E os caras do mundo precisam contar com isso.
Não queremos que ninguém morra. Queremos que todos os
nossos irmãos do mundo, transitem por todos os consultórios
de plástica, tirando sarro nas rugas que chegam com as
janeiradas, de natalício a natalício. Desejamos que todos
cheguem aqui mambeando de velhice, sem coragem de olhar
pros retratos solenes de vinte ou quarenta anos de
retaguarda; mas esse debi da morte é um estripitisi de
amargar. Dizemos amargar porque só colocamos giló nesse
assunto, com tanto choro de lado que os panos do último dia
é que são mesmo de amedrontar qualquer um. Pensemos na
morte com fé em Deus. Afinal de contas, aí no mundo quem
dorme está sempre treinando para ressuscitar.
Meu pai, abrace Sérgio, Wilson e todos os meus sócios de
pensadas e notas. Não creio que a rapaziada esteja
acreditando muito no que digo. De vez em vez, escuto algum
deles a dizer — “Mas esse Jair não tem jeito, não”. Mas isso
é bobagem da grossa. Quem tem mesmo jeito para melhorar
e consertar é só aquele Cristo, amoroso e bom de todos os
dias. Mas, isso é isso. Se fosse eu o vivo da história, talvez
não acreditasse no amigo morto e ficaria ainda mais vivo, se
ouvisse mensagens dos que houvessem caído em algum
barato do pró-terra-de-pedra e cipreste, antes de mim.
Sueli, aos corações do Grameiro, o meu “muito obrigado”;
aos companheiros do Grupo de Meimei, aquela saudação
embandeirada de preces pela felicidade de todos.
Agora é parar. Terei falado o que não soube dizer. Estava
com saudade de dar uma falada com vocês e dei papo. Deus
me perdoe, é o que peço. Entretanto, vamos deixar
seriedades pra Iá e vamos dar aquele abraço da finalizada.
Pai, mamãe, Sueli, estou feliz vendo vocês unidos. Tchau pra
vocês. Tudo de bom. Noite calma e tempo de bênçãos.
Ponho aqui a saudade pra quebrar. Um beijão do filhote
adoidado e do irmão agradecido, mas que lhes oferece
nestas páginas o maior amor da paróquia.
JAIR
19 julho 1975
IRINEU OU PIRINEU?
Quatro meses após sua última mensagem, publicada em
JOVENS NO ALÉM, Jair Presente volta com sua
comunicação fácil. É o rapaz alegre, simples que conversa
conosco, através da escrita mediúnica. Assim é que suas
páginas são invariavelmente carregadas na pontuação
repetitiva, servindo os pontos e as vírgulas, mais numerosos
que no habitual dos textos, como elementos ativos de
caracterização de um bate-papo completamente informal. Ao
lermos as palavras de Jair, temos a impressão de estar
ouvindo-o, em conversa gostosa e descontraída.
Também o tempo maior de experiência e adaptação no Plano
Espiritual, e na utilização da psicografia, como meio de
intercâmbio conosco aqui da Terra, tornaram o Jair mais
arguto em suas observações, de tal forma que o leitor
encontra na leitura da mensagem muitos conceitos de rara
oportunidade.
Na análise desses conceitos, não nos vamos deter, posto que
a exposição de Jair está muito clara e objetiva. Vamos, sim,
estudar os elementos de identificação da mensagem,
evidenciando mais uma vez a mediunidade de Chico Xavier
brilhando na clareza meridiana dos fatos.
Quando diz que “aqui está conosco o Joãozinho Alves”, Jair
se refere ao jovem falecido em acidente rodoviário na Estrada
Campinas-Paulínia*.
Irineu Leite da Silva que Jair diz ter socorrido no Parque
Flamboyant, já foi identificado anteriormente com seus pais,
Sérgio e Rita. O quiprocó havido com Irineu no cemitério foi,
cremos, uma lição autêntica da Espiritualidade para nós, pois
tivemos uma série de comprovações irrefutáveis.
* Naturalmente por motivo de convicções religiosas os familiares do Joãozinho
não desejaram identificar-se. Pelas mesmas razões deixamos também de
oferecer detalhes a respeito do acidente.
Assim, a citação do nome de Irineu Leite da Silva e de seus
pais, embora não houvesse um conhecido sequer da família
em Uberaba, durante a reunião em que Chico recebeu a
mensagem: a referência do dia do óbito - 7 de junho - sem
que nem ao menos o administrador do cemitério o tenha
identificado, quando procurado inicialmente pela irmã do Jair,
para tentar obter dados a respeito do Irineu: a menção
correta do cemitério em que Irineu foi sepultado, quando há
três cemitérios em Campinas, são realidades que nos dão o
que pensar.
Mas não ficam aí as travessuras mediúnicas do Jair. Quando
diz: “Mas esse Jair não tem jeito, não”, referindo-se às
observações jocosas dos amigos, a família Presente confirma
que um de seus amigos disse textualmente isso, numa
ocasião em que comentavam suas páginas psicográficas, em
reunião familiar. Sem dúvida, o espírito de Jair estava
presente a essa reunião.
Ao fim da mensagem, o jovem fala em Grameiro e no Grupo
Meimei. Trata-se respectivamente do Movimento Assistencial
Espírita André Luiz, conhecido como Casa da Sopa do
Grameiro, nome do bairro onde se localiza a instituição e da
Casa da Criança Meimei, entidade beneficente, também de
Campinas.
Jóia, genial mesmo, são as despedidas de Jair: “Um beijão
do filhote adoidado e do irmão agradecido, mas que lhes
oferece nestas páginas o maior amor da paróquia.”
PAPO INFORMAL
Queridos pais, Sueli, campineiros em família, pensemos em
Deus.
Estamos aqui.
Não quero dizer que estou deixando cair a minha milonga.
Reconheço o rapaz pobre ou pobre rapaz que ainda sou. Mas
sou trazido a papear.
Não sei. Linguagem de moço careta desejando mostrar cara
e coragem. Creio só isto que tenho. A patota manda. E
manda que eu vire a bola do agradecimento; temos aqui
nossas madres, nossas melhores amigas e temos o nosso
editor.
Obrigado pelo rancho todo. Nosso grupinho está feliz. Um
livro de cartas e São Bernardo tirando letras no caprichado(1).
Amparo igual a esse, muito difícil. A companheirada está
lendo grande parte.
E muitos amigos balançam; será? não será? A perguntação
vai caindo nas cucas e os grilos vão desaparecendo. Creio foi
o Augusto quem falou em desengrilar. Pois a desengrilada é
um sucesso, uma parada legal. E a conversada principia no
silêncio. Os mestres diriam “diálogo”, nós preferimos papo
informal. O cara lê e a retomada de idéias vai começando.
Uma luta boa esta.
Trocar palavras com livro já pronto(2). Esta é mesmo de livro.
Gente, vocês não calculam a satisfação. Rapazes realizados
no outro mundo, através de mensagens mais ou menos
birutadas. É um plá sensacional. E agradecemos. É isso aí.
Levar o couro para as redes. Formar times novos. Partidas de
paz e amor em que as nossas pensadas consigam dar um
chega-prá-lá nas idéias negativas. Um mundo novo está
nascendo. Acredito que muita oportunidade de trabalhar vai
aparecer, pra todos, pra nós todos(3).
Estamos por aí cansados de barulho e massacre. Temos
sede de Deus. Admitimos isso aqui. Não é o caso de se
tentar a novidade com erva no crânio, por dentro da moringa
esquentada de tantas saberenças.
O negócio é não dar aquelas de alucinados e olhar
serenamente nos problemas. Nada de sermos reclamões.
Aceitar as dificuldades e procurar examinadas de perto.
Se pudesse dizer quanto estamos incrementados com o fato
de dar papos mediúnicos, falaria de quanto nos achamos
todos ouriçados para estudar e mostrar uma trabalhada
geral(4). Mas a gente vai pouco a pouco, no degrau por
degrau, no passo. Assim é que é; sem isso, ficaria a gente no
deixa-estar-como-está – para ver como fica.
Repito nossa gratidão ao amigo Rolando e associados(5). A
diretoria do nosso basquete brilhou. Não entendo muito de
orações por enquanto, mas já sei falar qualquer cousa com
Deus. E peço a Deus nos faça jambrar nesse campo de luz.
Realizar a realizada, fazer o que deve ser feito.
Sueli, muito obrigado pra você. Você tem mostrado como
podemos fazer força. Você está outra. A fé mudou seu rosto
e fez plástica em meu pai e em minha mãe.
Você, irmã, está irradiando fé no sorriso. Parabéns! Isso é
jóia. Procuremos estar no trabalho, enquanto o repouso não
for necessário como remédio. Uma colher de chá de cadeira
para um bule quilométrico de serviço. Este é o papo firme.
Agradeço a sua coragem no cemitério. Até hoje conhecia os
pró-terra-dos-novos vivos por lugares de paúra. E você
aclarou o nosso prezado Manjaterra(6). Bom amigo arrepiado
e correto que nos ajudou. Você fez bem, formulando
pesquisadas; Irineu e Pirineu e outros cupinchas são amigos
queridos. E vamos pra frente. Acender luz nos pensamentos
sem espanador para as teias de aranha do nosso mundão.
Peço à nossa madre Galgani(7) abraçar o nosso caro Sérgio.
Do Jair primo(8), posso dizer me está bem, ainda de leito.
Chegou até nós desbaratinado, mas as melhoradas estão
chegando. É isso, irmã. Cada qual chega por aqui de um jeito
ou de outro.
Nossa irmã Elizabeth e nosso companheiro(9) choram os
filhos. Pensem no tempo em que eles não existiam aí pra
nós. Isso dá consolo, conformadas gerais. Marcelo e o
irmão(10) foram trazidos para cá com a finalidade de melhora.
Quem sabe o amanhã? Poderão voltar e voltar em casa
mesmo. Pra isso, é preciso paz e alegria. O choro é bom
quando agradece. Só pra esse fim, porque nos outros cantos
do assunto é um tal de queimar por dentro e por fora da
criatura que o carvão de tanto incêndio não está no gibi da
vida.
Aqui nos ensinam que a noite pode ser uma roupa de sombra
para a Terra, mas o Sol não concorda com isso e toda manhã
veste a Terra de luz em nome de Deus.
Façamos força. A luta pro bem é a luta de que ninguém deve
dar as de vila diogo. Permanecer firmes e deixar cair o
granizo da prova. Deus quer o bem e a Lei de Deus é sempre
o bem.
Nossa irmã Regina(11) - Maria Regina, apelou pra nós. Peçam
àquela menina coragem. O pai não morreu; foi transformado,
mas estará no eito de enxada nas mãos. Não esquecerá
mulher e filha. Estará no batente, protegendo e trabalhando.
Os amigos, dois deles, da cidade do prestimoso Coronel
Norris(12), estão conosco neste momento. Luiz pede calma(13)
e esperança à nosso irmã Jocelyna e está acompanhado pelo
irmão Medon(14) que dispensa ao rapaz todo o carinho. E o
Amaury diz aos pais(15) que tem estado no ponto, dando
presença. Ainda não acertou os meios de falar por aqui, mas
prossegue com aquela dedicação junto dos pais amigos que
endereçam a ele aquela ternura. Diz que tem dado as
colaboradas possíveis pela irmã — não sei se ouço bem, no
entanto, imagino estar ouvindo as palavras “de
Catanduva”(16).
Tantos companheiros presentes, mas é o fim do papo de
hoje. Amanhã será um dia consagrado a quem não existe:
“os mortos”. Deixarei o cuntrunco para dar aquela de Viajante
nas pedras. Não sei se ofendo os bons costumes; no entanto
as palavras “descanso eterno” nos cemitérios são a maior
piada da paróquia.
Procurem doar o que puderem pros vivos de nosso mundo. O
que puderem: flores, velas, preces ou até mesmo “lágrimas”.
Façam o que quiserem, mas auxiliem a alguém naqueles
nomes de que se recordam. Um pão para quem está de
panela vaga, uma peça de roupa usada para quem já não
agüenta alfinete e remendo. Oi, gente, caridade pros vivos de
cá, porque ocês todos tão na onda e a praia pode estar perto.
Digo isso desejando a todos a melhor velhice possível, com
aposentadoria no movimento do bem.
Meu pai, querida mãe e querida Sueli, agora um beijo.
Augusto traz, diz ele, aquele abraço das melhores
telefonadas para a mamãe Yolanda e, os companheiros de
livro, Tato e Vadeco lembram as famílias.
Todos os amigos sempre bacanas do nosso empório de
comunicações espalham aqui saudações e saudades,
agradecimentos e lembranças.
Tchau pra todos. Progresso pro geral aqui na sala. E por aqui
estou indo pra frente com aquela esperança de rapaz
adoidado, agora repleto de sentimentos diversos: cuca nova
e melhor coração com o nosso admirável Jesus.
Té logo pra vocês, meus amigos. E digo isso com o
pensamento em Jesus. Seja Ele quem inspira e compõe os
assuntos, porque de mim mesmo, do pobre rapaz Jair
Presente, sei que estou presente, mas não sei se disse, nem
se falei.
JAIR
01 novembro 1975
PAPO NO DIÁLOGO
O titulo Papo Informal é a nossa homenagem ao Jair que
estabeleceu na comunicação mediúnica singular inovação,
juntamente com o Augusto, de conversar com os jovens da
Terra na linguagem que lhes é familiar. Jair, nessa
mensagem, teve o cuidado de ressaltar que ao invés de dizer
diálogo prefere falar em papo informal, despojando assim a
sua comunicação de qualquer barreira que a poderia tornar
mais refratária no entendimento com os jovens.
Reconheçamos que em Papo Informal, Jair Presente esnoba
mesmo em citações, deixando, talvez, o próprio médium,
abismado com tantas revelações, a despeito de familiarizado
com as noticias do Além.
Vamos na seqüência da mensagem identificar as revelações
do Jair, elucidando uma que outra passagem para facilitar a
compreensão do leitor.
No início, observamos várias referências ao recente
lançamento do livro JOVENS NO Al TM Assim, os números
indicativos de (1) a (5) falam do livro, estando presente no dia
da recepção dessa mensagem, em Uberaba, o Sr. Rolando
Ramacciotti, citado pelo Jair como editor, logo nas primeiras
linhas.
Depois surgem as citações, tão numerosas e ricas, que
somente as podemos compreender com clareza à luz da
afirmação espírita de que após a morte os mortos se
comunicam com os vivos, em constante interligação entre o
Além e a Terra.
Vejamos os dados:
6 - Nosso prezado Manjaterra - Renato Manjaterra,
administrador do Cemitério Parque Flamboyant, já
identificado no episódio “Irineu ou Pirineu”. Quando diz Jair:
“bom amigo, arrepiado e correto”, o espírito do jovem
campineiro confirma o que ouvimos do Sr. Manjaterra, de que
diante das complicações ocorridas com o “caso Irineu”,
realmente ficou arrepiado.
7 - Madre Galgani - Rosalina Galgani, mãe do Sérgio, amigo
íntimo de Jair que considerava D. Rosalina como uma
segunda mãe, daí dizer “Madre Galgani”.
8 - Do Jair primo, posso dizer que está bem - Fala Jair de seu
primo Jair Linhace que também desencarnou na Praia Azul,
muito próximo do local onde anteriormente Jair Presente
havia falecido.
Jair Linhace morreu com 29 anos, no dia 22 de junho de
1975. Residia em Jundiaí; casado com a Sra. Sueli Emple
Linhace, era filho de Paulo e Letícia Linhace.
9 - Nossa irmã Elizabeth e nosso companheiro - Trata-se de
Elizabeth Maria Franco Lacorte e João Lacorte, residentes
em Campinas. Os filhos, muito crianças ainda, faleceram com
intervalo de um mês e meio São citados abaixo.
10 - Marcelo e o irmão - Marcelo Luiz Franco Lacorte,
falecido aos 2 de agosto de 1975, na capital paulista, com 6
anos de idade e Eduardo Augusto Franco Lacorte que morreu
logo depois, a 20 de outubro, com pouco mais de 2 anos.
11 - Nossa irmã Regina - Maria Regina Rodrigues de Castro,
jovem que perdera o pai, Armando Rodrigues de Castro, em
15 de julho de 1975, em Campinas.
12 - ... da cidade do prestimoso Coronel Norris - Refere-se
Jair a Americana, fundada pelo Coronel Robert Norris, oficial
norte-americano que veio para o Brasil no século passado,
descontente com o desfecho da Guerra da Secessão,
participante que era das milícias dos estados separatistas do
sul, derrotados pelas forças constitucionais de Abrahan
Lincoln.
13 - Luiz pede calma - Luiz Bianco Neto, falecido aos 18 anos
na Via Anhangüera, próximo de Americana, no dia 16 de
janeiro de 1972. Seus pais residem em Americana - o Dr.
Jessyr Bianco, advogado e jornalista e a Sra. Jocelyna
Medon Bianco. Curioso notar que a mãe do Luiz, D. Jocelyna,
é conhecida pelo apelido de Joyce, de tal modo que poucos
Ihe sabem o nome correto. Como o Jair foi descobrir que D.
Joyce se chama realmente Jocelyna não é fácil de entender...
14 - Irmão Medon - Eduardo da Silva Medon, avô materno do
jovem Luiz Bianco Neto, falecido em Americana no dia 28 de
dezembro de 1967.
15 - E o Amaury diz aos pais... - Amaury Aparecido Godoy
Gallinari, estudante do 2° ano de Medicina em Catanduva.
Filho de Gelio Gallinari e de Alda Aparecida Godoy Gallinari.
Amaury desencarnou com 19 anos, no dia 25 de junho de
1972, em acidente na Via Washington Luiz, próximo a
Taquaritinga. Era um domingo e Amaury voltava de
Americana, onde residia, para Catanduva, em atendimento
aos compromissos universitários.
16 - O Jair descobriu a ex-namorada do Amaury em
Catanduva... — É a Srta. Marisa Pelegrino que nos autorizou
a citação de seu nome, para melhor esclarecimento do texto.
Permitam-nos lembrar duas tiradas sensacionais do Jair,
nessa mensagem. A primeira é quando, valorizando o
trabalho, ele diz que papo firme é “uma colher de chá de
cadeira para um bule quilométrico de serviço”. E a segunda,
palavras de otimismo aos pais saudosos dos filhos queridos
mortos, encerra vigoroso ensinamento, a respeito da
presença de Deus em nossas vidas. Fala Jair: “Aqui nos
ensinam que a noite pode ser uma roupa de sombra para a
Terra, mas o Sol não concorda com isso e toda manhã veste
a Terra de luz, em nome de Deus”.
Essa vigorosa metáfora do Jair, pelo peso de sua significação
mais profunda, nos leva a Vianna Moog que concentra a
força de expressão semelhante no encerramento de seu
ensaio sociológico, Um Rio Imita o Reno, ao falar de feixes
de luz que “entravam em jorros pelas janelas, espancando as
sombras que se tinham adensado naquela sala, havia pouco
ainda, povoada de fantasmas”.
BILHETE DE IRMÃO
Querida Sueli, este bilhete é seu. Papo engrenado de irmão
para irmã.
Peço a você: nada de fossa, tristeza já era para quem
conhece o que conhecemos. Não se deixe levar na conversa
furada que vem das bandas onde o vento encosta o lixo. Digo
a você de orelhada. A vida não quer ferrugem, muito menos
na cabeça.
Não quero dizer a você, irmã, para se fazer de gata
borralheira, querendo o papel de cinderela. Não é isso; o
negócio é viver, prestigiando a vida. Olhe pra frente. E
quando o azarão apareça nalguma quina de casa ou rua,
diga “jóia” e mande a bola para diante.
Penso que você parece estar encontrando papai bravo, mas
peço uma revisada; papai é amigo e amigo daqueles que
significam ponta firme. Você sabe, irmã. Mundo novo é
mundo velho. Terra é terra. E de qualquer modo somos
espíritos, catando progresso na estrada que, às vezes, pouca
gente procura ver.
Não inveje a estrada de quem se diz livre para pensar; vejo
muitas dondocas e goiabinhas empinando cotovelos. Lar
mesmo, poucas irmãs estão desejando. E sem lar, a Terra é
aquele mundo velho sem porteiras.
Espere o melhor. Resista. Aqui, viemos reconhecer muita
cousa estragada nas mesas em que varamos tempo. Horas
não somente vazias, claramente ocupadas de loucura e
bobagem. Agradeçamos a Deus a casa em que nascemos.
Recorde aquela peça engraçada: toda moça (na peça
dizíamos donzela), toda moça tem um pai que é uma fera.
Creia, irmã, a jaula bem guardada vale mais que certos
picadeiros. Sabemos. O circo é uma escola de bênçãos; o
palhaço é um benfeitor, mas na arena da vida humana
aparecem picadeiros de amargar. Não me acredite promovido
a pregador. Continuo na minha, entretanto, isso não quer
dizer que não estou procurando as melhoradas.
Você não precisa chegar aqui com as minhas necessidades.
Não dê bola para certas badalações, nem se aflija se alguém
considerar você idiota ou abobalhada. Mais livros, mais
instruções, mais trabalho, mais dedicação ao próximo, curam
qualquer fossa para que não estejamos fossilizados na
ignorância. Você está com os nossos amigos do Grameiro;
aquela comunidade está crescendo jóia. Não se desligue do
serviço e güenta as pontas com mamãe anjo e papai
agarrado; tudo vai bem.
E olhe. Sexy é problema difícil que não deve impressionar a
ninguém. Muito melhor aguardar soluções do Alto, através de
silêncio e de prece, que montar banca de aflição por dentro
de nós. Agir nas precipitadas nesse assunto não passa de
entração canuda. Muita gente nossa, de nossas chamadas
faixas etárias, pensa que resolveu nesse desafio, e apenas
se transfere para a fumaça, quando não segue para o
Viracopos, sem desejar ferir nosso aeroporto. E dos vidros
tilintantes muitos amigos vão indo, vão indo até que acordam
em pererecos e salseiros, com presença de errepê e
cobertura de dona justa...
Sueli, casa é paz e amor, casa é bênção e segurança e,
quando Deus permite, a gente aí deslancha de casa para
fazer nova casa e viver no caprichado; largue a tristeza e
deixe a sua esperança crescer.
Um abração para o David. Creio que fiz sentir ao amigão que
ele não anda esquecido. David é aquele companheiro que
fica na cuca, fazendo o pensamento jambrar na saudade,
mas saudade para nós é certeza de que tudo dará certo.
Querida Sueli, receba com meu pai e nossos irmãos aquele
carinho que não esmorece; guardo você com muitas cores de
alegria no coração. Você, irmã, é nossa estrela, por isso é
que não estou aqui para rachar o plá com você, mas sim para
confirmar à sua confiança que o irmão está aí... E você sabe:
Terra é isso aí: luta e mais luta a fim de que a gente aprenda
a vencer para o bem.
Com você, irmã querida, um beijão e um tchau na moldura de
muito carinho do seu
JAIR
14 fevereiro 1976
ABRAÇO EM CAMPINAS
Conselhos à irmã, discussão de problemas que dizem
respeito ao grupo familiar, muito mais do que isso, na página
ora analisada, Jair faz observações francas e diretas aos
jovens, como diz ele, “de nossas chamadas faixas etárias”.
Quando Jair fala em Viracopos, refere-se à região de
Campinas, onde se circunscrevem irmãs nossas envolvidas
nas tramas do sexo, mutilando as mais caras esperanças na
edificação de lares felizes, com o sexo desvinculado da
afeição e da afinidade e ligado a tristes conseqüências.
Prudentemente, Jair ressalva que não se trata do Aeroporto,
igualmente chamado de Viracopos.
O alegre espírito de Jair termina a mensagem dando “um
abração para o David”, complementando “creio que fiz sentir
ao amigão que ele não anda esquecido”. Esta referência ao
David merece comentário. Quando Francisco Cândido Xavier
esteve em Campinas, no dia 25 de janeiro de 1976, em Tarde
de Autógrafos, solicitou a Sueli que localizasse o David
Badur, a pedido do Jair que tinha um recado para ele.
Sueli não sabia quem era o David Badur e, consultando
amigos do irmão, descobriu tratar-se do David Brihi Badur Jr.,
filho de David Brihi Badur e Henriqueta R. Vassão Badur,
residentes em Campinas. Procurou o David que se
encontrava viajando, mas os pais se interessaram em
conhecer o Chico e foram até o Teatro Castro Mendes, onde
se realizava a Tarde de Autógrafos. Chico lhes disse que o
Jair queria cumprimentar o David porque aquele dia - 25 de
janeiro - era o seu aniversário...
A pergunta que nos fazemos é a seguinte: Como pode o
Chico chegar a uma cidade de 600 mil habitantes, perguntar
à irmã do Jair Presente por um David de quem nem a família
Presente se lembrou de momento, mas que acabou sendo
identificado pelos outros amigos do Jair e que não ganhou
abraço de aniversário, por estar viajando??
VII - WADY ABRAHÃO FILHO
- São Paulo - 16 de fevereiro de 1956
- São Paulo - 06 de julho de 1973
Filho de Wady Abrahão e Jandira do Amaral Abrahão
Irmã: Axima Abrahão de Oliveira, casada com Wilson
Benedito de Oliveira
A VISÃO DO Sr. WADY
Certa noite, deitado, com as luzes do quarto já apagadas, o
Sr. Wady Abrahão cismava, ainda de olhos abertos, enquanto
ao seu lado a esposa dormia.
Súbito, pela porta do quarto entra o Wadyzinho, alegre, jovial,
exatamente como ao tempo em que era vivo. O pai,
arquitetou, então, em rápidos segundos, um plano
fantástico...
Tentaria agarrar o filho, no momento mais oportuno; assim,
reteria em seus braços o companheiro tão querido que o
destino lhe roubara do convívio.
Quieto, sem mexer-se, o Sr. Wady acompanhou o filho que
foi até o lado em que a mãe repousava, beijou-a
carinhosamente e voltou-se para o pai que a essa altura já
escorregara pela cama, ficando em pé, sorrateiramente, para
alcançar os seus secretos objetivos - agarrar o filho morto.
Recebeu estático o abraço do Wadyzinho que, em seguida,
voltou para o lado da mãe e, em pé, sorria para os pais,
irradiando infinita alegria.
Era o momento azado... Calculando a distância, num salto
felino, o Wady pai pulou por toda a extensão lateral da cama,
direto sobre o filho que sumiu misteriosamente...
“Meu filho! meu filho!” - gritando freneticamente o pai correu
por toda a casa, acordando os familiares, mas não conseguiu
reter consigo o filho dileto.
Dois dias depois, em Uberaba, o casal recebe a mensagem
Presente de Aniversário, primeira dessa seqüência que
apresentamos do Wadyzinho. Na mensagem o filho diz,
quase ao final: “pois mamãe sabe que nos últimos dias pude
trazer a ela uma rosa em forma de beijo. Ao papai, abracei de
tal forma que ele propriamente me viu”.
Além do casal Abrahão, da filha e do genro, ninguém mais
sabia do ocorrido. Wadyzinho confirmou pelo Chico, que
desconhecia completamente o episódio, que realmente
estivera com o pai e que visão de olhos abertos fora
realidade. E se não conseguiu agarrá-lo é porque motivos
outros o impediram...
Este é o Wadyzinho que nós reapresentamos no livro, após
sua participação em JOVENS NO ALÉM. O mesmo filho,
carinhoso, amigo, devotado servidor de Jesus,
constantemente perto dos familiares queridos, ainda que
correndo o risco de ser agarrado...
Se o pai não conseguiu vê-lo no túmulo, através das noites
intermináveis de convivência, como se recorda o leitor de
JOVENS NO ALÉM, viu-o, contudo, em sua própria casa,
dois anos depois.
PRESENTE DE ANIVERSÁRIO
Querida Mãezinha, meu querido pai, meus queridos Axima e
Wilson.
Primeiro Deus em nosso encontro. E a Deus reafirmo os
votos de sempre por nossa paz.
Roguei aos benfeitores espirituais a vez necessária para
falar. Tomei o lápis, com aprovação. Estou aqui, mãezinha,
desde ontem, ao lado de vocês, para felicitá-la. Deixei a
reunião com amigos diversos e os nossos amigos da Vida
Superior me observaram com tanto desejo de saudá-la, no
amanhecer deste maravilhoso dia, que me permitiram
solicitar à nossa irmã residente em Goiânia, para cooperar
com o seu filho, na mensagem de uma rosa.
Nossa irmã Augustinha atendeu e confiou. Meu Deus, isso foi
uma bênção de felicidade para o seu Wadyzinho. Consegui
fazer-me visto, entregar a flor em espírito e aqui estou
completando: receba, Mãezinha querida, o meu abraço de
parabéns. Aniversário de mãe é luz para os filhos.
Compartilho a nossa festa do coração e peço a Jesus lhe
acrescente as primaveras de força e esperança, alegria e
paz.
Agradeço às nossas irmãs de Goiânia que através das
vibrações iluminadas de amor, me favoreceram com os
recursos de aproximação. Com isso, Mãezinha, desejava
começar as felicitações do seu querido natalício com as
estrelas.
Acreditem. As lágrimas me sobem do coração para os olhos.
Lágrimas de reconforto e de alegria.
Se posso, meu pai, peço-lhe me auxilie com um presente de
imenso valor para mamãe, para mim e para os seus filhos
Wilson e Axima. Hoje, mãezinha aniversaria na Terra.
Amanhã, o seu Wadyzinho está contando primaveras na Vida
Espiritual. Dê-nos uma festa, papai. Essa alegria será a
alegria de vê-lo com o tratamento indispensável à saúde.
Queremos sentir-lhe a tranqüilidade e a segurança.
Sei. Sei que para nós e especialmente para Mãezinha, a sua
presença no mundo, chefiando a família, é a presença de um
anjo protetor. Sei que tudo devemos fazer para abençoar as
suas horas, regozijando-nos com a bênção de suas atitudes e
providências que são sempre recursos maiores para a
garantia da nossa felicidade.
Mas, o corpo na Terra é comparável a um barco. O plano
físico é um grande mar. A existência é uma travessia
laboriosa. As provas são tempestades. Os desgostos e
contratempos são agressões de forças que desconhecemos
nas águas pesadas, sobre as quais a nossa viagem se
processa, dia por dia. As tentações são as rochas ocultas que
precisamos evitar e contornar, a fim de não interrompermos a
execução dos planos de caminho que nos compete observar.
E a luz que nos orienta; no campo das horas, é Jesus, meu
querido pai, Jesus que nos apresenta os roteiros certos. E de
Jesus recebemos os companheiros mais certos e mais
adequados ao êxito da nossa jornada, porque Jesus espera
de nós serviço e cooperação, confiando-nos as afeições
queridas que se mostrem capazes de nos oferecer apoio e
cobertura ao êxito nas tarefas que nos assinalam a viagem.
Por isso mesmo, querido pai, o corpo é um barco que
precisamos reparar quando em avaria e proteger sempre a
fim de que não venha a soçobrar. Sem dúvida, seu filho
compreende. Estivemos doentes de saudade na separação
uns dos outros. E digo estivemos porque a fé viva dissipou as
sombras e estamos de novo juntos pela certeza de que a vida
é a lei que se oculta na morte. Rogo, assim, a sua adesão
aos nossos desejos.
A medicina é uma ciência de Deus para sanar nossos males
ou diminuí-los, quanto possível, segundo as nossas
necessidades. E Deus nos quer felizes e valorosos, tranqüilos
e animados para o serviço à frente. Trate-se, papai. Se eu aí
estivesse diria - “meu querido coroa, não podemos cair aos
pedaços” - e sei que você me ouviria. Agora, porém, quase
que não posso brincar assim tanto. Mas fico embananado
com essa situação. Precisamos que você se mande para fora
dessa doença de saudade que já nos deixa a todos
incrementados com tantos pedidos. Confiamos em você e
não se afaste de nossa enfermagem espiritual.
Não se mantenha longe de nossas reuniões. Olhe, meu pai.
É justamente com os outros que recebemos o socorro maior.
Lembre-se da nossa oração de São Francisco: “é dando que
se recebe” Junto de nossos irmãos da família humana é que
podemos entrar nesse câmbio bendito. Auxiliar e sermos
auxiliados. Querer bem aos outros para sermos queridos. E
festejemos todos a alegria de estarmos juntos. Rogo a você
não forçar a porta da vinda para cá. Isso nos complicaria
muito.
Recebi as suas solicitações, antes de virem. Você, pai
querido, me pediu sinais. E os maiores são estes: alimente-se
como é preciso, use os medicamentos de apoio com a devida
orientação, procuremos o socorro espiritual da nossa casa de
preces e fique alegre. Já sei toda essa história de nossas
ansiedades aí, para abreviar a saída em viagem. A pessoa
não toma qualquer medida violenta, mas vai largando o barco
nas ondas. Hoje, não receber a assistência precisa; amanhã,
fugir do tratamento; depois de amanhã, escolher um caso
qualquer para desespero; depois, um motivo para tristezas
forçadas e, a pouco e pouco, gemendo e fugindo aos outros,
a pessoa parece que se vai enquadrando para o passaporte
em madeira. Nada disso conosco, pai. Jesus nos quer felizes
e trabalhando para sermos mais úteis, sempre mais úteis.
Aqui estamos vários amigos presentes, Augusto, Tato, Jair e
eu. A turma. Ontem, Cláudio, Valmir, Wellington e eu. A
quadra prossegue. Augusto beija a nossa irmã Yolanda com
aquela ternura e nós todos aguardamos o livro. É curioso.
Quanto mais recebermos em vibrações de simpatia, mais
fortes nos sentiremos. E a estrada para diante de nós é cada
vez mais luminosa e mais linda.
Rogo digam aos amigões Cláudio, Valmir e Wellington,
especialmente, que a vida só é difícil para quem deseja o que
é fácil, e só é pedra para quem gosta de se encarangar em
moleza. Wellington precisa dedicar-se mais aos livros.
Estudar é formar-se e formar-se é realizar-se para servir com
mais segurança. Estudar no colégio e em casa, no trabalho e
na vida. Esse negócio de provas somente em lições de
escola, já era. As provas para estudo de nosso espírito se
verificam todos os dias. E todos somos professores uns dos
outros.
Esta carta vai longa; no entanto, quem escreve letras
compridas é porque não sabe explicar curto. Tenhamos
paciência.
Temos aqui uma companheirinha que nos recomenda
transmitir muito carinho e saudade ao papai, nosso irmão
Pedro Biondi. É a nossa irmã Flavinha cuja solicitação devo
satisfazer, embora sejam muitos os nossos amigos daqui
desejosos de se fazerem notados.
Wilson e Axima, queridos irmãos, continuemos unidos. Sem
pausa no trabalho, sem esmorecer na luta que nos prepara e
habilita, na maior compreensão. Não precisamos recear o
caminho a trilhar. O Senhor vai conosco. Confiemos em papai
melhor da saúde e mais tranqüilo.
A flor desta manhã foi precedida por outra – pois mamãe
sabe que nos dias últimos pude trazer a ela uma rosa na
forma de um beijo. Ao papai abracei de tal modo que ele
propriamente me viu. Como observamos, queridos irmãos
Wilson e Axima, estamos unidos sem adeus, sempre na
mesma ligação vidrada de família compacta.
E agora, com a nossa alegria em nosso templo de paz e
amor, a saudação aos amigos e irmãos grupo, com a nossa
querida irmã Guiomar à frente.
Tchau é a palavra. Um “tchau” recheado de abraços e beijos.
E agora, vou em meu carango – um carango de bênçãos por
me sentir feliz em vê-los todos felizes com a proteção de
Jesus. Continuemos na certeza de que com Jesus
venceremos em nós e fora de nós.
Meu querido pai, minha querida Mãezinha, queridos irmãos
Axima e Wilson e queridos amigos e companheiros
presentes, um abração do filho e irmão reconhecido, sempre
devedor de todos.
WADYZINHO
05 julho 1975
O SONHO E A ROSA
A página Presente de Aniversário foi recebida na manhã de
um sábado, 5 de julho, aniversário de Jandira do Amaral
Abrahão.
Na madrugada daquele sábado, uma senhora de Goiânia, D.
Augustinha – Augusta Soares Gregoris – em visita a
Francisco Cândido Xavier, sonhara com um jovem que lhe
pedia para entregar uma rosa branca à mãe que
aniversariava. D. Augustinha acordou sob o forte impacto de
sonho tão claro, providenciou a rosa e foi até a reunião
marcada naquela manhã pelo Chico. Lá chegando, contou ao
Chico o sonho e ele apontou D. Jandira, dizendo ser ela a
mãe do jovem que lhe aparecera em sonho e, realmente, D.
Jandira identificou o filho pela descrição feita por D.
Augustinha.
Wady, pouco depois, em suas páginas, agradece à senhora
goiana, por haver captado o seu desejo de presentear a mãe.
Outras passagens há nestas linhas do Wadyzinho, dignas de
estudo. Uma delas é a advertência do jovem ao pai, no início
da mensagem, sobre a necessidade de cuidar da saúde. O
Sr. Abrahão nos contou que o filho “acertou na mosca”, pois
realmente trazia uma úlcera na perna e, a despeito das
recomendações dos familiares, não se cuidava
propositadamente. Mais adiante o Wadyzinho pede ao pai
para não forçar a porta do lado de lá, clara alusão aos planos
de suicídio indireto a que se ligava o pai que, displicente com
a saúde, correndo a 160, 170 por hora com o carro, pensava
tão-somente em reencontrar o filho no Plano Espiritual.
Os diálogos do filho querido com o pai, através da psicografia
de Chico Xavier, muito transformaram o Sr. Wady, de modo a
encontrarmo-lo alegre, feliz, jovial, quando da entrevista que
com a família realizamos, para a elaboração destas páginas.
No encerramento da mensagem, Wady comenta: “A flor desta
manhã foi precedida por outra – pois mamãe sabe que nos
últimos dias pude trazer a ela uma rosa em forma de um
beijo. Ao papai, abracei de tal modo que ele propriamente me
viu”. É referência ao que comentamos com o título de A Visão
do Sr. Wady.
Cláudio, Walmir, Wellington, são os seus amigos de colégio,
Cláudio Marcelino da Silva, Walmir Carotnuto e Wellington
Gloedem Soares. O Wellington confirma que realmente
estava encostando o corpo com relação aos estudos, como
fala o Wady.
Flavinha é a Flávia Canzi Biondi, filha de Pedro Biondi e
Margarida Canzi Biondi, residentes em São Bernardo do
Campo. Flavinha faleceu em Santos com 2 anos de idade, no
dia 6 de junho de 1972.
PALAVRAS AOS PAIS
Querida Mãezinha, meu querido pai e querida Axima, com o
nosso caro Wilson. Um pensamento de respeitoso amor para
Jesus, rogando a bênção d’Ele, nosso Divino Mestre, para
nós todos.
Perdoarão os corações amigos presentes se tomo o lugar de
tantos. Nosso amigo doutor Bezerra fez a escala no time da
fraternidade e da paz e sou eu, embora sem mérito, quem
deve escrever com as notícias do nosso campo de ação.
Venho, queridos pais, agradecer como sempre o carinho com
que fomos recebidos. Reportamo-nos às páginas que
começam a funcionar com o jornal do Além que a Bênção do
Senhor nos permitiu veicular, conjugando esforços. E a
mensagem que nos foi possível divulgar – a certeza de que
prosseguimos em outras faixas de trabalho no reino vibratório
em que todos existimos.
Diz o nosso caro doutor Bezerra: – “Fale, Wady, temos
conosco muitos pais que viram os filhos desaparecer da visão
física e que se encontram conosco, pedindo consolação. Fale
e diga que a morte não existe. Repita isso, porque a verdade
reclama semelhante operação. Trabalhemos para que a dor
não fira assim tanto...”
E obedeço, rogando aos corações queridos aqui intimamente
associados para que nos elevemos todos ao Alto, suplicando
a Deus nos fortaleça e nos abençoe. Estamos interpretando a
lição do samaritano. E penso, Mãezinha querida, que Jesus
teria refletido no futuro em que hoje nos surpreendemos,
observando tantos acidentes nas estradas do mundo. O
homem que viajava se via fora dos seus. Experimentou a
queda no pó e foi socorrido por alguém que nem mesmo o
conhecia.
E presentemente encontramos semelhantes quadros, em
tantos lugares, que efetivamente poderíamos definir essa
provação como sendo uma luta em toda parte. E temos os
corações dilapidados de pais e mães, de esposas e
companheiros, de irmãos e amigos, que se observam ralados
de angústia, aguardando a calma e a fé por remédios
providenciais que os arrebate à febre do desespero. É por
isso que agradecemos a Jesus a possibilidade de haver
endereçado as nossas páginas especialmente aos que
sofrem separação e tristeza à frente da morte.
Meu pai, minha mãe, é tão difícil levantar criaturas do
mergulho no desânimo! Entretanto, estamos todos juntos
para essa campanha de esperança. Aos poucos me integro
mais profundamente nessa caravana bendita de irmãos
empenhados no cultiva da fé. Entendemos que a imortalidade
é o comunicado central de Cristo, que não se esqueceu de
laurear a Sua Obra com a bendita demonstração da vida
eterna. E, em torno de Jesus, formamos fileiras,
condensando propósitos e pensamentos nas tarefas a que
nos consagramos para o reavivamento da convicção nos
ensinos inolvidáveis do Evangelho.
Compreendo que trouxe minhas bases da nossa querida
Comunidade Unida a Cristo. Mas tudo o que vou aprendendo
agora sobre comunicação, intercâmbio espiritual,
mediunidade e reencarnação, pode se ajustar aos alicerces
do Cristianismo que a todos nos reúne no mesmo esquema
de paz e segurança. Por isso mesmo, rogamos aos pais e
mães, presentes conosco, para que continuem pensando nos
filhos que vieram para cá, na condição de ausentes e não de
afetos extintos. A vida remanesce da vida. O trabalho
prossegue e o aperfeiçoamento continua...
Pudéssemos e quebraríamos todas as barreiras de
separação que encharcamos de lágrimas, a fim de que
somente a alegria permaneça em nós, na fé serena e
perfeita. Entretanto, é indispensável aceitar as Leis Divinas
que estabelecem tempo e lugar para cada um de nós, no que
tange aos assuntos da ausência compulsória.
Todos temos provas e inquietações para burilamento. Não
fazemos a promoção da dor, como se a dor devesse ser
aplaudida por indução ao aniquilamento; no entanto,
agradecemos a presença da dor, em nossas vidas,
simbolizando educadora que nos corrige os impulsos. Sem
ela, seria realmente difícil a compreensão que nos patrocine
a aquisição de luz para a Vida Maior.
Assim, meu pai e minha mãe, conversando com os familiares,
falamos a todos e a todos nos dirigimos, solicitando
esperança e paz. O caminho se desdobra à nossa frente.
Saibamos trilhá-lo na posição de samaritanos uns dos outros.
Quis Jesus, com expressiva lição, personalizar na parábola a
presença do irmão anônimo que devemos ser cada um de
nós, nas estradas do cotidiano, porque todos teremos o
instante da necessidade de braços fraternos que nos
arranquem à sombra do desalento.
Na fala de hoje, em que buscamos exprimir com segurança o
nosso intercâmbio, em todos os tons de entendimento,
acrescentaremos que, no mundo, todos temos o dia da fossa
em que não dispensaremos o concurso amigo das mãos que
venham sacar-nos da aflição para o retorno à paz de espírito.
As tarefas são nossas. Os anjos nos auxiliam, mas não nos
substituem. O Senhor é o Senhor, de cuja Bondade Infinita
recebemos tudo em nosso favor, mas recolhemos da
misericórdia d’Ele o privilégio de ser o apoio mútuo, no
domínio de nossas relações no dia-a-dia de nossa existência.
Muitos amigos se acham ao nosso lado. E amparam-nos.
Nosso caro Jair Presente traz com ele uma irmã - a nossa
irmã Anita(1) - que esclarece à filha estarem amparados os
pequeninos Marcelo e Eduardo, transferidos para a Vida
Maior. E o jovem Carlos Eduardo pede à nossa irmã Letícia
serenidade e coragem para seguir à frente, porque vem
colhendo os melhores benefícios dos novos caminhos a que
foi chamado e promete escrever, logo que isso lhe seja
possível, conquanto, em diversas ocasiões, já se tenha
manifestado, indiretamente, de modo a confortá-la.
Nossa irmã tia Clotilde pede ao nosso querido Wilson
continuar valoroso na jornada adiante. E tantos companheiros
outros aqui se reúnem junto de nós, desejando expressar
reconhecimento e ternura! Ainda assim, estamos
subordinados às nossas limitações e não temos outro recurso
senão conformar-nos. Nosso amigo Paulinho(2) agradece aos
pais queridos o amor e a confiança com lhe receberam as
notícias de paz e reconforto e declara-se decidido a avançar
na senda do progresso.
E aqui, meus queridos pais e queridos irmãos, devo terminar
este noticiário do coração. Abraço a todos os amigos e
agradeço aos pais queridos a contribuição com que
prestigiam as nossas tarefas de sempre. É muito a dizer e
curto é o prazo de que dispomos.
Pai querido, você felizmente, está melhorando nas forças
gerais. É isso, querido benfeitor e amado companheiro que
Deus me concedeu para viver. O corpo é um barco
sumamente precioso que nos exige na Terra a maior das
atenções para estar viajando e agindo com segurança ou
ancorado com a bênção de Deus para o fortalecimento
preciso.
E agora, um abraço que não é de despedida e sim um abraço
de alegria e reconhecimento em serviço.
Meus queridos pais, Axima e Wilson, irmãos abençoados de
sempre, com todos os nossos afetos presentes e ausentes,
recebam o carinho e a gratidão, com as muitas saudades e
lembranças do filho e irmão reconhecido, sempre e cada vez
mais reconhecido.
WADYZINHO
26 outubro 1975
SAMARITANOS DO ALÉM
Muitos dos nomes mencionados por Wady já foram
identificados no decorrer destas páginas. Lembremos, ainda,
que Carlos Eduardo é o Carlos Eduardo Arias de que fala
Carlos Alberto anteriormente e que D. Clotilde é a mãe do
cunhado do Wadyzinho, o Wilson; D. Clotilde Brigante de
Oliveira, desencarnada em 1973, é nossa conhecida de
JOVENS NO ALÉM, quando numa das mensagens puxa as
orelhas do filho, pelo seu amor à velocidade nas estradas.
Dois nomes surgem pela primeira vez:
1 - Irmã Anita - Anita Lobato Franco, mãe de D. Elizabeth de
quem fala Jair anteriormente. Faleceu em Campinas a 23 de
outubro de 1970, com 56 anos.
2 - Nosso amigo Paulinho - Paulo Guimarães Barreto, carioca
de nascimento, mas que encontrou a morte aos 17 anos em
São Luiz do Maranhão, no dia 6 de agosto de 1975. Seus
pais, Francisca de Assis Guimarães Barreto e Antônio
Lucena Barreto, residem em Santos.
Cremos que a nova interpretação aqui dada pelo Wady à
Parábola do Samaritano é o ponto alto do conteúdo
doutrinário da mensagem. Muitas são as colocações
exegéticas a respeito da parábola, todas buscando destacar
o amor ao próximo, o segundo mandamento que Jesus nos
legou, como o fermento essencial em nossas vidas. O
Espírito de Emmanuel em imagem muito feliz, adverte-nos de
que o samaritano não procurou saber quem era aquele
homem caído, qual sua condição social ou pensamento
religioso; socorreu-o, sim, por estar diante de um filho de
Deus, credor de todo o nosso respeito.
Já Wadyzinho traz, sem dúvida, outra contribuição do estudo
da parábola, comparando as páginas que os jovens
desencarnados nos têm trazido do Além, como o lenitivo do
samaritano aos pais aflitos e em desespero que na estrada
de Jericó esperam ansiosos pelo bálsamo de reconforto,
fulminados que foram pela perda dos filhos queridos.
E com que carinho os rapazes do Além voltam para abraçar
os pais, falar da vida além da morte, conclamando aos
corações generosos que aqui ficaram a prosseguir na estrada
que invariavelmente no futuro unirá pais e filhos, no infinito
amor de Jesus, distantes do fantasma da morte.
JESUS É O NOSSO PROGRAMA
Querida Mãezinha, meu querido Papai, peço a bênção com
que me fortalecem.
Festa dos vinte anos de chegada à Terra. E a casa de nosso
afeto continua iluminada de alegria. Parece-nos impossível
entrar no domínio das recordações em que se nos vê a
memória, quando os primeiros dias da infância no Plano
Físico se desdobram. Realmente, os detalhes se esfumam à
distância, mas a luz do amor com que somos recebidos em
casa permanece brilhando nos recessos da alma. É por isso
que me ajoelho, em espírito, diante dos pais queridos, para
dizer “obrigado”.
Os dias como que se desfazem na máquina do tempo; no
entanto, as construções espirituais a que nos entregamos, no
curso das horas resistem à força dos minutos que se
assemelham às gotas d’água que terminam por varar a pedra
ou edificar novas formas de vida e de encantamento, nas
áreas da Natureza.
Estou emocionado, Papai, ao registrar-lhe a renovação e o
seu carinho. Suas forças são outras. As bênçãos de sua paz
nos alcançam a todos. E até mesmo o vovô Abrahão(1) aqui
comigo nos afirma que tem conseguido oportunidades mais
amplas para trabalhar nas tarefas que o vinculam a Sumaré.
Mãezinha, a nossa festa é de tal modo significativa, que a
nossa irmã Laís(2) nos trouxe flores, as flores que retratam a
revoada de pétalas em que nos sentimos imersos, em nossa
celebração. Amigos da Vida Superior quiseram que a nossa
alegria fosse abençoada pelas preciosidades de nossos
jardins do mundo e as rosas se fizeram visíveis aqui também.
Celebramos vinte anos de existência ia física do seu
Wadyzinho e sei que a sua ternura estará recordando até o
próximo 16(3) todos aqueles sonhos com que as suas mãos
me esperaram, e não permita, Mamãe, que as lágrimas de
tristeza interfiram em nossa festa de corações.
Estou mais vivo, agora que renasci em outras faixas de
trabalho. Os horizontes se ampliam. Ontem, éramos alguns
apenas. Hoje somos muitos. E amanhã seremos muitos mais.
Trabalhar pelo mundo renovado em Jesus é o nosso
programa. Meus pais queridos foram para mim os anjos
protetores para que em pouco mais de quinze fevereiros
pudesse começar a mensagem.
A nossa Comunidade Unida a Cristo está crescendo, do lado
de cá(4). E não esmoreceremos O amor de Jesus é traço de
união para sempre entre os homens. E, além disso, Ele,
Nosso Senhor, veio aos que se perdiam, principalmente. Aos
que se perdiam no tempo perdido, porque para Deus
ninguém se perde. A criatura dispõe de liberdade para se
estragar como quiser ou para contrair débitos, como queira,
mas não pode livrar-se da obrigação de viver, porque a vida é
também Deus em nós.
Depois que as nossas modestas palavras se xeroquizaram,
nas páginas que receberam a dedicatória de “JOVENS NO
ALÉM”, os nossos compromissos se alargaram. Temos um
gabinete de chamados a receber. E nesses chamados a
receber tenho tido o ensejo de entrar em contato com
centenas de companheiros e lares que se nos descerram à
colaboração. Aquilo que aprendi em nossa casa da Água
Rasa e os princípios que atingiram nas vivências de Sumaré
formam a base das tarefas a que me dedico.
Jesus para nós todos é compreensão para cada um daqueles
amigos da Humanidade que suportam a carga dos problemas
e obstáculos mais dolorosos. Então, nessa empresa
benemérita, a cada instante, encontro as aflições e as
lágrimas de tantas almas queridas que se iluminam de
repente na prece e criam para nós outros campos de trabalho
que resultam em felicidade maior para cada um de nós.
Obrigado, papai, pela sua tranqüilidade que me asserenou o
coração. De sua paz, consegui partir para o levantamento da
paz em outros pais que clamam pelo socorro do Senhor. É
verdade que as suas mãos operosas resolveram diminuir, um
tanto, o ritmo das indústrias, criadas por seu gênio de obreiro
do progresso, mas os nossos empreendimentos de elevação
espiritual se fizeram maiores.
Agradeço ao nosso caro Wilson o apoio de sempre. Ele é o
irmão que a Bondade de Deus me trouxe para fazer por mim
o que não era de meu alcance. Peço digam a ele e à nossa
querida Axima de meu reconhecimento. Sei que o irmão
regressou ao lar para seguir de perto a saúde de nossa
Axima(5) e com eles permanece a tia Clotilde, velando e
abençoando as nossas preces.
De minha parte, venho solicitando o auxílio de médicos
amigos da Espiritualidade, com o nosso amigo Doutor
Bezerra à frente, para que nos ajudem na assistência à nossa
querida Axima. A oração tem sido o recanto a que me
entrego, todas as vezes em que os nossos desejos no
tocante à irmãzinha se nos misturam nos corações. Peçamos
a Deus para que a vejamos fortalecida nas mais intimas
energias. A ela e ao nosso caro Wilson agradeço o esforço
constante na cooperação fraterna, em auxílio às nossas
realizações.
Nossa querida irmã Guiomar(6) está erguendo com
devotamento e carinho incessantes o núcleo de jovens e
crianças que serão os companheiros amadurecidos do futuro.
Deus a sustentará, a fim de que em nosso templo do
Perseverança possa Jesus encontrar clima sempre mais
amplo, a fim de manifestar-se nas boas obras. Se eu
pudesse, traria todos os amigos, com os nossos queridos
Walmir, Wellington, Cláudio, Jaime(7) e tantos outros às
nossas vanguardas, de modo a promovermos a união cristã
de quantos pudessem consagrar ao Evangelho o melhor das
próprias forças, sem distinção de limites ideológicos; no
entanto as tarefas religiosas são institutos de ensino, cada
qual em determinado currículo de lições, e tão-somente os
mensageiros do Eterno Bem saberão efetuar as ligações que
almejamos de maneira definitiva.
Conforta-me reconhecer que na dimensão a que fui trazido já
conseguimos reunir muitos elos da corrente cristã que, um
dia, com a Bênção de Jesus, estará plenamente encadeada
no amor imperecível, desde o último dos sofredores da Terra
até à Luz de Deus. Até lá, é preciso aquecer o coração na fé,
olvidar disposições pessoais, abraçar as criaturas e, em
seguida, situar nossas mãos e pensamentos na atividade
constante, para que o bem de todos se faça.
Tudo é grande e tudo é belo nas menores expressões de
bondade humana, ante o Reino de Deus. O mais ligeiro toque
de auxílio fraterno é uma bênção. Todos somos filhos do
Misericordioso Pai e tudo o que fizermos de bom, no amparo
e na alegria do próximo, é amor à Providência Divina.
Papai e Mãezinha, mais uma vez, beijo-lhes as mãos e, em
nome de quantos foram beneficiados em meu pobre nome,
trago-lhes a minha gratidão enternecida. Fui eu quem recebi
tudo isso: o bendito dinheiro às nossas instituições, sejam
elas dessa ou daquela nuance da caridade, as visitas que
fizeram para o reconforto dos que nos cercam, os pacotes de
socorro(8) doados com tanto desprendimento dos bens
humanos, as flores e as orações, em louvor dos outros, são
bênçãos para mim. Peço a Jesus para que, um dia, possa
responder aos meus pais queridos e aos irmãos abençoados,
oferecendo-lhes o carinho com que me alegram tanto e que
ainda não tenho para dar.
Deus que levantou o céu em quadros de estrelas e que
desenhou mensagens de flores no chão da Terra para todos
os seus filhos e filhas, recompensará aos meus benfeitores
que tomaram no mundo a feição de luzes para mim. Meu pai
e minha mãezinha, querida Axima e querido Wilson, muito
obrigado. Deus os recompense. Recebam todo o amor e toda
a gratidão do filho e irmão cada vez mais reconhecido.
WADYZINHO
14 fevereiro 1976
O FILHO RECONHECIDO
Empolgado pela melhora do pai, mais animado, reintegrado
aos misteres profissionais, e dedicado a atividades
beneficentes no grupo espírita a que se ligou, Wadyzinho não
disfarça a alegria e desabafa: “Estou emocionado, papai, ao
registrar-lhe a renovação e o seu carinho”.
Mencionemos as citações que vão surgindo no desdobrar
dessa conversa, já mais tranqüila do jovem com a família:
1 - Vovô Abrahão - avô paterno Jorge Abrahão,
desencarnado há 30 anos, em Sumaré-SP. Segundo o Wady,
também o avô desencarnado, dada a maior tranqüilidade do
filho, passou a dedicar-se mais às suas responsabilidades
espirituais, em Sumaré.
2 - Nossa irmã Laís - Sra. Laís Aguvivo, de São Paulo,
presente à reunião em Uberaba e que horas antes havia
levado ao Chico algumas rosas, transferidas pelo querido
médium à família do Wady. Estava próximo o aniversário de
nascimento deste valoroso jovem - 16 de fevereiro.
3 - Aniversário de nascimento do Wadyzinho.
4 - A nossa Comunidade Unida a Cristo - Wady fala nela
também na mensagem anterior. Em JOVENS NO ALÉM
tecemos comentários da instituição de inspiração católica que
Wadyzinho coordenava, quando na Terra, com a finalidade
de levar aos jovens a palavra de Jesus. Wady transportou o
nome para o grupo de jovens do Plano Espiritual.
5 - Antes da reunião em que Chico recebeu a mensagem, o
cunhado do Wadyzinho voltou para São Paulo, para cuidar da
esposa, sob repouso médico.
6 - Guiomar - Guiomar de Oliveira Albanese, dirigente do
Centro Espírita Perseverança, da capital paulista.
7 - Nossos queridos... - Apenas o Jaime não fora citado na
mensagem anterior. Jaime da Silva, também colega de
estudos, como os outros, já aparece em JOVENS NO ALÉM.
8 - Os pacotes de socorro - gêneros que seus pais haviam
levado e distribuído a famílias carentes, visitadas pelos
companheiros de ideal cristão.
VIII - WILSON WILLIAM GARCIA
- São Paulo - 07 de fevereiro de 1949
- São Paulo - 1º de fevereiro de 1974
Casado com a Sra. Maria Cristina Bueno Ribeiro Garcia
Filho de Armando Garcia e Hilda Arbulu Garcia
Irmão: Armando Garcia Filho
Todos residentes em São Paulo - Capital
TRAÇOS BIOGRÁFICOS
Daphne Du Maurier inicia um de seus romances com a
inesperada e indesejada informação que uma carta traz à
idosa Madame Duval. Entre as alegrias do reencontro
epistolar, a filha lhe fala do conhecimento que travara em
Paris com um jovem, cujas reminiscências voltariam a
memória de Mme. Duval a um passado que gostaria de
esquecer. A carta é o ponto de partida do romance biográfico
desenvolvido no interior da França, à época da Revolução
Francesa.
Igualmente, um convite de casamento, entregue à sua porta,
naquela manhã de sexta-feira, 1° de fevereiro de 1974, abriria
para D. Hilda as portas de uma vida nova de que também
não poderia fugir. Começava para a Família Garcia um
romance tão real como o de Du Maurier, mas vivido nos
nossos dias, na capital paulista.
Às 10 horas daquela manhã, uma vizinha bateu-lhe à porta
para entregar o convite de casamento da filha; como a amiga
estivesse com os olhos vermelhos, D. Hilda observou que
aquele momento era de alegria, pois se anunciava o
casamento da filha; mas a senhora vizinha respondeu que
estava chorando, porque o marido quase morrera num
incêndio recém-irrompido na cidade, em um prédio da
Avenida 9 de Julho.
Buscando maiores informações, D. Hilda veio a saber que o
Edifício, que se incendiava, era o Joelma, exatamente onde
seu filho Wilson trabalhava.
Como essas notícias correm, ao sabor da rapidez com que
nos solidarizamos nas horas difíceis, simultaneamente, o pai
de Wilson, Sr. Armando, e a esposa do jovem funcionário da
Crefisul, Maria Cristina, também tomavam conhecimento do
incêndio fatal.
A despeito do pai e do irmão Armandinho o esperarem na
entrada do Edifício e da esposa o procurar nos postos de
atendimento, pronto socorros e hospitais da cidade, onde
eventualmente pudesse estar, Wilson William Garcia somente
foi encontrado na madrugada de domingo, quase dois dias
depois, no Instituto Médico Legal, identificado por amigos da
família. Não apresentava sinais evidentes de queimadura,
sugerindo que sua morte tenha sido por intoxicação e asfixia,
conforme o Wilson nos faz entender na mensagem
psicografada pelo Chico.
Natural de São Paulo - Capital, no dia 7 de fevereiro, uma
semana após o incêndio, Wilson completaria 25 anos.
Casado há um ano apenas com Maria Cristina Bueno Ribeiro
Garcia, era filho de Armando Garcia e Hilda Arbulu Garcia,
deixando um irmão, o Armando Garcia Filho.
Fez o curso primário no Colégio São Bento, o secundário no
Ginásio Estadual Roldão Lopes de Barros e formou-se em
Contabilidade no Colégio 7 de Setembro, todos em São
Paulo.
Programador Bourroughs, fazia o curso para analista de
sistemas em computação eletrônica, enquanto ocupava o
cargo de assessor do Departamento de Planejamento da
Crefisul.
Segundo informações de um seu colega de trabalho, que
conseguiu salvar-se, Wilson procurou avisar a todos os seus
companheiros da irrupção do incêndio, reduzindo
naturalmente suas próprias chances de sobrevivência,
naquela dura luta contra o tempo.
A FAMÍLIA GARCIA E CHICO XAVIER
O leitor pode imaginar que não foram fáceis para a jovem
esposa, para os pais e irmão, os momentos difíceis que se
sucederam à morte do Wilson. É a dor sem descrição, a
separação irreversível, a ausência definitiva que sulca de
rugas os rostos sofridos e desenha os primeiros brancos nos
cabelos, em nome da saudade.
Palavra de profundo significado intuitivo, intrínseco, saudade
é contudo difícil de definir-se, pois que não é fácil materializar
sentimentos ou padronizar a dor. Duas figuras há, entretanto,
que se aproximam do que todos nós entendemos por
saudade, sem reduzir o vocábulo a um sentido mais concreto.
Essas figuras encontramos em Silveira Bueno, quando diz
que “saudade é a presença dos ausentes queridos” e, no
poeta piauiense, Da Costa e Silva, o poeta da saudade, ao
lembrar-se do olhar materno e do velho Rio Parnaíba de sua
infância distante:
Saudade, o olhar de minha mãe rezando
E o pranto lento, deslizando em fio.
Saudade - minha terra e o rio,
Cantigas d'águas claras soluçando.
Quatro meses após a morte do filho, D. Hilda e o Sr.
Armando começaram a freqüentar a Casa da Passagem,
entidade espírita do Itaim, levados pelo amigo da família
Paulo Pitta, companheiro das horas amargas, e que tomou
para si o encargo de localizar o corpo do Wilson no Instituto
Médico Legal.
Posteriormente, através de D. Yolanda, mãe do Augusto, que
vieram a conhecer nessa época, passaram a visitar
regularmente o Lar do Amor Cristão, no Ipiranga, onde
sobretudo senhoras, vitimadas pela perda dos filhos, vão
buscar o consolo e o esclarecimento.
Também por esse tempo, D. Hilda, que não conhecia
Francisco Cândido Xavier, passou a visitá-lo em Uberaba e
na 5ª viagem, no dia 20 de dezembro de 1975, quase dois
anos após a morte do filho, recebeu a mensagem Renasci
das Chamas.
Maria Cristina, a esposa do Wilson, como os demais
familiares, também de formação católica, encontrou nas
palavras do marido, psicografadas por Chico Xavier, a
confirmação de sua sobrevivência. E, somente então, após
os dois penosos anos de sofrimento pela separação
compulsória, começou a apresentar sinais mais efetivos de
recuperação, embora muito traumatizada ainda, a ponto de
interromper a entrevista que nos concedia, para a obtenção
de dados referentes ao marido, envolvida que foi nos quadros
do passado próximo, quando se viu, inesperadamente,
sozinha.
Certamente nas telas de seu pensamento voltavam os
quadros da juventude, quando durante quatro anos, após um
despretensioso trote telefônico, ela e Wilson passaram a
manter regular intercâmbio, sempre pelo telefone, sem se
conhecerem. Mas o telefone do Além não permitiu que
Wilson e a esposa deixassem de comunicar-se e foi esse
reencontro que reacendeu na jovem Maria Cristina a chama
da vida e os anseios de lutar, perseguindo a felicidade com
as forças vivas da fé.
RENASCI DAS CHAMAS
Querida Mãezinha, abençoe seu filho como sempre.
Aqui me parece reencontrar um segredo da Providência
Divina: o retorno ao coração materno para renascer entre as
criaturas humanas. Importante pensar: no mundo chegamos
pelo regaço dos anjos a quem Deus confiou o lar e creio que,
em meu caso, torno a me fazer sentir por suas preces, mãe
querida.
Tenho a idéia de que obedeço a uma compulsão: suas
orações me envolvem, desde muito tempo levando-me a
recordar os panos do berço com que a senhora um dia aí na
Terra me esperou com tanto carinho. Mas o segredo
continua: porque se alcancei os seus braços, chorando de
alegria e de dor, na imagem de uma criança recém-nascida,
regresso ao seu carinho com as lágrimas da felicidade e do
sofrimento para surgir na forma desta carta em que trago
notícias.
Se me sensibilizo tanto, perdoem-me. A senhora e meu pai
desculpem o que me ocorre. Não posso estancar o pranto de
júbilo e saudade, em que se misturam os nossos corações no
vaso da família.
Mãe, não se aflija tanto. Poderia afirmar como num
telegrama: cheguei bem. No entanto, de que modo não
extravasar o sentimento quando a ansiedade do rever foi tão
amargurada e tão sofrida?
Tenho procurado consolá-los, fortalecê-los, mas não é fácil
vencer os muros de vibrações, através dos quais ouvimos as
vozes inarticuladas uns dos outros. O pensamento fala sem
palavras e a mente escuta sem ouvidos.
Você sabe, mamãe, que seu filho está vencendo as lutas
novas. Em nossas orações, o nosso diálogo é sempre
repetido, sempre constante, mas você aguardava que esse
tipo de ondas espirituais em que nos comunicamos tivesse
um registro: o registro através das letras escritas. E estou
aqui, rogando à senhora conduza minhas informações aos
nossos entes queridos.
Cessem nossas lágrimas, porque o pesado aguaceiro de
nossas inquietações vai sendo amainado. Peça à nossa
querida Maria Cristina para que se refaça no coração. O amor
é uma luz que brilha sempre. Um perfume que pode
transferir-se de frasco, persistindo sempre o mesmo.
Não quero dizer que sou agora simplesmente o irmão da
esposa querida que deixei. Sou ainda o homem, o
companheiro, o amigo, a metade do par feliz que nós fomos;
entretanto, as lições daí são semelhantes às nossas neste
mundo novo, em que nos modificamos pouco a pouco.
Por que o exclusivismo, não é Mamãe? Quando devemos
entender as necessidades que ficam na Terra? Por que
prender os corações amados, acorrentando-os a nós, quando
o amor é a felicidade que podemos distribuir em seu nome?
Amor é paz que se dá para receber, luz que se acende em
alguém, para que a luz desse alguém nos clareie os
caminhos.
Deixei Maria Cristina por menina que precisa de proteção
para reconstruir as próprias tarefas. Precisamos auxiliá-la a
reencontrar-se, realizar-se. Diga para ela, Mãezinha, que foi
bom para nós não havermos encomendado o bebê com que
sonhávamos... A promoção que esperávamos em meu
trabalho para isso era importante demais para que
marcássemos a existência com esse compromisso.
Não peço a ela para esquecer-me, porque isso eu também
não posso fazer, mas que nossa querida Cristina se lembre
de que a compreensão mora conosco e, pela compreensão,
devemos contar com as renovações com que Deus, por Seus
Mensageiros, nos queira favorecer. O que ela escolher
escolhi; o que ela desejar, também desejo para ela, desde
que nisso ela se faça feliz. Os caminhos dela serão os
nossos, porque a leguei à nossa casa; ela é sua filha,
Mãezinha, filha de meu pai também e nós todos estaremos
com ela em todas as circunstâncias.
Meu avô Ângelo(1) e meu amigo o tio Ernesto Arbulu(2) me
informaram que ela procurou viajar para refazer energias(3), a
pedido deles mesmos, a fim de que melhorássemos, mas sei
que ela não se sente feliz fora de nossos horizontes. Mamãe,
rogue a ela e ao nosso caro Armandinho(4) para não se
rebelarem e não esmorecerem na fé. A oração é um fio de
intercâmbio entre nós, ante a Providência Divina.
Aqui, vejo que a religião é uma lâmpada que brilha em
qualquer lugar. As interpretações são apenas cores sobre o
foco, imprimindo maneiras e reflexos diferentes da chama
que é única. Seja qual for a manifestação de fé em que os
nossos procurem viver, essa fé será sempre benéfica,
embora deva considerar de minha parte que, neste mundo
novo em que me vejo, trazem grande bem ao coração os
textos que nos ensinem a necessidade de bem e de
conhecimentos maiores, em nosso próprio auxílio. Mas, não
tenho autoridade para tocar nisso; apenas anseio ver a paz
em nossos familiares queridos, a paz que surge da certeza
de que a vida não termina com a morte.
E por falar em morte, os quadros do incêndio já estão longe.
Passaram. O nosso admirável Joelma para nós agora
funcionou como um templo em que nos transformamos para
as Leis de Deus. Não creiam que o sofrimento para mim
fosse muito. A princípio, o tumulto, o desejo natural de
escapar à provação, a luta pela sobrevivência sem
agressões(5) à frente dos companheiros e colegas que
experimentavam como nós o desequilíbrio nos conflitos
inesperados...Depois, foi a tosse, o cérebro toldado, como se
houvesse sorvido uma bebida forte e, em seguida, um sono
com pesadelos(6)... Os pesadelos das telas em derredor que
vocês podem imaginar como tenham sido...
Posso dizer a você, Mamãe, que pensávamos em
helicópteros que nos retirassem das partes altas do edifício e
com espanto, quando acordei ainda estremunhado, fui
transportado para um aparelho semelhante, junto de outros
amigos. Era assim tão perfeita a situação do salvamento que
fui alojado num hospital, como se estivéssemos num hospital
da cidade para recuperação, antes do regresso à nossa casa.
Mantive essa expectativa até que meu avô Ângelo me fizesse
recordar os tempos de criança e, logo que me vi novamente
menino na memória, compreendi que ele era o meu avô na
Vida Espiritual e que estávamos juntos. O hospital não era
mais daqueles que conhecemos no mundo.
Meu avô e o meu tio, nosso irmão José Garcia(7), me
apresentaram aos benfeitores que nos acolhiam. Tantas
surpresas tive ao abraçar antigos mestres do São Bento(8)
que chorei muito, sem saber se eu estava alegre ou triste,
renovado ou vencido, como se algum pesadelo ou sonho feliz
daquela hora fosse repentinamente materializado para meus
olhos.
Um benfeitor dos meus benfeitores, preciso nomear - nosso
amparo na Terra e aqui mesmo: Dom Lourenço Zeller. Os
que acreditam aí no mundo que a morte seja uma cortina de
sombra e esquecimento, saibam que das cinzas do mundo
surgem os nossos agradecimentos e os grandes benfeitores
delas renascem para ajudar aos que caminham em passos
vacilantes para as verdades maiores.
Os que sofreram nos claustros, os que desapareceram em
louvor da fé, os que trabalharam para socorrer as criaturas
que lutam na Terra, os que amaram um ideal superior, em
nome de Deus, são aqui mais vivos. Todos vivemos, porque
todos somos filhos de Deus e espíritos imortais; no entanto,
os que se doaram pelos outros, os que se trocaram pela
felicidade e pela paz dos seus semelhantes, aqui encontram
mais vida, somando vida e amor a si mesmos, na medida do
amor e da vida que distribuíram com os outros. Isso me vem
à lembrança porque os amados professores do nosso colégio
não estão mortos.
Mãe, querida Mamãezinha, agora despede seu filho em paz,
e lembre-me aos nossos. A todos, muito carinho e muito
amor. Não posso escrever mais. À Maria Cristina e ao nosso
Armandinho, o meu abraço de imensa confiança. Ao papai, a
certeza de que prosseguimos juntos. Não tenham receio pelo
amanhã. O verdadeiro seguro - o seguro que nunca falha - é
o trabalho que Deus nos concede. Trabalhando no bem, tudo
teremos de bom.
Querida Mãezinha, agradeço as orações e os pensamentos.
Não chore com aflição que isso dói muito em nós aqui.
Confiemos em Deus.
Receba todo amor e toda gratidão, com as saudades e as
esperanças do filho que lhe traz o espírito agradecido,
sempre seu filho e companheiro, carinho de seu carinho e
coração de seu coração.
WILSON
20 dezembro 1975
A EMOÇÃO DO RETORNO
Conta-nos, D. Hilda, mãe do Wilson, que o próprio Chico
chorava copiosamente, enquanto sua mão corria rápido o
papel, escrevendo essa página de singular simplicidade.
De fato, acompanhando a leitura da mensagem, senti-laemos
impregnada de um realismo nostálgico que difícil se
nos torna conter a emoção maior. Entendemos o Wilson
pelas suas palavras, como alguém que superando as
próprias lutas, vencendo os embates íntimos, volta resoluto
para convidar os pais e a esposa querida a um novo
entendimento. Daí dizer firme: “cessem nossas lágrimas,
porque o aguaceiro de nossas inquietações, vai sendo
amainado. Peça à nossa Cristina para que se refaça no
coração”.
Não é fácil para nós, apreendermos toda a problemática
afetiva que envolve dois corações jovens, ligados de modo
aparentemente fortuito, qual sucedeu com Wilson e Cristina,
como vimos, que se conheceram e mantiveram a ilusão dos
sonhos de juventude, através de um aparelho telefônico,
impotente, contudo, para separar as almas afins, que
acabaram por se unir, ainda que por tão pouco tempo.
Ocorre-nos uma série de perguntas, quando seguindo na
leitura da mensagem, surpreendemos o coração magnânimo
do marido ausente pedir à esposa jovem que não se resigne
à possibilidade de solidão. Muita coisa bonita o Wilson nos
diz nessa mensagem, como alguém que havendo suportado
o fogo do incêndio devastador por fora, alimentado pelas
chamas incontroláveis do Joelma, passou a trazer mais
intenso calor afetivo por dentro da própria alma, de tal forma
sublimado em novas luzes de compreensão, que as
expressões do comunicante nos comovem a todos.
Da página mediúnica, como revelação, cremos ser
desnecessário falar. No desdobramento da leitura deste livro,
como ocorre com JOVENS NO ALÉM, o leitor aprendeu a ver
nas tarefas de Chico Xavier qualquer cousa de extraordinário,
em que revelações incontestáveis se misturam a conceitos de
brilho raro, poemas do céu em forma de prosa.
Também o Wilson não fugiu a citações surpreendentes.
Senão vejamos:
1 - Meu avô Ângelo - avô materno Ângelo Arbulu, muito
ligado ao Wilson. Faleceu há 12 anos, em São Paulo.
2 - Tio Ernesto Arbulu - ainda não identificado.
Pelo que conhecemos do Chico, não temos dúvida de que
nos arquivos familiares o Tio Ernesto será logo localizado.
3 - Ela procurou viajar - Realmente confirmado pela esposa
do Wilson que buscou, em viagem para os Estados Unidos,
no ano passado, o esquecimento da dor inseparável.
4 - Nosso caro Armandinho - irmão do Wilson, assim
chamado pelos familiares.
5 - Luta pela sobrevivência sem agressões - um companheiro
de serviço contou que durante o incêndio o Wilson, tão-logo
teve ciência do ocorrido, foi de sala em sala avisar os outros
funcionários da secção em que trabalhava.
6 - Tosse, cérebro toldado - confirma que a morte ocorreu
presumivelmente por asfixia, pois que seu corpo estava
praticamente intacto, sem sinais de queimaduras importantes.
7 - José Garcia - tio paterno, desencarnado há cerca de 30
anos. O Sr. Armando Garcia nos contou que eram irmãos por
parte de pai, sendo, José Garcia, filho do primeiro
casamento. Sempre viveram distantes um do outro, sem
maiores aproximações afetivas, desconhecendo mesmo o pai
do Wilson, a data mais aproximada e o local de falecimento
do irmão.
8 - Antigos mestres - Wilson cursou o primário no Colégio
São Bento, tendo sido aluno de D. Lourenço Zeller, conforme
lembra na mensagem, além de falar genericamente em
outros mestres. O jovem reconhece em D. Lourenço Zeller o
devotado benfeitor da Causa do Bem, homenageando-o com
formosos conceitos a respeito dos abnegados heróis que
passam pela Terra, distantes de nosso conhecimento maior,
escondidos na própria humildade.
IX - ENTREVISTANDO CHICO XAVIER
A morte de crianças e de jovens tem nos últimos anos
merecido a atenção dos Espíritos que, pela psicografia de
Francisco Cândido Xavier, nos oferecem páginas
maravilhosas de revelação e conforto.
Dezenas e dezenas de mensagens do Além têm sido
recebidas por Chico Xavier ultimamente, de modo particular
de jovens recém-falecidos, em evidente destaque que os
Benfeitores Espirituais, em nome de Jesus, dão à
necessidade crescente de consolo aos familiares saudosos e
de esclarecimento aos outros jovens da Terra, quanto à
compreensão de suas responsabilidades.
Realmente a marcha do progresso, carrega em seu bojo, o
preço doloroso de acidentes de toda sorte, que somados às
enfermidades naturais, têm aumentado os números das
estatísticas que anotam falecimentos em faixas etárias
menos avançadas.
Neste livro, dois jovens pereceram em incêndio de grandes
proporções, outros dois, imersos nas águas de nossas praias,
enquanto que apenas dois de morte natural.
Muitos dos rapazes e moças, citados nas mensagens dos
seis jovens, partiram da Terra, vitimados por acidentes de
trânsito, assim nas vias urbanas como nas estradas, sendo a
morte colhida nas rodas dos veículos, das causas que mais
preocupam, pela sua elevada incidência, tendo merecido de
nossas autoridades a maior das atenções, no sentido de que
vidas não sejam ceifadas pela imprudência e pela invigilância
na obediência às leis que disciplinam o trânsito.
Sobre tema tão atual, como a morte de crianças e jovens, e
sobre comentários feitos pelos autores espirituais deste livro,
a respeito de aspectos que nos chamaram particularmente a
atenção, oferecemos a Francisco Cândido Xavier, e o nosso
querido amigo aquiesceu em responder, algumas perguntas
que apresentamos a seguir:
1) Por que morrem os jovens?
- Dizem os Benfeitores Espirituais que a maioria dos jovens
desencarnados são companheiros complementando
determinados resgates na lei de causa e efeito.
2) Um dos autores deste livro, o Wilson William Garcia,
falecido no Joelma, fala em máquinas semelhantes a
helicópteros, no Além. É válida essa informação de que
do outro lado da Vida existem máquinas de voar
semelhantes à nossa? Você pessoalmente já viu algum
desses aparelhos?
- Sim, já vi por mim mesmo. Existem máquinas preciosas e
para nós, na Terra, muito complexas no Plano de Vida
próximo a nós.
3) A Volquimar fala em suas duas mensagens que alguns
jovens mortos no incêndio do Joelma ainda se
encontram em fase de recuperação na Espiritualidade,
submetendo-se mesmo a plásticas para cura de seus
corpos espirituais ainda enfermos. O incêndio não lesou
apenas o corpo físico?
- O corpo espiritual submete-se no Além a tratamentos
determinados, conforme os imperativos de sua reestruturação
e recuperação na Vida Maior.
4) Qual a explicação que o Espiritismo oferece, face à
Reencarnação, às mortes ocorridas no Andrauss e no
Joelma?
- Diversas mensagens e instruções se referem a provas
escolhidas pelos próprios amigos que lhes deram causa.
5) Há uma mensagem de Augusto, no livro, que de modo
particular aborda o problema dos tóxicos entre os
jovens. É grande a preocupação dos Espíritos pelo
envolvimento de jovens na névoa densa do tóxico?
- Sim, muitos Benfeitores Espirituais se empenham no auxílio
a nós todos para que aprendamos a valorizar a vida.
6) Os jovens, em especial o Augusto e o Jair, explicam
para você o porquê de utilizarem a gíria em suas
mensagens?
- Para eles, segundo dizem, é o melhor meio de comunicação
nas faixas etárias a que ainda se vinculam.
7) Você teria alguma mensagem pessoal para os pais e
familiares que amargam a dor da separação pela morte
de seus filhos queridos, retirados ao seu convívio, tão
jovens ainda?
- Deus nos auxilie a todos na sustentação de nossa fé na
imortalidade da alma, porque essa fé na continuidade da vida
além da morte do corpo, é o sustentáculo em que nos
escoramos para vencer nas provas e tarefas que trazemos ao mundo.