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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Canais da Vida-Francisco Cândido Xavier

Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.

CARO AMIGO:

Se você gostou deste livro e tem condições de comprá-lo, faça-o pois assim estarás ajudando a diversas instituições de caridade.
Que Jesus o abençoe.
Muita Paz

PSICOGRAFIA FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

CANAIS DA VIDA

EMMANUEL

PREFÁCIO

A palavra canal em significação justa na Língua Portuguesa expressa habitualmente uma via aquática, construída pelo homem, para fins de trabalho e progresso ou pode traduzir-se por meio ou recurso de ligação.

Prevalecemo-nos, porém, de semelhante expressão para designar os médiuns que se fazem intermediários entre os vivos da experiência e os vivos do Plano Espiritual.

*

Se comparado à árvore frutífera, conforme a feliz definição de Allan Kardec, no item Duelos, intitulado “A Fé Transporta Montanhas”, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, necessita de disciplina e permanência em trabalho, abem do próximo, sem a pretensão de superestimar-se ou de promover-se a destaque, acima dos companheiros.

*

Simbolizando-se o médium por estrada, ser-nos-á fácil compreender, reclama constante vigilância e proteção, com sinalização adequada à segurança do trânsito.

Segundo essa idéia, todo médium, para ser um caminho de ligação entre ele e as entidades espirituais que se comunicam, precisa, não só do apoio e da compreensão daqueles que o cercam, mas também de estudo e orientação que lhe confirmam discernimento.

*

Se configurado na condição de uma fonte, quem lhe deseje os serviços, não lhe vasculhem a vida e sim lhe respeitem as condições e os sentimentos, porque, assim qual a fonte agitada no fundo não consegue doar água limpa ao sedento, o médium conturbado pela irreverência alheia, não disporá de cérebro lavado para ser fiel ao pensamento ou ao recado dos Espíritos benevolentes e amigos.

*

Se aceito na posição de um canal é imperioso seja tratado, convenientemente, para que a linfa da verdade seja transmitida através dele, sem contaminar-se com o lodo das paixões ou dos propósitos subalternos.

*

Neste livro sem atavios e sem teorias complicadas, examinamos com os leitores amigos as diversas situações mediúnicas, para concluir que os medianeiros humanos, para desempenharem corretamente a tarefa de que se acham investidos, não dispensarão os esclarecimentos de ordem superior.

*

E para que se cultive a mediunidade responsável e segura, é aconselhável que o medianeiro na Terra siga o seu próprio caminho sem se afastar do convívio e da prática dos ensinamentos de Jesus.

EMMANUEL

Uberaba, 15 de junho de 1986.

A CÓLERA

A cólera é responsável por alta percentagem do obituário no mundo, como legítimo fator de enfermidade e portadora da morte.

Além disso, é também a raiz de grande parte dos males e perturbações que dilapidam na base a segurança dos serviços associativos na Terra.

Nos lares invigilantes, é o gênio obscuro da discórdia.

Nas instituições respeitáveis, é o fermento da separação.

Nas vias públicas, é a porta de acesso à crueldade.

Nos círculos da fé, exprime-se por brecha pela qual se infiltram as forças destrutivas da sombra.

Nos fracos, estabelece o abatimento imediato.

Nos expoentes da inveja e do despeito, engendra o desequilíbrio já que efetua a ligação da alma com as entidades representativas de regiões inferiores e conturbadas.

Nos corações desprevenidos, lança as teias da violência.

Nos irritadiços, espalha as sugestões da delinqüência.

Em toda parte, quando encontra guarida em algum coração impermeável ao bem, transforma-se em suporte de terríveis processos obsessivos que somente a Compaixão Divina associada à bondade humana conseguem reduzir ou sanar.

Recebemos a experiência, por mais difícil, com a luz da confiança no Senhor que, nos oferecendo a luta depuradora, nos possibilita a própria regeneração.

A passagem na Terra é aprendizado.

Revoltar-se o homem, à frente da vida, é recusar a oportunidade de elevar-se ante a luz da própria sublimação.

ANTE O APELO DO CRISTO

Sede Perfeitos! – conclamou o Divino Mestre – entretanto, sabemos que estamos presentemente mais distantes da perfeição que o verme da estrela.

Ainda assim, Jesus não formularia semelhante apelo se estivesse ele enquadrado no labirinto inextricável do “impossível”.

Podemos e devemos esposar a nossa iniciação no aprimoramento para a Vida Superior, começando a ser bons.

Entretanto, é necessário distinguir bondade da displicência com que muita vez nos rendemos à falsa virtude, de vez que, em toda parte, existem criaturas boas, emaranhadas na negação da verdadeira bondade.

Vemos pessoas de boas intenções acendendo a fogueira da discórdia, entronizando a astúcia no culto devido à inteligência; para consolidar a maldade; para empreender a separatividade; para os objetivos da desordem; para a conservação da ignorância e da penúria que amortalham grande parte da Humanidade.

Busquemos o padrão do Cristo e sejamos bons, quanto o Mestre nos ensinou.

É natural não possas ser apresentado, de imediato, em carros de triunfo, à frente da multidão; categorizado à conta de santo ou de herói, mas, poderão ser o irmão do próximo, estendendo-lhe as mãos fraternas.

Observa, em torno da mesa farta ou ao redor da saúde que te garante a harmonia orgânica e considera as tuas possibilidades de auxiliar.

Poderá ser o irmão do companheiro infeliz, através de alguma frase de bom ânimo, o benfeitor do coração materno infortunado, o salvador da criança que luta com a enfermidade e com a morte, pela gota de remédio restaurador.

Poderá ser o amigo dos animais e das árvores, o preservador das fontes e do defensor das sementes que sustentarão o celeiro de amanhã.

Desperta e faze algo que te impulsione para frente na estrada de elevação.

Não te detenhas.

A vida não te reclama atitudes sensacionais, gestos impraticáveis, espetáculos de súbita grandeza...

Pede simplesmente sejas sempre melhor para aqueles que te cruzem os passos.

Esqueçamos o mal e procuremos o bem que nos esclareça e melhore.

Ainda agora e aqui mesmo, enquanto relemos o convite do Senhor, podemos formular no coração uma prece por todos aqueles que ainda não nos possam compreender e, através da oração, começar a obra de nosso aperfeiçoamento para a Vida Imortal.

ANTE OS MORTOS

É verdade que te martirizas, à frente da morte, na Terra, mormente quando a morte surge, a ceifar-te os entes caros.

Aflitiva é a contemplação dos que partem do mundo, em nossos braços, quando nos achamos no mundo, muita vez a nos endereçarem angustioso olhar, como a pedir-nos mais vida no corpo físico, sem que nos possamos arredar da impossibilidade de fazê-lo.

Profundamente constrangedora é a mágoa de sentir-lhes as mãos desfalecentes em nossas mãos ansiosas, na despedida.

Entretanto, pensa neles, os companheiros que partem, na condição de viajores amados que te deixam provavelmente carregando consigo indagações muito mais agudas do que aquelas que se te estacam no coração.

Reflete nisso e não lhes agraves a dor.

Muitos deles se afastam marcados por impositivos urgentes de reajuste.

Compelidos a se arrancarem de hábitos longamente estabelecidos, quase sempre oscilam ante os chamamentos da rotina terrestre e as exigências de renovação da Vida Espiritual. E isso lhes custa empeços e problemas para as readaptações necessárias.

Mentaliza-os na condição de criaturas queridas, em refazimento para que se afeiçoem, sem maiores delongas, aos encargos novos que os aguardam.

Abençoa-os com as tuas melhores recordações, porque as lembranças ou as palavras alcançam a todos eles, com endereço exato.

Compacede-te dos supostos mortos e abstenha-te de sobretaxa - lhes as preocupações com o pranto da angústia.

Ao invés disso, dá-lhes a cobertura afetiva, cumprindo, tanto quanto possível, os deveres que estimariam ainda continuar a satisfazer.

Eles estão em outras faixas de vivência, mas não irremediavelmente distantes.

São amigos que te antecederam na inevitável viagem para a Vida Maior, a te rogarem auxílio, a fim de se retornarem no próprio equilíbrio, ante o desempenho das novas tarefas que abracem.

Não olvides: converte a saudade em oração de esperança e enviam-lhes os teus pensamentos de compreensão e de paz.

Ampara-os agora para que te amparem depois.

A PRIMEIRA PEDRA

Há, sim, muitos companheiros errados.

Ninguém nega.

Esse, que te protegia a confiança, desabou, à maneira de tronco pesado, sobre a plantação, ainda frágil, de tua fé.

O outro, que te parecia invulnerável no desassombro, acovardou-se e fugiu.

Conheceste os que pregavam generosidade, agarrando-se à avareza, e notaste os que falavam em virtude, a tombarem no vício.

Situavas a fonte do consolo em vários amigos, que acabaram no desespero e recolhias orientações de outros tantos, que se afundaram na corrente das sombras, quais barcos a matroca.

Em muitos casos, trocaste entusiasmo por desalento e admiração por repugnância.

Diante de semelhantes problemas, é natural te sintas entre a mágoa e a revolta.

No entanto, entra no santuário de ti mesmo procurando compreender a nossa obrigação de auxiliar e servir, e reflete nas exigências de evolução.

Coloca-te no lugar da criatura em dificuldade e enumera quantas vezes tens sido providencialmente auxiliado, para não caíres em tentação.

Medita nas horas em que os pensamentos infelizes te dominam a alma; nos momentos em que tropeças e cais; nas ocasiões em que te enganas e sofres; nos instantes em que lastimas as faltas que não desejarias cometer; e se te sentes longe da possibilidade de errar e integralmente livre de toda culpa, poderás, então, ouvir, de novo, a lição de Jesus e atirar a primeira pedra.

ATITUDE CRISTÃ

Os espíritas revivendo a lição de Jesus, na atualidade terrestre, debalde exigirão socorro ao mundo, de vez que reencarnados no mundo, golpeados de provações, foram traduzidos a socorrer.

É por isso que havendo obtido mis amplas gratificações de conhecimento superior, mais se lhes pedirá em atitude cristã diante do próximo, tanta vez mergulhado nas sombras da incompreensão e da insensatez.

Imaginemos o símile nos mais apagados lances da atividade cotidiana.

Se a semente recusasse o sacrifício no seio da gleba em que aprende a morrer para ressurgir a benefício dos outros, não colheríamos o grão que nos supre o celeiro e se o grão repelisse a mó que o desintegra, a pretexto de conservar-se, não disporíamos do recurso disponível ao pão que nos alimenta.

Necessário entender que não somos chamados a receber o concurso alheio, mas sim a doar de nós próprios em solidariedade incansável, aprendendo na escola da renúncia a exercer o serviço incessante, o perdão incondicional, a cooperação sem barreiras e a bondade sem lindes.

No lar, na profissão, nos templos da fé, na intimidade ou na via pública, somos convidados ao bem que Jesus testemunhou, a fim de que a nossa diretriz, a expressar-se no exemplo, projete-se nas mentes que nos rodeiam, induzindo-as à renovação.

Não olvidemos que, tanto quanto possível, ao invés de rogarmos auxílio, antes de tudo devemos auxiliar, na certeza de que, se a nossa palavra elucida e reanima, somente a nossa atitude positiva na prática dos princípios que propagamos será bastante forte para reformar-nos.

Urge reconhecer que somente a criatura em sincero reajustamento será capaz de reajustar, redimindo-se para redimir e aperfeiçoar-se para aperfeiçoar, a desfazer-se dos grilhões da ignorância para assimilar, em definitivo, a própria libertação através de nova luz.

AUXÍLIO NO ALÉM

Recordai que a vida é sempre a vida em toda parte.

E se, na existência física, defendeis a segurança daqueles que vos merecem carinho, não menoscabeis a possibilidade de auxiliá-los, além da morte.

Na Terra, toda uma rede de ternura afetiva nos enlaça uns aos outros.

Medicais o filhinho doente.

Socorreis o pai enfermo.

Fazeis silêncio em torno do amigo que se rendeu ao próprio desequilíbrio.

Socorreis o companheiro caído no labirinto da angústia.

Respeitais a alma querida que se arremessou desvãos da sombra e compreendeis a dor que vos rodeiam entre espinhos e impedimentos.

Não julgueis que o túmulo represente miraculosa passagem, quando a morte apenas desnuda a consciência para as realidades da vida.

Não exijais da criatura que vos precedeu na Grande Viagem demonstrações de entendimento que ainda não construiu em si mesma ou revelações estranhas ao seu modo de ser.

Lembrai-vos de que, além do sepulcro, o desesperado não se reconforta de improviso, o doente não se cura de imediato, o ignorante não pode senhorear a sabedoria sem a educação de si próprio e o delinqüente, não consegue resgatar-se, de inopino, à frente da justiça.

Somos o que somos, incapazes de trair o espírito de seqüência que preside todos os passos da natureza.

Aprendei a cultivar o auxílio aos vivos da Espiritualidade, injustamente julgados mortos no mundo, através da coragem no bem, da serenidade no trabalho e da paciência ante os desígnios da Providência Divina.

Recordai que o pensamento é o fio claro vivo entre a vanguarda dos que partem e a retaguarda dos que ficam.

E se sabeis que a onda de televisão, não erra o alvo a que se destina, a onda mental possui exato endereço, mantendo entre o vosso caminho terrestre e o caminho espiritual dos que vos antecedem na jornada renovadora o perfeito noticiário do coração.

Não condeneis o companheiro que se despede na morte ao esquecimento ou à lamentação, à crítica ou ao desespero.

Guardai a certeza de que os vossos mínimos pensamentos são registrados e ouvidos e, assim como os vivos do Mais Além hoje vos pedem auxílio, no futuro, sereis os viajores da frente, rogando socorro aos homens da Terra que podemos igualmente configurar como sendo os mortos da vida.

CONCURSO AMIGO

Observa a cooperação em todos os planos da natureza.

A rocha garante o solo, o solo alimenta o campo e o campo equilibra a cidade.

A terra sustenta a fonte, a fonte protege a árvore, a árvore ampara o homem.

Da vastidão cósmica, resplendente e infinita, vela o sol pelo derradeiro verme a ocultar-se na furna, e, não obstante a grandeza que lhe é própria, preocupa-se o mar em fazer a nuvem que se derramará em bênçãos de chuva na floresta distante.

Não nos criaria o Senhor para a inutilidade e para a solidão, quando a vida nos pede trabalho e devotamento.

Anota, em torno de ti mesmo, a grande família humana reclamando-te pão e luz, esperança e consolo.

A aflição maior que a tua e os obstáculos maiores do que os teus esperam por tuas mãos.

Se possuíres a riqueza dos braços livres, lembra-te dos que jazem imobilizados no leito do infortúnio; se dispuseres de visão clara e vigilante, não te esqueças daqueles que tateiam na noite dos olhos apagados e, se te sentes dono de um cérebro que pode pensar e dirigir-se, recorda os companheiros que sofrem o insulto das sombras na mente atormentada.

Não esperes que a dor te retalhe o próprio ser, acordando-te o entendimento.

Retira-te da torre do “eu”, em que te colas ao exclusivismo e abre o coração às dores dos semelhantes.

Reflete nas vidas que morrem diariamente para que a tua existência se nutra; pensa no tributo que a tua presença na Terra constitui para a natureza que te acolhe; e não fujas do irmão mais fraco e menos feliz que te partilha o caminho.

Sustenta na própria alma a luz do concurso amigo e a cooperação em auxílio aos outros te fará descobrir os tesouros do amor e a alegria que te mostrarão, ainda entre as sombras do mundo, as elevadas revelações da Imortalidade.

COXOS E ESTROPIADOS

Em matéria de auxílio aos que te reclamam a luz da fraternidade, não te deixes guiar pelas aparências.

Não julgues o mordomo do ouro terrestre por afortunado detentor da riqueza.

Muitas vezes, sob anotações e fichas bancárias, é um trabalhador desesperado, vergando ao peso de inquietantes compromissos, quando não seja triste sedento de paz entre as grades da sovinice.

Não suponhas o homem representativo da vida pública como sendo o guardião da felicidade.

Em muitas ocasiões, embora ostente o bastão do poder, não passa de infortunada vítima de amargas provas a lhe roubarem o contentamento e a segurança.

Não consideres a mulher exteriormente enfeitada por jóias de alto preço, por veículo de maldade e perturbação.

Quase sempre, no imo da própria alma, sente-se asfixiada por chagas dolorosas de amargura e desencanto, que lhe aniquilam as melhores aspirações.

*

Não creias que o artista da inteligência, admirável pelos valores intelectuais com que assombra a mente popular seja sempre o instigador da devassidão.

Muitas vezes, na intimidade dele mesmo é um mutilado psicológico, de quem as vicissitudes da Terra furtaram a esperança e a alegria.

Coxos e estropiados não se encontram simplesmente nos desvãos da indigência.

Respiram com mais freqüência, segundo o símbolo evangélico, nas grandes e luzidas assembléias do mundo, onde se discutem as mais pesadas responsabilidades humanas.

Jesus quando nos pediu atenção para com os irmãos infelizes incluiu igualmente os nossos companheiros que conduzem consigo a bolsa recheada com aflitivos desenganos na vida íntima.

Fujamos ao exibicionismo dos elogios mútuos e das vazias competições em que medimos nossas forças com os próprios afeiçoados em torneios inúteis de vaidade e ilusão.

Que o entendimento nos ilumine o espírito na jornada para diante e compadecendo-nos uns dos outros, saibamos pavimentar com a verdadeira fraternidade o caminho de nossa libertação.

DESBRAVAMENTO MEDIÚNICO

Eis o trato de selva, em cujo seio é forçoso rasgar a estrada por via de acesso à civilização.

Reúnem-se engenheiros e articulam-se planos.

Para logo se impõe o desbravamento.

Tratores, picaretas, enxadas, rolos e por vezes, até dinamite são manejados, a benefício da construção, por operários dignos, mas ainda vinculados às vicissitudes humanas.

Depois de pedras e toras removidas; depois do chão batido e acertado, o carro do progresso, na rodovia, pode então transitar livremente.

Aproveitamos o símile para observar a iniciação mediúnica do tipo mais freqüente.

No campo da inexperiência humana, surge a pessoa com possibilidades de tarefa mediúnica mais imediata, atendendo-se à necessidade de mais um caminho de intercâmbio com a Espiritualidade Superior.

Reúnem-se Espíritos Benevolentes e Sábios e formam-se projetos.

Impõe-se para logo o desbravamento.

Testes educativos, lições, reformas, disciplinas e, em muitas ocasiões, até mesmo grandes provas, em favor do candidato, são manejados por entidades respeitáveis, mas ainda extremamente vinculadas à Terra.

Depois de extinta a ingenuidade negativa e afastados os caprichos pessoais, depois da mente preparada e habilitada a cooperar no serviço do bem, é que aparece a estrada espiritual de comunicação com o Plano Superior, de modo a ser devidamente entregue aos Mensageiros da Luz, que então nela transitam livremente.

Destaquemos, porém, a verdade que transparece do ensinamento vivo: é que a terra obedece ao homem para que se erga e conserve a benfeitoria destinada ao progresso e a tarefa mediúnica somente se desenvolve e persiste no homem, se o homem realmente quiser.

DEUS NOSSO PAI

A pedra sonha com a sensação de planta.

A árvore aspira o instinto animal.

O selvagem candidata-se à luz da razão.

O homem deseja para si o brilho do anjo.

E o anjo entrevê a celeste escalada de posições que ainda lhe cabe atravessar no rumo da integração com a Munificência Divina.

Seres em crescimento, tão distantes da sublimação, quanto o orangotango ainda se encontra longe de nós, na insignificância de nossas aquisições e valores, qualquer definição de Deus nos escapa por insuficiência de percepção e compreensão. O verme defronta pela excelsitude da natureza, jamais conseguirá, em sua condição, penetrar as leis da botânica e a ave pequenina, embora refletindo nas asas tenras o fulgor solar, não pode analisar os fenômenos da luz.

Entretanto, o verme e a ave atendem às funções que lhes cabem na economia do mundo e envolvem, dia a dia, para mais altos recursos da forma, no caminho do progresso constante.

Seria temeridade de nossa parte desafiar a Divina Sabedoria com qualquer classificação de seus atributos.

Espíritos humanos em desenvolvimento, no corpo físico ou fora dele, não podemos trair a posição em que nos situamos, competindo-nos, por agora, não a veleidade de compreender o Plano do Universo, mas sim a obrigação de acatar-lhe os desígnios, abraçando o serviço que a Lei nos reserva no campo de aperfeiçoamento que nos cabe lavrar.

Ainda assim, se buscamos exata notícia do Criador, adotemos a de Cristo que no-lo revelou na posição de “Nosso Pai”.

Nosso Pai que nos provê de recursos em todas as necessidades e que se acurva amoroso e solícito na proteção para todas as criaturas.

Nosso Pai que vela pela magnificência dos astros com a mesma ternura com que sustenta a larva no subsolo.

Em verdade, por agora, nossa inteligência é demasiado estreita para conter qualquer conceituação do Infinito, cabendo-nos, por bênção e honra, o trabalho incessante no bem para libertação e aprimoramento de nossas possibilidades virtuais.

Pelo coração, no entanto, ser-nos-á possível buscar o exemplo de Jesus e sentir o Supremo Senhor por Nosso Pai de Sabedoria e Misericórdia.

Através do amor, a estrela se comunica com o grão de areia e se a gota do oceano não lhe pode medir a extensão e a grandeza, traz consigo, na intimidade da própria estrutura, o gosto característico do mar.

DOENÇA E REMÉDIO

No trato com as chagas da ignorância, na esfera da Humanidade, quais sejam a incompreensão e a vingança, a crueldade e a rebeldia, anotemos a conduta da Misericórdia Divina, no quadro das doenças terrestres.

Porque alguém acusa os reflexos tóxicos dessa ou daquela enfermidade. Não sofre condenação a permanente desajuste.

Recebem a atenção da Ciência, que lhe examina as possibilidades de cura ou melhoria.

Porque o médico deve observar detritos corruptores, não lhe impele a saúde à perturbação e ao relaxamento.

Dá-lhes luvas protetoras.

Porque processos infecciosos alteram a constituição celular nessa ou naquela parte da província corpórea, não sentencia a zona atacada a simples extirpação.

Oferta-lhe recurso adequado para que elimine a infestação virulenta.
E grandes lesões comparecem na estrutura do carro físico, ameaçando-lhes a segurança, traça o plano necessário à intervenção cirúrgica, mas não deixa o doente a insular-se no desespero, estendendo-lhe à dor o amparo da anestesia.

Se moléstias epidêmicas surgem, insidiosas, distribui a vacinação que susta o contágio.

Vemos que a Lei de Deus não se conforma com o mal; ao contrário, opõe-lhe a cada instante o socorro do bem.

Dessa forma, se os agentes da lama se te infiltram no passo, exibindo-te aos olhos perigosas ações de discórdia e infortúnio naqueles que mais amas, não podes realmente acomodar-te aos golpes com que te impulsionam à imersão na maldade, mas podes esparzir a água viva do amor, auxiliando em silêncio as vítimas do desequilíbrio que tombam sem saber que se arrastam no lodo.

Usa, pois, cada hora, a compaixão sem termos e o perdão sem limites, porque o próprio Jesus, perante os nossos males, exclamou, complacente:

- “Em verdade, eu vim para curar os sãos”.

DUELOS

Realmente, a civilização baniu o duelo das praças públicas e não mais vemos espadas desembainhadas, suscitando aflição, ferimento e morte.

Os códigos evoluídos reprimem hoje, nos povos mais cultos, semelhantes manifestações da animalidade e selvageria.

Entretanto, se as lâminas repousam ensarilhadas, não ocorre o mesmo com os dardos envenenados da vida mental.

Muitas vezes, arremessamos raios de perturbação e indisciplina, angústia e destruição para todos os ângulos da estrada em que a nossa vida se movimenta.

São os pensamentos desvairados do psiquismo deprimente.

Não raro, arrojamo-los, sem piedade, para quantos nos desatendem ao egoísmo;

Endereçam-no, sem piedade, para quantos nos desatendem ao egoísmo;

Enviamo-los aos parentes que não se afinam com as nossas maneiras e concepções;

Projetamo-los sobre aqueles com quem não edificamos ainda os alicerces da simpatia;

Detonamo-los contra as pessoas que não nos aceitam os padrões de vivência e trabalho;

E, nessa provocação permanente, perante as inteligências desiguais que nos cercam, improvisamos e permutamos males e enfermidades, problemas e obstáculos que, indubitavelmente, se voltam depois contra nós.

Em razão disso, a vida na Terra ainda se encontra muito distante do roteiro de harmonia e de amor que o Céu espera de nossa conduta vulgar.

De quando a quando, guerras civis e internacionais são as crises nevrálgicas dos nossos duelos cronificados do pensamento intemperante e insubmisso.

Ms, assim como as convenções impuseram o repouso da espada entre amigos, na obra da civilização, o Evangelho consolidará o serviço legítimo da educação espiritual, em cuja grandeza aprendemos a ver circunstâncias e pessoas, no lugar que lhes compete, encontrando a verdadeira felicidade no dever de servir com Aquele que, pelo Reino do Amor, não hesitou em aceitar o sacrifício e a cruz por normas de aquisição da paz inextinguível.

DÚVIDA E BÊNÇÃO

Quando a dúvida, negativa te visite a tarefa mediúnica, situa-te no lugar da criatura necessitada de auxílio, para que não te percas em frustração, agindo ao mesmo tempo com descaridade, à frente do próximo.

Ao invés de personificares a dúvida, sede a bênção.

Se estivesses doente, reclamando amparo, não te preocuparias tanto com demonstrações fenomênicas e sim guardarias a colaboração de alguém que te trouxesse alívio imediato.

Se te visses em perturbação, não te interessarias por ocorrências distantes de tuas necessidades, mas saberias agradecer o apoio de quem te ofertasse algumas frases de orientação e tranqüilidade.

Se te achasses na posição de obsesso, procurarias, acima de tudo, algum gesto de amor que te favorecesse a libertação.

Caso te reconhecesses num cipoal de intrigas e injúrias, rejubilar-te-ias, para logo, ante o concurso de alguém que te viesse auxiliar a redescobrir o caminho da paz.

Se te observasse em solidão, esperarias, ansiosamente, sobretudo, a chegada de alguém que te propiciasse entendimento e calor humano.

Se tivesses um ente amado em desequilíbrio, não te empenharias a fenômenos e sim regozijar-se-ias ante o amparo do coração amigo que lhe promovesse o reajuste.

Se te visses em tal condição de sofrimento ou desespero que não soubesses retribuir, de imediato, aos teus benfeitores senão com indiferença e sarcasmo, imagina como seria imensa a tua gratidão, depois da crise, perante aqueles que te oferecessem bondade e paciência, a benefício de tua própria restauração.

Se te encontrasses à beira da desencarnação, reflete no consolo que experimentarias, diante da generosidade de alguém que te reconfortasse com a luz de uma prece.

Quando a dúvida destrutiva te procure em serviço mediúnico, não te detenhas nas provações ou conflitos que ainda carregues e sim, aceitando-te como és, consagra-te ao bem dos outros, através das boas obras, porque, assim, os Mensageiros do Bem saberão utilizar-te, na seara do amor e da elevação, auxiliando-te, pouco a pouco, a dissolver quaisquer sombras que ainda te assinalem a marcha e acabarás compreendendo, conforme a sabedoria do Evangelho que “toda boa dádiva vem de Deus”.

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ESPÍRITOS FAMILIARES

No intercâmbio entre encarnados e desencarnados, é justo lembrar que a morte nem sempre é sublimação espiritual, que a mediunidade, em sua expressão fenomênica, não é atestado de progresso moral definitivo da criatura terrestre e que os problemas do mundo prosseguem na alma que se transferiu de plano, quando à mente não conseguiu desvencilhar-se das ilusões da existência física.

Muitos companheiros atravessam o túmulo conduzindo consigo paixões e frustrações que lhes constituem doloroso purgatório na vida espiritual, e muitos médiuns, não obstante respeitáveis pelas boas intenções em que se inspiram, permanecem jungidos ao passado inquietante, trazendo faculdades cativas às provas e angústias pelas quais se redimem.

Desse modo, é necessário compreender que a palavra dos familiares desencarnados, muito embora doce e amiga pelo carinho que traduz, pode conter o envenenado vinho da lisonja, que sorvido por nossa leviandade nos prejudica o soerguimento e a recuperação.

Indubitavelmente, é obrigação pura e simples receber a visita afetuosa das entidades que nos afeiçoam à alma, entretanto, é imperiosos analisar-lhes a conceituação e verificar-lhes os propósitos, em confronto com a posição que Jesus reclama de nós, a fim de que não estejamos embebedados pelo reconforto particular, indesejável aos nossos verdadeiros testemunhos de regeneração e progresso.

Imprescindível o estado de vigilância contra os convites à vaidade e ao egoísmo que, muitas vezes, se fantasiam de caridade ou de amor para tumultuar-nos o coração.

Guardemos a correta atitude do aprendiz do Senhor que não desconhece o sacrifício de si mesmo como estrada única para a ascensão a que se propõe,

Amemos aos nossos espíritos familiares e agradeçamos a devoção afetiva com que nos acompanham.

Não nos esqueçamos, porém, de que eles e nós possuímos no Cristo o nosso padrão de luta e se ao nosso Divino Mestre foi reservada a cruz por recurso supremo à celeste ressurreição, estejamos valorosos no aprendizado renovador, abraçando no sofrimento e no serviço incessante os nossos reais instrutores, no caminho para a conquista da Vida Maior.

LUTAS DA FÉ

Nos transes inevitáveis da evolução humana, há muita gente que unicamente cultiva a posse de uma fé convencional, no encapelado oceano das provações terrestres.

Rede que balançasse o coração ente palmeiras farfalhantes...

Barco que vagasse ao sopro da brisa...

Recanto de vale verde à frente do céu azul...

Jardim cujo aroma exercesse a função de brando anestésico...

Entretanto, a construção da fé verdadeira encontra gigantescas batalhas provinciais do coração.

Para buscá-la e incorporar-lhe os valores, as criaturas são constrangidas a se apoiarem umas nas outras e, porque as criaturas humanas ainda respiram muito longe das condições angelicais, surgem aflições e conflitos por material indispensável à formação do discernimento – a chave de controle das nossas devoções e paixões – a fim de que a atitude religiosa, em nós outros, expressando nível espiritual, não nos situe na mentira piedosa da superestimação dos nossos próprios méritos.

Surpreendemos, a cada passo, choques e dissensões com dificuldades e advertências à vista, qual se dor viesse examinar o grau da paciência e da humildade, da ponderação e do conhecimento que já conseguimos assimilar.

Aqui, vacilam amigos queridos...

Ali, apaga-se o íris de suaves encantamentos...

Além, caem defesas que se nos afiguravam de contextura inexpugnável...

Adiante, destacam-se árduos problemas a resolver...

Os espíritos indolentes acusam-se irritados e espantadiços, recolhendo-se à margem para o sono das próprias conveniências, alegando cansaço e desilusão...

Todavia, quantos despertam para a execução dos próprios deveres, não ignoram que todos estamos ainda jungidos aos resultados das próprias quedas em existências anteriores e que, por isso mesmo toda a nossa edificação em matéria de fé precisa erguer-se em bases de experiência pessoal, intimamente sofrida e vivida através do trabalho comum, no qual todos necessitamos de amor e compreensão, sem ferir verdade e sem desacreditar a justiça.

Toda vez que nos encontramos em graves contradições no levantamento e na consolidação da própria fé, analisemos as nossas crises do sentimento com espírito de oração e entendimento, serviço e responsabilidade, mas não tentamos desertar a luta de que o próprio Cristo não escapou.

MARCAS MEDIÚNICAS

Mediunidade, efetivamente, é recurso de todos, de vez que o intercâmbio espiritual reponta em toda parte.

Urge, porém, classificar-lhe as ocorrências, a fim de que se lhes especifique a natureza essencial.

Vejamos, por isso, algumas das marcas que assinalam os fenômenos mediúnicos, sem a Doutrina Espírita à luz do Evangelho do Cristo:

Revelação sem respeito.

Talento sem caráter.

Instrução sem educação.

Liberdade sem disciplina.

Conversação sem discernimento.

Indagação sem trabalho.

Iniciativa sem estudo.

Prazer sem responsabilidade.

Pesquisa sem consciência.

Tempo sem proveito.

Examinemos, em seguida, marcas outras que registram os fenômenos mediúnicos orientados pelo Evangelho do Cristo, à Luz da Doutrina Espírita:

Conhecimento sem bazófia.

Fé sem fanatismo.

Caridade sem ostentação.

Serviço sem apego.

Resignação sem preguiça.

Firmeza sem violência.

Fraternidade sem distinção de pessoas.

Afeição sem desequilíbrio.

Dever sem constrangimento.

No fenômeno mediúnico sem o Evangelho de Jesus, vemos a criatura tentando situar o Reino de Deus, na exaltação do império egoístico do “eu”; mas, no fenômeno mediúnico, sob as lições do Divino Mestre, encontramos a criatura conduzindo as forças do próprio “eu” para a exaltação do Reino de Deus.

MÉDIUM E MEDIUNIDADE

Apenas ligeiro símile da vida comum, para salientar a importância da preparação do médium perante a mediunidade.

No parque industrial, o automóvel é um prodígio de técnica.

Peças trabalhadas com esmero. Velocidade calculada. Controle perfeito.

Previsão, favorecendo despesas mínimas. Conforto na condução e ganho de tempo.

Dentro da máquina, porém, está o motorista, de cujo bom senso dependem a segurança e a paz dos viajantes.

E se o motorista não protege o carro, não lhe dispensa atenção fora do movimento, se abusa da sua capacidade ou se não respeita as leis do trânsito, por mais haja havido perfeição nas oficinas para construção do veículo, será muito difícil conservar o automóvel ou espaçar de riscos graves.

Na mediunidade, o ensinamento é o mesmo, à luz do esclarecimento.

A Doutrina Espírita é um prodígio de orientação e de apoio.

Instruções claras. Socorro constante. Amparo na vida e diretriz exata para o aproveitamento integral das horas.

No exercício da mediunidade, entretanto, está o médium, de cujo bom senso dependem a harmonia e a bênção das manifestações espirituais.

E se o médium não defende as próprias faculdades, se não estuda a fim de ampliar o próprio discernimento, se abusa de suas possibilidades ou se não serve ao próximo na Seara do Bem, de modo a conquistar merecimento e valor nas relações entre as criaturas, por mais haja perfeição na Doutrina Espiritual, será muito difícil conservar a mediunidade ou escapar de amargas experiências.

NA LEI DO AUXÍLIO

Quando pedimos auxílio, é justo pensar no auxílio imprescindível que devemos a nós.

Tudo indica, nos caminhos da vida, que as regras do bem somente valem se a criatura lhes substancializa os princípios.

O esquema de estudo, no educandário, é o mesmo tesouro de luz para a comunidade dos aprendizes, no entanto, cada jovem revela um tipo determinado de aproveitamento das lições recebidas.

Os estatutos de uma organização policial, de natureza superior, constituem avisos da justiça, mas a aplicação deles varia, segundo a diretriz das autoridades que os representam.

O regime do hospital é conjunto de instruções enobrecidas, visando a proteção dos enfermos, todavia, o êxito deles reclama a disciplina e o concurso dos internados.

As disposições do trânsito definem as sugestões valiosas daqueles que se desvelam pela tranqüilidade pública, no entanto, a segurança geral depende do respeito com que as observem pedestres e motoristas.

O plano de um estabelecimento industrial lança normas corretas para a dignificação do trabalho, mas a eficiência da fábrica se desenvolve na medida do serviço dos braços que a servem.

É naturalmente da Vontade Divina que todos sejamos auxiliados, entretanto, é forçoso convir que a nossa vontade humana deve dispor-se a ser auxiliada para que a Divina Vontade nos auxilie.

Prometeu-nos Jesus: “Quem me segue não anda em trevas”. O Senhor não se obrigava a clarear aos que apenas lhe aceitassem as verdades e sim aos que lhe aderissem ao próprio caminho. E, confirmando-lhe o enunciado, Kardec esculpiu, na codificação da Doutrina Espírita, o preceito insofismável: “Ajuda a ti mesmo e o Céu te ajudará”.

PÁGINA AOS ESPÍRITAS

Examinando os imperativos do progresso, lembremo-nos de que não poucos amigos estranham os ideais e atividades dos espíritos e dos espíritos, no trato com os assuntos que nos envolvem os interesses, além do plano físico.

Crendices – dizem alguns.

Futuro não interessa – clamam outros.

Entretanto, o mundo que antigamente considerava bruxaria o fato de ser diagnosticar uma enfermidade através da clarividência, na atualidade realiza a proeza, em caráter de rotina, pela radiografia.

E, quantos asseveram não encontrar qualquer vantagem nos estudos que vamos efetuando em torno do porvir, não desistem de educar os filhos para as eventualidades do tempo, exigem que as organizações legais lhes mantenham a ordem, utiliza-se da medicina preventiva e fazem seguro contra incêndio.

Declaram-se fixados tão-somente nos sucessos de hoje e nas conquistas de hoje, mas, no fundo, sabem que o amanhã lhes bate à porta e preparam-se prudentemente para enfrentá-lo.

Apesar da opinião de quanto não nos possam compreender de pronto, continuemos em nossos objetivos e tarefas, construindo o entendimento novo para a Vida Maior.

Sem ferir a ninguém, conquanto decididos a sustentar a verdade e a defendê-la com os recursos da lógica e do bom senso, prossigamos edificando a solidariedade humana sobre os alicerces do amor que o Cristo nos legou.

E tanto quanto esteja ao nosso alcance, sem curiosidade preguiçosa e sem pressa enfermiça, comprovemos a imortalidade da alma, demonstrando que a consciência se patenteia responsável e ativa para lá da Terra; que a criatura em qualquer parte colhe o que semeia; que o espírito seja ele quem for e onde estiver, vive nos reflexos das criações mentais que ele próprio alimenta e que a reencarnação é a lei através da qual somos todos conduzidos à renovação e ao progresso incessante.

Quanto possível, trabalhemos na Causa da Humanidade que a Doutrina Espírita representa.

Os homens encarnados de agora são nossos descendentes e nós, os desencarnados da hora que passa, seremos depois os descendentes deles, até que lês e nós nos mostremos em condições de acesso às Esferas Superiores.

“Berço –existência – desencarnação – renascimento” , constituem quatro estágios de evolução que cabem nas quatros letras da VIDA. E a VIDA, com as suas grandezas e exigências, problemas e imposições, tanto se encontra aí, quanto aqui.

PERANTE OS MORTOS

Quando visites o campo convertido em relicário da cinza dos mortos, procurando tatear a lembrança dos seres queridos que o sepulcro recobre, endereça-lhe a própria alma, em forma de amor, porque eles vivem.

Pensa neles com o enternecimento de quem reencontra devotados amigos, apartados de ti por temporária separação.

Qual se estivesse involuntariamente, numa parada expectante, falam-te, em silêncio, a verdade que o verbo humano não articula.

Basta medites para que lhes recolha a voz...

Poderosos de ontem, que abusavam da autoridade, lamentam, na lousa o capacete esbraseado de angústia e remorso que se lhes embutiu nas consciências; déspotas de variados matizes, que zombaram da fraqueza ou da ignorância do próximo, conservam enterradas, no próprio peito, as lâminas repulsivas com que desataram as lágrimas alheias; juízes, que leiloaram a dignidade dos tribunais suportam as conseqüências do arrazoado precioso com que vestiram sentenças ímpias; intelectuais que encharcaram a pena em lodo mental, assalariando a própria inteligência no artesanato do crime, clamam contra o nevoeiro que lhes entenebrece os pensamentos; tribunos, que esconderam propósitos sombrios em frases fulgurantes; ouvem no adito de si mesmos, as doridas exprobações de quantos lhes caíram na vasa das intenções subalternas; artistas, que injuriaram a natureza, senhoreando-lhe os recursos para suscitarem nos outros a delinqüência emotiva, arrastam-se, obsessos e infelizes, nos torvelinhos da insanidade; Pessoas dinheirosas, que fizeram à própria vaidade, buscam, em vão, apagar a mentira das pomposas legendas que lhes marcam os restos...

Junto deles, porém, surge a caravana dos que chegam dos cimos, a entremostrarem o próprio rato por mensagem de luz.

São aqueles que sobrenadaram a onda móvel e traiçoeira das ilusões humanas, desvelando os próprios corações por lábaros esplendentes...

Ostentavam nomes admirados, mas souberam transfigurar a própria grandeza no trabalho em que se tornavam pessoalmente humildes e pequeninos; foram titulados, na culminância das profissões, entretanto, colocaram o serviço aos semelhantes, acima das honrarias; desempenharam comandos sociais em gabinetes governativos, contudo, transformaram a liderança em exemplo de sinceridade e desinteresse, nas causas justas; eram renomados artífices da idéia e do sentimento, no entanto, manejavam a palavra falada ou escrita por enxada solar nas glebas do espírito; foram mordomos da finança e da economia, mas converteram a fortuna amoedada em sustentáculos do progresso e em fontes de beneficência fecunda; suaram, valorosos e desvalidos, na condição de heróis anônimos que a Terra desconheceu, todavia, passaram entre os homens, extravasando a própria dor, em cânticos de alegria e esperança, nos quais honorificaram o Eterno Bem...

Recordando os entes amados, que te antecedem no rumo de realidades sublimes, busca a inspiração dos que conheceste retos e bons e envolve no bálsamo da prece os que tombaram sob a névoa de clamorosos enganos.

Reflete em todos eles, enviando-lhes a simpatia de tua bênção, porquanto as criaturas de quem te despediram na morte, acreditando em aniquilamento, são simplesmente os companheiros desencarnados, componentes da Família Maior, a cujo seio também chegarás.

Digitado por: Lúcia Aydir.