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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Somos Seis-Francisco Cândido Xavier

Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.

CARO AMIGO:

Se você gostou deste livro e tem condições de comprá-lo, faça-o pois assim estarás ajudando a diversas instituições de caridade.
Que Jesus o abençoe.
Muita Paz

Homenagem e gratidão a Rolando Ramacciotti

Somos Seis

Francisco Cândido Xavier, Caio Ramacciotti (e) Espíritos diversos.

I - Prefácio

A juventude expressa o amanhecer no dia da existência

terrestre. Neste livro, colhemos impressões e notícias de

companheiros à Espiritualidade Superior, nesse momento

Iluminado de quantos se encontram no Plano Físico.

Sendo assim, eles não escrevem unicamente para os

corações na primavera das forças corpóreas, mas se dirigem

e se localizem nas variadas faixas do tempo, no tempo do

progresso e da elevação, fornecem a todos os espíritos da

Terra a alegria da criatividade na Seara do Bem e da

imortalidade, acima das provas e experiências que passam

os homens.

Nas entrelinhas de cada mensagem confortadora,

esclarecem que da estância humana, quaisquer que sejam,

de muita importância para a alma e que, do dia para a noite,

no dia da existência planetária, somos convidados no plantio

do amor, visando a colheita de luz, nos campos da Vida

Maior.

As palavras desses construtores de renovação nos auxiliam

na insegurança, nas falanges do bem e da paz e da alegria,

de que os autores deste volume são mesmos operosos e

felizes, são os nossos votos.

EMMANUEL

Uberaba, 1º de julho de 1976

II - A VOLTA DOS JOVENS

Os jovens estão de volta!

Após o lançamento de JOVENS NO ALÉM, em outubro de

1975, ressurgem os rapazes, como que varando extensa

cortina de cinzas, com novas mensagens. E vêm

acompanhados de outros dois autores que trazem o seu

testemunho, de certa forma semelhante, pois ambos

faleceram no incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo.

Voltam bem à vontade, sem rodeios, pois a limpidez da

transmissão mediúnica lhes permite a expressão natural, com

suas palavras próprias, muitas vezes calcadas em gíria

gostosa e clara, abordando com os jovens da Terra

importantes problemas.

Nas páginas deste livro, você, prezado leitor, terá

oportunidade de observar repetidas referências a JOVENS

NO ALÉM face à necessidade de esclarecermos fatos ou

citações já mencionados naquela obra.

Ao anotarmos o nosso agradecimento a muitos

companheiros, particularizamos nossa gratidão ao querido

amigo Francisco Cândido Xavier, a quem tudo devemos, na

estruturação do trabalho, aos pais e familiares dos jovens,

pela simpatia com que forneceram os fundamentais

elementos de identificação e ao amigo e companheiro

Espírita, José da Fonseca, de quem obtivemos ilimitadas

informações a respeito do incêndio do Joelma.

Desejamos que as surpreendentes revelações sobre a

influência do espírito, que com tanta clareza nos trazem,

representem para todos nós a oportunidade de meditação

sobre a vida além da morte, aos amigos, que carregam a dor

da separação dos filhos queridos, esperamos que estas

páginas signifiquem facilidade de reencontro das mais caras

afeições, notoriamente separadas de seu convívio pela

morte.

Caio Ramacciotti

São Bernardo do Campo, 1° de julho de 1976

III - VOLQUIMAR CARVALHO DOS SANTOS

Guaratinguetá - 1° de julho de 1952

São Paulo - 1° de fevereiro de 1974

Filha de Geraldo Avelino dos Santos e Walkyria Carvalho dos

Santos

Irmãos:

- Volnelita dos Santos Foguel, casada com Wilson Foguel,

residentes em Araras-SP

- Volnéia dos Santos Augusto, casada com José Augusto,

residentes em São Paulo - Capital

- Álvaro Avelino Carvalho dos Santos.

O INCÊNDIO DO JOELMA

Para o paulistano, habituado às dimensões arquitetônicas de

sua megalópole, não é hábito particularizar esse ou aquele

edifício, essa ou aquela construção mais ou menos soberba,

porquanto, vive-se na capital paulista entre rochedos de

concreto, perdendo-se, já em passado mais remoto, o tempo

em que se admirava a altura, então, descomunal do edifício

Martinelli, do Banco do Estado ou mesmo da Esplanada.

Hoje, apenas a idéia do Metrô quebra a rotina da população

operosa que de sol a sol constrói a maior cidade da América

Latina.

Um edifício há, contudo, que, a despeito de não apresentar

muito de diferente em relação aos outros, há dois anos

permanece vivo na retina de todos nós que da grande São

Paulo presenciamos a eclosão de catástrofe de inusitadas

proporções. Falamos do Joelma.

Com seus 26 andares, alinhados em arquitetura moderna, em

que a forma convexa de sua fachada se abre em leque para

a Avenida 9 de Julho, descortinando a extensão toda da

grande avenida que se perde nos Jardins, fica o Joelma

situado em posição estratégica. Logo no início da 9 de Julho,

próximo à Praça das Bandeiras e do Vale do Anhangabaú,

voltando suas costas para a Avenida 23 de Maio, semelhase,

mesmo, o Joelma a um guardião do miolo da cidade onde

se depositam as tradições primeiras de sua história, com o

antigo Anhangabaú sepultado pela canalização de concreto,

correndo no sopé das colinas onde se construiu, por

determinação de Manoel da Nóbrega, o Colégio de São

Paulo de Piratininga.

Pouco antes das 9 horas da manhã daquela sexta-feira, no

primeiro dia do mês de fevereiro de 1974, línguas de fogo,

nascendo do meio do Edifício, começaram a crescer,

alcançando em poucos minutos proporções que lembravam o

trágico Andrauss, de dois anos antes.

Com a combustão de materiais diversos que se imolavam ao

poder destruidor do fogo, volutas de fumaça negra, em rolos

intermináveis, alternavam-se ou conviviam com as chamas

ciclópicas.

Muitas das pessoas que se encontravam naquela manhã no

Joelma conseguiram descer as escadarias até o Térreo e

salvar-se. Mas muitas, também, não tiveram o mesmo

destino: à medida em que o fogo queimava, chamas e

fumaça subiam pelo vão das escadas, impedindo de qualquer

modo a descida de quem se encontrava nos andares

superiores. Elevadores lotados se perdiam na ausência de

eletricidade, transformando-se em fornos crematórios a

carbonizar os infelizes passageiros que acreditaram na

possibilidade de atingir o Térreo, através daquelas gaiolas de

aço.

Sem possibilidades de descer, muitos subiram até o topo do

Edifício, na idéia de que se repetiria o mesmo processo de

salvamento do Andrauss em que dezenas de pessoas foram

salvas pelos helicópteros. Não sabiam, e não adiantava

saber, que o Joelma não tinha heliporto. Na cobertura, os

muitos que lá chegaram, começaram a correr, como um

bando desorientado, fugindo para cá e para lá das lâminas de

chamas aterradoras e dos rolos de fumaça que a todos

intoxicava.

O oxigênio, rarefeito pela combustão, atraído pelo sorvedouro

do fogo, como que acabava, toda vez que as chamas mais

ousadas varriam os cimos do Joelma, retornando

escassamente quando as chamas recuavam, para com

parcimônia ser sorvido a longos haustos pela multidão em

desespero. No interior do prédio o panorama não era mais

alentador, posto que a fumaça penetrava onde não chegava

o fogo, asfixiando a muitos. As laterais do Edifício foram as

mais poupadas, ali concentrando-se a maior parte das

pessoas que foram recolhidas com vida.

No desespero de salvar-se, na confusão generalizada corpos

eram pisados ou, quais tochas vivas, impiedosamente

carbonizados: alguns não poucos, no paroxismo da dor e do

desespero, pularam para estatelar-se perto do povo que

assustado, acompanhava a tragédia, entre atônito e inerme.

O heroísmo estava presente: mais uma vez páginas de

coragem indômita foram escritas: a generosidade irmanou

muitos naquelas poucas horas e espíritos valorosos deixaram

seus corpos para alçar vôos maiores, já sem os helicópteros

que os não puderam salvar, mas, com o apoio, talvez, de

aparelhos outros, invisíveis para nós, que levavam as vítimas

fatais para regiões diferentes...

Entre esses passageiros, em viagem compulsória para um

novo destino, estavam dois dos autores deste livro. Wilson

William Garcia e Volquimar Carvalho dos Santos.

QUEM É VOLQUIMAR

Embora o irmão Álvaro a tenha reconhecido no Instituto

Médico Legal, ocultou o fato à progenitora. O dia havia sido

exaustivo; apenas àquela hora, perto das seis da tarde é que

a longa busca chegava ao fim. Desde os primeiros momentos

do incêndio, Álvaro esgotara todas as possibilidades de

encontrar Volquimar.

Os dois trabalhavam no Joelma; Álvaro Avelino Carvalho dos

Santos, o filho caçula de 19 anos e Volquimar, de 21 anos,

eram funcionários da Crefisul; o rapaz trabalhava no Térreo e

Vôlqui, como era carinhosamente chamada, no 23°, como

gravadora de processamento de dados.

Tão-logo deflagrado o incêndio, Álvaro ficou aguardando a

cada chegada de colegas dos andares de cima, a presença

da irmã. Como até às 10 horas e meia não conseguira

localizá-la, encarregou alguns amigos de continuarem na

procura, enquanto ia em casa tranqüilizar a mãe.

D. Walkyria se encontrava no Pronto Socorro Infantil Santa

Generosa, acompanhando a filha de uma vizinha que lá

estava internada. Até perto das 11 horas daquela manhã, de

nada sabia: foi informada do incêndio por uma serviçal que

procedendo aos cuidados rotineiros de limpeza no quarto da

criança, comentou que um prédio na cidade pegava fogo.

Curiosa, D. Walkyria desceu para maiores informações na

secretaria do Pronto Socorro e soube tratar-se do Joelma.

Enquanto tentava inutilmente ligação telefônica para os filhos,

o Álvaro chega, coloca a mãezinha a par da situação e volta

até o Joelma para localizar a irmã.

As buscas exaustivas em volta do prédio, nas outras

agências da Organização Crefisul, mais próximas, onde se

elaboravam listas das pessoas que conseguiam salvar-se,

foram infrutíferas.

Voltou para casa, e com D. Walkyria e o auxílio de um amigo

motorizado partiram à tarde para novas tentativas de

localização de Volquimar, tentativas que os levaram, por fim,

ao Instituto Médico Legal.

Deixando a mãezinha no carro, Álvaro entrou com o amigo no

Instituto e ao encontrar o corpo da irmã, julgou prudente

ocultar o fato ao coração materno, até que chegassem a um

Pronto Socorro Cardiológico, onde, junto de um médico, daria

a notícia; D. Walkyria poderia não resistir ao impacto.

Entrando no carro, disse a ela que a Vôlqui não estava no

Instituto e, em piedosa desculpa, falou que iriam a um

hospital próximo, onde talvez a jovem estivesse; mas, aqui

começam as participações do Além que não permitiram a D.

Walkyria manter ilusões a respeito do destino da filha.

Assim que o Álvaro deu a desculpa e o carro já rolava pelo

asfalto da Teodoro Sampaio, bem em frente ao vetusto

edifício do Instituto Oscar Freire, Volquimar apareceu em

espírito para a mãe. Sem que o irmão e o amigo a vissem,

ela disse:

- “Mãe, o Álvaro já me achou e identificou o meu corpo.”

- Álvaro, meu filho, perguntou, então, D. Walkyria, você já

localizou sua irmã, não é verdade?, sem dizer como estava

recebendo a informação.

- Não, mamãe, retrucou o Álvaro, confuso, não a encontrei.

Continuava, contudo, o diálogo invisível da filha com a mãe.

- “Mamãe, falou a Volquimar sorrindo, ele já me encontrou,

sim, e está ocultando a verdade da senhora.”

D. Walkyria tocou os ombros do filho, no banco da frente do

carro e repetiu:

- Álvaro, fale-me a verdade, a Vôlqui está no Instituto Médico

Legal, não é mesmo?

Já que o filho continuava ocultando a realidade, D. Walkyria

silenciou e teve apenas confirmada a certeza do falecimento

da filha em um Pronto Socorro, onde, de imediato lhe foram

ministradas poções calmantes.

O episódio que envolve o aparecimento da filha, pós-mortem,

à sensibilidade da genitora, na tarde do mesmo dia do

incêndio, foi confirmado por Volquimar em sua primeira

mensagem psicografada pelo Chico, como veremos mais

adiante.

Fato consumado, voltaram para casa e à uma da manhã

chegava o corpo de Volquimar já liberado; na manhã seguinte

foi sepultada no Cemitério Nova Cachoeirinha.

Filha de Walkyria Carvalho dos Santos e de Geraldo Avelino

dos Santos, Volquimar nasceu em Guaratinguetá-SP a 1º de

julho de 1952, vindo a falecer no dia 1º de fevereiro de 1974,

com 21 anos.

Em 1969, residindo em Pirassununga, no interior paulista,

Volquimar forma-se professora primária, junto com outra

irmã, Volnéia, e, em seguida, a família muda-se para São

Paulo. Em outubro de 1973, após passar por algumas

organizações comerciais, foi levada pelo irmão, que já era

funcionário da Crefisul, para trabalhar junto dele no Edifício

Joelma, onde desencarnaria quatro meses depois.

Exercia as funções de gravadora em processamento de

dados e sua seção, situada no 23º andar, foi severamente

castigada pelo incêndio.

Na véspera da morte, Vôlqui faltara no serviço para preparar

a documentação necessária à matrícula na Universidade de

São Paulo, onde fora aprovada nos exames vestibulares

recém-realizados, na cadeira de letras.

O REENCONTRO

A bênção do esclarecimento espírita foi muito importante para

a família de Volquimar, no período de adaptação após a

partida da filha para o Plano Espiritual. A dor, contudo, não

deixava o coração saudoso de D. Walkyria, que, a despeito

de convicta da sobrevivência da filha, tendo-a visto, inclusive,

em espírito na tarde de seu falecimento, como vimos

anteriormente, não se acostumava com a ausência daquele

anjo meigo, companheira de tantos sofrimentos e lutas,

amiga inseparável.

Mas a vida nos empurra invariavelmente para frente, com a

renovação dos valores a nos cobrar a readaptação às

circunstâncias, por mais adversas que sejam. E D. Walkyria

sabia que não poderia fugir ao imperativo da renovação.

Conhecia Francisco Cândido Xavier das apresentações do

Pinga-Fogo do Canal 4 de São Paulo, as célebres

participações de julho e dezembro de 1971, em que Chico

ampliou consideravelmente a legião de seus admiradores,

sobretudo entre os não-espíritas que naquelas memoráveis

horas de magnetização total, através do vídeo, puderam

avaliar a sua majestática dimensão de discípulo de Jesus.

Sendo informada pelo genro, residente em Araras-SP, de que

Chico Xavier lá estaria no mês de março, eis que quarenta

dias depois do incêndio do Joelma, no dia 10 de março de

1974, D. Walkyria era a primeira pessoa da fila para abraçar

o querido médium.

Tão-logo pôde cumprimentá-lo, disse-lhe que perdera a filha

no incêndio do Joelma, sem mais informações, tendo o Chico

solicitado que esperasse até o fim da reunião, o que ocorreu

madrugada a dentro, dada a multidão que aguardava a

oportunidade do abraço a Chico Xavier.

Às despedidas, Chico falou-lhe da filha, identificando-a por

Volquimar, sem nunca ter tido qualquer informação a respeito

da jovem. Aliás, Volquimar é nome pouco comum e,

convenhamos, nada fácil de ser sacado...

Dois meses depois, em maio de 1974, D. Walkyria se

encontrava em Uberaba e, em meio a uma conversa informal,

Chico contou-lhe que o espírito da Volquimar estava dizendo

a ele que deixara em casa algo que permitiria a comunicação

mediúnica entre ela e a mãezinha.

D. Walkyria negou a existência de qualquer cousa que a filha

tivesse deixado e que pudesse servir de intercâmbio com o

Plano Espiritual. Como Chico Xavier insistisse, lembrando

que a Volquimar confirmava a existência de uma cartolina

com letras e números, com as palavras SIM, NÃO e ADEUS

e com um pequeno cartão móvel acoplado, o filho Álvaro

lembrou-se de que realmente a Vôlqui havia feito um cartão

semelhante.

Voltando a São Paulo, identificaram a cartolina guardada

entre as coisas da filha e esse meio incipiente de

comunicação com os mortos passou a ser utilizado com

freqüência por D. Walkyria.

A cartolina é citada nas mensagens de Volquimar, como

veremos mais adiante; ressalte-se nesse episódio a

autenticidade da intervenção mediúnica de Chico Xavier, que

de nada sabia. Aliás, nem os familiares da jovem se

lembravam de que a filha deixara semelhante cartão em

casa.

A comunicação com os espíritos pelo mecanismo do

abecedário é conhecida, com as restrições devidas à

incipiência do método e à inconveniência, no mais das vezes,

de estabelecermos comunicação com o Além, à nossa

própria vontade, com o risco de perturbações decorrentes do

intercâmbio, sem o adequado preparo espiritual de nossa

parte.

Consiste na disposição sobre um pedaço de cartolina, ou

cartão grosso, das letras do alfabeto, dos algarismos

arábicos, e de palavras simples, mas de utilidade no diálogo

mais rápido, como SIM e NÃO. Um copo ou, como no caso,

uma pequena peça de cartolina cortada ao meio, é que vai

designando, durante a reunião, as letras e números que o

espírito comunicante determina. Uma pessoa as anota,

formando, assim, as frases desejadas.

É necessária a presença de um médium de efeitos físicos,

pois o copo ou o pequeno cartão cortado ao centro se move

espontaneamente, à leve aproximação dos dedos do

médium. Pessoalmente já presenciamos semelhantes

sessões em que o copo utilizado para identificar as letras

desejadas circulava com tamanha velocidade que chegava a

cair, sem que os dedos do médium estivessem nele tocando.

Trata-se de um fenômeno de efeitos físicos, com a utilização

do ectoplasma do médium para a ação psicocinética sobre o

copo ou o cartão.

Não se recomenda, no geral, a realização desse tipo de

reunião mediúnica. Apenas nos ocupamos de sua descrição

para a ilustração de fatos ocorridos, com a família da

Volquimar. Desse episódio da cartolina e do ABC destaca-se

realmente a impressionante intervenção de Chico Xavier que,

desconhecendo tudo, transmitiu o recado da filha à

progenitora.

Após essa visita de maio, D. Walkyria voltou a Uberaba em

julho de 1974, dois meses depois, recebendo a primeira

mensagem psicográfica da filha. A segunda surgiu um ano

mais tarde.

MÃEZINHA, ESTOU BEM

Querida mãezinha, meu querido Álvaro(1). Primeiro a bênção

que peço a Deus em nosso auxílio e a bênção que rogo à

querida mamãe para que as forças não faltem, agora que

tomo o lápis com o auxílio de meu avô(2) para escrever.

Não sei explicar a emoção que me controla todos os

pensamentos. É como se voltasse todo o quadro de meses

antes à memória.

Tudo me sensibiliza em excesso, tudo me faz recuar para

rever o que devo contemplar em mim própria com

serenidade. E parece um sonho, mamãe, estarmos juntas,

através das letras no entendimento desejado. Não mais o

cartão do alfabeto(3) em que os movimentos vagarosos

demais nos impedem a idéia de correr como desejamos.

Aqui, é alma para alma nas palavras que anseio impregnar

de amor sem conseguir. Peço-lhe não chorem mais o que

ficou para trás no tempo, por expressão das Leis Divinas em

forma de sofrimento.

Embora isto, sei que a senhora e os nossos pedem notícias.

Como foi o inesperado? Muito difícil a revisão. Tudo

aconteceu de repente, como se devêssemos todos naquela

manhã obedecer, de um modo só, a ordem que vinha do

mais Alto, a fim de que a gente trocasse de vida e corpo.

Quando recebi o impacto da notícia do fogo, o tumulto fora da

sala não era pequeno. O propósito de fazer com que o

trabalho rendesse, habitualmente, nos isolava dos ruídos

exteriores. E o tempo de preservação possível havia

passado. Atendi automaticamente ao impulso que nascia nos

outros companheiros – descer à pressa. E fizemos isso.

Elevadores não mais podiam aguardar-nos. A força elétrica

sofrera a queda compreensível.

Esforcei-me por atingir algum meio para a descida, mas isso

se fazia impraticável. Com alguns poucos que me podiam

ouvir, subimos apressadamente para os cimos do prédio. A

esperança nos helicópteros estava em nossa cabeça, mas

era muito difícil abraçar tantos para o regresso à rua com

recursos tão poucos. Entendi tudo e orei. Orei como nunca,

lembrando toda a vida num momento só, porque os minutos

de expectativa eram para nós um prolongado instante de

expectativa sempre menor. Tudo atravessei com a prece no

coração. E posso dizer a você, mãezinha querida, que um

brando torpor me invadiu, pouco a pouco...

O calor era demasiado para que fosse sentido por nós,

especialmente por mim com minudências de registro.

Compreendi que não estávamos à beira de uma libertação

para o mundo e sim na margem da Vida Espiritual que

devíamos aceitar com fé em Deus. E aceitei. Os Amigos

Espirituais, destacando-se meu avô Álvaro, comigo durante

todo o tempo, não me deixaram assinalar quaisquer

violências, naturais numa ocasião como aquela, da parte

daqueles que nos removiam do caminho em que se

acreditavam no rumo da volta que não mais se verificaria.

Lembrando nossas preces e nossas conversações em casa,

procurei esquecer as frases de desespero que se

pronunciavam em torno de mim. Essa atitude de prece e de

aceitação me auxiliou e me colocou em posição de ser

socorrida.

Mais tarde com algumas horas de liberação do corpo, é que

despertei ao seu lado(4). Aquele amigo certo que hoje sei nele

o meu avô e benfeitor de todos os dias, estava a postos,

reconfortando-me..

Estava em meu próprio leito, refazendo energias, e por ele fui

informada de que a ilusão de estar no corpo, precisava ser

esquecida; que o nosso querido Álvaro, auxiliado por ele, me

encontrara a forma física na instituição a que fôramos

recolhidos, depois da luta enorme e que não me cabia agora,

senão estar calma e forte para fortalecê-la.

Mas que pode se gabar de ser mais forte que os outros numa

ocasião qual naquela em que nos vimos todos agoniados e

alterados sem qualquer possibilidade de opção?

Chorei muito, mas Deus não nos abandona.

Por alguns poucos dias estive quase que constantemente ao

seu lado, até dar-lhe a certeza de que devíamos estar em

paz.

Meu avô e outros amigos me ajudaram e prossigo na

recuperação necessária.

Os irmãos hospitalizados, os que se refazem dos choques, os

que se reconhecem desfigurados por falta de preparação

íntima na reconstituição da própria forma e os que se acusam

doentes, são ainda muitos.

De minha parte, estou melhorando. Agradeço as suas preces

e as orações de Volnéia e de Volnelita, do Álvaro(5) e dos

nossos todos, sem esquecer a nossa querida Célia(6) e outras

amigas. Todos os pensamentos de paz que me enviam são

preciosos agentes de auxílio em meu favor.

Quanto posso, querida mamãe, e auxiliada por enquanto e

sempre por amigos queridos daqui, volto ao nosso ambiente

familiar. Nossas irmãs e os cunhados José e Wilson sempre

amigos, nosso Álvaro, nossos queridos Flávio e Cristiano(7),

com a sua imagem materna em meu coração, prosseguem

comigo, como não podia deixar de ser.

Estou satisfeita por haver adquirido um apartamento mais

compatível com as nossas necessidades(8). Fui eu mesma,

com auxílio de meu avô e de outros benfeitores, quem lhe

forneceu a idéia de aproveitarmos a ocasião para a compra.

A senhora, querida mamãe, não precisava hesitar quanto ao

assunto(9); você sabia que o nosso ideal era sempre o de

conseguir o dinheiro para uma entrada que aliviasse o futuro.

E não diga mamãe que isso teria implicado na prova que

atravessamos. De qualquer modo a sua filha terminara o

tempo aí e, na essência, nós ambas sempre tivemos a

certeza de que a minha existência seria curta na terra desta

vez, em que aí estive(10). O fato de grifar as palavras “desta

vez” me consola, pois isso dá a vocês a certeza de que estou

em dia com a bênção da reencarnação, na lembrança do que

aprendi.

Meu avô e nossos amigos Augusto e José Roberto estão aqui

conosco. Agradeço as nossas queridas amigas Yolanda e

Helena, Acácia e outras irmãs, pelo incentivo à confiança em

Deus que estamos recebendo.

O amor é um milagre permanente. Por ele as afeições se

multiplicam e os nossos corações sempre se escoram em

novas esperanças para a vitória na vida.

Querido Álvaro, lembre-me como em nossos retratos felizes.

Não me recorde desfigurada ou em situação difícil na qual

você é induzido a lembrar-me. Querido irmão, atravessamos

aquela sombra. Agora, tudo é luz e bênção; seja para a

nossa querida mamãe, o que você sempre foi, um

companheiro e uma bênção.

Comemoramos os aniversários de meu avô e meu que vocês

marcaram com as nossas preces(11). Quero prosseguir

escrevendo, mas não consigo.

Mamãe, continue forte e calma na fé. A morte não existe; o

que existe é a mudança que, por vezes, quando imprevista,

como foi o nosso caso, não é fácil de suportar.

Abraços aos meus pequenos filhos do coração. Não posso

esquecer os sobrinhozinhos.

Nossos amigos Augusto e José Roberto(12), já treinados com

o intercâmbio na escrita, estão me amparando. Queridas

irmãs Yolanda, Helena e Acácia(13), agradeço muito. Querida

mamãe, meu querido Álvaro, irmãos e irmãs do coração,

Deus os recompense.

Mamãe, ouça-me dando notícias e recorde aqueles recados:

Mãezinha, fique tranqüila; mãezinha, estou bem; mamãe, já

cheguei do trabalho; mamãe, chegarei um pouco mais tarde.

E esteja certa, querida mãezinha, de que com o beijo de

todos os dias e carinho de todos os momentos, continua

sendo sua, sempre sua, a filha que lhe entrega o próprio

coração.

Hoje e sempre a sua

VOLQUIMAR

13 julho 1974

NAO CHORE MAIS, MAMÃE! EU NÃO MORRI!

A reapresentação de Volquimar, após sua morte, traz-nos

algumas cogitações mais profundas. Suas palavras

descrevem, de início, como ocorreu a morte, contando-nos

das dificuldades e lutas para a tentativa de sobrevivência. O

anseio inicial de descer, frustrado pelas volutas de negras

fumaças; a determinação de atingir o topo do edifício e a

compreensão de que seus minutos estavam contados. Nada

mais havia a fazer, senão orar. E Volquimar orou como

nunca.

Diga-se de passagem que muitas das pessoas que se

encontravam no Joelma tentaram salvar-se, subindo até os

cimos do edifício, numa comparação instantânea com o

incêndio do Andrauss, ocorrido dois anos antes. Mas o

Andrauss, em função do heliporto, pôde ter centralizados os

serviços de salvamento em sua laje de cobertura; contudo, o

Joelma, sem heliporto, pouco ofereceu de segurança aos que

chegaram lá em cima; muitos morreram carbonizados,

enquanto que outros se jogaram, encontrando a morte, no

violento choque com o chão.

O salvamento no Joelma se processou, basicamente, através

das escadas Magirus e foram mais beneficiados, nas tarefas

de socorro, os que puderam permanecer nas laterais do

edifício e nos andares intermediários ou mais baixos, onde os

intrépidos bombeiros podiam atuar.

Após descrever os momentos últimos de vida, Volquimar faz

um comentário que aparentemente pode causar surpresa

entre os que não estão familiarizados com as notícias a

respeito da vida após a morte. É quando diz que há irmãos,

entre os morreram, que se encontram hospitalizados, no

Plano Espiritual, que se reconhecem desfigurados, por falta

de preparação íntima, na reconstituição da própria forma. É

que, como sabemos, a morte não significa mudança

milagrosa das condições de vida e sim a ida do espírito para

o Mundo Espiritual, em que passa a individualizar-se através

do perispírito ou corpo espiritual, envoltório sutil que lhe dá

forma. O corpo físico, é, aliás, reprodução bastante

aproximada do corpo espiritual.

Convém lembrar, assim, que o corpo espiritual também se

lesa em função de determinadas agressões, como as

mutilações provocadas pelo trauma do incêndio, sendo a sua

recuperação mais ou menos rápida, de acordo com o

merecimento próprio e, em última análise, segundo o grau de

compreensão e evolução do espírito e dos compromissos que

traga de vidas passadas. Daí alguns companheiros que

pereceram no Joelma apresentarem, alguns meses depois,

ainda o corpo espiritual em processo de recuperação.

Muito rica de informações, de pleno desconhecimento do

médium, informações, tão numerosas, pelo anseio de colocar

em dia todos os assuntos pertinentes à situação de

reencontro, a mensagem da Volquimar exprime a vontade de

atualizar o papo, acalmando mais amplamente o coração

materno.

Assim, à medida em que formos identificando os nomes e

esclarecendo as citações de Volquimar, Ofereceremos mais

elementos, colhidos na entrevista com os familiares da jovem.

1 - Álvaro - seu irmão, já identificado.

2 - Meu avô - refere-se ao seu avô materno. Álvaro de

Carvalho, como veremos mais adiante. Sub-oficial da

Marinha de Guerra, desapareceu com o Cruzador Bahia, em

4 de julho de 1945, torpedeado nos Rochedos São Pedro e

São Paulo, quando retornava ao Brasil, ao fim da 2ª Guerra

Mundial.

3 - Não mais o cartão de alfabeto - veja-se comentário

anterior, quando falamos do encontro da mãe de Volquimar

com o Chico em Uberaba.

4 - Mais tarde, com algumas horas de liberação do corpo, é

que despertei ao seu lado - como também já comentamos na

Biografia de Volquimar, é a confirmação de que a mãe

realmente a viu em espírito, próximo ao Instituto Médico

Legal, de São Paulo.

5 - Irmãos de Volquimar.

6 - Nossa querida Célia - Célia Januário Ferreira, amiga de

Volquimar, colega de cursinho e dos primeiros empregos.

7 - Flávio e Cristiano - seus sobrinhos, Flávio Henrique dos

Santos Foguel e Cristiano dos Santos Augusto, filhos,

respectivamente, das irmãs Volnelita e Volnéia.

8 - Estou satisfeita...

9 - A senhora não precisava hesitar...

São daquelas informações pela psicografia do Chico que

verdadeiramente nos desnorteiam. D. Walkyria havia utilizado

o seguro de vida da filha como entrada para a aquisição de

um apartamento; consolando a mãe, pela conveniência da

atitude, Vôlqui nos revela episódio restrito ao ambiente

familiar, em evidente prova da exuberância do processo

mediúnico autêntico. Sem ter qualquer idéia ou informação a

respeito, como pôde, senão mediunicamente, Chico Xavier

transmitir com tanta riqueza de dados este episódio revelado

pela Volquimar??

10 - Volquimar guardava secreta intuição de que seus dias na

Terra estavam contados, dando a entender à mãe, suas

intuições, por diversas vezes.

11 - Referência ao seu aniversário de nascimento e à data de

falecimento do avô, a 1° e a 4 de julho, respectivamente. A

comemoração de que fala Volquimar na mensagem diz

respeito à reunião familiar nesses dias em que a filha

desencarnada se comunicou pelo cartão do alfabeto.

12 - Nossos amigos Augusto e José Roberto - Augusto é coautor

deste livro; José Roberto Pereira da Silva, filho de Nery

Pereira da Silva e Lucy Ianez Silva, faleceu a 8 de junho de

1972, no acidente com o trem que levava estudantes para

Mogi das Cruzes. Contava, então, 18 anos. Como o Augusto,

José Roberto, ou Beto, aparece citado em outras

oportunidades neste livro.

13 - Yolanda, Helena e Acácia - O leitor terá, também,

oportunidade de encontrar em outras citações, os nomes de

D. Acácia e da mãe do Augusto. D. Helena Leal do Canto

acompanhava a mãe de Volquimar, quando da recepção

desta mensagem.

OS IRMÃOS DE FEVEREIRO

Querida Mamãe, há um ano prometi escrever ao seu carinho.

Um ano e seis dias.

Aqui estou. Renovada, melhor. Quase feliz, se a felicidade

não fosse uma luz, tantas vezes, envolta nas nuvens da

saudade. Escrevo, porém, agradecida a Deus, cujo Infinito

Amor rogo nos favoreça. O trabalho de recuperação espiritual

continua.

Mãezinha, a solidariedade é mais forte aqui, no Mundo

Diferente. Somos todos irmãos, encadeados pelo amor, uns

aos outros.

Aqueles irmãos de fevereiro(1), iluminados nas chamas que

nos resgataram de tantas sombras do passado, são agora

também minha família. Nossa família.

Creia. Se pudéssemos, nós os que vamos melhorando,

participar a todas as mães e pais, principalmente, que os

filhos não morreram, encontraríamos nessa possibilidade a

maior alegria.

Às vezes, me sinto constrangida, com esse recurso novo pelo

qual nos comunicamos.

Quisera que todos se dirigissem aos entes amados,

explicando que prosseguem lutando e aprendendo,

renovando e melhorando... Você não ignora, mãezinha, que

nós duas nunca disputamos privilégios, nem nas filas.

Estamos conscientes de que o bem é igual aos clarões do sol

que pertencem a todos.

Entretanto, aquelas preces, junto do copo e do ABC(2),

aquelas possibilidades de conversar como que me

aqueceram no frio da ausência que se sucedeu ao lume da

redenção. E dialogamos e nos entendemos de novo.

Rogo, no entanto, a você, querida mamãe, para continuarmos

no esforço de esclarecer e consolar aos que ficaram. Nós, os

que chegamos ao Mais Além, pelas bênçãos de fevereiro, há

dois anos passados, estamos nas tarefas felizes do amparo

mútuo.

Ninguém julgue que a maioria dos desencarnados aporta no

Mundo Diferente sem as marcas das ocorrências que lhes

motivaram a separação do corpo físico. É preciso haver

atravessado a existência terrestre quase que em serviço

absoluto de espiritualização para que o nosso envoltório sutil

não seja assinalado pelas impressões da morte. Aqui,

surpreendemos companheiros muitos que passam ainda por

minucioso tratamento de plástica regenerativa, enquanto que

muitos outros recolhem assistência para reparações últimas

de pontos orgânicos lesados(3).

A morte do corpo é somente mudança de plano, sem

mudança de nós mesmos. E nós mesmos, conforme os

sentimentos e idéias que carregamos, operamos

mecanicamente em nós o registro de emoções e

pensamentos que se estampam em nossa forma nova, de

modo inevitável, desde que ainda não tenhamos a precisa

educação da vida íntima, a fim de comandar com segurança

os novos estados de espírito.

Mãezinha, descanse somente pelo tempo necessário. Um

mundo de trabalho pede o esforço dos que consigam

compreender e amar.

Tudo o que se nos faça possível, realizemos em benefício

dos que jazem desanimados, aflitos, desorientados, caídos...

A Terra é uma escola imensa, em que todos somos

matriculados para as lições do amor que, na essência, é a

Herança de Deus para nós todos. Que essa escola,

mãezinha, tanto quanto possível, não se transforme por

nossa culpa em hospital ou cárcere, porque as cadeias e

doenças, são criações nossas fora da Criação Divina, na luz

da Escola Bendita da Vida Física em que nos cabe o serviço

da evolução. É necessário abrir caminhos de luz nas

sombras, acender a esperança onde tantos cultivam tristeza

e desalento, sem qualquer razão de ser.

Somos todos irmãos, repetimos. Por que não reconhecer

isso, antes que se nos finde o curso de aprendizado no

educandário humano, curso que se expressa em cada uma

de nossas existências e das quais sempre saímos

deficitários, quanto às notas de aproveitamento e de

elevações que nos compete alcançar?!

Tudo é importante, na seara do bem.

O pano com que se ampara um recém-nascido é peça do

tecido maravilhoso da caridade, como o lençol com que se

resguarda um doente.

As frases de paz que balsamizem os corações desesperados

ou que iluminem um cérebro dementado pelo sofrimento

descendem das palavras de Jesus e estão impregnadas da

bênção com que Ele, Nosso Senhor, nos revelou os

caminhos da felicidade e da segurança.

Diga isso à Volnéia e Nelita, ao nosso Álvaro(4), à nossa

Célia. Somos um grupo aparentemente reduzido; no entanto,

grande é a nossa fé. Nossos companheiros José e Wilson,

nossos queridos Cristiano e Flavinho são partes iluminadas

de nossa equipe. E daqui onde filha fala ao seu coração,

vencendo barreiras vibratórias, somos igualmente um grupo

de corações fraternos, operando e cooperando no esforço de

bem fazer aos outros, porque auxiliar em benefício de alguém

será sempre beneficiar a nós próprios.

Confirmo: nossos amigos Augusto, Carlos Alberto, Nasser,

Cristiano, José Roberto, Maria Tereza Franchini(5) e tantos

outros estão conosco.

Nossas irmãs Meimei e Scheilla(6) são professoras a quem

profundamente amamos. E de nossos parques de

refazimento e de nossos campos de trabalho, elevam-se-nos

as orações rogando a Deus para que nossas lágrimas na

Terra sejam estancadas. Nossos irmãos Dráusio, Diógenes e

Carlos acompanham a nossa irmã Zilda Rozin(7) que vem

colaborando na plantação da Luz espiritual com o amparo

dos filhos queridos; nossa irmã Nely(8), que nos auxiliou muito

e nos trouxe a mãezinha até aqui, agradece a Jesus as

bênçãos que recebeu nas provas semelhantes às nossas.

Amigos outros, como seja o nosso irmão Aldo, ligado aos

queridos amigos Neusa e Gontran(9), pede à mãezinha para

reconfortar-se na certeza de que ele está sempre e cada vez

mais vivo. Nossa irmã Hilda abençoa os caros amigos

Paulino e Julinha(10); nosso irmão Maurício(11), que eu não

conhecia até agora, beija o coração querido de mãe que por

ele tem rogado as bênçãos de Deus. Quantos amigos e

companheiros aqui se encontram, na devolução do carinho e

das lembranças afetuosas que recebem, sua filha não

saberia dizer.

Mãezinha outros surgem: nosso irmão Izídio(12) abraça a

mãezinha e às almas queridas a que se sente ligado e pede à

nossa irmã Leila continue com ele, abençoando e amando os

lares ainda desfavorecidos de maiores recursos para que o

calor do afeto em Jesus seja sol divino no caminho daqueles

que faceiam lutas e provações maiores do que as nossas;

nossa irmã Assunta(13) registra o seu amor e devotamento de

Mãe em nossas singelas palavras.

Mamãe, se posso dizer mais, reafirmo: só no câmbio do bem

conseguimos a moeda da felicidade e da paz, garantindo-nos

o Trânsito seguro e tranqüilo de uma vida para outra.

Trabalhar servindo e servindo quanto nos seja possível, a

todos abençoando em nome de Deus, porque todos somos

de Deus.

Estou reconfortada por haver transmitido esta carta que é

sua, mãezinha, e de nós entrelaçarmos nas notícias do Reino

da Paz.

Receba com as irmãs queridas, Néia e Nelita, com o nosso

querido Álvaro e com todos, todos os que amamos, o abraço

com muitos beijos de sua filha e sua companheira que pede a

Jesus para ser o seu reconforto e a esperança, o seu carinho

e o seu amor.

VOLQUIMAR

19 julho 1975

ENCONTRO SEM FRONTEIRAS

Retorna Volquimar, um ano após a primeira mensagem e um

ano e meio depois do incêndio do Joelma. Situação diferente,

tanto no Plano Espiritual, quanto aqui na Terra.

No âmbito familiar, as cicatrizes mais firmes, a saudade

colocada, cada vez mais, no serviço do bem; no Além, ela e

os amigos que pereceram no incêndio, mais adaptados à

nova vida; alguns, ainda, em fase de recuperação, conforme

esclarece Volquimar, qual, aliás, nos lembra na mensagem

anterior.

Por outro lado, o clima psíquico que cerca a psicografia

dessa mensagem é realmente envolvente, pois que inúmeros

espíritos se reúnem para o abraço aos familiares, de modo a

se estabelecer uma reunião em dois planos vibratórios: os

vivos e os mortos juntos, espantando o espectro anômalo do

materialismo e lembrando-nos que estão separados pela

necessária diferenciação vocabular, mas que os mortos são

os que vivos ainda não se aperceberam de que a morte não

existe.

No clima de euforia espiritual, as citações vão surgindo,

céleres, na escrita firme do médium experimentado. Vejamos

as mais significativas:

1 - Aqueles irmãos de fevereiro - as vítimas do incêndio do

Joelma, irrompido no primeiro dia de fevereiro de 1974.

2 - Junto do copo e do ABC - fala Volquimar do mecanismo

de comunicação que deixou para o intercâmbio mediúnico.

Esse fato foi comentado anteriormente.

3 - Ver observação no inicio destes comentários e também no

estudo da mensagem anterior.

4 - Volnéia.... - grupo familiar de Volquimar.

5 - Carlos Alberto... - No decorrer das páginas deste livro,

todos esses jovens serão identificados, posto que são citados

em diferentes oportunidades.

Maria Tereza Franchini está entre “aqueles irmãos de

fevereiro”. Faleceu no Joelma com 22 anos. Filha de

Domingos Franchini e Filomena Cantizani Franchini,

residentes na capital de São Paulo.

6 - Benfeitoras Espirituais da equipe de Emmanuel. Sempre

presentes junto à mediunidade de Chico Xavier.

7 - Nossos irmãos Dráusio... - Dráusio Giunchetti Rosin, com

23 anos, Diógenes Giunchetti Rosin, com 16 anos, filhos de

Amílcar Rosin e de D. Zilda Giunchetti Rosin, escritora

espírita, faleceram em acidente na Estrada Suzano-Ribeirão

Pires, na manhã de 5 de julho de 1966.

Carlos Guilherme de Macedo, 27 anos, filho de Guilherme

Barbosa de Macedo e de D. Maria Lanza de Macedo,

desencarnou no mesmo acidente.

8 - Nely - Nely Rossi. Filha de Armando Rossi e Ana Maria

Rossi, faleceu em São Paulo, aos, em 02 de março de 1946,

vítima de queimaduras em acidente doméstico.

9 - Nosso irmão Aldo – Aldo Sarandy Raposo, faleceu em 9

de março de 1970, com infarto do miocárdio. Contava 24

anos apenas. Filho do Dr. Gontran Sarandy Raposo e Neuza

Sarandy Raposo, residentes em São Paulo.

10 - Nossa irmã Hilda - Hilda Gritti Saraiva, esposa

desencarnada do conhecido editor e livreiro Paulino Saraiva.

Julinha é sua atual esposa, Julia Saraiva.

11 - Mauricio - Sobrinho da pequena Nely, acima citada. Filho

de Carlos Rossi e de Janeth Luzia de Chiaccho Rossi,

desencarnou em São Paulo com 8 anos incompletos, a 15 de

junho de 1974.

12 - Izídio - Izídio Inácio da Silva, filho de Cacildo Inácio da

Silva e Leila Sahab Inácio da Silva. Desencarnou em Goiânia,

no dia 26 de março de 1974, com 19 anos.

13 - Nossa irmã Assunta - Assunta Fioravanti Chilardi, mãe

do Sr. Spartaco Ghilardi, dedicado dirigente espírita na capital

paulista.

D. Assunta faleceu a 13 de junho de 1959, com 72 anos.

IV - AUGUSTO CÉSAR NETTO

- São Paulo - 27 de setembro de 1942

- Praia Grande - 27 de fevereiro de 1968

Filho de Raul César e Yolanda César

Irmãs:

- Maria Otília César Toscano, casada com o Sr. Walter

Toscano.

- Zuleica César Carvalho, casada com o Dr. Antônio Celso

Mesquita Carvalho.

- Marly César de Almeida, casada com o Dr. Paulo Roberto

Bourgogne de Almeida.

REAPRESENTAÇÃO

Facilmente o leitor identificará no decorrer da leitura deste

livro, o estilo próprio dos seus seis autores. Jovens escritores

que não vieram de cursos de beletrismo, nem se

preocuparam particularmente com o estudo das figuras de

expressão literária, de modo a se lançarem como novos

candidatos aos troféus e às cadeiras de nossas academias.

Estes jovens, que tão cedo deixaram a Terra, numa idade

variável entre 17 e 25 anos, levaram daqui evidentemente o

ardor de sua juventude, trazendo de lá, a vontade de contar o

que viram aos companheiros e aos pais queridos que não se

acostumam à sua ausência, ainda que não estejam ausentes.

Mas, a despeito de sua despretensão em fazer literatura,

todos escrevem bem, cada qual carregando a marca

inconfundível de sua comunicação pessoal. Assim, em

Volquimar, a estrela do grupo, sentimos a filha amorosa,

falando simples e de forma elevada com a mãe, do mesmo

modo que conversavam quando na Terra. Wilson, o outro

estreante, é o marido muito jovem e o filho afetuoso que

divide o coração entre a esposa querida e a mãezinha,

consolando-as a ambas, numa linguagem clara, como são

claras suas posições diante da morte.

Wadyzinho é o jovem amadurecido que aos 17 anos já se

dedicava à Causa do Bem, na tarefa de levar as palavras do

Mestre aos jovens distantes da compreensão dos valores

morais da vida, imersos nos pesadelos induzidos por drogas

e vícios outros. Wady, além de filho amoroso, é a Doutrina,

exposta, aliás, em estilo sóbrio, encorpado, com o uso da

adjetivação fácil.

Carlos Alberto, o Tato, é o engenheiro que abdicou

temporariamente de sua linguagem pragmática, concisa, em

função dos sofrimentos da mãe, inadaptada, ainda, à dor da

separação.

Augusto e Jair são diferentes dos outros em termos de

comunicação. Lembremos que todos, Lembremos que todos,

basicamente, são muito ligados às famílias, filhos carinhosos,

cada qual com suas características próprias, idênticas às que

apresentavam quando encarnados.

Jair, por exemplo, brincalhão, manuseava a gíria, Wady os

analogismos e as metáforas; cabe aqui o depoimento de uma

sua colega dos tempos de escola, a estudante de

Antropologia da PUC de Campinas, Renata Manjaterra, que

ao ler uma de suas mensagens psicografadas pelo Chico,

que seu pai lhe fez chegar às mãos, disse: - “papai, mas esse

é mesmo o Jair”.

De fato, em suas mensagens, reconhece-se o Jair em

qualquer circunstância; são as frases curtas, entrecortadas,

carregadas de pontos e de vírgulas, como se Jair não

estivesse escrevendo e sim falando. Sua gíria, é, como a do

Augusto, até mesmo dicionarizada.

E o Augusto, também usava a gíria, quando encarnado?

Conversamos com sua mãe a respeito e D. Yolanda disse

que sim, usando-a o Augusto com moderação, e

reconhecendo em suas mensagens recebidas por Chico

Xavier, expressões habituais, do seu agrado, quando entre

nós.

A verdade é que falando em gíria ou se expressando no estilo

convencional, sente-se no Augusto uma linha de exposição

típica, em que o rapaz já mais velho que os outros (hoje

estaria com 33 anos) é amoroso e alegre, utilizando-se de

construções gramaticais bem próprias.

Particularmente entendemos que houve como que uma

divisão de trabalho entre os jovens autores, de modo a

atingirem a todas as áreas no campo da divulgação de suas

idéias, com uma preferência evidente do Augusto e do Jair

pela penetração entre os jovens mais familiarizados com as

expressões de gíria. E, reconheçamos, estes jovens são os

estudantes, são os rapazes voltados para experiências

perigosas com as ervas e as bolinhas e são os outros jovens,

ainda na fase dourada da juventude, desligados dos

problemas e das coisas, bastante carentes de orientação e

esclarecimento.

É inquestionável a penetração dessa técnica que Jair e

Augusto trouxeram do Além e que é a técnica também dos

jovens daqui: a conversa franca, descontraída, em que as

palavras, ou as palas como dizem, surgem ao sabor do

próprio diálogo ou do papo informal.

TEMPO DE PAZ

Mamãe, aquele abraço pedindo para nós a bênção de Deus.

A felicidade destas horas de paz e amor aos nossos irmãos

em Humanidade é um tranqüilizante ideal. Digo assim porque

as lutas andam ouriçadas. Tomar providências de cá, receber

medidas novas de lá. E o negócio é isso aí: trabalho de

renovação, caçada de grilos para consertar a máquina.

Mãezinha, é tanta areia nas areias da vida que, de qualquer

modo, é preciso alcançar o chão e plantar lavoura segura que

nos traga, não apenas o pão de cada dia, mas também a paz

de que todos necessitamos, a cada hora. Não é preciso falar

muito. O coração tem boca e ouvidos em que se nos

expressam os sentimentos mais íntimos. Eu penso, você

pensa, os nossos pensam. E Deus pensará por nós o que

seja melhor.

Compreendo as lutas do velho(1). Do nosso velho moço, mais

forte do que todas as forças que possamos apresentar.

Nosso caro Walter e ele acharão o caminho justo. De nosso

lado, querida Mãezinha, construamos a paz e a união. De

qualquer maneira, netos são filhos e genros filhos são. Nora,

em nosso caso, já era mesmo, porque de filho casado vocês

se livraram em tempo de calma.

Nada de desarmonia, porque espinheiro na estrada de hoje

rende espinhos e muitos na estrada de amanhã. Jogar as

cascas pra lá, é o nosso programa do momento. E

continuemos aguardando tempo bom para que a tempestade

fique onde está, amenizada por nossas preces.

Creia. Seu filho agora entende um pouco de confiança em

Deus. Já não me vejo tão mocorongo, a ponto de esquecer

que estamos nas mãos de Deus.

Mamãe, você igualmente hoje sabe comigo a importância da

tranqüilidade geral. Quando nossa Maria Otília esperava por

alguém, tempos atrás, os conflitos surgiram fortes.

Presentemente, quando a vemos de novo em grandes

esperanças para o futuro, como que as lutas voltaram. Não

quero dizer “lutas-destrutivas”, mas “lutas-lições” ou “lutasbênçãos”.

No fundo disso tudo, reconheço a nossa

oportunidade de harmonizar e reconstruir. Peço aquele

sorriso seu, sempre nosso, tão nosso, e não nos deixemos

vencer por tarefas que constituem ocasiões preciosas de

serviço na construção da paz e do amor.

Continuemos em nossas atividades da hora que passa,

amparando os outros, quanto nos seja possível, para que

sejamos amparados. Uma fonte tange outra. E as fontes

reunidas fazem o grande rio, transformado em força de

progresso. Não temos outro modo de seguir adiante, com a

segurança precisa. Apoiar os outros é receber apoio maior.

Mão que se abre para ajudar é aquela que pode realmente

receber. Quanto possível, resguardemos o amor que nos

reúne a todos, uns aos outros em casa, e assim nos veremos

tranqüilos, conquanto as mudanças(2).

Renatão amigo(3), tempo de servir é qualquer tempo e lugar

de ajudar em nome de Deus é qualquer um. Há quem ensine

o caminho para o Céu, acomodando-se numa poltrona

revestida de ouro e há quem faça indicações valiosas, nesse

mesmo rumo, escorando-se num cajado de mendigo. O

negócio é não se plantar a pessoa em conversa mole, mas

sim arrancar-se, cada um de si mesmo, e trabalhar pelo bem

dos outros. Arregaçar a mangas e chorar pelos poros, quanto

seja necessário, embora muito trabalhador de valia tenha de

chorar pela cabeça, esquentando a sede do pensamento com

a aflição e vigilância pela tranqüilidade do próximo.

Não se deixe catar pelos fazedores de crás-crás-crás.

Trabalhar sim e muito. Quanto às alterações do modo de

crer, isso virá com o tempo, desde que o tempo esteja vivo na

ação a que nos referimos. Este seu irmão e primo tem sido

baratinado por muita experiência até chegar nessa estação

de entendimento novo. Ponha serenidade nas idéias e mande

tarefas boas pra frente. Mande e se mande que você acabará

mandado por Jesus a encargos sempre maiores. Perguntar é

bom, mas servir é melhor.

Mamãe, distribua meus abraços. Isso não será difícil, porque

mãe é mãe sempre. Converse em nosso verdão e em nosso

peixeiro com o pessoal(4), arranje um assunto de bola e

estaremos certos que chegaremos à goleada do amparo a

todos na rede da união.

Não deixe que lágrimas daqui ou dali venham a fazer fossas

no caminho a passar. Deus é quem manda em tudo e nós

dois estaremos na torcida do pensamento em prece.

Agradeço às nossas irmãs Acácia e Lucy(5). Vocês estão

firmes. Acompanhamos tudo hoje. Nossa irmã Gina está feliz.

É isso aí. Não podemos fazer um irmão paralítico andar de

repente, imitando Jesus, mas podemos auxiliá-lo a seguir pra

frente sobre rodas. Não conseguimos multiplicar os pães de

cinco para cinco mil, qual Jesus, diante da multidão;

entretanto, se quisermos poderemos repartir um pão em

dois(6) para suprir as necessidades de um companheiro.

Mas isso, vocês todos fazem e sabem muito melhor do que

nós, os primos pobres deste lado de cá. Andamos com vocês

e aprendemos. E graças a Deus já estamos aprendendo.

Esperamos nosso livro próximo com muito carinho(7). Cremos

que será possível conversar por ele, com muitos dos nossos

irmãos ainda dependurados no corpo físico. Dependurados

não à moda de bolso vazio, mas à feição de plantas

preciosas nos xaxins dos nervos, florescendo e frutificando

com Jesus para a vida melhor.

Agradeço, mamãe, os seus pensamentos convidando seu

filho a escrever. Mais do que isso, escrevo em seu coração

todos os dias. Todos os dias conversamos e, a todo instante,

o nosso amor é mensagem pelo correio das vibrações.

Mais uma vez abençoe seu rapaz muito esperançado em dias

melhores e, com aquele abraço de fazer o telefone retinir aos

gritos num beijo estalado de filho saudoso, sou o seu filho,

sempre mais seu e cada vez mais reconhecido.

AUGUSTO

07 julho 1975

O ESQUEMA DA PAZ

Em Tempo de Paz, Augusto volta com força total,

preocupado com a estabilidade familiar e dando conselhos

com tal minudência de informações que nos chocam a

atenção.

Desde o inicio, surpreendendo as dificuldades do pai e do

cunhado nas atividades comerciais conjuntas, tranqüiliza a

todos, lembrando que “espinheiros na estrada de hoje,

rendem espinhos e muitos na estrada de amanhã”.

Vamos colocar na seqüência da mensagem as citações que

devem ser elucidadas, para maior esclarecimento dessa

página do Augusto

1 - Compreendo as lutas do velho - Augusto comenta as lutas

na área dos empreendimentos profissionais, por que passa o

genitor. As observações do item 2 dizem respeito à mesma

problemática.

2 - Conquanto as mudanças - Augusto já prevê as

modificações na estrutura social na firma de que faziam parte

o pai, Raul César, o genro Walter Toscano e o primo Roberto

César Carlos. Realmente, mais tarde, o Sr. Raul se retiraria

da sociedade, dentro do clima de paz e harmonia solicitado

pelo próprio Augusto que assim pôde, do Além, intervir no

grupo familiar, com o socorro da paz.

3 - Renatão amigo - É o seu primo Luiz Rotta Filho, apelidado

pelos familiares por Renatão, ou Renato.

Os conselhos dados pelo Augusto dizem respeito à situação

de incerteza por que passava o Renatão, devido a graves

conflitos no campo de suas definições religiosas. Nesta

mensagem e nas seguintes vamos encontrar esclarecimentos

de Augusto ao primo. No desdobramento do tempo, Renato

foi tranqüilizando-se, aceitando as ponderações de Augusto e

hoje é operoso participante do Lar do Amor Cristão, entidade

espírita da capital paulista.

4 - Converse em nosso verdão e em nosso peixeiro - Alusão

à Sociedade Esportiva Palmeiras e ao Santos Futebol Clube,

tradicionais agremiações esportivas de São Paulo.

5 - Nossas irmãs Acácia e Lucy - D. Acácia Maciel Cassanha,

já citada em JOVENS NO ALÉM, dirigente do Lar do Amor

Cristão. Lucy, é sua irmã, Lucy Maciel dos Santos, também

residente em São Paulo.

6 - Se quisermos podemos repartir o pão em dois... - bonita

figura, referente à lição de grande profundidade espiritual

dada por Chico Xavier, algumas horas antes do Augusto

escrever a mensagem. Durante a distribuição de pães a

famílias em dificuldade num dos bairros visitados, face à fila

que se formara, o pão estava prestes a terminar e o Chico

passou a dividir cada pãozinho em dois, para atender a

todos. Não houve a multiplicação, mas todos foram

beneficiados, numa simbólica manifestação de respeito pelos

que anseiam por um gesto de carinho e amizade, ainda que

menos referendado por valores materiais.

7 - Esperamos nosso livro com muito carinho - referência a

JOVENS NO ALÉM, na época, ainda no prelo.

FALEI E PENSO QUE FALEI JÓIA

Mamãe querida! Esta é aquela hora do nosso correio do

coração. Começo, como sempre sucede, na prece de paz e

reconhecimento com que rogo a Deus nos proteja e nos

abençoe.

Estou em nossa caravana. Melhor dizendo – estamos.

Porque a nossa turma está engrossando. Hoje entramos no

combinado. Gabrielzinho, o Tato Carlos, José Roberto e o

Nasser(1), seguimos todo o roteiro.

Agradecemos, querida mamãe, tudo o que fizeram. Parece

estranho, mas é afirmação magiclick: aqui também vamos

aprendendo e transformando a nós mesmos. Ontem, aquelas

corridas de alegria por fora, hoje as caminhadas de alegria

por fora e por dentro.

Não se preocupe em aumentar o cordão dos braços

maternos, porque nós de cá, ampliamos constantemente o

grupinho dos filhos reconhecidos. Cada visita aos

companheiros tristes é conforto em nós todos. Cada fatia de

pão está iluminada pela bênção daqueles benfeitores que nos

seguem de Mais Alto. Se seu filho pudesse, inventaria um

meio de ajuntar barbaridades de grana para converter a prata

em socorro. Por isso, é que me esforço para que o pai tenha

forças e para que você receba de Deus novas energias.

Aí na Terra, minha querida mãe, falamos tanto em que é

preciso trabalhar pelos outros; mas, na maioria dos casos,

creio eu, é necessário que a gente se desagarre da armadura

física, a fim de entender isso. Enquanto parafusados no

esqueleto, caridade é lição difícil de dar, perante professores

desse gibi tão difícil de ser lido. A gente possui e crê que os

outros possuem, estamos de boa saúde e esquecemos a

tremenda situação dos que caminham mambembes,

sacudindo os ossos em trapos de carne. Mas voltando para

cá, somos naturalmente chamados a ver - a ver todas as

necessidades que dominam os nossos semelhantes. Então, é

o momento de largar as nossas mumunhas e mandar

personalidades pras cucuias. Sermos nós, seres humanos,

filhos de Deus, formando uma só família.

Sei, mãezinha. Há quem negue essas verdades, mas apenas

se entregam à entração canuda de quem se faz de cego para

não enxergar. Panos e antolhos, porém, caem da visão, mais

hoje, mais amanhã e o negócio se manda forte pra cima de

quem perde tempo e despreza a oportunidade.

Ajude, sim, mamãe, quanto puder aos que varam fossas

muito maiores do que as nossas. Troque o metal ou o papel

chapeludo em bênçãos de amparo aos que caminham na

chuva do sofrimento. Sei que meu pai e nossa gente

aprovam. Afinal, não estamos desperdiçando glórias, nem

dando shows de beneficência.

Você sabe. O nosso ajuste é calmo e equilibrado. Um litro de

Old Eight transformamos em vários cobertores. Um conserto

de carro pela grilagem de uma festa convertemos em

remédios para vários doentes. A batida - a outra de mucas e

outros viram pães e bolos para muitos companheiros que

estão fazendo cruzes na boca. Vinte litros de gasolina para

uma excursão desnecessária se arrancam hoje em enxovais

para recém-nascidos, sem meios de enfrentar o frio de um

leito sem agasalho; um pacote de fumaça cara para nós

agora é um fardo de alimento, em benefício daqueles que se

reúnem perto de um fogão apagado; e aqueles costumes

ricos de seu filho bem-ajambrado são uma enormidade de

roupas para tanta pele exposta ao vento.

Falei. E penso que falei jóia. E disse o que disse para que

nós dois, fazendo o balanço, estejamos certos de que não

estamos arruinando a família. E pode crer, minha querida

mãe, vida de meu coração e luz dos meus dias, que se

conseguisse presentemente estar com os tubos, os melhores

presentes para oferecer a você seriam estes: estas horas de

amor ao próximo em que seu Augusto aprendeu a ver os

irmãos que choram, tentando consolá-los; seriam, mamãe,

estas noites de oração e de amor em que, com as nossas

mãos encontramos os que não têm braços e em que, com a

nossa fé, colecionamos as visões dos que se enraízam no

desespero e na aflição, agoniados nas provações em que

ainda se encontram.

Eu sei de suas noites e de seus dias, em que você me

procura nos doentes e nos que se reconhecem abandonados.

E somo as suas esperanças com as minhas para transformálas

em serviço à nova família que Deus nos concedeu - junto

da nossa - a família dos últimos que seguem nas retaguardas

da Terra, confiando em Deus e naqueles que se entregam a

Deus para compreendê-los e sustentá-los. Sei que meu pai

nos compreende, que as minhas irmãs e os meus irmãos que

se ligaram a elas e a nós nos entendem e nos aprovam.

Agradeço ao papai e a todos por isso mesmo, porque eles

todos nos abençoam, compartilhando-nos as tarefas.

Aqui estão nossos amigos Gabrielzinho e o Carlos Tato.

Fazem deles estas palavras que digo. Para o Gabrielzinho,

isso não é tão novidade. Ele é um jovem filósofo. O que

nosso Jair Presente(2) mostra euforia (palavra difícil para

significar bom humor), o nosso Gabrielzinho revela de

pensamento profundo. Somos todos irmãos e estamos

formando uma pequena comunidade de amigos de Jesus.

Uns são mais extrovertidos, outros mais entregues a

reexames e revisões por dentro deles mesmos. De qualquer

modo, todos estudamos e trabalhamos. De meu lado, sou

aquele mesmo seu rapaz penetrando um mundo novo.

Admirando tudo o que é bom e pedindo a Deus para fazer-me

um portador do bem. Mas estou sempre vidrado em seu

coração para não perder a sua companhia.

Suas conversações comigo, ouço-as todas. Suas flores me

alcançam em forma de perfume. Suas preces me alertam

para melhorar a mim. E seus exemplos de trabalho e

coragem para fazer o bem representam minha escola.

Agradeço ao seu carinho por todas as luzes e alegrias que

recebo.

Peço a sua assistência para o nosso Renato(3). Ele precisa

continuar naquele posto de servidor do bem. Caridade é o

lugar em que estamos com Deus. Isso é o que tenho

aprendido aqui de todos os amigos que me dispensam

assistência e atenção. De nossa Maria Otília(4) não preciso

dizer que estamos a postos, fazendo força para que as

tarefas em andamento estejam bem.

Esperamos em Deus as bênçãos de que necessitamos.

Você, mamãe, nos seus pensamentos, lembra a nossa

Acácia(5). Ela está sustentada por muitos amigos espirituais

nas provas que estão passando. Notícias dos amados que

estão chegando até nós virão em breve. É difícil falar entre

duas vidas, porque o tempo e as dimensões dos

acontecimentos são considerados aqui de modo muito

diverso. Entreguemo-nos a Deus, confiando sempre no

melhor.

Veja o que sucedeu. Escreveria um recado e escrevi um

relatório. Coisa de rapaz, talvez muito doido, mas seu filho

com muito carinho e com muito amor.

Termino com aquele plá de saudade, muitos beijos pra você;

não me esqueço de nossos compromissos; até logo, até

breve. Tchau pra você, mas por trás disso tudo, querida

mãezinha, está seu filho, tão sempre seu que lhe traz o

coração inteirinho naquele abraço em que continuamos meu

pai e com todos os nossos, juntos e sempre mais juntos para

sempre. Seu filho rico de seu amor, sempre seu

AUGUSTO

18 agosto 1975

SUGESTÕES PRÁTICAS

E falou mesmo... Em sugestões práticas, Augusto mostra-nos

várias maneiras de pensarmos no próximo, sem que nos

envolvamos em compromissos orçamentários, muitas vezes

inacessíveis. A tônica da mensagem é a preocupação com os

mais necessitados, “agoniados nas provações em que ainda

se encontram”.

Conta-se na mitologia grega que Zeus sofria de contumaz

cefaléia. Desanimado, depois de ter tentado de tudo, teve a

idéia de pedir a Hefestos que lhe batesse violentamente na

cabeça. Após insistentes pedidos de Zeus, Hefestos lhe

atendeu a solicitação e milagrosamente, da cabeça do

grande Zeus, nasceu Pala Atenéa, a Deusa da Sabedoria,

inspiradora da cultura e das artes.

De certa forma, o impacto da morte nos leva a compreensões

mais dilatadas da vida, de tal forma que jóias nascem de

nossos sentimentos sublimados pelo sofrimento e pela

saudade. O que Augusto se propõe nessa mensagem é

mostrar-nos, com receitas simples, que podemos exercer

tanto bem em nossa existência, sem que seja mais tarde

necessária a transformação da morte para despertarmos. E

suas receitas são práticas, preventivos mesmo, para que

vivamos com o bem e pelo bem, sem a necessidade de

dolorosas transformações que, como partos de Atenéa, nos

descortinem o caminho a seguir.

Os nomes citados por Augusto na mensagem são de modo

geral conhecidos, mas para facilitar a identificação, vamos

arrolá-los por ordem de aparecimento:

1 - Gabrielzinho - Gabriel Casemiro Espejo, desencarnado

em Campinas a 27 de junho de 1974. Filho de Gabriel Espejo

Martinez e Irene Casemiro Espejo Martinez.

- Tato Carlos - Carlos Alberto, co-autor do livro.

- José Roberto - José Roberto Pereira da Silva, já identificado

na 1ª mensagem da Volquimar.

- Nasser - Nasser Miguel Haddad, filho de Miguel Nasser

Haddad e de Shirley Haddad, faleceu com 15 anos no dia 23

de abril de 1974, em acidente de trânsito, na capital paulista.

2 - Jair Presente - co-autor.

3 - Renato - Luiz Rotta Filho, citado na mensagem anterior.

4 - Maria Otília - sua irmã, na época em fase adiantada de

gestação.

5 - Lembra a nossa Acácia - a referência se prende ao fato de

seu irmão haver falecido naquele dia, em São Paulo, quando

D. Acácia já se encontrava em Uberaba. Daí Augusto dizer

mais adiante que “notícias dos amados que estão chegando

até nós, virão em breve”.

Na mensagem ainda fala Augusto em papel chapeludo,

expressão muito usada por ele, segundo a progenitora,

quando vivo, entre nós, para referir-se à nota de Cr$ 10,00, já

retirada de circulação e que trazia impressa a figura de

Santos Dumont, com o seu chapéu de abas largas.

A VOLTA DO ASTRONAUTA MIRIM

Taí, Mamãe!

O garotão do Walter chegou jóia. Parabéns pra todos, com

Walter e Maria Otília na frente do festival.

O que custou a vinda desse baby não está contado.

Passes pra lá e passes pra cá. E médicos dos dois mundos,

garantindo a contagem de regressão do astronauta-mirim.

Graças a Deus, o rapaz foi entregue à família, nos altos do

Morumbi. Agora é crescer e aparecer, mas aí estão outros

quinhentos. Pintar por aí é mais difícil do que desabrochar

onde estamos.

Você, Renato, está firme. Isso é que é o fino aí no mundo:

largar as dicas embananadas e enfrentar a pedreira do

serviço com Jesus.

No princípio, aqui estive naquela água. Agora, porém, estou

carregando aquela lenha. Coração incrementado na fé e

mãos pra jambrar no que se deve fazer. Põe os olhos nas

letras e sigamos pra frente. Por trás desses garranchos feitos

em teipes de todos os tamanhos, a que chamamos de

alfabeto, você descobrirá os pensamentos luminosos de

muitos mestres da subida para Deus.

Nas horas de entrave, não dê aquelas de vila diogo e tope.

Você ganhará sempre o melhor, ficando na luta. É um prazer

encontrar a nossa estimada Júlia(1) ao seu lado nessas

conjuminações da verdade e do serviço. Fique tranqüila,

nossa querida Julinha. O pai lembrado sempre, nosso caro

Miranda(2), está presente. Naquela base mesmo de quem

mira a Terra que ficou na retaguarda e de quem anda pra

melhor. Mantenham-se vocês alegres e fortes. É muita luz na

forma de bênçãos que estamos recebendo. E precisamos

agradecer, agindo na plantação do bem...

Mamãe, parabéns pra você. Já sei. Você está na brasa do

bem ao próximo. É isso, querida mãezinha, o que realmente

fica. As nossas transas nas comunicações continuam

iluminadas de esperança. Seu carinho materno é uma

lâmpada acesa, clareando o caminho para outras mães e

outros pais que procuram os filhos emigrados para cá. Não

sei dizer a felicidade que sinto ao ouriçar-me com você no

aprendizado das boas obras.

Você, Mãezinha, fique certa: Prossigo com o papai, olhando

as listas(3). Participo de suas preces para que a grana possa

chegar de modo a que a caridade seja atendida, com aquela

cota. Aquela cota do quanto mais, melhor, no mais para

Jesus, na pessoa dos que sofrem.

Continuemos trabalhando. Sei que não posso ser um agente

dos tubos e compreendo que tubular os cabrais pra descobrir

os nossos irmãos necessitados não é assim tão fácil. Mas

seu filho hoje já sabe também orar e é com a prece que nos

iremos... para diante, pensando alto e buscando o melhor

para os outros.

Confiemos. Confiar em Jesus é jóia mesmo Entendo agora

que a luz divina parece nascer com novo brilho, onde as

mãos do amor ao próximo liquidam com a necessidade e com

o sofrimento.

Mãezinha, você é meu exemplo. Suba sempre mais, minha

estrela, para que a nossa estrada fique mais clara, sempre

mais clara. Mãezinha, com nossa prezada Acácia, agradeço

aos irmãos que me proporcionam tanta alegria no Lar, o

nosso Lar Cristão. Sou eu o aprendiz, querendo o título de

servidor. Permanecemos sempre mais juntos. E digam aos

nossos rapazes e às nossas meninas(4) que o trabalho aqui –

os nossos encargos na Comunidade dos Amigos de Jesus –

segue dureza.

Visitamos antros e muquifos, especialmente para socorrer as

vítimas do fumo-de-angola. É uma batalha em que as armas

são feitas de paciência e de amor. Creia, no entanto, o nosso

pessoal que sacudir os irmãos que chegam por aqui no sono

da erva é fogo na jurupoca. Luta enorme em que aprendemos

e recebemos dos outros aquilo que a gente supõe esclarecer

e dar. Mas tudo segue naquele clima da esperança que não

conhece paradas de insucesso e nem vê caminhos para

fossas.

Somos vários companheiros aqui, mas aquele que mais se

preocupa em se fazer presente é o nosso José Roberto. Ele

volta a pedir aquela calma de nossa irmã Lucy.

Nesta noite, em nosso grupo(5), grande grupo, estivemos com

todos vocês nas casas felizes de nossos companheiros em

aulas abençoadas. Lágrimas santas as que vimos. Dádivas

celestes as que foram repartidas. Dinheiro iluminado de amor

todo aquele que saiu das mãos de vocês numa distribuição

que nos fala muito alto ao espírito. E, sobretudo, as preces

que vocês fizeram, falando e sentindo, compreendendo e

pensando. Reunidos todos, reconhecemos que nesta noite

celebramos a nossa fé numa festa de luz.

Mãezinha, abrace o pai por mim. Nessas novas formações ou

negócios que vão surgindo(6), torcemos para que tudo dê

certo. Deus nos ouvirá e confiamos em papai forte e

tranqüilo, na construção do futuro.

Para todos de casa aquele plá de muito carinho, com um

abração de rapaz agradecido a todos aqui unidos nas

mesmas vibrações de amizade.

Hora de até logo é sempre amarga para quem ama;

entretanto, Mamãe, não conhecemos adeus. Seu filho é seu

mesmo. Receba aquele beijo estalado de alegria por ter

recebido de Deus a melhor das mãe da Terra. Aqui, a lição

da humildade que preciso aprender manda que eu diga que

os filhos são também corujas e não posso deixar sem registro

os meus pensamentos. Mas você, Mãezinha, é mesmo a

estrela de nosso grupo. Guarde, pois, o coração do seu filho

adoidado de felicidade por pertencer-lhe.

E ao dizer “falei” quero deixar bem claro que não escrevo

tchau, porque em matéria de notícias e carinhos logo tem

mais. Aquele abraço do seu

AUGUSTO

22 setembro 1975

COMO NÃO DAR AQUELAS DE VILA DIOGO

A chegada do astronauta-mirim muito representa para o

Augusto particularmente, porque como podemos notar nas

mensagens de JOVENS NO ALÉM, nosso autor muito se

preocupava com as gravidezes frustradas de sua irmã Maria

Otilia, tendo mesmo afirmado numa das mensagens que era

o mesmo espírito que tentava renascer, através de duas

gestações que não se concretizaram. Agora, Augusto

desabafa: “o que custou a vinda desse baby não está

contado”.

Na seqüência, volta a conversar com Renato, então, já longe

dos conflitos religiosos em que se viu envolvido, falando,

assim, de modo mais tranqüilo: “Isso é que é fino, aí no

mundo: largar as dicas embananadas e enfrentar a pedreira

do serviço com Jesus”.

Como veremos também nas mensagens do Jair, parece-nos

neste livro, como no anterior, que ambos, Augusto e Jair,

assumiram a responsabilidade da comunicação mais direta

com os jovens, através da linguagem simples da gíria,

utilizando-se, inclusive, de gírias dicionarizadas, como é o

caso de “dar aquelas de vila diogo” e de “fumo-da-angola”,

encontradiças no NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO.

Walter, Maria Otília, Renato, Acácia, José Roberto e Lucy são

já conhecidos. Júlia e Miranda identificaremos a seguir:

1 - Nossa estimada Júlia - Júlia Miranda Rotta, esposa do

Renato, apelido familiar do Luiz Rotta Filho, como já vimos.

2 - Nosso caro Miranda - José Augusto de Miranda, pai de

Júlia. Revelação importante, pois Chico Xavier nada sabia a

respeito da família da esposa do Renato e muito menos que

seu pai era desencarnado. José Augusto de Miranda faleceu

em 10 de junho de 1971, com 58 anos.

Ainda na seqüência cronológica podemos citar, para maior

clareza, as seguintes observações do Augusto:

3 - Prossigo com o papai olhando as listas - quando “vivo”,

Augusto efetuava os serviços de escrita do pai,

assessorando-o nos misteres de contabilidade e

planejamento. Daí dizer que prossegue olhando as listas.

4 - E digam aos nossos rapazes e às nossas meninas... -

Augusto se refere às atividades adicionais em suas tarefas,

após os jovens do Lar do Amor Cristão organizarem a

Mocidade Espírita Augusto César Netto.

5 - Nesta noite em nosso grupo... - Antes da reunião

mediúnica o grupo realizou visita a lares necessitados da

região, para o indispensável socorro material e espiritual.

6 - Nessas novas formações ou negócios que vão surgindo -

Augusto fala dos novos empreendimentos comerciais do pai,

após a desvinculação de que tratamos em mensagem

anterior.

Em suas primeiras palavras, Augusto diz, na mensagem, que

“o rapaz foi entregue à família, nos altos do Morumbi”, em

alusão ao Hospital Albert Einstein, localizado no Bairro do

Morumbi, próximo ao Palácio dos Bandeirantes.

BALÃO APAGADO

E agora vou contar pra vocês como passei além-terra e alémmar

para o Além mesmo.

O marca-vida dera prego de bate-pronto. Procurei dar um

come-de-corpo na violenta e caí pelas tabelas no aguaçal.

Estava metido na boca do leão, rebentando peito pra sentar

pé, quando percebi que o lampejo dava uma de vagolino e a

lata deu com os burros n’água. Por dentro senti a vela

derretendo no moringório griloso, até que virei balão apagado

na alaraca.

Escutei palas e vozeirões da superequipe, mas não consegui

bater uma caixa.

No começo da mágica, faturei pensadas e acreditei que

algum cupincha tivesse feito crocodilagem, me colocando no

baratino, porque entrei num sonho de fantástico, vendo

capivaras e homens de branco à minha frente. No imaginório

birutado a visão continuou e notei que alguns tiras me

carregavam para dentro de um belo rodante pra dar uma

esticada, sem que eu soubesse pra quê. Aí mergulhei na

estirada do sono grosso.

Gastei um cacetão de tempo pra dar o eco. Foi ai com muita

demora que o clarão apareceu e estava uma vara dando o

esbregue, quando enxerguei meu avô botando banca de

anfitrionagem. Muito do abilolado, quis bronquear, dando

altercação, mas o ponta-firme aprochegou-se. Deu dicas com

açúcar, paparicando o neto.

Falou e disse que eu havia vestido o pijama de parado e me

aconselhou um banho de loja nova. Vendo que estava numa

bananosa de amargar, caí quente no bué chamando por

minha mãe. O amigão me confortou, emplacando minha

presença num carango voador e me levou pra dar umas

bandas num lugar brilhoso que me fazia pensar em festa. Era

uma sala clara e bonita, parecendo um clube muito legal.

Minha mãe estava ali numa barra de luz.

Outra mãe, com carinho de flor no coração e no nome,

abraçava minha mãe e acolheu este filhote aqui. Estava num

grupo que começava numa Acácia de Jesus, cercada de

outras Acácias.

Decorei a bandeira: “Lar do Amor Cristão”. Desde essa hora

sou do grupo.

E hoje que estou por dentro das jogadas, aqui estou dando

boquinhas para minha mãe e um pique-pique pra todas as

acácias e pra todos os companheiros da nossa turma,

gritando com toda força: - Oi, gente!

Vamos pra frente com Jesus, porque Jesus não pára e o

nosso supertime é uma parada.

AUGUSTO

03 novembro 1975

O BANHO DE LOJA NOVA

Em linguagem diferente, Augusto nos conta como passou

para o “Além Mesmo”, falando dos últimos momentos de sua

permanência na Terra, como encarnado, até a compreensão

da realidade irreversível: estava morto.

O avô a que se refere Augusto é o avô paterno Augusto

César, falecido em São Paulo há 10 anos e que serviu de

anfitrião para o neto em sua passagem para o outro mundo.

Compreendendo que desencarnara, Augusto viu-se numa

“bananosa de amargar”, mas seu avô levou-o a uma reunião

no Lar do Amor Cristão, entidade espírita da capital, onde

encontrou a mãe. Diz Augusto que estava num grupo que

começava numa acácia de Jesus, cercada de outras acácias,

em poética e carinhosa homenagem à dirigente do grupo, D.

Acácia Maciel Cassanha.

Cabe lembrar que D. Yolanda nos contou que um ano e meio

após a morte do filho, este transmitiu à ela, através de D.

Acácia, expressiva mensagem psicofônica de que D. Yolanda

respeitosamente duvidou. Seguindo para Uberaba, poucos

dias depois, em visita ao Chico, este, logo após os

cumprimentos de praxe, antecipando-se a eventuais

comentários, lhe disse: “D. Yolanda, a senhora recebeu uma

mensagem do Augusto, através de nossa Acácia...”.

O filho, sentindo as dúvidas da mãezinha, disse tudo ao

Chico.

O MELHOR PROGRAMA

Querida Mamãe, abençoe seu filho e receba aquele beijo.

Queria contar o que passei nos primeiros dias de meu novo

lado de morar e escrevi em homenagem ao nosso Grupo de

corações amigos(1).

Tudo segue bem. Agradecemos as visitas que fizeram.

Fomos nós os visitados, nós todos que estamos reunidos

aqui com o círculo querido.

Peço ao nosso Renato prosseguir, na estrada renovadora em

que se acha. Ele e nossa querida Júlia estão com muito

amparo do avô Antônio(2).

Rota certa, isso é que é. Renato, o estudo liberta e o bem ao

próximo nos pacifica. Trabalhar sempre com a bênção de

Jesus - este é o melhor programa.

Nossa querida Pia(3), a outra mamãe que temos aqui, vai

muito bem e espera escrever muito breve. Os pais do nosso

irmão Oscarzinho(4) estejam tranqüilos; o irmão está sempre

melhor. Os Paulos(5) vão bem, com o mais moço deles

trabalhando muito pelo outro que veio, há pouco tempo. E

que Deus nos abençoe a todos. O nosso querido livro(6) tem

sido motivo para muita alegria nossa. Agradecemos a Jesus

por tantas bênçãos.

E novamente, querida Mãezinha, receba, com meu pai e

todos os nossos, todo o coração naquele abraço do seu,

sempre seu,

AUGUSTO

03 novembro 1975

COMPLEMENTO

Mensagem curta, complemento da anterior, traz, contudo,

muitas citações:

1 - Em homenagem ao nosso Grupo de corações amigos -

estava presente na reunião em que Augusto escreveu pelo

Chico as mensagens Balão Apagado e O Melhor Programa,

todo o pessoal do Lar do Amor Cristão que Augusto

homenageia com suas palavras de agradecimento.

2 - Avô Antônio - Antônio Rotta, pai de D. Yolanda,

desencarnado aos 83 anos, na capital paulista, em 15 de

setembro de 1969.

3 - Nossa querida Pia - Mãe de D. Acácia, abnegada

batalhadora da Doutrina Espírita a que se dedicou durante 50

anos, Pia Passine Maciel faleceu em São Paulo, aos 70 anos,

no dia 23 de julho de 1975.

4 - Oscarzinho - Oscar Secuto Jr., filho de Oscar Secuto e

Eunice Secuto, faleceu com 24 anos de idade em São Paulo,

no dia 7 de junho de 1975.

5 - Os Paulos - Pai e filho - Paulo Antônio Passini, morreu

com 21 anos em 15 de novembro de 1971, em desastre com

automóvel no Morumbi. O pai, Paulo Passini, faleceu 4 anos

depois, no ano passado, aos 52 anos, vitimado por um infarto

do miocárdio.

6 - O nosso querido livro tem... – Referência a JOVENS NO

ALÉM, recém-lançado na época.

CARTA AO AMIGO ANÔNIMO

Mamãe querida, estamos juntos.

Corações em prece. Agradecendo a Deus e àqueles

benfeitores que o representam junto de nós, auxiliando-nos a

dar os passos certos.

Não estou vidrado nas recordações do vinte e sete, mas

Feverê acabando, Março nunca foi para nós assim tão feliz.

Ocasião de trabalho mais, com papo menos.

Creia, mamãe. Seu filho está nas melhoradas de posição.

Embarquei na mesma canoa, em sua companhia. Larguei,

desde muito, a maré mansa e estou arrebimbando malho pra

valer. Tenho até receio de repousadas, a não ser estas

últimas de Lindóia, onde conseguimos refazer forças.

Obrigado, pais queridos, é o que posso dizer.

Entendo que me esperam no lápis. Até o nosso amoroso

guardião está na jogada. Ouvir papai falando que contava

com mensagens do Augusto quase que me pôs pra desmaio.

Desmaio de alegria, por que amor e saudade são os dois

lados da mureta.

A penosa afinal não conseguiu papar-nos, de vez que

estamos de olho na vida. A penosa é aquela dama da sombra

cujo nome não preciso dizer. Existem palavras que apenas

criam complicações e grudes. E essa palavra que ficou em

penosa, é das tais. Deixa a criatura de Deus uma vara e a

gente se esbalda uma barbaridade para repor o coração no

lugar.

Este meu plá é uma lembrança para todos - para o estado

maior da família e para os oficiais-mirins que estão crescendo

embora ainda sejam pingos de gente.

Falamos muito hoje em poluição e etecétera para salvar as

crianças especialmente, mas, com a graça de Deus, todos

estão esnobando saúde e a tranqüilidade possível, se

pudermos falar em tranqüilidade com tanto apito e tantas

confas em qualquer parte do mundo.

Mamãe é isso aí: trabalhar para o bem é faturar felicidade.

Gosto de vê-la animada pra frente no time. Passar a bola, isto

é, interessar a todos ou o maior número de amigos nas

partidas é o segredo do sucesso. Continuemos. A grana

gasta em servir é o investimento que dá pé.

Sei que o papai fica feliz em saber-nos juntos no

empreendimento e quanto maior a nossa mesada, mais pão à

mesa do socorro fraterno. E isso é jóia.

O livro tem aumentado a nossa alegria de trabalhar. Muitos

companheiros pedem fios. E pelos fios do pensamento a

turma segue adiante com maiores possibilidades no

caprichado das boas obras. Não acreditava que nossas

conversas de rapazes dessem literatura. Pelo menos comigo,

o cordel está valendo. As palavras são macetes para a

compreensão e sabemos hoje que muitos amigos nas turmas

aguardavam algum blá-blá-blá de nosso lado. E a nossa

saberença está funcionando. É preciso redescobrir Jesus

para nossos tempos. Antigamente, isso era função única dos

religiosos. Hoje, porém, os mais-prá-cá-de-santos são

chamados para aderir. Falar de vida que não morre, tocar na

fé em Deus, mostrar que não adianta enrustir a realidade e

revelar que continuamos nós mesmos, para lá da penosa,

são deveres que nos cabem a todos.

Isso é assim, ainda quando os candidatos ao trabalho, de

meu nível, não estejam habilitados a segurar uma vela.

Apesar de tudo, é necessário fazer luz e prosseguir em

caminho.

Mamãe, distribua os meus abraços a todos, do amigão Raul

até o Walter Júnior, com os que ainda não nasceram e que

virão ao nosso teto.

Antes, porém, de terminar, seu filho Augusto tem uma

solicitação a fazer. Trata-se de enviar uma carta nesta carta.

O destinatário pediu moita. É, no entanto, um bom amigo.

Corda-quente e boa pinta. Leu nossas notícias do Além e

quer de nós alguma informação a mais sobre pifa e boleta. E

no futebol do por aqui não estou na banheira. Lhufas de

ensebar as canelas. Devo dar o serviço. Por isso mesmo,

posso afirmar a ele e a toda corriola sem pichação e sem

bronca para que não se engrupem. Fumete e leite-de-onça

não dão pedal.

Enquanto os caras estão por ai, resultam em escafeder pela

tubulação, cair na horizontal fora do momento caprichado de

abotoar o paletó, ouvir os esculachos de deleruscas e

samangos, curtir grampeação e outros cambaus. E depois

disso, os embalados vão chegando onde estamos, sempre

gagás da herva mágica ou caras cheias de mandureba.

Então, começam os rolos da marginalia de que os indicados

levam enormidades de caras para sair. E sair grampeados

para novas tentativas de dar os acertos.

Com o que digo não quero grilar a cuca de ninguém, mas

precisava entregar o papo e falei.

Estas notícias seguirão por serviços indiretos e alcançarão o

destino.

Pode ficar tranqüila. Um rapaz considerado morto quando

abre o bico não quer bobeira, desde que já esteja lecionado

pelos mestres daqui que tiram para nós de letra os

ensinamentos da vida.

Vamos pra frente que a frente é a chamada. Retrovisor só

para consertar a marcha.

Lembrar só o que presta.

A tia Mafalda está bem e o Renato virou um cidadão de

Cristo, dos melhores. Teria até inveja do primo, se estivesse

aí antes do tempo de agora. Mas estou feliz. Não parei. Ouvi

a campainha da verdade e procurei me alistar.

O bando da luz, pois nós temos aqui o nosso bando da luz,

está presente. Cada companheiro no instrumento próprio e

todos agradecem aos pais e mães, amigos e irmãos

presentes pelas escoras que recebemos.

Hoje melhor que ontem. Amanhã melhor que hoje. E vamos

andando. As andanças não fazem o coração esquecer. Por

isso, querida mamãe, peço um fio em sua dedicação e estalo

em sua face querida aquele beijo.

Todo o amor e todo o reconhecimento do seu filho, sempre

seu, muito seu,

AUGUSTO

1º março 1976

SOBRE O PIFA E A BOLETA

Inicialmente Augusto passa em revista os assuntos

estritamente familiares, atualizando o papo com os pais.

Curioso é notar a facilidade com que fala de fatos e

ocorrências, ligados à dinâmica doméstica, com a

naturalidade de quem acompanha tudo, de tudo sabe. Depois

de morto, Augusto mais se integrou à família, vivendo

intensamente no ambiente afetivo dos pais, irmãos, cunhados

e sobrinhos.

Está aí a contestação evidente às idéias abstrusas sobre a

morte: Augusto, como o fazem os outros jovens, diz-nos

através de exemplos práticos que ninguém morre e que as

lágrimas dos pais saudosos são enxugadas pelos próprios

filhos “mortos”.

Assim, na parte primeira da mensagem, acompanhamos a

lembrança do “vinte e sete de feverê”, data do falecimento de

Augusto; anotamos a referência à estação de águas de D.

Yolanda em Lindóia, de que também participou: “Tenho até

receio de repousadas, a não ser estas últimas do Lindóia,

onde conseguimos refazer forças”.

Mais adiante, fala da surpresa com que ouviu o desejo do pai

em receber nova mensagem sua, pela pena do Chico Xavier.

Surpresa compreensível, pois que apesar de muito amoroso

o Sr. Raul César, com seu temperamento reservado, não

tinha por hábito exteriorizar através de palavras seus

sentimentos e anseios com relação ao filho, como o fez nesta

oportunidade, deixando perplexos os familiares e, porque não

dizer, o próprio Augusto. Este é um pequeno episódio familiar

que também nos surpreende, pois Chico Xavier estava à

margem disso tudo...

Após o entendimento em torno da família, matando a

saudade, Augusto traz-nos à consideração a análise de um

dos mais importantes tópicos de referência à conduta dos

jovens. E o faz, atendendo o pedido de um amigo que

preferiu não identificar-se, como o leitor pode observar na

mensagem.

É quando fala de “pifa e boleta”.

Diz claramente: “Antes, porém, de terminar, seu filho Augusto

tem uma solicitação a fazer. Trata-se de enviar uma carta

nesta carta. O destinatário pediu moita”.

E daí por diante nos dá um show de gíria e de colocação de

um dos mais agudos problemas que atingem a nossa

juventude nos dias atuais: o tóxico e o álcool, vícios que

andam juntos, na mortificação de valores respeitáveis, com o

sepultamento de grandes perspectivas, de alentadas

esperanças, fazendo com que os jovens, ainda inadaptados

aos bancos escolares, na fase dourada de suas vidas, se

entreguem à ilusão triste do vício, seguindo por caminhos e

atalhos que os distanciam tanto dos compromissos, das

afeições mais caras e de si mesmos.

Bola branca para Augusto que foi buscar junto a esses jovens

a própria linguagem, em que não faltaram os deleruscas e

samangos, o leite-de-onça, o fumete e a mandureba...

Estalando na face querida da mãe o beijo da saudade, deixanos

o valoroso companheiro, a saudade de novas palavras,

voltadas para o esclarecimento dos jovens da Terra, com

quem sabe conversar, atualizando o diálogo, a ponto de

transformar mesmo o antigo “Bando da Lua”, de nossas

passadas recordações musicais, no atual “bando de luz”, em

que se aglutinaram os jovens do Além, cada qual em seu

instrumento próprio, para o recado aos companheiros “vivos”

daTerra.

Raul, Walter Júnior, Tia Mafalda e Renato já são nossos

conhecidos.

V - CARLOS ALBERTO DA SILVA LOURENÇO

- Santos - 25 de junho de 1956

- São Bernardo do Campo - 17 de setembro de 1974

Filho único de Severino Domingos Lourenço e Dirce Pessoa

da Silva Lourenço

A VOLTA DO JOVEM SANTISTA

A despeito de estar sempre com a espada de Dâmocles

sobre sua cabeça, com os pais que o procuram, evitando

oferecer nomes, detalhes ou quaisquer informações a

respeito do filho morto, para que a eventual revelação

mediúnica com que sejam contemplados, se torne

inquestionável, Chico Xavier invariavelmente oferece-nos

provas irrefutáveis de sua condição de intérprete do Plano

Espiritual, com informações do Além, realmente

desconcertantes.

Com meio século de atividades mediúnicas ininterruptas, de

continuada vivência dos princípios de Jesus, é Francisco

Cândido Xavier, sem qualquer possibilidade de engano de

nossa parte, o maior médium de que se tem conhecimento

em toda a história do Espiritismo, interligando a exuberância

de sua mediunidade polimorfa à condição de abnegado

apóstolo do Bem.

Cremos mesmo que a compreensão de sua grandeza, quer

no campo da fenomenologia mediúnica, que no terreno fértil

de sua colaboração à causa do Cristo, está reservada para o

futuro, quando as condições de investigação psíquica,

associadas ao nosso aprimoramento moral, nos oferecerem

mais palpáveis elementos de análise. O que podemos

entender facilmente, no momento, é que Chico Xavier

representa a imagem do homem dos séculos futuros, em que

o coração e cérebro, igualmente aperfeiçoados, edificarão a

Terra com que todos sonhamos.

Daí ser para Chico, fato rotineiro, absolutamente normal, a

passagem que envolve o jovem santista, citada em uma de

suas três mensagens constantes deste livro, denominada

Aniversário de Renascimento.

Em determinada altura da mensagem, Carlos Alberto diz

textualmente: “Outra pergunta que você e o Paizinho

Severino me endereçavam no silêncio de nossa festa de

almas, é se me achava contente com a mudança de local de

nossas lembranças”.

Desenvolvendo o assunto mais adiante Carlos Alberto diz: “O

recanto de paz em que a saudade se converte em oração

permanente é venerável, em verdade, mas não deixa de ser

o carro final em que se viajou para a estação de regresso da

excursão empreendida”.

Como o leitor pode observar é evidente referência à mudança

de local de seus despojos no cemitério, onde fora sepultado

há um ano. O próprio casal se viu surpreso diante da

revelação, pois que tudo foi feito com muito sigilo. Um mês

antes de irem a Uberaba, e um mês antes do aniversário do

falecimento do jovem, ocorrido em São Bernardo do Campo a

17 de setembro de 1974, preocupado em colocar os restos

mortais do filho em um túmulo que lhes pertencesse, a

despeito de já estarem carinhosamente acomodados em uma

das gavetas do jazigo do avô, conseguiu o Sr. Severino o

translado do corpo para outro terreno, no mesmo Cemitério

do Saboó, onde fora sepultado. Além dos pais, das

providências necessárias participaram os tios Olavo e

Amelinha.

Na mensagem de 21 de setembro, um mês após as

mudanças, Carlos Alberto não deixou por menos. Falou do

ocorrido, agradeceu aos pais e também aos tios por tudo. O

próprio Chico ficou surpreso ante as revelações...

Mas não é essa a única passagem digna de nota que

encontramos nas mensagens de Carlos Alberto, incluídas

neste livro. Há episódio outros de singular relevância, como o

recado ao pequeno Alexandre, em resposta a um pedido que

o primo lhe formulara certa feita durante visita ao Cemitério e

como as notícias da mãe do Dr. Marins, médico psiquiatra de

Santos, fatos que desenvolveremos mais adiante, no estudo

das mensagens.

O RESSEGURO DE DEUS

Queridos pais, querida Mãezinha Dirce e querida Mãezinha

Amelinha. Querido papai Severino e querido papai Olavo.

Devo pedir a bênção de quatro pais amorosos e

abnegados(1).

É o que faço. E agradeço a Deus essa felicidade. O amor é a

riqueza maior da vida. compreendo isso agora, ou melhor,

estou compreendendo e sinto-me feliz por isso. Gente muito

moça não chega aqui com muita alteração. Vamos, pouco a

pouco, lutando para penetrar o entendimento de que se

precisa.

Talvez por isso, nossos amigos e até mesmo nosso

Augusto(2) aqui presente me recomendam escrever.

Não sei, não sei se estou mesmo assim, na condição de dar

notícias construindo a paz. Entretanto, obedeço.

Mãezinha Dirce, estou agradecido a tudo o que fazem por me

auxiliar, ajudando aos outros.

A bondade que se estende, em nome dos que voltam para cá

é uma espécie de relacionamento progressivo. Cada criatura

que recebe alguma cousa de bom por nós, é um ponto de luz

quando nos recorda.

Queridos pais, sei que vão gastando tempo e dinheiro, mas

isso é semelhante a depósito bancário. Quem faz qualquer

doação em auxílio dos outros está investindo. Mesmo que a

organização de crédito venha a falir naquilo a que chamamos

esquecimento ou ingratidão, temos o Resseguro de Deus.

A Divina Providência oferece a cobertura necessária. Nunca

se sintam incompreendidos ou vítimas de alguém que haja se

desinteressado de nossa vida ou de nosso afeto. Quando

alguém se afasta do clima de amor a que foi chamado,

entrando em posição contrária à expectativa daqueles que

lhes desejam o bem, é considerado nas Leis Divinas por

doente e Deus determina que os débitos de carinho desse

alguém para com os outros sejam devidamente remunerados.

Continuemos, desse modo, a trabalhar e servir.

O tempo de transformar a dor em alegria e a aflição em

esperança está em nossas mãos. É preciso aproveitar,

estender adiante as tarefas com que fomos honrados.

Parece que vim para cá, à feição de menino, mas tenho

estudado incessantemente. Uma nova FEI está sobre mim(3),

graças a Deus, ensinando-me a matemática do bem.

Os problemas são vinculados ao amor em auxílio ao próximo

e os cálculos se realizam na base do serviço aos outros.

Agradeço, querida Mãezinha Dirce, tudo o que fazem por

mim. Toda bênção em forma de pão e agasalho, socorro e

remédio, em favor dos outros, para mim é muito importante.

Um dia disse Jesus aos companheiros: “todo o bem que

fizerdes a um destes pequeninos é a mim que fazeis”.

Para compreendermos isso, creio eu, é necessário que a

gente esteja ausente do corpo, depois de estar nele por

algum tempo. Isso ocorre, porque estamos ligados àqueles

que amamos e tudo o que façam eles por nós na pessoa dos

outros é auxílio a nós próprios.

Não tenho expressões para traduzir os meus agradecimentos

ao Paizinho Olavo e à Mãezinha Amélia. Ambos conversam

comigo na foto(4), como se estivesse ali presente na imagem.

E ouço tudo, porque um fio de amor nos liga uns aos outros,

em todas as fases da vida quando o amor nos rege a

existência. Regina, Miriam, Celso...(5) Tantos afetos estão

comigo.

Peço a Deus me faça crescer no entendimento para servir.

Rogo à Mãezinha Dirce sempre mais esperança e

serenidade. A querida Mãezinha inda me preocupa. Enquanto

nos vemos todos juntos, noto-lhe a segurança, mas quando a

solidão nos traz a lembrança, sei que as lágrimas lhe caem

do coração sobre o filho que não a esquece. Mamãe querida,

tudo passou. Agora, é uma vida nova, diferente. Seu Tato

não morreu. Apenas cumpriu a ordem de regressar para onde

o esperavam e creia que voltei rico de amor e de esperança,

porque todos, um dia estaremos juntos.

Tanto quanto possível, continue diminuindo os

tranqüilizantes. Às vezes, o sono demora ou o descanso

parece fugir e o medicamento é a isca do sono. Compreendo

tudo isso, mas precisamos de sua saúde, porque temos muito

a fazer. Agora que me ensinaram a trabalhar de outro modo,

entrelacemos nossos braços e corações para servir. É

servindo que seremos servidos. É amparando aos outros que

os outros nos trarão o amparo preciso.

Muitos amigos deixam lembranças aqui aos presentes. Nosso

Augusto abraça D. Yolanda(6) e pede-lhe a mesma fé com

que nossa querida irmã sempre se revela disposta a auxiliarnos.

Estimaríamos, ele e eu, cooperar na obtenção da

palavra de muitos dos presentes, mas isso é impossível.

Precisaríamos de muitas máquinas mediúnicas, cujas teclas

estivessem na sintonia necessária com os amigos desejosos

de se expressarem.

Nosso irmão Ricardo Tadeu(7) promete à mãezinha, à irmã e

ao jovem Márcio o carinho de todos os dias. O amigo

Gabrielzinho(8) tentará deixar aos pais um recado mesmo

rápido e nosso irmão Carlos Eduardo(9) ainda está em

condição de tratamento, sem poder exprimir-se. Nosso irmão

Cremonese(10) está presente e diz à companheira para confiar

na Bondade de Deus. Temos outros companheiros, ligados à

nossa assembléia familiar que se unem aos nossos votos

desejando-lhes paz e felicidade a todos. Nossa irmã

Lenice(11), a cuja presença fomos levados, Augusto e eu,

pelas solicitações do nosso meio, está em restauração.

A morte é uma porta aberta a fim de que a gente escape da

Terra, mas geralmente, a pessoa deixa o campo de trabalho

e de luta em que vivia assim como está em si mesma.

Poucos se livram das impressões primeiras com rapidez e

facilidade. Morrer em si será fácil, mas deixar de ser nós

mesmos é muito difícil.

Vou aprendendo essas cousas e transmitindo, porque os

Amigos da Vida Superior me recomendam que explique tudo

isso como sinto e vejo, para que ninguém se iluda com

renovações apressadas.

Mãezinha Dirce, peço-lhe calma e fortaleza mais uma vez.

Com Mãezinha Amelinha, agradeçam a vovó Deolinda as

preces com que me beneficia. Nossa querida vovó Pessoa e

outros corações queridos estão me auxiliando...

Se eu pudesse, meu paizinho Severino, cobriria todas as

mágoas do mundo com um véu de paz e de esperança. Creio

hoje que é muito triste vermos a tristeza dos outros, sem

conseguir fazer com que os outros fiquem menos tristes.

Paizinho Olavo, nosso Dr. Bezerra foi medicá-lo esta noite(12).

A indisposição já passou; estejamos tranqüilos.

Mãezinha Dirce e meu papai Severino, se estivesse em meu

poder continuaria escrevendo, escrevendo... mas é preciso

dar aquele “até logo” que põe o coração no ar, até que a

saudade venha e tome conta de todas as nossas forças. Isso,

porém, não impede a minha alegria e a minha gratidão a

Deus por lhes haver falado.

Recebam todo o carinho e todo amor do filho que os

acompanha com muita fé em Deus, na certeza de que Deus

nos fará felizes para sempre.

CARLOS ALBERTO (TATO)

16 agosto 1975

OUTROS INVESTIMENTOS

Iniciando a mensagem com uma colocação bastante feliz,

Carlos Alberto nos ensina a compreender como investimento

qualquer atitude que tomemos em benefício do próximo, pois

que o Resseguro de Deus nos garante o êxito da aplicação.

Afeito a essa nomenclatura bancária, comercial, quando vivo,

Carlos Alberto se preocupava muito com o assessoramento

das atividades do pai, que, com a função de escriturário do

Pronto Socorro. Municipal de Santos, cumula a de vendedor.

Exemplo do interesse do filho pelos negócios do pai, ocorreu

pouco antes de sua morte. Como no mês de agosto de 1974,

as vendas foram particularmente substanciais, Tato já previa

para setembro possibilidades de bons investimentos, tendo

mesmo, a respeito, trocado idéias com o pai, mal sabendo

que foi essa reserva, o lucro extra de agosto, aplicada nas

despesas do seu sepultamento.

Vejamos as citações da mensagem:

1 - Tato foi criado pelos pais e pelos tios que sempre viveram

próximos, daí encontrarmos sempre em suas mensagens a

referência aos quatro pais: Dirce e Severino, Olavo e Amélia.

Os tios, e pais por afinidade, Olavo Jorge Bonfim e Amélia

Pessoa da Silva Bonfim, já foram identificados em JOVENS

NO ALÉM.

2 - Nosso Augusto - co-autor do livro.

3 - Uma nova FEI - Faculdade de Engenharia Industrial de

São Bernardo do Campo, onde Carlos Alberto desencarnou,

na quadra de basquetebol.

4 - Ambos conversam comigo na foto... - Olavo e Amélia

confirmam essa observação do sobrinho, pois que

habitualmente procuram conversar com a foto de Carlos

Alberto, como se ele ali estivesse.

5 - Regina, Míriam e Celso - Já nossos conhecidos,

mencionados em JOVENS NO ALÉM.

- Regina Célia da Silva Bonfim Mariana

- Míriam Aparecida Pessoa da Silva

- Celso Alberto Pessoa da Silva.

6 - Nosso Augusto abraça D. Yolanda - a mãe do Augusto

aparece com freqüência nas mensagens dos jovens, posto

que sempre que pode está presente a reuniões do Grupo

Espírita da Prece, em Uberaba.

7 - Nosso irmão Ricardo Tadeu promete à mãezinha, à irmã e

ao jovem Márcio - Ricardo Tadeu Richetti faleceu em São

Paulo, a 2 de junho de 1971, com 19 anos, vitimado de

provável intoxicação pelo aquecedor a gás do chuveiro da

residência. Sua mãezinha é a Sra. Iracy de Oliveira Richetti, a

irmã é a Sra. Salete Maria Richetti Parisi, mãe do jovem

Márcio Marcelo Parisi.

8 - Gabrielzinho - também nosso conhecido, mencionado

outras vezes no livro.

9 - Nosso irmão Carlos Eduardo - Carlos Eduardo Árias

nasceu e desencarnou em Santos. Sua morte a 17 de

dezembro de 1974, com 12 anos apenas, deveu-se à

explosão de um recipiente de álcool. Filho de Adolpho

Firveda Árias e Letícia Stutz Árias.

10 - Nosso irmão Cremonese - Eunildo Cremonese, falecido

aos 53 anos, no dia 5 de dezembro de 1973, na Via

Anhangüera, perto de Araras.

11 - Nossa irmã Lenice - Lenice Sampaio Brazão, estudante

de Terapia Ocupacional, filha de Tabajara Teixeira Brazão e

de Maria Benedita Sampaio Brazão, faleceu em acidente de

motocicleta na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Ao

desencarnar, Lenice contava 20 anos.

12 - Indisposição que acometeu o tio Olavo, no dia anterior à

recepção da mensagem.

ANIVERSÁRIO DE RENASCIMENTO

Querida Mãezinha Dirce, meu querido Paizinho Olavo, Deus

nos proteja e nos abençoe.

Mãezinha, seu coração se transformou numa chama em

forma de prece ou uma oração em forma de sol, de tal modo,

que por mais tentasse acalmá-la, não consegui.

Um ano! Tanto tempo mental em tão poucos meses! E tantas

saudades juntas davam para rebentar o peito. Compreendo,

Mamãe, tudo isso, mas peço-lhe serenidade e paz.

Afinal, estamos reunidos. Não pense que seu filho estava

ausente neste natalício da alma. Estive, sim em casa, durante

o tempo em que isso me foi possível, e recebi suas preces,

seu carinho, suas lembranças e sua flores. E regozijei-me ao

ver que berço do seu Tato não estava solitário. Aquele amor

de criança me apareceu uma luz nova em nosso ambiente.

Um anjo que peço a Deus se transforme num homem de

bem, com o afago de duas Mães – Mãezinha Dirce e

Mãezinha Amélia.

Recordei os dias que nos ficaram na memória e naquele

rostinho suave tive a idéia de rever o meu próprio retrato. Não

sei externar-lhes a minha gratidão e o meu carinho de todos

os instantes. Notei, Mamãe, que você formulava tantas

perguntas em nosso encontro espiritual de meu primeiro

aniversário de renascimento. Sim, estou muito contente com

a chegada de nosso André Luiz e creia que muito pedi aos

nossos Benfeitores Espirituais para que seus braços

maternos não ficassem vazios.

Agora, roguemos a Jesus para que nos ajude a vê-lo em

desenvolvimento abençoado e feliz. Cada qual de nós surge

na Terra com uma ficha de trabalho a executar. Em razão

disso, espero que tudo possa sorrir ao presente e ao futuro

do irmãozinho que os pais queridos me deram em nosso lar

do mundo.

Creia. Achava-me ao seu lado, Mãezinha Dirce, quando de

nosso entendimento com o nosso caro amigo Dr. Danilo

sobre o nosso pequeno companheiro e guarde a certeza com

meus dois paizinhos, aqui presentes, que estou muito feliz

com essa preciosa dádiva do Céu. Eu sei que um filho é

trabalho, às vezes, sacrificial para os que fazem pais na

Terra, mas é uma tarefa que vem de Deus e que Deus

abençoa constantemente. Por isso é que o amor dos pais é

uma dedicação sobre-humana.

Rejubile-se comigo, querida Mãezinha Dirce, pelo encargo

que recebemos. Louvado seja Deus. Guiar uma criança é

melhorar os destinos do mundo, quando aprendemos a

conduzi-la para o bem. Doemos tudo o que tivermos de

melhor ao nosso querido recém-nascido ao lar e

conservemos a convicção de que amar é levantar corações

para Deus.

Outra pergunta que você e o Paizinho Severino me

endereçavam no silêncio de nossa festa de almas é se me

achava contente com a mudança de local das nossas

lembranças. Sim, queridos Paizinhos, agradeço o carinho

com que se propuseram à realização do que foi feito;

entretanto, embora reconhecido, peço para que não se

preocupem com o lado material de nossas vivências no

mundo.

Tenho a idéia de que por aí passamos à maneira de viajores,

utilizando veículos diversos para atingir o término da

romagem. O recanto de paz em que a saudade se converte

em oração permanente é venerável, em verdade, mas não

deixa de ser o carro final em que se viajou para a estação de

regresso da excursão empreendida. Não nos aflijamos tanto

com o veículo e sim conosco, de modo a transportarmos em

nós os valores imperecíveis da alma que nos entretecem a

verdadeira felicidade.

Agradeço-lhes, queridos Paizinhos, extensivamente aos

Paizinho Olavo e Amelinha, todos os pensamentos de amor

que me dedicaram na mudança a que me referi.

Neste sentido, porém, desejo contar-lhes que passei o meu

natalício número Um, em me reportando ao meu

renascimento na Vida Maior, depois de nosso encontro em

casa, num elevado ambiente de lições, no qual um instrutor

nos deu ensinamentos de que lhes transmito alguns tópicos,

à maneira das flores e dos bombons que lhes desejaria

ofertar em nossa comemoração mais íntima.

Disse ele para nós:

- “Filhos, a criatura de Deus é auxiliada por Deus mais

amplamente a começar do ponto em que essa criatura

começa ajudando aos outros. Não nos esqueçamos disso,

para reconhecer que, pelos outros, Deus se expressará

sempre em nosso benefício.”

E acrescentou:

- “Se vocês, meninos desencarnados na Terra, tivessem

obtido as maiores diplomações nas ciências humanas,

conquistando o poder de sanar o câncer ou de lavar todas as

chagas que atormentam a Terra, em forma de moléstias

difíceis; se vocês houvessem alcançado a força de orientar

multidões por decretos de autoridade suprema, renovando os

processos políticos na experiência terrestre ou construindo

cidades novas à base dos mais altos conhecimentos da

Engenharia; e se, depois de tudo isso, não tivessem atingido

o coração o coração das criaturas para iluminá-lo com as

bênçãos da compreensão e do amor, decerto teriam

conseguido muito pouco.

Certifiquem-se hoje de que a renovação com Jesus para que

o entendimento e a solidariedade venham a reinar no mundo,

é o nosso trabalho maior.”

Imagino, queridos pais e queridos amigos, que numa

festividade doméstica um brinde melhor não poderia, de

minha parte, oferecer. Trago-lhes, pois, o que senti e aprendi

teoricamente para que nos unamos todos nesse movimento

de espiritualidade e elevação de nossas vidas.

Não me programava para a comunicação pessoal nestes

dias; no entanto, as preces e lágrimas de Mãezinha Dirce me

tocaram tão profundamente que não tive outro meio senão

suplicar aos mestres me permitissem falar.

Vim às reuniões com os amigos e de novo contemplei a

grandeza do progresso de nossas cidades, meditando nisso e

associando isso à lição obtida em meu natalício e refleti que

todos os nossos arranha-céus e parques, pilotis gigantescos

e torres imensas, de pouco valeriam sem o amor de nossas

mães e, então, estou aqui, a lembrar-me de que atualmente

somos todos chamados a colocar luz e alma nos corpos de

cimento e aço em que o progresso veio morar conosco na

Terra, na forma de edificações arrojadas, atestando o poder

de nossa cultura do cérebro.

Mãezinha Dirce, suas preces venceram. Aceitemos o nosso

dever de construir um coração novo para a Humanidade. E

nessa Engenharia do Espírito, Jesus é o Arquiteto Sábio e

Justo. É preciso saber ouvi-lo para conseguirmos partilhar do

privilégio de cooperar no levantamento do Mundo Melhor.

Agradeço as lembranças de todos os nossos. Realmente,

não tenho somente o Paizinho Olavo e Mãezinha Amélia,

Regina e Miriam na memória, com vovó Deolinda e Tia Olga.

Tia Alzira e a nossa querida Alzirinha vivem nas minhas

recordações. E digam ao nosso querido Alexandre que não

fiquei com a flor, mas recebi o perfume e o perfume

permanece em meu coração para sempre. Tanto amor nos

alimenta a vida e nesse tesouro de forças é que a existência

se nos equilibra para que se possa seguir à frente. Meu afeto

e meu agradecimento a todos.

Nosso caro Beto está presente e beija a nossa querida

D.Lucy. José Roberto é um companheiro admirável e a

medicina para ele continua em valiosa preparação ante o

futuro. Nossa irmã Lucy permaneça tranqüila, porque o filho

abençoado não a esquece e se preocupa em vê-la serena e

valorosa como sempre. Nossos amigos Augusto e o nosso

caro companheiro que ontem se dirigiu aos pais queridos, o

outro José Roberto, estão aqui conosco e me auxiliam. Vovó

Zezé comigo nos abençoa.

Devo dizer à nossa querida irmã Acácia que visitamos nossa

irmã e benfeitora D. Pia em seu refazimento. Não é preciso

dizer à nossa Acácia que aquela mãezinha adorável a quem

nós todos amamos está muito bem, como não podia deixar

de ser. Creio, pela elevação dela, que os companheiros

amadurecidos no mundo físico são aqui os jovens, sempre

que chegam de consciência premiada pela bênção do dever

cumprido e nós, os jovens do plano material, aqui aportamos,

na condição de velhos inadaptados pela inconformação que,

muitas vezes, aqui se nos faz o traço particular.

D. Pia na posição de Mãe, efetivamente mostra aquela doce

e inevitável inquietação de todos os corações maternos,

quanto à distância dos filhos; mas prepara-se para reentrar

nos apostolados em que sempre viveu. E agora, em espírito,

conseguirá realizar muito mais com Jesus. Estamos certos

disso.

Agora, queridos Paizinhos, é o abraço do “até breve” no

mundo dos lápis, porque, pelo coração, estaremos sempre e

cada vez mais juntos. Mãezinha Dirce, não chore mais e

agora, com o Andrezinho, temos o nosso melhor

tranqüilizante.

Querida Mãezinha, seu filho procurou responder a todas as

suas solicitações. Continuemos com firmeza nas tarefas do

bem aos outros para recebermos o nosso bem maior.

Paizinho Severino, Mãezinha Dirce, meu Paizinho Olavo, com

todos os irmãos e irmãs queridos, guardem o meu abraço de

carinhoso reconhecimento.

Aos queridos Paizinhos, novamente, reafirmo a gratidão e a

ternura que me acendem na alma e lhes beijo as mãos com o

amor sempre mais amor de todos os dias.

CARLOS ALBERTO (TATO)

21 setembro 1975

O PEDIDO DO PEQUENO ALEXANDRE

Carlos Alberto se dirige à mãe, após o primeiro ano de sua

passagem para o Além. Compreendendo o seu desespero,

inconsolável ante as lembranças do 17 de setembro, o filho

busca tranqüilizá-la. Aliás, o encontro em Uberaba, reunindo

os pais com o filho desencarnado, é enriquecido com um fato

novo que veio modificar a dinâmica familiar, sempre voltada

ao único filho, falecido em São Bernardo do Campo.

Falamos de André Luiz, o irmãozinho que chegara ao lar,

alguns dias antes da psicografia dessa mensagem que é

essencialmente familiar, a despeito de nela encontrarmos

elementos novos de identificação, com citações numerosa e

preciosas lições, quais as da reunião na Espiritualidade,

quando do primeiro aniversário da desencarnação do Carlos

Alberto, em que o mentor traz muitos ensinamentos aos

jovens reunidos no Plano Espiritual.

Regina e Miriam foram lembradas na mensagem anterior.

Vovó Deolinda e Tia Olga aparecem em JOVENS NO ALÉM,

assim como tia Alzira. Vovó Deolinda é Deolinda Glianda da

Silva: tia Olga, Olga Bonamini Pessoa da Silva e tia Alzira,

Alzira Bonfim da Silva Vitorino.

Assim como o Dr. Danilo, Danilo Patrão Assis, médico

ginecologista de Santos, Alzirinha é citação nova. Trata-se da

prima do Carlos Alberto, Alzira Maria Bonfim Faria Santos,

casada com o Dr. Olindo Farias Santos, residente em São

Paulo. É realmente conhecida pelos familiares mais

chegados como Alzirinha.

O Alexandre, citado a seguir na mensagem, é o pequeno

Alexandre Bonfim Faria Santos, primo do Tato, filho da

Alzirinha. Com o garoto de apenas 5 anos ocorreu o seguinte

episódio no Cemitério do Saboó,em Santos:

Encontrava-se a família em visita ao túmulo do Carlos

Alberto, quando Alexandre pegou uma flor – uma rosa branca

– com o propósito de colocá-la no túmulo do primo e ao ser

interpelado por D. Dirce que lhe pediu a rosa, disse:

- “Não, tia Di, esta aqui eu quero dar, pra ele saber que sou

eu quem está dando.”

Chegou perto da sepultura e disse:

- “Cacum (como chamava o primo), olhe aqui! Esta flor é sua

estou te dando, pra ver se na outra carta você fala no meu

nome.”

Palavras de um menino de 5 anos que estava aborrecido pelo

fato de seu nome não ter sido lembrado pelo primo, nas

mensagens do Chico.

Cerca de dois meses depois, Carlos Alberto atende-lhe o

pedido, dizendo na mensagem:

“E digam ao querido Alexandre que não fiquei com a flor, mas

recebi o perfume...”

Na seqüência da mensagem, Tato menciona os nomes do

José Roberto e sua mãe, D. Lucy, já nossos conhecidos. Fala

do Augusto, da vovó Zezé, a mesma vovó Pessoa lembrada

em JOVENS DO ALÉM, e fala ainda no “outro José Roberto”,

o José Roberto Pereira Cassiano, conhecido como Shabi,

que faleceu a 9 de março de 1974, com 23 anos, em acidente

na Via Anchieta. Shabi era filho do Sr. Abigail Pereira

Cassiano e Maura Pereira Cassiano.

Após dar notícias de D. Pia, já nossa conhecida, Carlos

Alberto encerra a mensagem. Página muito rica de

revelações, retomada de posições pelo conjunto familiar, face

a compromissos novos, destaca-se sobretudo das linhas

psicografadas que é grande a preocupação dos nossos entes

queridos desencarnados, pelas afeições que deixaram na

Terra. Vivem ligados conosco e toda vez que apresentamos

algum desequilíbrio, alguma vacilação ou dúvida, eles sofrem

muito, tentando de toda forma consolar-nos.

Devemos, pois, oferecer a eles o clima indispensável de paz

e resignação para que possam também ser felizes no Além,

menos ligados às nossas preocupações, para as quais não

podem encontrar solução imediata, ainda porque essas

preocupações nascem da saudade e do inconformismo, ante

as novas realidades que enfrentamos.

Na introdução às mensagens do Carlos Alberto, sob o título

de A Volta do Jovem Santista, apresentamos comentários ao

trecho da mensagem ora em estudo, na qual o Tato se refere

aos pais, a respeito da mudança de seus despojos, no

cemitério. Quando o jovem santista desenvolvendo o assunto

grifa “festa de almas”, o faz em referência ao aniversário de

sua morte, ocorrida a 17 de setembro de 1974.

TELE-RECADOS

Querida Mãezinha Dirce e meu querido Paizinho Severino.

Peço a bênção que sempre me faz profundamente feliz, ao

mesmo tempo que rogo a Deus nos proteja.

Penso que será um privilégio, mas sei que sou desculpado.

As mães sabem o que seja o amor, quando se condensa na

saudade e os colegas aqui são os companheiros dedicados

que me compreendem.

Entendo que os corações abençoados, aqui reunidos,

exercerão, como sempre, a tolerância de que necessito e

tentarei prosseguir em meu correio do coração.

Mãezinha Dirce, o assunto é mais entre nós. Hoje

reconhecemos que a chamada “morte” de um filho é uma

chaga aberta na sensibilidade das mães e dos pais que

ficam. Ferida íntima que exige tratamento. E essa

terapêutica, Mãezinha querida, é a assistência

medicamentosa do carinho e da compreensão transformados

em palavras.

Observo que não sou o dono das frases providenciais. Nunca

soube encaixar os verbos adequados ao consolo e à

construção de Espiritualidade, mas um filho será sempre

alguém para as mães, alguém diferente, com o dom de

restaurar e lenir, reconfortar e reaver energias.

Rogo ao seu devotamento para que a fortaleza se faça em

nós. Nada de angústia ou de aflição vazia. Sei que a sua

ternura com a abnegação de meu pai fazem o máximo para

que os nossos recursos de resistência se entrelacem na

garantia de nossa segurança.

A casa de saúde, mãezinha, é um lar de reconforto e de cura;

no entanto, as doenças da alma, como sejam a carência de

afeto - presente e a falta de alguém que nos supre de forças,

as saudades sem conta e os anseios de reencontro que o

tempo nos reclama esperar, no fundo, são provações que os

remédios humanos, respeitáveis embora, não conseguem

afastar. Poderemos, sim, anuviar o pensamento com certos

fatores de acalmia que realmente não resolvem. Anestesiar

não é esquecer. As chagas voltam no ponto em que as

deixamos, sempre que a nossa opção se incline pela

farmácia da Terra. É por isso que lhe peço continuarmos na

reconquista de sua própria integração completa em si

mesma.

Quanto pudermos, concentremos atenções em nosso caro

André Luiz. Acompanho a evolução e crescimento do

irmãozinho que recebi da Divina Providência com o enlevo de

todos os dias, qual me achasse, de novo, em nossa casa da

Terra.

Compreendo que a nossa querida Mãezinha Amélia divide

conosco os mesmos cuidado de outro tempo, quando me

tutelava por filho, de partilha com o seu carinho do coração.

Andrezinho é para nós também um enfermeiro-mirim, porque,

em lhe oferecendo preocupações, nos transforma o tempo de

ansiedade em horas de paz e de nova esperança. Mãezinha

Dirce, estaremos juntos. Dá para sorrirmos um tanto, pois o

nosso querido Andrezinho é para nós um ponto de encontro.

Isso ocorre porque o irmãozinho não chegou ao nosso

ambiente sem muita significação para nós.

Às vezes, Mãezinha, a única maneira de suprimir nossas

dores é a dádiva de novas inquietações no caminho. Sei que

a saudade é uma flor de rara beleza no terreno de nossas

almas; entretanto, a saudade exala um perfume capaz de

intoxicar-nos sempre que estejamos exagerando nas doses.

Agora, Mãezinha, a nossa estrada para o reencontro há de

ser asfaltada de muito trabalho na dedicação ao próximo, a

fim de que o carro de nossos desejos continue viagem para a

frente, sem riscos de tristeza ou de enfermidade que sempre

provocam desastres por dentro do coração.

Creiamos na alegria e na paz, na certeza de que a felicidade

é nossa, desde que estejamos dispostos a sustentá-la. Tudo

na Terra, nos setores da existência que desfrutamos, vai

passando com a rapidez de um curso para determinadas

lições. É preciso converter nossas ânsias em meios de servir

e os nossos minutos em bondade e compreensão no apoio

aos semelhantes, porque, efetivamente, hoje reconheço que

a caridade não é propriamente o meio de dar e

sim,principalmente, o canal para receber.

Auxiliando a alguém, temos o apoio desse alguém, no sentido

de esvaziarmos o próprio espírito do peso de muitas

incompreensões que simplesmente nos prejudicam.

Agradeço ao seu carinho materno e a meu Paizinho

Severino, à Mãezinha Amélia e ao Paizinho Olavo, à Vovó

Deolinda e a todos os nossos, o que fazem no auxílio aos

outros em meu nome e rogo Deus faça render na

Contabilidade da Vida, a cem e a mil por uma, todas as

bênçãos que distribuem, recordando-me a presença e o

carinho. E continuemos na mesma senda de amor, porque,

por essa trilha iluminada de fé, chegaremos, sem problemas,

aos nossos objetivos.

Agradeço o seu esforço na diminuição dos remédios e,

graças a Deus, registro que a sua dedicação em tranqüilizarnos

é um agente seguro. Digo assim, porque a vejo quase

absolutamente livre desses apoios químicos que são bênçãos

de Deus, entretanto, das quais não devemos usufruir senão

pelo tempo necessário.

Somos agradecidos ao seu entendimento, satisfazendo-nos o

pedido; e agora, Mãezinha Dirce, é preciso defendermos a

saúde orgânica do Paizinho Severino. Meu pai está na

condição do tronco bendito que nos escorou por muitos

meses seguidos e, agora, à medida que melhoramos, em

matéria de segurança, ele assinala os efeitos de nossas

lutas.

Paizinho, é indispensável auxiliar-se, reconstituindo as

próprias forças. Vovó Pessoa e muitos amigos estão a

postos, no auxílio de que carecemos.

Peço aos queridos Paizinhos dizerem ao nosso caro amigo

Dr. Marins(1) que não me esqueci das solicitações dele junto à

Mãezinha nos dias últimos da Terra. Ele conversava comigo

pelo sem-fio do coração e tomei nota. Sou realmente muito

pequeno ainda, mas desejo aprender gratidão na escola do

amor. Digam a ele que a nossa querida Dona Izaura(2) está

repousando. Repousando para novamente fortalecer-se.

Afeições numerosas dispensam-lhe todas as atenções que

merece e, muito em breve, aquele coração de Mãe brilhará

sobre ele e sobre os entes queridos do mundo, como a

estrela de paz que sempre foi, no campo da família e nas

bênçãos do lar.

Rogo transmitirem ao nosso Piva todos os meus votos de

confiança e de afeto. Ele e o Iwaldo(3), nobres companheiros,

tantas vezes me recordam e perguntam se realmente estou

vivo...E estou cada vez mais presente, a fim de ouvi-los.

Muitos obstáculos surgem hoje na Terra para os que

atravessam as faixas da mocidade. E notadamente os jovens

cristãos lutam muito a fim de conservar a fé. Mas os nossos

queridos amigos saberão caminhar com Jesus nos recessos

da alma.

Mãezinha Dirce, a vida é a vida e ninguém morre.

Prossigamos sempre unidos, fazendo por todos os nossos

quanto nos seja possível em apoio e compreensão. Digo

nossos para lembrar os que se encontram mais intimamente

associados à nossa vida. Nosso querido Fernando(4) e nosso

querido Alexandre, com todos os mais crescidos são nossos,

nossos tesouros de trabalho, que nos ofertam as melhores

oportunidades de entender e ajudar, abençoar e servir.

Amigos aqui nos recomendam transmitir-lhe as lembranças.

Nosso Augusto é o companheiro invariável, dando-nos frente

e cooperação para que sejamos os irmãos contentes na

execução de nossa vontade de falar e de construir. Ele

abraça a nossa Dona Yolanda, afirmando que se acham

sempre juntos.

Senhor Abreu(5) comunica à nossa irmã Dona Laura a certeza

de que permanece ao lado dela, amparando a família,

especialmente ao filho Júnior. José Roberto beija as mãos

dos pais queridos; nossos caros irmãos Nasser e Nicolelo(6)

estão aqui associados às nossas preces, rogando a Jesus

pela felicidade dos pais queridos. Nosso Carlos Alberto, o

Toledo(7), compartilha de nosso contentamento, enlaçando os

pais no carinho de sempre e o nosso amigo Shabi(8) é aquele

coração irradiante, entre os pais abençoados, clareando o

nosso ambiente com um sorriso de paz e de luz, a encorajarnos

para o exercício do bem.

Muitos amigos outros estão presentes e a lista seria talvez

muito grande para a minha pequena capacidade de registrar.

Mãezinha Dirce, tenhamos fé para vencer, fé em Deus e em

nós mesmos. Um amigo ainda nos recomenda registro. É o

irmão Antônio, explicando às nossas queridas irmãs Dona

Yolanda e Dona Mafalda(9) que ele está colaborando para que

a saúde de Dona Mafalda esteja plenamente refeita.

Sei que os telerrecados de carinho cruzam nos fios de meu

pensamento... Por isso, peço a todos os presentes para se

sentirem lembrados amados auxiliados e sempre queridos.

Paizinho Severino e Mãezinha Dirce, recebam todo o amor

no reconhecimento do Tato que lhes acompanha os corações

com a fidelidade e com o reconhecimento de todos os dias.

Sei que ambos agora cabem nos meus braços. Aquele que

se desenvolveu nos braços dos pais queridos volve agora, de

regaço amplo para guardá-los juntos... Fiquem aqui, bem

aqui comigo, corações no meu coração e rezemos os três

juntos: “Pai Nosso que estais nos Céus”. Trago-lhes a luz que

me deram, a luz da oração que nunca se apaga...

E com as suas preces de amor, deixa-lhes o carinho total da

sua vida, com muito amor e com muita saudade, o Tato

sempre de vocês e sempre filho reconhecido,

CARLOS ALBERTO (TATO)

28 fevereiro 1976

PALAVRAS DO ALÉM

O recado do Dr. Marins coloca em evidente destaque a

limpeza da filtragem mediúnica.

Quando a mãezinha do psiquiatra se encontrava agonizando,

no Natal do ano passado, o Dr. Marins pediu ao espírito do

Tato que a amparasse no Plano Espiritual. E nessa

mensagem de fevereiro de 1976, dois meses após a morte de

D. Izaura, Carlos Alberto pede aos pais que digam ao amigo

médico ter ele ouvido sua solicitação, ao lado do corpo da

mãe, cujo nome inclusive cita na mensagem. O Chico não

conhecia a mãe do Dr. Marins, ignorava-lhe o nome e nada

sabia de seu falecimento...

Além dos já conhecidos, identificaremos os nomes lembrados

na mensagem:

1 - Dr. Marins - José Marins, médico psiquiatra de Santos.

Teve participação em JOVENS NO ALÉM, através de

interessante diálogo com o Carlos Alberto, logo em seguida à

sua desencarnação.

2 - D. Izaura - como falamos acima, genitora do Dr. Marins.

D. Izaura Rodrigues Marins desencarnou no dia de Natal de

1975, com 80 anos, em Santos.

3 - Piva e Iwaldo - companheiros do Tato, nas incursões pelo

Braille, como mencionamos nos seus Traços Biográficos em

JOVENS NO ALÉM. Piva é o José Maria Piva e Iwaldo, o

Iwaldo Ferreira Martins.

4 - Nosso querido Fernando - citado junto com o Alexandre,

já nosso conhecido. É outro primo do Carlos Alberto, o

Fernando Bonfim Mariana.

5 - Senhor Abreu, D. Laura e o Júnior - Serafim Pereira de

Abreu, falecido em São Paulo, em 1973. Sua esposa Laura

Moreira de Abreu também, juntamente com o marido, é nossa

conhecida de JOVENS NO ALÉM. Serafim Pereira de Abreu

Júnior, o Júnior lembrado pelo pai, é um dos filhos do casal.

6 - Nossos caros irmãos Nasser e Nicolela - Este é amigo de

infância de Nasser, já mencionado anteriormente. Com

apenas 6 anos de idade, Paulo Maria Vicente Perponi

Nicolela faleceu em 3 de julho de 1963.

Filho de Paschoal e Angelina Nicolela; sua mãe desencarnou

recentemente, em 31 de março de 1976.

7 - Carlos Alberto, o Toledo - Carlos Alberto de Toledo, filho

do Dr. Carlos Eduardo Toledo e de D. Olga Toledo. Morreu,

vitimado por acidente de moto, aos 22 anos, às vésperas do

Natal de 1969.

8 - Shabi - já apresentado na mensagem anterior.

9 - D. Yolanda e D. Mafalda - Mafalda Giudice é irmã de D.

Yolanda César. O irmão Antônio, pai de D. Yolanda, já é

nosso conhecido.

As avós a que se refere o Tato, Vovó Deolinda e Vovó

Pessoa também já foram apresentadas ao leitor em JOVENS

NO ALÉM. D. Deolinda Glianda da Silva, a avó materna,

reside em Santos e a Vovó Pessoa, sua bisavó materna,

Maria Josefa Pessoa dos Santos, faleceu em Portugal há

mais de 70 anos.

Entre tantas ponderações, junto à mãezinha, Carlos Alberto

no início de sua mensagem fala em casa de saúde,

observação feita ao fato de D. Dirce, alguns meses atrás, ter

ficado internada na Casa de Saúde de Santos, em

recuperação médica intensiva.

VI - JAIR PRESENTE

- Campinas - 10 de novembro de 1949

- Americana - 03 de fevereiro de 1974

Pais: José Presente e Josefina Basso Presente

Irmã: Sueli Presente.

A PRESENÇA DO JAIR

Estávamos no fim de tarde de uma segunda-feira de

Carnaval. O crepúsculo surgia e o Sol, imensa bola de fogo,

debruçava-se sobre a linha do horizonte, pintando as nuvens

brancas com suas radiações rubras.

Nossa visita ao Parque dos Flamboyants se encerrava;

cemitério moderno, assentado sobre colinas gramadas, com

alamedas de Flamboyants amarelos, cortando a relva verde,

o Parque não apresenta qualquer diferenciação entre os

jazigos, sendo estes representados externamente por uma

pequena placa de bronze com a identificação dos mortos.

É a necrópole, em essência, um bem cultivado jardim, onde

as flores depositadas pelos amigos e parentes dos mortos em

pequenos copos que ladeiam a lápide de bronze, compõem

com a grama cuidada e com os Flamboyants floridos a

própria imagem da paz que todos imaginamos para o

repouso derradeiro de nossos corpos.

A sepultura n° 841 traz o nome de Irineu Leite da Silva, citado

na mensagem de 19 de julho de 1975, de Jair Presente,

psicografada pelo Chico. Na mensagem o Jair diz que Irineu

“vestiu o paletó de madeira a 7 de junho”, pouco mais de 40

dias antes da mensagem psicografada a que nos referimos.

A citação que Jair faz do Irineu deu muito o que pensar. Sem

considerarmos que a família do Jair jamais ouvira falar de

Irineu ou de seus pais, e muito menos Chico Xavier tinha

qualquer informação a respeito desse jovem campineiro,

absolutamente desconhecido de todos, há que se destacar o

episódio que vamos relatar e que confirma mais uma vez, a

exuberância da revelação mediúnica.

Como o leitor amigo poderá observar na mensagem,

intitulada As Dicas do Fantasma-Sorriso, Jair conta que

estava presente no Parque Flamboyant, colaborando no

socorro dos recém-desencarnados, quando o Irineu foi

sepultado. Diz mais, que o Irineu estava em espírito, como

ele, junto do Chico e pedia aos pais Sérgio e Rita que se

consolassem.

Muito bem, após o recebimento da mensagem, a irmã de Jair

Presente, Sueli, procurou localizar a família do jovem Irineu,

já que nenhum dos presentes à reunião de Uberaba o

conhecia.

Voltando a Campinas, telefonou ao Administrador do Parque

Flamboyant, Renato Manjaterra, pedindo-lhe que verificasse

se no dia 7 de junho ou no dia seguinte havia o registro do

sepultamento de Irineu Leite da Silva. Consultando os

apontamentos, o Sr. Renato disse que não havia nada a

respeito de Irineu.

Como, pensou Sueli, Jair teria se enganado? Será que o

Irineu não existia? Para dirimir dúvidas começou a investigar

pelos jornais da época e eis que o Correio Popular, em sua

edição de 8 de junho de 1975, notifica o falecimento de Irineu

Leite da Silva, citando o nome de seus pais, Sérgio e Rita e

falando do sepultamento no Parque Flamboyant.

De posse do recorte do jornal, que reproduzimos adiante,

Sueli procurou o administrador do cemitério e mostrou-lhe a

notícia. Surpreso, Sr. Renato voltou aos apontamentos e

pôde constatar que nada encontrara a respeito de Irineu,

porque o seu primeiro nome havia sido escrito errado. No

diário de sepultamento constava a 8 de junho o nome de

Pirineu Leite da Silva e não Irineu. Engano perfeitamente

compreensível, pois no diário, segundo nos explicou o Sr.

Manjaterra, os nomes são anotados inicialmente por

informação telefônica, para posteriormente, de posse da

certidão de óbito, transcrever-se no Livro de Registro todos

os dados referentes ao sepultamento.

Aparentemente incompreensível, se não o entendermos à luz

do conhecimento espírita, é o fato de Jair ter falado no nome

correto de Irineu, quando no próprio cemitério seu nome

estava escrito errado. A seguir reproduziremos cópias de

documentos que exemplificam o exposto. Assim, o leitor

poderá analisar a publicação do Correio Popular, de 8 de

junho do ano passado, que serviu de ponto de referência,

para Sueli desvendar o equívoco, criado com a informação do

administrador do Parque Flamboyant. Adiante reproduzimos

também a página do livro de anotações diárias do cemitério,

com o nome Irineu rasurado, podendo-se observar

claramente a correção feita a posteriore.

Para complementação do estudo do “caso Irineu”

apresentamos ainda a página do Livro de Registro Geral de

sepultamentos, com o nome correto, baseado na certidão de

óbito, e um fac-símile da certidão de óbito, para que se

confrontem os dados referidos pelo Jair na mensagem, ou

seja, o nome completo do Irineu, o nome dos seus pais, o dia

do óbito e o local do sepultamento.

Como diz um de seus amigos, esse Jair não tem jeito

mesmo!!!

Esta publicação do Correio Popular foi encontrada, como

dissemos, pela irmã do Jair, depois que no Cemitério não

conseguiu informações sobre o Irineu.

Observe o leitor na Certidão de Óbito a confirmação dos

dados todos citados por Jair, através da psicografia de Chico

Xavier: o nome completo do Irineu, a data do seu falecimento,

o nome dos pais e o local do sepultamento.

O livro de registro diário dos sepultamentos apresenta o

nome Irineu corrigido, em retificação feita a posteriore pelo

Sr. Renato Manjaterra, administrador do Parque Flamboyant.

Foi o espírito de Jair Presente quem motivou a correção...

A seta indica o nome correto do Irineu, anotado no Registro

Geral dos Enterramentos no Cemitério, dados evidentemente

extraídos da Certidão de Óbito.

AS DICAS DO FANTASMA SORRISO

Minha querida madre, pater meu e minha sorela Sueli, somos

presentes dando presença. E não quero começar papeando

sem dar a Deus, nosso Criador e Pai, o respeito nosso.

O que há na paróquia é que vocês estão querendo aquelas

conversadas de espírito de família. E acontece que na cuca

do meu grupo a lembrança me bate forte. Não posso dar a

silenciada; é preciso falar, porque os nossos daqui me

permitem aquela boa gíria dos amizades fiéis.

As vezes, penso que é preciso acabar com essas dicas de

fantasma-sorriso; mas, e a vida que é nossa? e como deixar

de ser nós mesmos dentro da vida? Nesse sentido, minhas

palas são melhores, estou incrementado nos estudos para

retirar todos os meus grilos xexelentos. Quero carregar outra

moringa nos ombros. E o negócio é esse aí: se não trabalhar,

não entendo; se não entendo, não vale estudar.

Quando vim pra cá, percebi, de repente, que não passava de

sabereta, embrulhando muitas lições aprendidas aí em

bobagens que não tinham tamanho. Agora, vou tirando letra

em muita cousa que necessito guardar em mim para ser

melhor. Muita gente bem de nossas turminhas deram para

pensar que sou espírito vagau perdido na marginália. Pobres

meninos patetas que éramos; querendo inventar uma língua

nova, complicamos os comunicados nas melhores

comunicações.

Entretanto, para Deus o sentimento é que tem valor, o

coração é que fala. Posso latinizar as notícias da maneira

mais sofistique, mas, se não der de mim aquela sinceridade,

tou na lona da paranóia e isso eu não quero mais. Esse

negócio de dar fio nas patotas que mandam fumo ou

avançam no lesco-lesco dos comeretes a se arrancarem para

umas e outras é perigo na certa. Quero pensamento jóia para

falar mesmo, sem alinhavar as palavras fora da costura da

boa gíria.

Mandem-se para cá e vocês vão ver como é duro varar o

arco e virar a bola de pé pra frente no quadrado das notícias.

Assim sendo, vocês todos podem perdoar os cabeludos que

vieram pra cá sem preparação, bancando caretas nas lições

de Cristo. Perdão sim, porque seria difícil pra mim, falar

francês, no português brasileiro, exibindo qualidades que não

tenho.

De uma cousa, porém, vocês fiquem sabidos: é que já sei

que trabalhar para os outros é o caminho melhor. Digo isso,

embora esteja parado como nos tempos da Geografia,

explicando pro professor como se vai à Guiana Inglesa sem

nunca ter ido lá, nem pra inglês ver.

Já sei; isso é progresso. Disposição mesmo pra fazer o que

sei, penso que só amanhã. Apesar de tudo, Sueli, digo a

você: mediunidade é servir para sermos servidos. Todos

precisamos de alguma cousa. Estender as mãos para o

auxílio a quem sofre é o mesmo que receber outras mãos

que chegam do Alto pra carregar-nos sobre as lutas de cada

dia.

Para mim, caridade é o melhor negócio da vida. A pessoa

ajuda e recebe muito mais do que dá. Geralmente, querida

irmã, somos alguém a servir, mas a pessoa servida

representa em si um grupinho grande. E o grupinho se inclina

pra nosso lado e dá uma melhorada geral em nossos

caminhos. Aqui vejo muita gente fora da Terra aprendendo

isso! entregando benefícios e recebendo benefícios maiores.

Não estou ensinando você a paparicar Deus com papos

furados ou com caldos melosos de conversa amolecida na

adulação. Estou fazendo as palas do ato, porque o assunto

mais importante é agir mesmo.

Aqui está conosco o Joãozinho Alves e pede aos pais aquela

confiança em Deus que não desanima; ele está melhor e

mais forte. E outro amigo aqui ao lado de seu adoidado irmão

é o amigo Irineu Leite da Silva, um moço do fino que vestiu o

paletó de madeira em sete de junho passado. Estava eu

entre aqueles que trabalhavam no Parque dos Flamboyant

quando ele foi considerado de sono eterno. Mas acordou

junto de nós e está bem; pede para que os pais Sérgio e Rita

se consolem.

Afinal de contas essas paqueradas da morte acontecem com

qualquer um. E os caras do mundo precisam contar com isso.

Não queremos que ninguém morra. Queremos que todos os

nossos irmãos do mundo, transitem por todos os consultórios

de plástica, tirando sarro nas rugas que chegam com as

janeiradas, de natalício a natalício. Desejamos que todos

cheguem aqui mambeando de velhice, sem coragem de olhar

pros retratos solenes de vinte ou quarenta anos de

retaguarda; mas esse debi da morte é um estripitisi de

amargar. Dizemos amargar porque só colocamos giló nesse

assunto, com tanto choro de lado que os panos do último dia

é que são mesmo de amedrontar qualquer um. Pensemos na

morte com fé em Deus. Afinal de contas, aí no mundo quem

dorme está sempre treinando para ressuscitar.

Meu pai, abrace Sérgio, Wilson e todos os meus sócios de

pensadas e notas. Não creio que a rapaziada esteja

acreditando muito no que digo. De vez em vez, escuto algum

deles a dizer — “Mas esse Jair não tem jeito, não”. Mas isso

é bobagem da grossa. Quem tem mesmo jeito para melhorar

e consertar é só aquele Cristo, amoroso e bom de todos os

dias. Mas, isso é isso. Se fosse eu o vivo da história, talvez

não acreditasse no amigo morto e ficaria ainda mais vivo, se

ouvisse mensagens dos que houvessem caído em algum

barato do pró-terra-de-pedra e cipreste, antes de mim.

Sueli, aos corações do Grameiro, o meu “muito obrigado”;

aos companheiros do Grupo de Meimei, aquela saudação

embandeirada de preces pela felicidade de todos.

Agora é parar. Terei falado o que não soube dizer. Estava

com saudade de dar uma falada com vocês e dei papo. Deus

me perdoe, é o que peço. Entretanto, vamos deixar

seriedades pra Iá e vamos dar aquele abraço da finalizada.

Pai, mamãe, Sueli, estou feliz vendo vocês unidos. Tchau pra

vocês. Tudo de bom. Noite calma e tempo de bênçãos.

Ponho aqui a saudade pra quebrar. Um beijão do filhote

adoidado e do irmão agradecido, mas que lhes oferece

nestas páginas o maior amor da paróquia.

JAIR

19 julho 1975

IRINEU OU PIRINEU?

Quatro meses após sua última mensagem, publicada em

JOVENS NO ALÉM, Jair Presente volta com sua

comunicação fácil. É o rapaz alegre, simples que conversa

conosco, através da escrita mediúnica. Assim é que suas

páginas são invariavelmente carregadas na pontuação

repetitiva, servindo os pontos e as vírgulas, mais numerosos

que no habitual dos textos, como elementos ativos de

caracterização de um bate-papo completamente informal. Ao

lermos as palavras de Jair, temos a impressão de estar

ouvindo-o, em conversa gostosa e descontraída.

Também o tempo maior de experiência e adaptação no Plano

Espiritual, e na utilização da psicografia, como meio de

intercâmbio conosco aqui da Terra, tornaram o Jair mais

arguto em suas observações, de tal forma que o leitor

encontra na leitura da mensagem muitos conceitos de rara

oportunidade.

Na análise desses conceitos, não nos vamos deter, posto que

a exposição de Jair está muito clara e objetiva. Vamos, sim,

estudar os elementos de identificação da mensagem,

evidenciando mais uma vez a mediunidade de Chico Xavier

brilhando na clareza meridiana dos fatos.

Quando diz que “aqui está conosco o Joãozinho Alves”, Jair

se refere ao jovem falecido em acidente rodoviário na Estrada

Campinas-Paulínia*.

Irineu Leite da Silva que Jair diz ter socorrido no Parque

Flamboyant, já foi identificado anteriormente com seus pais,

Sérgio e Rita. O quiprocó havido com Irineu no cemitério foi,

cremos, uma lição autêntica da Espiritualidade para nós, pois

tivemos uma série de comprovações irrefutáveis.

* Naturalmente por motivo de convicções religiosas os familiares do Joãozinho

não desejaram identificar-se. Pelas mesmas razões deixamos também de

oferecer detalhes a respeito do acidente.

Assim, a citação do nome de Irineu Leite da Silva e de seus

pais, embora não houvesse um conhecido sequer da família

em Uberaba, durante a reunião em que Chico recebeu a

mensagem: a referência do dia do óbito - 7 de junho - sem

que nem ao menos o administrador do cemitério o tenha

identificado, quando procurado inicialmente pela irmã do Jair,

para tentar obter dados a respeito do Irineu: a menção

correta do cemitério em que Irineu foi sepultado, quando há

três cemitérios em Campinas, são realidades que nos dão o

que pensar.

Mas não ficam aí as travessuras mediúnicas do Jair. Quando

diz: “Mas esse Jair não tem jeito, não”, referindo-se às

observações jocosas dos amigos, a família Presente confirma

que um de seus amigos disse textualmente isso, numa

ocasião em que comentavam suas páginas psicográficas, em

reunião familiar. Sem dúvida, o espírito de Jair estava

presente a essa reunião.

Ao fim da mensagem, o jovem fala em Grameiro e no Grupo

Meimei. Trata-se respectivamente do Movimento Assistencial

Espírita André Luiz, conhecido como Casa da Sopa do

Grameiro, nome do bairro onde se localiza a instituição e da

Casa da Criança Meimei, entidade beneficente, também de

Campinas.

Jóia, genial mesmo, são as despedidas de Jair: “Um beijão

do filhote adoidado e do irmão agradecido, mas que lhes

oferece nestas páginas o maior amor da paróquia.”

PAPO INFORMAL

Queridos pais, Sueli, campineiros em família, pensemos em

Deus.

Estamos aqui.

Não quero dizer que estou deixando cair a minha milonga.

Reconheço o rapaz pobre ou pobre rapaz que ainda sou. Mas

sou trazido a papear.

Não sei. Linguagem de moço careta desejando mostrar cara

e coragem. Creio só isto que tenho. A patota manda. E

manda que eu vire a bola do agradecimento; temos aqui

nossas madres, nossas melhores amigas e temos o nosso

editor.

Obrigado pelo rancho todo. Nosso grupinho está feliz. Um

livro de cartas e São Bernardo tirando letras no caprichado(1).

Amparo igual a esse, muito difícil. A companheirada está

lendo grande parte.

E muitos amigos balançam; será? não será? A perguntação

vai caindo nas cucas e os grilos vão desaparecendo. Creio foi

o Augusto quem falou em desengrilar. Pois a desengrilada é

um sucesso, uma parada legal. E a conversada principia no

silêncio. Os mestres diriam “diálogo”, nós preferimos papo

informal. O cara lê e a retomada de idéias vai começando.

Uma luta boa esta.

Trocar palavras com livro já pronto(2). Esta é mesmo de livro.

Gente, vocês não calculam a satisfação. Rapazes realizados

no outro mundo, através de mensagens mais ou menos

birutadas. É um plá sensacional. E agradecemos. É isso aí.

Levar o couro para as redes. Formar times novos. Partidas de

paz e amor em que as nossas pensadas consigam dar um

chega-prá-lá nas idéias negativas. Um mundo novo está

nascendo. Acredito que muita oportunidade de trabalhar vai

aparecer, pra todos, pra nós todos(3).

Estamos por aí cansados de barulho e massacre. Temos

sede de Deus. Admitimos isso aqui. Não é o caso de se

tentar a novidade com erva no crânio, por dentro da moringa

esquentada de tantas saberenças.

O negócio é não dar aquelas de alucinados e olhar

serenamente nos problemas. Nada de sermos reclamões.

Aceitar as dificuldades e procurar examinadas de perto.

Se pudesse dizer quanto estamos incrementados com o fato

de dar papos mediúnicos, falaria de quanto nos achamos

todos ouriçados para estudar e mostrar uma trabalhada

geral(4). Mas a gente vai pouco a pouco, no degrau por

degrau, no passo. Assim é que é; sem isso, ficaria a gente no

deixa-estar-como-está – para ver como fica.

Repito nossa gratidão ao amigo Rolando e associados(5). A

diretoria do nosso basquete brilhou. Não entendo muito de

orações por enquanto, mas já sei falar qualquer cousa com

Deus. E peço a Deus nos faça jambrar nesse campo de luz.

Realizar a realizada, fazer o que deve ser feito.

Sueli, muito obrigado pra você. Você tem mostrado como

podemos fazer força. Você está outra. A fé mudou seu rosto

e fez plástica em meu pai e em minha mãe.

Você, irmã, está irradiando fé no sorriso. Parabéns! Isso é

jóia. Procuremos estar no trabalho, enquanto o repouso não

for necessário como remédio. Uma colher de chá de cadeira

para um bule quilométrico de serviço. Este é o papo firme.

Agradeço a sua coragem no cemitério. Até hoje conhecia os

pró-terra-dos-novos vivos por lugares de paúra. E você

aclarou o nosso prezado Manjaterra(6). Bom amigo arrepiado

e correto que nos ajudou. Você fez bem, formulando

pesquisadas; Irineu e Pirineu e outros cupinchas são amigos

queridos. E vamos pra frente. Acender luz nos pensamentos

sem espanador para as teias de aranha do nosso mundão.

Peço à nossa madre Galgani(7) abraçar o nosso caro Sérgio.

Do Jair primo(8), posso dizer me está bem, ainda de leito.

Chegou até nós desbaratinado, mas as melhoradas estão

chegando. É isso, irmã. Cada qual chega por aqui de um jeito

ou de outro.

Nossa irmã Elizabeth e nosso companheiro(9) choram os

filhos. Pensem no tempo em que eles não existiam aí pra

nós. Isso dá consolo, conformadas gerais. Marcelo e o

irmão(10) foram trazidos para cá com a finalidade de melhora.

Quem sabe o amanhã? Poderão voltar e voltar em casa

mesmo. Pra isso, é preciso paz e alegria. O choro é bom

quando agradece. Só pra esse fim, porque nos outros cantos

do assunto é um tal de queimar por dentro e por fora da

criatura que o carvão de tanto incêndio não está no gibi da

vida.

Aqui nos ensinam que a noite pode ser uma roupa de sombra

para a Terra, mas o Sol não concorda com isso e toda manhã

veste a Terra de luz em nome de Deus.

Façamos força. A luta pro bem é a luta de que ninguém deve

dar as de vila diogo. Permanecer firmes e deixar cair o

granizo da prova. Deus quer o bem e a Lei de Deus é sempre

o bem.

Nossa irmã Regina(11) - Maria Regina, apelou pra nós. Peçam

àquela menina coragem. O pai não morreu; foi transformado,

mas estará no eito de enxada nas mãos. Não esquecerá

mulher e filha. Estará no batente, protegendo e trabalhando.

Os amigos, dois deles, da cidade do prestimoso Coronel

Norris(12), estão conosco neste momento. Luiz pede calma(13)

e esperança à nosso irmã Jocelyna e está acompanhado pelo

irmão Medon(14) que dispensa ao rapaz todo o carinho. E o

Amaury diz aos pais(15) que tem estado no ponto, dando

presença. Ainda não acertou os meios de falar por aqui, mas

prossegue com aquela dedicação junto dos pais amigos que

endereçam a ele aquela ternura. Diz que tem dado as

colaboradas possíveis pela irmã — não sei se ouço bem, no

entanto, imagino estar ouvindo as palavras “de

Catanduva”(16).

Tantos companheiros presentes, mas é o fim do papo de

hoje. Amanhã será um dia consagrado a quem não existe:

“os mortos”. Deixarei o cuntrunco para dar aquela de Viajante

nas pedras. Não sei se ofendo os bons costumes; no entanto

as palavras “descanso eterno” nos cemitérios são a maior

piada da paróquia.

Procurem doar o que puderem pros vivos de nosso mundo. O

que puderem: flores, velas, preces ou até mesmo “lágrimas”.

Façam o que quiserem, mas auxiliem a alguém naqueles

nomes de que se recordam. Um pão para quem está de

panela vaga, uma peça de roupa usada para quem já não

agüenta alfinete e remendo. Oi, gente, caridade pros vivos de

cá, porque ocês todos tão na onda e a praia pode estar perto.

Digo isso desejando a todos a melhor velhice possível, com

aposentadoria no movimento do bem.

Meu pai, querida mãe e querida Sueli, agora um beijo.

Augusto traz, diz ele, aquele abraço das melhores

telefonadas para a mamãe Yolanda e, os companheiros de

livro, Tato e Vadeco lembram as famílias.

Todos os amigos sempre bacanas do nosso empório de

comunicações espalham aqui saudações e saudades,

agradecimentos e lembranças.

Tchau pra todos. Progresso pro geral aqui na sala. E por aqui

estou indo pra frente com aquela esperança de rapaz

adoidado, agora repleto de sentimentos diversos: cuca nova

e melhor coração com o nosso admirável Jesus.

Té logo pra vocês, meus amigos. E digo isso com o

pensamento em Jesus. Seja Ele quem inspira e compõe os

assuntos, porque de mim mesmo, do pobre rapaz Jair

Presente, sei que estou presente, mas não sei se disse, nem

se falei.

JAIR

01 novembro 1975

PAPO NO DIÁLOGO

O titulo Papo Informal é a nossa homenagem ao Jair que

estabeleceu na comunicação mediúnica singular inovação,

juntamente com o Augusto, de conversar com os jovens da

Terra na linguagem que lhes é familiar. Jair, nessa

mensagem, teve o cuidado de ressaltar que ao invés de dizer

diálogo prefere falar em papo informal, despojando assim a

sua comunicação de qualquer barreira que a poderia tornar

mais refratária no entendimento com os jovens.

Reconheçamos que em Papo Informal, Jair Presente esnoba

mesmo em citações, deixando, talvez, o próprio médium,

abismado com tantas revelações, a despeito de familiarizado

com as noticias do Além.

Vamos na seqüência da mensagem identificar as revelações

do Jair, elucidando uma que outra passagem para facilitar a

compreensão do leitor.

No início, observamos várias referências ao recente

lançamento do livro JOVENS NO Al TM Assim, os números

indicativos de (1) a (5) falam do livro, estando presente no dia

da recepção dessa mensagem, em Uberaba, o Sr. Rolando

Ramacciotti, citado pelo Jair como editor, logo nas primeiras

linhas.

Depois surgem as citações, tão numerosas e ricas, que

somente as podemos compreender com clareza à luz da

afirmação espírita de que após a morte os mortos se

comunicam com os vivos, em constante interligação entre o

Além e a Terra.

Vejamos os dados:

6 - Nosso prezado Manjaterra - Renato Manjaterra,

administrador do Cemitério Parque Flamboyant, já

identificado no episódio “Irineu ou Pirineu”. Quando diz Jair:

“bom amigo, arrepiado e correto”, o espírito do jovem

campineiro confirma o que ouvimos do Sr. Manjaterra, de que

diante das complicações ocorridas com o “caso Irineu”,

realmente ficou arrepiado.

7 - Madre Galgani - Rosalina Galgani, mãe do Sérgio, amigo

íntimo de Jair que considerava D. Rosalina como uma

segunda mãe, daí dizer “Madre Galgani”.

8 - Do Jair primo, posso dizer que está bem - Fala Jair de seu

primo Jair Linhace que também desencarnou na Praia Azul,

muito próximo do local onde anteriormente Jair Presente

havia falecido.

Jair Linhace morreu com 29 anos, no dia 22 de junho de

1975. Residia em Jundiaí; casado com a Sra. Sueli Emple

Linhace, era filho de Paulo e Letícia Linhace.

9 - Nossa irmã Elizabeth e nosso companheiro - Trata-se de

Elizabeth Maria Franco Lacorte e João Lacorte, residentes

em Campinas. Os filhos, muito crianças ainda, faleceram com

intervalo de um mês e meio São citados abaixo.

10 - Marcelo e o irmão - Marcelo Luiz Franco Lacorte,

falecido aos 2 de agosto de 1975, na capital paulista, com 6

anos de idade e Eduardo Augusto Franco Lacorte que morreu

logo depois, a 20 de outubro, com pouco mais de 2 anos.

11 - Nossa irmã Regina - Maria Regina Rodrigues de Castro,

jovem que perdera o pai, Armando Rodrigues de Castro, em

15 de julho de 1975, em Campinas.

12 - ... da cidade do prestimoso Coronel Norris - Refere-se

Jair a Americana, fundada pelo Coronel Robert Norris, oficial

norte-americano que veio para o Brasil no século passado,

descontente com o desfecho da Guerra da Secessão,

participante que era das milícias dos estados separatistas do

sul, derrotados pelas forças constitucionais de Abrahan

Lincoln.

13 - Luiz pede calma - Luiz Bianco Neto, falecido aos 18 anos

na Via Anhangüera, próximo de Americana, no dia 16 de

janeiro de 1972. Seus pais residem em Americana - o Dr.

Jessyr Bianco, advogado e jornalista e a Sra. Jocelyna

Medon Bianco. Curioso notar que a mãe do Luiz, D. Jocelyna,

é conhecida pelo apelido de Joyce, de tal modo que poucos

Ihe sabem o nome correto. Como o Jair foi descobrir que D.

Joyce se chama realmente Jocelyna não é fácil de entender...

14 - Irmão Medon - Eduardo da Silva Medon, avô materno do

jovem Luiz Bianco Neto, falecido em Americana no dia 28 de

dezembro de 1967.

15 - E o Amaury diz aos pais... - Amaury Aparecido Godoy

Gallinari, estudante do 2° ano de Medicina em Catanduva.

Filho de Gelio Gallinari e de Alda Aparecida Godoy Gallinari.

Amaury desencarnou com 19 anos, no dia 25 de junho de

1972, em acidente na Via Washington Luiz, próximo a

Taquaritinga. Era um domingo e Amaury voltava de

Americana, onde residia, para Catanduva, em atendimento

aos compromissos universitários.

16 - O Jair descobriu a ex-namorada do Amaury em

Catanduva... — É a Srta. Marisa Pelegrino que nos autorizou

a citação de seu nome, para melhor esclarecimento do texto.

Permitam-nos lembrar duas tiradas sensacionais do Jair,

nessa mensagem. A primeira é quando, valorizando o

trabalho, ele diz que papo firme é “uma colher de chá de

cadeira para um bule quilométrico de serviço”. E a segunda,

palavras de otimismo aos pais saudosos dos filhos queridos

mortos, encerra vigoroso ensinamento, a respeito da

presença de Deus em nossas vidas. Fala Jair: “Aqui nos

ensinam que a noite pode ser uma roupa de sombra para a

Terra, mas o Sol não concorda com isso e toda manhã veste

a Terra de luz, em nome de Deus”.

Essa vigorosa metáfora do Jair, pelo peso de sua significação

mais profunda, nos leva a Vianna Moog que concentra a

força de expressão semelhante no encerramento de seu

ensaio sociológico, Um Rio Imita o Reno, ao falar de feixes

de luz que “entravam em jorros pelas janelas, espancando as

sombras que se tinham adensado naquela sala, havia pouco

ainda, povoada de fantasmas”.

BILHETE DE IRMÃO

Querida Sueli, este bilhete é seu. Papo engrenado de irmão

para irmã.

Peço a você: nada de fossa, tristeza já era para quem

conhece o que conhecemos. Não se deixe levar na conversa

furada que vem das bandas onde o vento encosta o lixo. Digo

a você de orelhada. A vida não quer ferrugem, muito menos

na cabeça.

Não quero dizer a você, irmã, para se fazer de gata

borralheira, querendo o papel de cinderela. Não é isso; o

negócio é viver, prestigiando a vida. Olhe pra frente. E

quando o azarão apareça nalguma quina de casa ou rua,

diga “jóia” e mande a bola para diante.

Penso que você parece estar encontrando papai bravo, mas

peço uma revisada; papai é amigo e amigo daqueles que

significam ponta firme. Você sabe, irmã. Mundo novo é

mundo velho. Terra é terra. E de qualquer modo somos

espíritos, catando progresso na estrada que, às vezes, pouca

gente procura ver.

Não inveje a estrada de quem se diz livre para pensar; vejo

muitas dondocas e goiabinhas empinando cotovelos. Lar

mesmo, poucas irmãs estão desejando. E sem lar, a Terra é

aquele mundo velho sem porteiras.

Espere o melhor. Resista. Aqui, viemos reconhecer muita

cousa estragada nas mesas em que varamos tempo. Horas

não somente vazias, claramente ocupadas de loucura e

bobagem. Agradeçamos a Deus a casa em que nascemos.

Recorde aquela peça engraçada: toda moça (na peça

dizíamos donzela), toda moça tem um pai que é uma fera.

Creia, irmã, a jaula bem guardada vale mais que certos

picadeiros. Sabemos. O circo é uma escola de bênçãos; o

palhaço é um benfeitor, mas na arena da vida humana

aparecem picadeiros de amargar. Não me acredite promovido

a pregador. Continuo na minha, entretanto, isso não quer

dizer que não estou procurando as melhoradas.

Você não precisa chegar aqui com as minhas necessidades.

Não dê bola para certas badalações, nem se aflija se alguém

considerar você idiota ou abobalhada. Mais livros, mais

instruções, mais trabalho, mais dedicação ao próximo, curam

qualquer fossa para que não estejamos fossilizados na

ignorância. Você está com os nossos amigos do Grameiro;

aquela comunidade está crescendo jóia. Não se desligue do

serviço e güenta as pontas com mamãe anjo e papai

agarrado; tudo vai bem.

E olhe. Sexy é problema difícil que não deve impressionar a

ninguém. Muito melhor aguardar soluções do Alto, através de

silêncio e de prece, que montar banca de aflição por dentro

de nós. Agir nas precipitadas nesse assunto não passa de

entração canuda. Muita gente nossa, de nossas chamadas

faixas etárias, pensa que resolveu nesse desafio, e apenas

se transfere para a fumaça, quando não segue para o

Viracopos, sem desejar ferir nosso aeroporto. E dos vidros

tilintantes muitos amigos vão indo, vão indo até que acordam

em pererecos e salseiros, com presença de errepê e

cobertura de dona justa...

Sueli, casa é paz e amor, casa é bênção e segurança e,

quando Deus permite, a gente aí deslancha de casa para

fazer nova casa e viver no caprichado; largue a tristeza e

deixe a sua esperança crescer.

Um abração para o David. Creio que fiz sentir ao amigão que

ele não anda esquecido. David é aquele companheiro que

fica na cuca, fazendo o pensamento jambrar na saudade,

mas saudade para nós é certeza de que tudo dará certo.

Querida Sueli, receba com meu pai e nossos irmãos aquele

carinho que não esmorece; guardo você com muitas cores de

alegria no coração. Você, irmã, é nossa estrela, por isso é

que não estou aqui para rachar o plá com você, mas sim para

confirmar à sua confiança que o irmão está aí... E você sabe:

Terra é isso aí: luta e mais luta a fim de que a gente aprenda

a vencer para o bem.

Com você, irmã querida, um beijão e um tchau na moldura de

muito carinho do seu

JAIR

14 fevereiro 1976

ABRAÇO EM CAMPINAS

Conselhos à irmã, discussão de problemas que dizem

respeito ao grupo familiar, muito mais do que isso, na página

ora analisada, Jair faz observações francas e diretas aos

jovens, como diz ele, “de nossas chamadas faixas etárias”.

Quando Jair fala em Viracopos, refere-se à região de

Campinas, onde se circunscrevem irmãs nossas envolvidas

nas tramas do sexo, mutilando as mais caras esperanças na

edificação de lares felizes, com o sexo desvinculado da

afeição e da afinidade e ligado a tristes conseqüências.

Prudentemente, Jair ressalva que não se trata do Aeroporto,

igualmente chamado de Viracopos.

O alegre espírito de Jair termina a mensagem dando “um

abração para o David”, complementando “creio que fiz sentir

ao amigão que ele não anda esquecido”. Esta referência ao

David merece comentário. Quando Francisco Cândido Xavier

esteve em Campinas, no dia 25 de janeiro de 1976, em Tarde

de Autógrafos, solicitou a Sueli que localizasse o David

Badur, a pedido do Jair que tinha um recado para ele.

Sueli não sabia quem era o David Badur e, consultando

amigos do irmão, descobriu tratar-se do David Brihi Badur Jr.,

filho de David Brihi Badur e Henriqueta R. Vassão Badur,

residentes em Campinas. Procurou o David que se

encontrava viajando, mas os pais se interessaram em

conhecer o Chico e foram até o Teatro Castro Mendes, onde

se realizava a Tarde de Autógrafos. Chico lhes disse que o

Jair queria cumprimentar o David porque aquele dia - 25 de

janeiro - era o seu aniversário...

A pergunta que nos fazemos é a seguinte: Como pode o

Chico chegar a uma cidade de 600 mil habitantes, perguntar

à irmã do Jair Presente por um David de quem nem a família

Presente se lembrou de momento, mas que acabou sendo

identificado pelos outros amigos do Jair e que não ganhou

abraço de aniversário, por estar viajando??

VII - WADY ABRAHÃO FILHO

- São Paulo - 16 de fevereiro de 1956

- São Paulo - 06 de julho de 1973

Filho de Wady Abrahão e Jandira do Amaral Abrahão

Irmã: Axima Abrahão de Oliveira, casada com Wilson

Benedito de Oliveira

A VISÃO DO Sr. WADY

Certa noite, deitado, com as luzes do quarto já apagadas, o

Sr. Wady Abrahão cismava, ainda de olhos abertos, enquanto

ao seu lado a esposa dormia.

Súbito, pela porta do quarto entra o Wadyzinho, alegre, jovial,

exatamente como ao tempo em que era vivo. O pai,

arquitetou, então, em rápidos segundos, um plano

fantástico...

Tentaria agarrar o filho, no momento mais oportuno; assim,

reteria em seus braços o companheiro tão querido que o

destino lhe roubara do convívio.

Quieto, sem mexer-se, o Sr. Wady acompanhou o filho que

foi até o lado em que a mãe repousava, beijou-a

carinhosamente e voltou-se para o pai que a essa altura já

escorregara pela cama, ficando em pé, sorrateiramente, para

alcançar os seus secretos objetivos - agarrar o filho morto.

Recebeu estático o abraço do Wadyzinho que, em seguida,

voltou para o lado da mãe e, em pé, sorria para os pais,

irradiando infinita alegria.

Era o momento azado... Calculando a distância, num salto

felino, o Wady pai pulou por toda a extensão lateral da cama,

direto sobre o filho que sumiu misteriosamente...

“Meu filho! meu filho!” - gritando freneticamente o pai correu

por toda a casa, acordando os familiares, mas não conseguiu

reter consigo o filho dileto.

Dois dias depois, em Uberaba, o casal recebe a mensagem

Presente de Aniversário, primeira dessa seqüência que

apresentamos do Wadyzinho. Na mensagem o filho diz,

quase ao final: “pois mamãe sabe que nos últimos dias pude

trazer a ela uma rosa em forma de beijo. Ao papai, abracei de

tal forma que ele propriamente me viu”.

Além do casal Abrahão, da filha e do genro, ninguém mais

sabia do ocorrido. Wadyzinho confirmou pelo Chico, que

desconhecia completamente o episódio, que realmente

estivera com o pai e que visão de olhos abertos fora

realidade. E se não conseguiu agarrá-lo é porque motivos

outros o impediram...

Este é o Wadyzinho que nós reapresentamos no livro, após

sua participação em JOVENS NO ALÉM. O mesmo filho,

carinhoso, amigo, devotado servidor de Jesus,

constantemente perto dos familiares queridos, ainda que

correndo o risco de ser agarrado...

Se o pai não conseguiu vê-lo no túmulo, através das noites

intermináveis de convivência, como se recorda o leitor de

JOVENS NO ALÉM, viu-o, contudo, em sua própria casa,

dois anos depois.

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Querida Mãezinha, meu querido pai, meus queridos Axima e

Wilson.

Primeiro Deus em nosso encontro. E a Deus reafirmo os

votos de sempre por nossa paz.

Roguei aos benfeitores espirituais a vez necessária para

falar. Tomei o lápis, com aprovação. Estou aqui, mãezinha,

desde ontem, ao lado de vocês, para felicitá-la. Deixei a

reunião com amigos diversos e os nossos amigos da Vida

Superior me observaram com tanto desejo de saudá-la, no

amanhecer deste maravilhoso dia, que me permitiram

solicitar à nossa irmã residente em Goiânia, para cooperar

com o seu filho, na mensagem de uma rosa.

Nossa irmã Augustinha atendeu e confiou. Meu Deus, isso foi

uma bênção de felicidade para o seu Wadyzinho. Consegui

fazer-me visto, entregar a flor em espírito e aqui estou

completando: receba, Mãezinha querida, o meu abraço de

parabéns. Aniversário de mãe é luz para os filhos.

Compartilho a nossa festa do coração e peço a Jesus lhe

acrescente as primaveras de força e esperança, alegria e

paz.

Agradeço às nossas irmãs de Goiânia que através das

vibrações iluminadas de amor, me favoreceram com os

recursos de aproximação. Com isso, Mãezinha, desejava

começar as felicitações do seu querido natalício com as

estrelas.

Acreditem. As lágrimas me sobem do coração para os olhos.

Lágrimas de reconforto e de alegria.

Se posso, meu pai, peço-lhe me auxilie com um presente de

imenso valor para mamãe, para mim e para os seus filhos

Wilson e Axima. Hoje, mãezinha aniversaria na Terra.

Amanhã, o seu Wadyzinho está contando primaveras na Vida

Espiritual. Dê-nos uma festa, papai. Essa alegria será a

alegria de vê-lo com o tratamento indispensável à saúde.

Queremos sentir-lhe a tranqüilidade e a segurança.

Sei. Sei que para nós e especialmente para Mãezinha, a sua

presença no mundo, chefiando a família, é a presença de um

anjo protetor. Sei que tudo devemos fazer para abençoar as

suas horas, regozijando-nos com a bênção de suas atitudes e

providências que são sempre recursos maiores para a

garantia da nossa felicidade.

Mas, o corpo na Terra é comparável a um barco. O plano

físico é um grande mar. A existência é uma travessia

laboriosa. As provas são tempestades. Os desgostos e

contratempos são agressões de forças que desconhecemos

nas águas pesadas, sobre as quais a nossa viagem se

processa, dia por dia. As tentações são as rochas ocultas que

precisamos evitar e contornar, a fim de não interrompermos a

execução dos planos de caminho que nos compete observar.

E a luz que nos orienta; no campo das horas, é Jesus, meu

querido pai, Jesus que nos apresenta os roteiros certos. E de

Jesus recebemos os companheiros mais certos e mais

adequados ao êxito da nossa jornada, porque Jesus espera

de nós serviço e cooperação, confiando-nos as afeições

queridas que se mostrem capazes de nos oferecer apoio e

cobertura ao êxito nas tarefas que nos assinalam a viagem.

Por isso mesmo, querido pai, o corpo é um barco que

precisamos reparar quando em avaria e proteger sempre a

fim de que não venha a soçobrar. Sem dúvida, seu filho

compreende. Estivemos doentes de saudade na separação

uns dos outros. E digo estivemos porque a fé viva dissipou as

sombras e estamos de novo juntos pela certeza de que a vida

é a lei que se oculta na morte. Rogo, assim, a sua adesão

aos nossos desejos.

A medicina é uma ciência de Deus para sanar nossos males

ou diminuí-los, quanto possível, segundo as nossas

necessidades. E Deus nos quer felizes e valorosos, tranqüilos

e animados para o serviço à frente. Trate-se, papai. Se eu aí

estivesse diria - “meu querido coroa, não podemos cair aos

pedaços” - e sei que você me ouviria. Agora, porém, quase

que não posso brincar assim tanto. Mas fico embananado

com essa situação. Precisamos que você se mande para fora

dessa doença de saudade que já nos deixa a todos

incrementados com tantos pedidos. Confiamos em você e

não se afaste de nossa enfermagem espiritual.

Não se mantenha longe de nossas reuniões. Olhe, meu pai.

É justamente com os outros que recebemos o socorro maior.

Lembre-se da nossa oração de São Francisco: “é dando que

se recebe” Junto de nossos irmãos da família humana é que

podemos entrar nesse câmbio bendito. Auxiliar e sermos

auxiliados. Querer bem aos outros para sermos queridos. E

festejemos todos a alegria de estarmos juntos. Rogo a você

não forçar a porta da vinda para cá. Isso nos complicaria

muito.

Recebi as suas solicitações, antes de virem. Você, pai

querido, me pediu sinais. E os maiores são estes: alimente-se

como é preciso, use os medicamentos de apoio com a devida

orientação, procuremos o socorro espiritual da nossa casa de

preces e fique alegre. Já sei toda essa história de nossas

ansiedades aí, para abreviar a saída em viagem. A pessoa

não toma qualquer medida violenta, mas vai largando o barco

nas ondas. Hoje, não receber a assistência precisa; amanhã,

fugir do tratamento; depois de amanhã, escolher um caso

qualquer para desespero; depois, um motivo para tristezas

forçadas e, a pouco e pouco, gemendo e fugindo aos outros,

a pessoa parece que se vai enquadrando para o passaporte

em madeira. Nada disso conosco, pai. Jesus nos quer felizes

e trabalhando para sermos mais úteis, sempre mais úteis.

Aqui estamos vários amigos presentes, Augusto, Tato, Jair e

eu. A turma. Ontem, Cláudio, Valmir, Wellington e eu. A

quadra prossegue. Augusto beija a nossa irmã Yolanda com

aquela ternura e nós todos aguardamos o livro. É curioso.

Quanto mais recebermos em vibrações de simpatia, mais

fortes nos sentiremos. E a estrada para diante de nós é cada

vez mais luminosa e mais linda.

Rogo digam aos amigões Cláudio, Valmir e Wellington,

especialmente, que a vida só é difícil para quem deseja o que

é fácil, e só é pedra para quem gosta de se encarangar em

moleza. Wellington precisa dedicar-se mais aos livros.

Estudar é formar-se e formar-se é realizar-se para servir com

mais segurança. Estudar no colégio e em casa, no trabalho e

na vida. Esse negócio de provas somente em lições de

escola, já era. As provas para estudo de nosso espírito se

verificam todos os dias. E todos somos professores uns dos

outros.

Esta carta vai longa; no entanto, quem escreve letras

compridas é porque não sabe explicar curto. Tenhamos

paciência.

Temos aqui uma companheirinha que nos recomenda

transmitir muito carinho e saudade ao papai, nosso irmão

Pedro Biondi. É a nossa irmã Flavinha cuja solicitação devo

satisfazer, embora sejam muitos os nossos amigos daqui

desejosos de se fazerem notados.

Wilson e Axima, queridos irmãos, continuemos unidos. Sem

pausa no trabalho, sem esmorecer na luta que nos prepara e

habilita, na maior compreensão. Não precisamos recear o

caminho a trilhar. O Senhor vai conosco. Confiemos em papai

melhor da saúde e mais tranqüilo.

A flor desta manhã foi precedida por outra – pois mamãe

sabe que nos dias últimos pude trazer a ela uma rosa na

forma de um beijo. Ao papai abracei de tal modo que ele

propriamente me viu. Como observamos, queridos irmãos

Wilson e Axima, estamos unidos sem adeus, sempre na

mesma ligação vidrada de família compacta.

E agora, com a nossa alegria em nosso templo de paz e

amor, a saudação aos amigos e irmãos grupo, com a nossa

querida irmã Guiomar à frente.

Tchau é a palavra. Um “tchau” recheado de abraços e beijos.

E agora, vou em meu carango – um carango de bênçãos por

me sentir feliz em vê-los todos felizes com a proteção de

Jesus. Continuemos na certeza de que com Jesus

venceremos em nós e fora de nós.

Meu querido pai, minha querida Mãezinha, queridos irmãos

Axima e Wilson e queridos amigos e companheiros

presentes, um abração do filho e irmão reconhecido, sempre

devedor de todos.

WADYZINHO

05 julho 1975

O SONHO E A ROSA

A página Presente de Aniversário foi recebida na manhã de

um sábado, 5 de julho, aniversário de Jandira do Amaral

Abrahão.

Na madrugada daquele sábado, uma senhora de Goiânia, D.

Augustinha – Augusta Soares Gregoris – em visita a

Francisco Cândido Xavier, sonhara com um jovem que lhe

pedia para entregar uma rosa branca à mãe que

aniversariava. D. Augustinha acordou sob o forte impacto de

sonho tão claro, providenciou a rosa e foi até a reunião

marcada naquela manhã pelo Chico. Lá chegando, contou ao

Chico o sonho e ele apontou D. Jandira, dizendo ser ela a

mãe do jovem que lhe aparecera em sonho e, realmente, D.

Jandira identificou o filho pela descrição feita por D.

Augustinha.

Wady, pouco depois, em suas páginas, agradece à senhora

goiana, por haver captado o seu desejo de presentear a mãe.

Outras passagens há nestas linhas do Wadyzinho, dignas de

estudo. Uma delas é a advertência do jovem ao pai, no início

da mensagem, sobre a necessidade de cuidar da saúde. O

Sr. Abrahão nos contou que o filho “acertou na mosca”, pois

realmente trazia uma úlcera na perna e, a despeito das

recomendações dos familiares, não se cuidava

propositadamente. Mais adiante o Wadyzinho pede ao pai

para não forçar a porta do lado de lá, clara alusão aos planos

de suicídio indireto a que se ligava o pai que, displicente com

a saúde, correndo a 160, 170 por hora com o carro, pensava

tão-somente em reencontrar o filho no Plano Espiritual.

Os diálogos do filho querido com o pai, através da psicografia

de Chico Xavier, muito transformaram o Sr. Wady, de modo a

encontrarmo-lo alegre, feliz, jovial, quando da entrevista que

com a família realizamos, para a elaboração destas páginas.

No encerramento da mensagem, Wady comenta: “A flor desta

manhã foi precedida por outra – pois mamãe sabe que nos

últimos dias pude trazer a ela uma rosa em forma de um

beijo. Ao papai, abracei de tal modo que ele propriamente me

viu”. É referência ao que comentamos com o título de A Visão

do Sr. Wady.

Cláudio, Walmir, Wellington, são os seus amigos de colégio,

Cláudio Marcelino da Silva, Walmir Carotnuto e Wellington

Gloedem Soares. O Wellington confirma que realmente

estava encostando o corpo com relação aos estudos, como

fala o Wady.

Flavinha é a Flávia Canzi Biondi, filha de Pedro Biondi e

Margarida Canzi Biondi, residentes em São Bernardo do

Campo. Flavinha faleceu em Santos com 2 anos de idade, no

dia 6 de junho de 1972.

PALAVRAS AOS PAIS

Querida Mãezinha, meu querido pai e querida Axima, com o

nosso caro Wilson. Um pensamento de respeitoso amor para

Jesus, rogando a bênção d’Ele, nosso Divino Mestre, para

nós todos.

Perdoarão os corações amigos presentes se tomo o lugar de

tantos. Nosso amigo doutor Bezerra fez a escala no time da

fraternidade e da paz e sou eu, embora sem mérito, quem

deve escrever com as notícias do nosso campo de ação.

Venho, queridos pais, agradecer como sempre o carinho com

que fomos recebidos. Reportamo-nos às páginas que

começam a funcionar com o jornal do Além que a Bênção do

Senhor nos permitiu veicular, conjugando esforços. E a

mensagem que nos foi possível divulgar – a certeza de que

prosseguimos em outras faixas de trabalho no reino vibratório

em que todos existimos.

Diz o nosso caro doutor Bezerra: – “Fale, Wady, temos

conosco muitos pais que viram os filhos desaparecer da visão

física e que se encontram conosco, pedindo consolação. Fale

e diga que a morte não existe. Repita isso, porque a verdade

reclama semelhante operação. Trabalhemos para que a dor

não fira assim tanto...”

E obedeço, rogando aos corações queridos aqui intimamente

associados para que nos elevemos todos ao Alto, suplicando

a Deus nos fortaleça e nos abençoe. Estamos interpretando a

lição do samaritano. E penso, Mãezinha querida, que Jesus

teria refletido no futuro em que hoje nos surpreendemos,

observando tantos acidentes nas estradas do mundo. O

homem que viajava se via fora dos seus. Experimentou a

queda no pó e foi socorrido por alguém que nem mesmo o

conhecia.

E presentemente encontramos semelhantes quadros, em

tantos lugares, que efetivamente poderíamos definir essa

provação como sendo uma luta em toda parte. E temos os

corações dilapidados de pais e mães, de esposas e

companheiros, de irmãos e amigos, que se observam ralados

de angústia, aguardando a calma e a fé por remédios

providenciais que os arrebate à febre do desespero. É por

isso que agradecemos a Jesus a possibilidade de haver

endereçado as nossas páginas especialmente aos que

sofrem separação e tristeza à frente da morte.

Meu pai, minha mãe, é tão difícil levantar criaturas do

mergulho no desânimo! Entretanto, estamos todos juntos

para essa campanha de esperança. Aos poucos me integro

mais profundamente nessa caravana bendita de irmãos

empenhados no cultiva da fé. Entendemos que a imortalidade

é o comunicado central de Cristo, que não se esqueceu de

laurear a Sua Obra com a bendita demonstração da vida

eterna. E, em torno de Jesus, formamos fileiras,

condensando propósitos e pensamentos nas tarefas a que

nos consagramos para o reavivamento da convicção nos

ensinos inolvidáveis do Evangelho.

Compreendo que trouxe minhas bases da nossa querida

Comunidade Unida a Cristo. Mas tudo o que vou aprendendo

agora sobre comunicação, intercâmbio espiritual,

mediunidade e reencarnação, pode se ajustar aos alicerces

do Cristianismo que a todos nos reúne no mesmo esquema

de paz e segurança. Por isso mesmo, rogamos aos pais e

mães, presentes conosco, para que continuem pensando nos

filhos que vieram para cá, na condição de ausentes e não de

afetos extintos. A vida remanesce da vida. O trabalho

prossegue e o aperfeiçoamento continua...

Pudéssemos e quebraríamos todas as barreiras de

separação que encharcamos de lágrimas, a fim de que

somente a alegria permaneça em nós, na fé serena e

perfeita. Entretanto, é indispensável aceitar as Leis Divinas

que estabelecem tempo e lugar para cada um de nós, no que

tange aos assuntos da ausência compulsória.

Todos temos provas e inquietações para burilamento. Não

fazemos a promoção da dor, como se a dor devesse ser

aplaudida por indução ao aniquilamento; no entanto,

agradecemos a presença da dor, em nossas vidas,

simbolizando educadora que nos corrige os impulsos. Sem

ela, seria realmente difícil a compreensão que nos patrocine

a aquisição de luz para a Vida Maior.

Assim, meu pai e minha mãe, conversando com os familiares,

falamos a todos e a todos nos dirigimos, solicitando

esperança e paz. O caminho se desdobra à nossa frente.

Saibamos trilhá-lo na posição de samaritanos uns dos outros.

Quis Jesus, com expressiva lição, personalizar na parábola a

presença do irmão anônimo que devemos ser cada um de

nós, nas estradas do cotidiano, porque todos teremos o

instante da necessidade de braços fraternos que nos

arranquem à sombra do desalento.

Na fala de hoje, em que buscamos exprimir com segurança o

nosso intercâmbio, em todos os tons de entendimento,

acrescentaremos que, no mundo, todos temos o dia da fossa

em que não dispensaremos o concurso amigo das mãos que

venham sacar-nos da aflição para o retorno à paz de espírito.

As tarefas são nossas. Os anjos nos auxiliam, mas não nos

substituem. O Senhor é o Senhor, de cuja Bondade Infinita

recebemos tudo em nosso favor, mas recolhemos da

misericórdia d’Ele o privilégio de ser o apoio mútuo, no

domínio de nossas relações no dia-a-dia de nossa existência.

Muitos amigos se acham ao nosso lado. E amparam-nos.

Nosso caro Jair Presente traz com ele uma irmã - a nossa

irmã Anita(1) - que esclarece à filha estarem amparados os

pequeninos Marcelo e Eduardo, transferidos para a Vida

Maior. E o jovem Carlos Eduardo pede à nossa irmã Letícia

serenidade e coragem para seguir à frente, porque vem

colhendo os melhores benefícios dos novos caminhos a que

foi chamado e promete escrever, logo que isso lhe seja

possível, conquanto, em diversas ocasiões, já se tenha

manifestado, indiretamente, de modo a confortá-la.

Nossa irmã tia Clotilde pede ao nosso querido Wilson

continuar valoroso na jornada adiante. E tantos companheiros

outros aqui se reúnem junto de nós, desejando expressar

reconhecimento e ternura! Ainda assim, estamos

subordinados às nossas limitações e não temos outro recurso

senão conformar-nos. Nosso amigo Paulinho(2) agradece aos

pais queridos o amor e a confiança com lhe receberam as

notícias de paz e reconforto e declara-se decidido a avançar

na senda do progresso.

E aqui, meus queridos pais e queridos irmãos, devo terminar

este noticiário do coração. Abraço a todos os amigos e

agradeço aos pais queridos a contribuição com que

prestigiam as nossas tarefas de sempre. É muito a dizer e

curto é o prazo de que dispomos.

Pai querido, você felizmente, está melhorando nas forças

gerais. É isso, querido benfeitor e amado companheiro que

Deus me concedeu para viver. O corpo é um barco

sumamente precioso que nos exige na Terra a maior das

atenções para estar viajando e agindo com segurança ou

ancorado com a bênção de Deus para o fortalecimento

preciso.

E agora, um abraço que não é de despedida e sim um abraço

de alegria e reconhecimento em serviço.

Meus queridos pais, Axima e Wilson, irmãos abençoados de

sempre, com todos os nossos afetos presentes e ausentes,

recebam o carinho e a gratidão, com as muitas saudades e

lembranças do filho e irmão reconhecido, sempre e cada vez

mais reconhecido.

WADYZINHO

26 outubro 1975

SAMARITANOS DO ALÉM

Muitos dos nomes mencionados por Wady já foram

identificados no decorrer destas páginas. Lembremos, ainda,

que Carlos Eduardo é o Carlos Eduardo Arias de que fala

Carlos Alberto anteriormente e que D. Clotilde é a mãe do

cunhado do Wadyzinho, o Wilson; D. Clotilde Brigante de

Oliveira, desencarnada em 1973, é nossa conhecida de

JOVENS NO ALÉM, quando numa das mensagens puxa as

orelhas do filho, pelo seu amor à velocidade nas estradas.

Dois nomes surgem pela primeira vez:

1 - Irmã Anita - Anita Lobato Franco, mãe de D. Elizabeth de

quem fala Jair anteriormente. Faleceu em Campinas a 23 de

outubro de 1970, com 56 anos.

2 - Nosso amigo Paulinho - Paulo Guimarães Barreto, carioca

de nascimento, mas que encontrou a morte aos 17 anos em

São Luiz do Maranhão, no dia 6 de agosto de 1975. Seus

pais, Francisca de Assis Guimarães Barreto e Antônio

Lucena Barreto, residem em Santos.

Cremos que a nova interpretação aqui dada pelo Wady à

Parábola do Samaritano é o ponto alto do conteúdo

doutrinário da mensagem. Muitas são as colocações

exegéticas a respeito da parábola, todas buscando destacar

o amor ao próximo, o segundo mandamento que Jesus nos

legou, como o fermento essencial em nossas vidas. O

Espírito de Emmanuel em imagem muito feliz, adverte-nos de

que o samaritano não procurou saber quem era aquele

homem caído, qual sua condição social ou pensamento

religioso; socorreu-o, sim, por estar diante de um filho de

Deus, credor de todo o nosso respeito.

Já Wadyzinho traz, sem dúvida, outra contribuição do estudo

da parábola, comparando as páginas que os jovens

desencarnados nos têm trazido do Além, como o lenitivo do

samaritano aos pais aflitos e em desespero que na estrada

de Jericó esperam ansiosos pelo bálsamo de reconforto,

fulminados que foram pela perda dos filhos queridos.

E com que carinho os rapazes do Além voltam para abraçar

os pais, falar da vida além da morte, conclamando aos

corações generosos que aqui ficaram a prosseguir na estrada

que invariavelmente no futuro unirá pais e filhos, no infinito

amor de Jesus, distantes do fantasma da morte.

JESUS É O NOSSO PROGRAMA

Querida Mãezinha, meu querido Papai, peço a bênção com

que me fortalecem.

Festa dos vinte anos de chegada à Terra. E a casa de nosso

afeto continua iluminada de alegria. Parece-nos impossível

entrar no domínio das recordações em que se nos vê a

memória, quando os primeiros dias da infância no Plano

Físico se desdobram. Realmente, os detalhes se esfumam à

distância, mas a luz do amor com que somos recebidos em

casa permanece brilhando nos recessos da alma. É por isso

que me ajoelho, em espírito, diante dos pais queridos, para

dizer “obrigado”.

Os dias como que se desfazem na máquina do tempo; no

entanto, as construções espirituais a que nos entregamos, no

curso das horas resistem à força dos minutos que se

assemelham às gotas d’água que terminam por varar a pedra

ou edificar novas formas de vida e de encantamento, nas

áreas da Natureza.

Estou emocionado, Papai, ao registrar-lhe a renovação e o

seu carinho. Suas forças são outras. As bênçãos de sua paz

nos alcançam a todos. E até mesmo o vovô Abrahão(1) aqui

comigo nos afirma que tem conseguido oportunidades mais

amplas para trabalhar nas tarefas que o vinculam a Sumaré.

Mãezinha, a nossa festa é de tal modo significativa, que a

nossa irmã Laís(2) nos trouxe flores, as flores que retratam a

revoada de pétalas em que nos sentimos imersos, em nossa

celebração. Amigos da Vida Superior quiseram que a nossa

alegria fosse abençoada pelas preciosidades de nossos

jardins do mundo e as rosas se fizeram visíveis aqui também.

Celebramos vinte anos de existência ia física do seu

Wadyzinho e sei que a sua ternura estará recordando até o

próximo 16(3) todos aqueles sonhos com que as suas mãos

me esperaram, e não permita, Mamãe, que as lágrimas de

tristeza interfiram em nossa festa de corações.

Estou mais vivo, agora que renasci em outras faixas de

trabalho. Os horizontes se ampliam. Ontem, éramos alguns

apenas. Hoje somos muitos. E amanhã seremos muitos mais.

Trabalhar pelo mundo renovado em Jesus é o nosso

programa. Meus pais queridos foram para mim os anjos

protetores para que em pouco mais de quinze fevereiros

pudesse começar a mensagem.

A nossa Comunidade Unida a Cristo está crescendo, do lado

de cá(4). E não esmoreceremos O amor de Jesus é traço de

união para sempre entre os homens. E, além disso, Ele,

Nosso Senhor, veio aos que se perdiam, principalmente. Aos

que se perdiam no tempo perdido, porque para Deus

ninguém se perde. A criatura dispõe de liberdade para se

estragar como quiser ou para contrair débitos, como queira,

mas não pode livrar-se da obrigação de viver, porque a vida é

também Deus em nós.

Depois que as nossas modestas palavras se xeroquizaram,

nas páginas que receberam a dedicatória de “JOVENS NO

ALÉM”, os nossos compromissos se alargaram. Temos um

gabinete de chamados a receber. E nesses chamados a

receber tenho tido o ensejo de entrar em contato com

centenas de companheiros e lares que se nos descerram à

colaboração. Aquilo que aprendi em nossa casa da Água

Rasa e os princípios que atingiram nas vivências de Sumaré

formam a base das tarefas a que me dedico.

Jesus para nós todos é compreensão para cada um daqueles

amigos da Humanidade que suportam a carga dos problemas

e obstáculos mais dolorosos. Então, nessa empresa

benemérita, a cada instante, encontro as aflições e as

lágrimas de tantas almas queridas que se iluminam de

repente na prece e criam para nós outros campos de trabalho

que resultam em felicidade maior para cada um de nós.

Obrigado, papai, pela sua tranqüilidade que me asserenou o

coração. De sua paz, consegui partir para o levantamento da

paz em outros pais que clamam pelo socorro do Senhor. É

verdade que as suas mãos operosas resolveram diminuir, um

tanto, o ritmo das indústrias, criadas por seu gênio de obreiro

do progresso, mas os nossos empreendimentos de elevação

espiritual se fizeram maiores.

Agradeço ao nosso caro Wilson o apoio de sempre. Ele é o

irmão que a Bondade de Deus me trouxe para fazer por mim

o que não era de meu alcance. Peço digam a ele e à nossa

querida Axima de meu reconhecimento. Sei que o irmão

regressou ao lar para seguir de perto a saúde de nossa

Axima(5) e com eles permanece a tia Clotilde, velando e

abençoando as nossas preces.

De minha parte, venho solicitando o auxílio de médicos

amigos da Espiritualidade, com o nosso amigo Doutor

Bezerra à frente, para que nos ajudem na assistência à nossa

querida Axima. A oração tem sido o recanto a que me

entrego, todas as vezes em que os nossos desejos no

tocante à irmãzinha se nos misturam nos corações. Peçamos

a Deus para que a vejamos fortalecida nas mais intimas

energias. A ela e ao nosso caro Wilson agradeço o esforço

constante na cooperação fraterna, em auxílio às nossas

realizações.

Nossa querida irmã Guiomar(6) está erguendo com

devotamento e carinho incessantes o núcleo de jovens e

crianças que serão os companheiros amadurecidos do futuro.

Deus a sustentará, a fim de que em nosso templo do

Perseverança possa Jesus encontrar clima sempre mais

amplo, a fim de manifestar-se nas boas obras. Se eu

pudesse, traria todos os amigos, com os nossos queridos

Walmir, Wellington, Cláudio, Jaime(7) e tantos outros às

nossas vanguardas, de modo a promovermos a união cristã

de quantos pudessem consagrar ao Evangelho o melhor das

próprias forças, sem distinção de limites ideológicos; no

entanto as tarefas religiosas são institutos de ensino, cada

qual em determinado currículo de lições, e tão-somente os

mensageiros do Eterno Bem saberão efetuar as ligações que

almejamos de maneira definitiva.

Conforta-me reconhecer que na dimensão a que fui trazido já

conseguimos reunir muitos elos da corrente cristã que, um

dia, com a Bênção de Jesus, estará plenamente encadeada

no amor imperecível, desde o último dos sofredores da Terra

até à Luz de Deus. Até lá, é preciso aquecer o coração na fé,

olvidar disposições pessoais, abraçar as criaturas e, em

seguida, situar nossas mãos e pensamentos na atividade

constante, para que o bem de todos se faça.

Tudo é grande e tudo é belo nas menores expressões de

bondade humana, ante o Reino de Deus. O mais ligeiro toque

de auxílio fraterno é uma bênção. Todos somos filhos do

Misericordioso Pai e tudo o que fizermos de bom, no amparo

e na alegria do próximo, é amor à Providência Divina.

Papai e Mãezinha, mais uma vez, beijo-lhes as mãos e, em

nome de quantos foram beneficiados em meu pobre nome,

trago-lhes a minha gratidão enternecida. Fui eu quem recebi

tudo isso: o bendito dinheiro às nossas instituições, sejam

elas dessa ou daquela nuance da caridade, as visitas que

fizeram para o reconforto dos que nos cercam, os pacotes de

socorro(8) doados com tanto desprendimento dos bens

humanos, as flores e as orações, em louvor dos outros, são

bênçãos para mim. Peço a Jesus para que, um dia, possa

responder aos meus pais queridos e aos irmãos abençoados,

oferecendo-lhes o carinho com que me alegram tanto e que

ainda não tenho para dar.

Deus que levantou o céu em quadros de estrelas e que

desenhou mensagens de flores no chão da Terra para todos

os seus filhos e filhas, recompensará aos meus benfeitores

que tomaram no mundo a feição de luzes para mim. Meu pai

e minha mãezinha, querida Axima e querido Wilson, muito

obrigado. Deus os recompense. Recebam todo o amor e toda

a gratidão do filho e irmão cada vez mais reconhecido.

WADYZINHO

14 fevereiro 1976

O FILHO RECONHECIDO

Empolgado pela melhora do pai, mais animado, reintegrado

aos misteres profissionais, e dedicado a atividades

beneficentes no grupo espírita a que se ligou, Wadyzinho não

disfarça a alegria e desabafa: “Estou emocionado, papai, ao

registrar-lhe a renovação e o seu carinho”.

Mencionemos as citações que vão surgindo no desdobrar

dessa conversa, já mais tranqüila do jovem com a família:

1 - Vovô Abrahão - avô paterno Jorge Abrahão,

desencarnado há 30 anos, em Sumaré-SP. Segundo o Wady,

também o avô desencarnado, dada a maior tranqüilidade do

filho, passou a dedicar-se mais às suas responsabilidades

espirituais, em Sumaré.

2 - Nossa irmã Laís - Sra. Laís Aguvivo, de São Paulo,

presente à reunião em Uberaba e que horas antes havia

levado ao Chico algumas rosas, transferidas pelo querido

médium à família do Wady. Estava próximo o aniversário de

nascimento deste valoroso jovem - 16 de fevereiro.

3 - Aniversário de nascimento do Wadyzinho.

4 - A nossa Comunidade Unida a Cristo - Wady fala nela

também na mensagem anterior. Em JOVENS NO ALÉM

tecemos comentários da instituição de inspiração católica que

Wadyzinho coordenava, quando na Terra, com a finalidade

de levar aos jovens a palavra de Jesus. Wady transportou o

nome para o grupo de jovens do Plano Espiritual.

5 - Antes da reunião em que Chico recebeu a mensagem, o

cunhado do Wadyzinho voltou para São Paulo, para cuidar da

esposa, sob repouso médico.

6 - Guiomar - Guiomar de Oliveira Albanese, dirigente do

Centro Espírita Perseverança, da capital paulista.

7 - Nossos queridos... - Apenas o Jaime não fora citado na

mensagem anterior. Jaime da Silva, também colega de

estudos, como os outros, já aparece em JOVENS NO ALÉM.

8 - Os pacotes de socorro - gêneros que seus pais haviam

levado e distribuído a famílias carentes, visitadas pelos

companheiros de ideal cristão.

VIII - WILSON WILLIAM GARCIA

- São Paulo - 07 de fevereiro de 1949

- São Paulo - 1º de fevereiro de 1974

Casado com a Sra. Maria Cristina Bueno Ribeiro Garcia

Filho de Armando Garcia e Hilda Arbulu Garcia

Irmão: Armando Garcia Filho

Todos residentes em São Paulo - Capital

TRAÇOS BIOGRÁFICOS

Daphne Du Maurier inicia um de seus romances com a

inesperada e indesejada informação que uma carta traz à

idosa Madame Duval. Entre as alegrias do reencontro

epistolar, a filha lhe fala do conhecimento que travara em

Paris com um jovem, cujas reminiscências voltariam a

memória de Mme. Duval a um passado que gostaria de

esquecer. A carta é o ponto de partida do romance biográfico

desenvolvido no interior da França, à época da Revolução

Francesa.

Igualmente, um convite de casamento, entregue à sua porta,

naquela manhã de sexta-feira, 1° de fevereiro de 1974, abriria

para D. Hilda as portas de uma vida nova de que também

não poderia fugir. Começava para a Família Garcia um

romance tão real como o de Du Maurier, mas vivido nos

nossos dias, na capital paulista.

Às 10 horas daquela manhã, uma vizinha bateu-lhe à porta

para entregar o convite de casamento da filha; como a amiga

estivesse com os olhos vermelhos, D. Hilda observou que

aquele momento era de alegria, pois se anunciava o

casamento da filha; mas a senhora vizinha respondeu que

estava chorando, porque o marido quase morrera num

incêndio recém-irrompido na cidade, em um prédio da

Avenida 9 de Julho.

Buscando maiores informações, D. Hilda veio a saber que o

Edifício, que se incendiava, era o Joelma, exatamente onde

seu filho Wilson trabalhava.

Como essas notícias correm, ao sabor da rapidez com que

nos solidarizamos nas horas difíceis, simultaneamente, o pai

de Wilson, Sr. Armando, e a esposa do jovem funcionário da

Crefisul, Maria Cristina, também tomavam conhecimento do

incêndio fatal.

A despeito do pai e do irmão Armandinho o esperarem na

entrada do Edifício e da esposa o procurar nos postos de

atendimento, pronto socorros e hospitais da cidade, onde

eventualmente pudesse estar, Wilson William Garcia somente

foi encontrado na madrugada de domingo, quase dois dias

depois, no Instituto Médico Legal, identificado por amigos da

família. Não apresentava sinais evidentes de queimadura,

sugerindo que sua morte tenha sido por intoxicação e asfixia,

conforme o Wilson nos faz entender na mensagem

psicografada pelo Chico.

Natural de São Paulo - Capital, no dia 7 de fevereiro, uma

semana após o incêndio, Wilson completaria 25 anos.

Casado há um ano apenas com Maria Cristina Bueno Ribeiro

Garcia, era filho de Armando Garcia e Hilda Arbulu Garcia,

deixando um irmão, o Armando Garcia Filho.

Fez o curso primário no Colégio São Bento, o secundário no

Ginásio Estadual Roldão Lopes de Barros e formou-se em

Contabilidade no Colégio 7 de Setembro, todos em São

Paulo.

Programador Bourroughs, fazia o curso para analista de

sistemas em computação eletrônica, enquanto ocupava o

cargo de assessor do Departamento de Planejamento da

Crefisul.

Segundo informações de um seu colega de trabalho, que

conseguiu salvar-se, Wilson procurou avisar a todos os seus

companheiros da irrupção do incêndio, reduzindo

naturalmente suas próprias chances de sobrevivência,

naquela dura luta contra o tempo.

A FAMÍLIA GARCIA E CHICO XAVIER

O leitor pode imaginar que não foram fáceis para a jovem

esposa, para os pais e irmão, os momentos difíceis que se

sucederam à morte do Wilson. É a dor sem descrição, a

separação irreversível, a ausência definitiva que sulca de

rugas os rostos sofridos e desenha os primeiros brancos nos

cabelos, em nome da saudade.

Palavra de profundo significado intuitivo, intrínseco, saudade

é contudo difícil de definir-se, pois que não é fácil materializar

sentimentos ou padronizar a dor. Duas figuras há, entretanto,

que se aproximam do que todos nós entendemos por

saudade, sem reduzir o vocábulo a um sentido mais concreto.

Essas figuras encontramos em Silveira Bueno, quando diz

que “saudade é a presença dos ausentes queridos” e, no

poeta piauiense, Da Costa e Silva, o poeta da saudade, ao

lembrar-se do olhar materno e do velho Rio Parnaíba de sua

infância distante:

Saudade, o olhar de minha mãe rezando

E o pranto lento, deslizando em fio.

Saudade - minha terra e o rio,

Cantigas d'águas claras soluçando.

Quatro meses após a morte do filho, D. Hilda e o Sr.

Armando começaram a freqüentar a Casa da Passagem,

entidade espírita do Itaim, levados pelo amigo da família

Paulo Pitta, companheiro das horas amargas, e que tomou

para si o encargo de localizar o corpo do Wilson no Instituto

Médico Legal.

Posteriormente, através de D. Yolanda, mãe do Augusto, que

vieram a conhecer nessa época, passaram a visitar

regularmente o Lar do Amor Cristão, no Ipiranga, onde

sobretudo senhoras, vitimadas pela perda dos filhos, vão

buscar o consolo e o esclarecimento.

Também por esse tempo, D. Hilda, que não conhecia

Francisco Cândido Xavier, passou a visitá-lo em Uberaba e

na 5ª viagem, no dia 20 de dezembro de 1975, quase dois

anos após a morte do filho, recebeu a mensagem Renasci

das Chamas.

Maria Cristina, a esposa do Wilson, como os demais

familiares, também de formação católica, encontrou nas

palavras do marido, psicografadas por Chico Xavier, a

confirmação de sua sobrevivência. E, somente então, após

os dois penosos anos de sofrimento pela separação

compulsória, começou a apresentar sinais mais efetivos de

recuperação, embora muito traumatizada ainda, a ponto de

interromper a entrevista que nos concedia, para a obtenção

de dados referentes ao marido, envolvida que foi nos quadros

do passado próximo, quando se viu, inesperadamente,

sozinha.

Certamente nas telas de seu pensamento voltavam os

quadros da juventude, quando durante quatro anos, após um

despretensioso trote telefônico, ela e Wilson passaram a

manter regular intercâmbio, sempre pelo telefone, sem se

conhecerem. Mas o telefone do Além não permitiu que

Wilson e a esposa deixassem de comunicar-se e foi esse

reencontro que reacendeu na jovem Maria Cristina a chama

da vida e os anseios de lutar, perseguindo a felicidade com

as forças vivas da fé.

RENASCI DAS CHAMAS

Querida Mãezinha, abençoe seu filho como sempre.

Aqui me parece reencontrar um segredo da Providência

Divina: o retorno ao coração materno para renascer entre as

criaturas humanas. Importante pensar: no mundo chegamos

pelo regaço dos anjos a quem Deus confiou o lar e creio que,

em meu caso, torno a me fazer sentir por suas preces, mãe

querida.

Tenho a idéia de que obedeço a uma compulsão: suas

orações me envolvem, desde muito tempo levando-me a

recordar os panos do berço com que a senhora um dia aí na

Terra me esperou com tanto carinho. Mas o segredo

continua: porque se alcancei os seus braços, chorando de

alegria e de dor, na imagem de uma criança recém-nascida,

regresso ao seu carinho com as lágrimas da felicidade e do

sofrimento para surgir na forma desta carta em que trago

notícias.

Se me sensibilizo tanto, perdoem-me. A senhora e meu pai

desculpem o que me ocorre. Não posso estancar o pranto de

júbilo e saudade, em que se misturam os nossos corações no

vaso da família.

Mãe, não se aflija tanto. Poderia afirmar como num

telegrama: cheguei bem. No entanto, de que modo não

extravasar o sentimento quando a ansiedade do rever foi tão

amargurada e tão sofrida?

Tenho procurado consolá-los, fortalecê-los, mas não é fácil

vencer os muros de vibrações, através dos quais ouvimos as

vozes inarticuladas uns dos outros. O pensamento fala sem

palavras e a mente escuta sem ouvidos.

Você sabe, mamãe, que seu filho está vencendo as lutas

novas. Em nossas orações, o nosso diálogo é sempre

repetido, sempre constante, mas você aguardava que esse

tipo de ondas espirituais em que nos comunicamos tivesse

um registro: o registro através das letras escritas. E estou

aqui, rogando à senhora conduza minhas informações aos

nossos entes queridos.

Cessem nossas lágrimas, porque o pesado aguaceiro de

nossas inquietações vai sendo amainado. Peça à nossa

querida Maria Cristina para que se refaça no coração. O amor

é uma luz que brilha sempre. Um perfume que pode

transferir-se de frasco, persistindo sempre o mesmo.

Não quero dizer que sou agora simplesmente o irmão da

esposa querida que deixei. Sou ainda o homem, o

companheiro, o amigo, a metade do par feliz que nós fomos;

entretanto, as lições daí são semelhantes às nossas neste

mundo novo, em que nos modificamos pouco a pouco.

Por que o exclusivismo, não é Mamãe? Quando devemos

entender as necessidades que ficam na Terra? Por que

prender os corações amados, acorrentando-os a nós, quando

o amor é a felicidade que podemos distribuir em seu nome?

Amor é paz que se dá para receber, luz que se acende em

alguém, para que a luz desse alguém nos clareie os

caminhos.

Deixei Maria Cristina por menina que precisa de proteção

para reconstruir as próprias tarefas. Precisamos auxiliá-la a

reencontrar-se, realizar-se. Diga para ela, Mãezinha, que foi

bom para nós não havermos encomendado o bebê com que

sonhávamos... A promoção que esperávamos em meu

trabalho para isso era importante demais para que

marcássemos a existência com esse compromisso.

Não peço a ela para esquecer-me, porque isso eu também

não posso fazer, mas que nossa querida Cristina se lembre

de que a compreensão mora conosco e, pela compreensão,

devemos contar com as renovações com que Deus, por Seus

Mensageiros, nos queira favorecer. O que ela escolher

escolhi; o que ela desejar, também desejo para ela, desde

que nisso ela se faça feliz. Os caminhos dela serão os

nossos, porque a leguei à nossa casa; ela é sua filha,

Mãezinha, filha de meu pai também e nós todos estaremos

com ela em todas as circunstâncias.

Meu avô Ângelo(1) e meu amigo o tio Ernesto Arbulu(2) me

informaram que ela procurou viajar para refazer energias(3), a

pedido deles mesmos, a fim de que melhorássemos, mas sei

que ela não se sente feliz fora de nossos horizontes. Mamãe,

rogue a ela e ao nosso caro Armandinho(4) para não se

rebelarem e não esmorecerem na fé. A oração é um fio de

intercâmbio entre nós, ante a Providência Divina.

Aqui, vejo que a religião é uma lâmpada que brilha em

qualquer lugar. As interpretações são apenas cores sobre o

foco, imprimindo maneiras e reflexos diferentes da chama

que é única. Seja qual for a manifestação de fé em que os

nossos procurem viver, essa fé será sempre benéfica,

embora deva considerar de minha parte que, neste mundo

novo em que me vejo, trazem grande bem ao coração os

textos que nos ensinem a necessidade de bem e de

conhecimentos maiores, em nosso próprio auxílio. Mas, não

tenho autoridade para tocar nisso; apenas anseio ver a paz

em nossos familiares queridos, a paz que surge da certeza

de que a vida não termina com a morte.

E por falar em morte, os quadros do incêndio já estão longe.

Passaram. O nosso admirável Joelma para nós agora

funcionou como um templo em que nos transformamos para

as Leis de Deus. Não creiam que o sofrimento para mim

fosse muito. A princípio, o tumulto, o desejo natural de

escapar à provação, a luta pela sobrevivência sem

agressões(5) à frente dos companheiros e colegas que

experimentavam como nós o desequilíbrio nos conflitos

inesperados...Depois, foi a tosse, o cérebro toldado, como se

houvesse sorvido uma bebida forte e, em seguida, um sono

com pesadelos(6)... Os pesadelos das telas em derredor que

vocês podem imaginar como tenham sido...

Posso dizer a você, Mamãe, que pensávamos em

helicópteros que nos retirassem das partes altas do edifício e

com espanto, quando acordei ainda estremunhado, fui

transportado para um aparelho semelhante, junto de outros

amigos. Era assim tão perfeita a situação do salvamento que

fui alojado num hospital, como se estivéssemos num hospital

da cidade para recuperação, antes do regresso à nossa casa.

Mantive essa expectativa até que meu avô Ângelo me fizesse

recordar os tempos de criança e, logo que me vi novamente

menino na memória, compreendi que ele era o meu avô na

Vida Espiritual e que estávamos juntos. O hospital não era

mais daqueles que conhecemos no mundo.

Meu avô e o meu tio, nosso irmão José Garcia(7), me

apresentaram aos benfeitores que nos acolhiam. Tantas

surpresas tive ao abraçar antigos mestres do São Bento(8)

que chorei muito, sem saber se eu estava alegre ou triste,

renovado ou vencido, como se algum pesadelo ou sonho feliz

daquela hora fosse repentinamente materializado para meus

olhos.

Um benfeitor dos meus benfeitores, preciso nomear - nosso

amparo na Terra e aqui mesmo: Dom Lourenço Zeller. Os

que acreditam aí no mundo que a morte seja uma cortina de

sombra e esquecimento, saibam que das cinzas do mundo

surgem os nossos agradecimentos e os grandes benfeitores

delas renascem para ajudar aos que caminham em passos

vacilantes para as verdades maiores.

Os que sofreram nos claustros, os que desapareceram em

louvor da fé, os que trabalharam para socorrer as criaturas

que lutam na Terra, os que amaram um ideal superior, em

nome de Deus, são aqui mais vivos. Todos vivemos, porque

todos somos filhos de Deus e espíritos imortais; no entanto,

os que se doaram pelos outros, os que se trocaram pela

felicidade e pela paz dos seus semelhantes, aqui encontram

mais vida, somando vida e amor a si mesmos, na medida do

amor e da vida que distribuíram com os outros. Isso me vem

à lembrança porque os amados professores do nosso colégio

não estão mortos.

Mãe, querida Mamãezinha, agora despede seu filho em paz,

e lembre-me aos nossos. A todos, muito carinho e muito

amor. Não posso escrever mais. À Maria Cristina e ao nosso

Armandinho, o meu abraço de imensa confiança. Ao papai, a

certeza de que prosseguimos juntos. Não tenham receio pelo

amanhã. O verdadeiro seguro - o seguro que nunca falha - é

o trabalho que Deus nos concede. Trabalhando no bem, tudo

teremos de bom.

Querida Mãezinha, agradeço as orações e os pensamentos.

Não chore com aflição que isso dói muito em nós aqui.

Confiemos em Deus.

Receba todo amor e toda gratidão, com as saudades e as

esperanças do filho que lhe traz o espírito agradecido,

sempre seu filho e companheiro, carinho de seu carinho e

coração de seu coração.

WILSON

20 dezembro 1975

A EMOÇÃO DO RETORNO

Conta-nos, D. Hilda, mãe do Wilson, que o próprio Chico

chorava copiosamente, enquanto sua mão corria rápido o

papel, escrevendo essa página de singular simplicidade.

De fato, acompanhando a leitura da mensagem, senti-laemos

impregnada de um realismo nostálgico que difícil se

nos torna conter a emoção maior. Entendemos o Wilson

pelas suas palavras, como alguém que superando as

próprias lutas, vencendo os embates íntimos, volta resoluto

para convidar os pais e a esposa querida a um novo

entendimento. Daí dizer firme: “cessem nossas lágrimas,

porque o aguaceiro de nossas inquietações, vai sendo

amainado. Peça à nossa Cristina para que se refaça no

coração”.

Não é fácil para nós, apreendermos toda a problemática

afetiva que envolve dois corações jovens, ligados de modo

aparentemente fortuito, qual sucedeu com Wilson e Cristina,

como vimos, que se conheceram e mantiveram a ilusão dos

sonhos de juventude, através de um aparelho telefônico,

impotente, contudo, para separar as almas afins, que

acabaram por se unir, ainda que por tão pouco tempo.

Ocorre-nos uma série de perguntas, quando seguindo na

leitura da mensagem, surpreendemos o coração magnânimo

do marido ausente pedir à esposa jovem que não se resigne

à possibilidade de solidão. Muita coisa bonita o Wilson nos

diz nessa mensagem, como alguém que havendo suportado

o fogo do incêndio devastador por fora, alimentado pelas

chamas incontroláveis do Joelma, passou a trazer mais

intenso calor afetivo por dentro da própria alma, de tal forma

sublimado em novas luzes de compreensão, que as

expressões do comunicante nos comovem a todos.

Da página mediúnica, como revelação, cremos ser

desnecessário falar. No desdobramento da leitura deste livro,

como ocorre com JOVENS NO ALÉM, o leitor aprendeu a ver

nas tarefas de Chico Xavier qualquer cousa de extraordinário,

em que revelações incontestáveis se misturam a conceitos de

brilho raro, poemas do céu em forma de prosa.

Também o Wilson não fugiu a citações surpreendentes.

Senão vejamos:

1 - Meu avô Ângelo - avô materno Ângelo Arbulu, muito

ligado ao Wilson. Faleceu há 12 anos, em São Paulo.

2 - Tio Ernesto Arbulu - ainda não identificado.

Pelo que conhecemos do Chico, não temos dúvida de que

nos arquivos familiares o Tio Ernesto será logo localizado.

3 - Ela procurou viajar - Realmente confirmado pela esposa

do Wilson que buscou, em viagem para os Estados Unidos,

no ano passado, o esquecimento da dor inseparável.

4 - Nosso caro Armandinho - irmão do Wilson, assim

chamado pelos familiares.

5 - Luta pela sobrevivência sem agressões - um companheiro

de serviço contou que durante o incêndio o Wilson, tão-logo

teve ciência do ocorrido, foi de sala em sala avisar os outros

funcionários da secção em que trabalhava.

6 - Tosse, cérebro toldado - confirma que a morte ocorreu

presumivelmente por asfixia, pois que seu corpo estava

praticamente intacto, sem sinais de queimaduras importantes.

7 - José Garcia - tio paterno, desencarnado há cerca de 30

anos. O Sr. Armando Garcia nos contou que eram irmãos por

parte de pai, sendo, José Garcia, filho do primeiro

casamento. Sempre viveram distantes um do outro, sem

maiores aproximações afetivas, desconhecendo mesmo o pai

do Wilson, a data mais aproximada e o local de falecimento

do irmão.

8 - Antigos mestres - Wilson cursou o primário no Colégio

São Bento, tendo sido aluno de D. Lourenço Zeller, conforme

lembra na mensagem, além de falar genericamente em

outros mestres. O jovem reconhece em D. Lourenço Zeller o

devotado benfeitor da Causa do Bem, homenageando-o com

formosos conceitos a respeito dos abnegados heróis que

passam pela Terra, distantes de nosso conhecimento maior,

escondidos na própria humildade.

IX - ENTREVISTANDO CHICO XAVIER

A morte de crianças e de jovens tem nos últimos anos

merecido a atenção dos Espíritos que, pela psicografia de

Francisco Cândido Xavier, nos oferecem páginas

maravilhosas de revelação e conforto.

Dezenas e dezenas de mensagens do Além têm sido

recebidas por Chico Xavier ultimamente, de modo particular

de jovens recém-falecidos, em evidente destaque que os

Benfeitores Espirituais, em nome de Jesus, dão à

necessidade crescente de consolo aos familiares saudosos e

de esclarecimento aos outros jovens da Terra, quanto à

compreensão de suas responsabilidades.

Realmente a marcha do progresso, carrega em seu bojo, o

preço doloroso de acidentes de toda sorte, que somados às

enfermidades naturais, têm aumentado os números das

estatísticas que anotam falecimentos em faixas etárias

menos avançadas.

Neste livro, dois jovens pereceram em incêndio de grandes

proporções, outros dois, imersos nas águas de nossas praias,

enquanto que apenas dois de morte natural.

Muitos dos rapazes e moças, citados nas mensagens dos

seis jovens, partiram da Terra, vitimados por acidentes de

trânsito, assim nas vias urbanas como nas estradas, sendo a

morte colhida nas rodas dos veículos, das causas que mais

preocupam, pela sua elevada incidência, tendo merecido de

nossas autoridades a maior das atenções, no sentido de que

vidas não sejam ceifadas pela imprudência e pela invigilância

na obediência às leis que disciplinam o trânsito.

Sobre tema tão atual, como a morte de crianças e jovens, e

sobre comentários feitos pelos autores espirituais deste livro,

a respeito de aspectos que nos chamaram particularmente a

atenção, oferecemos a Francisco Cândido Xavier, e o nosso

querido amigo aquiesceu em responder, algumas perguntas

que apresentamos a seguir:

1) Por que morrem os jovens?

- Dizem os Benfeitores Espirituais que a maioria dos jovens

desencarnados são companheiros complementando

determinados resgates na lei de causa e efeito.

2) Um dos autores deste livro, o Wilson William Garcia,

falecido no Joelma, fala em máquinas semelhantes a

helicópteros, no Além. É válida essa informação de que

do outro lado da Vida existem máquinas de voar

semelhantes à nossa? Você pessoalmente já viu algum

desses aparelhos?

- Sim, já vi por mim mesmo. Existem máquinas preciosas e

para nós, na Terra, muito complexas no Plano de Vida

próximo a nós.

3) A Volquimar fala em suas duas mensagens que alguns

jovens mortos no incêndio do Joelma ainda se

encontram em fase de recuperação na Espiritualidade,

submetendo-se mesmo a plásticas para cura de seus

corpos espirituais ainda enfermos. O incêndio não lesou

apenas o corpo físico?

- O corpo espiritual submete-se no Além a tratamentos

determinados, conforme os imperativos de sua reestruturação

e recuperação na Vida Maior.

4) Qual a explicação que o Espiritismo oferece, face à

Reencarnação, às mortes ocorridas no Andrauss e no

Joelma?

- Diversas mensagens e instruções se referem a provas

escolhidas pelos próprios amigos que lhes deram causa.

5) Há uma mensagem de Augusto, no livro, que de modo

particular aborda o problema dos tóxicos entre os

jovens. É grande a preocupação dos Espíritos pelo

envolvimento de jovens na névoa densa do tóxico?

- Sim, muitos Benfeitores Espirituais se empenham no auxílio

a nós todos para que aprendamos a valorizar a vida.

6) Os jovens, em especial o Augusto e o Jair, explicam

para você o porquê de utilizarem a gíria em suas

mensagens?

- Para eles, segundo dizem, é o melhor meio de comunicação

nas faixas etárias a que ainda se vinculam.

7) Você teria alguma mensagem pessoal para os pais e

familiares que amargam a dor da separação pela morte

de seus filhos queridos, retirados ao seu convívio, tão

jovens ainda?

- Deus nos auxilie a todos na sustentação de nossa fé na

imortalidade da alma, porque essa fé na continuidade da vida

além da morte do corpo, é o sustentáculo em que nos

escoramos para vencer nas provas e tarefas que trazemos ao mundo.