ESPÍRITO E VIDA
DIVALDO PEREIRA FRANCO
DITADO POR JOANNA DE ÂNGELIS
ÍNDICE
ESPÍRITO E VIDA
Ainda hoje, no turbilhão da vida moderna, o Evangelho de Jesus é lição incomparável, veiculando em cada fasto o espírito da vida para a atormentada mente humana..
No momento mesmo em que para psicólogos respeitáveis teimam por negar a realidade insofismável do espírito imortal, tentando reduzi-lo a uma “força exteriorizadda pelo cérebro” e não por ele manifestada, confundindo, por preconceito científico a causa ao efeito ou este àquela, a palavra do Cristo atualizada por Allan Kardec na gigantesca epopéia do Pentateuco (*), tem caráter de urgência.
Até o instante da Codificação Espírita, embora os esforços titânicos de Erasmo e Lutero, tanto quanto de outros veneráveis cristãos, a mensagem evangélica esteve confundida na “letra que mata” e no dogmatismo ultramontano, sem conseguir atingir os altos objetivos a que se destinava, no inquieto panorama sócio-moral da Humanidade.
Com a Doutrina Espírita expressões nebulosas, revelações absurdas, fenômenos ditos milagrosos e ensinamentos que se demoravam na clausura do fantástico, adquiriram coerência graças às luzes da razão, que fulgem, desde então, clarificantes e consoladoras.
Espírito e vida.
Vida do espírito.
Espírito da vida.
Na mensagem evangélica examinada em espírito ressumbra a vida da lição atualizada e oportuna.
Com os instrumentos do bom-senso e da lógica adquiridos nos conceitos espiritistas, a vida do espírito se confirma em toda sua pujança, enquanto a Doutrina mesma desata o espírito da vida para os que jazem amortalhados no preconceito ou na ignorância desta ou daquela modalidade.
O modesto trabalho que hoje apresentamos, sem pretensão de espécie alguma, foi elaborado paulatina-mente e algumas das suas páginas agora refundidas e reestruturadas já apareceram, ao seu tempo, em letra de forma, na imprensa espírita, atendendo à diretriz para a qual foram escritas: consolar e esclarecer.
Utilizamo-nos de preciosos parágrafos da Codificação Kardequiana para os estudos do presente trabalho. Estas páginas agora enfeixadas em livro se destinam a oferecer lenitivo a muitas dores, consolo a diversas aflições e sugestões fraternas à luz do Evangelho e do Espiritismo a quem se encontra ante as encruzilhadas que, muitas vezes, surpreendem a todos nós, face às atitudes que devemos ou não tomar. (1)
Não guardamos no íntimo a fantasia de conseguir qualquer posição literária e não acarinhamos outro desejo senão aquele de apresentar os resultados da própria experiência haurida diversas vezes com lágrimas acerbas, na carne e fora dela.
E assim procedemos estimulada como estamos pela identificação da ânsia de Deus que treme em cérebros e corações atormentados, em todas as esferas da vida atual.
Não faz muito tempo e o filósofo inglês Tomás Hardy, exclamou, aflito: “O homem moderno perdeu o endereço de Deus”... Alguns anos depois, o físico alemão Alberto Einstein algo desanimado, escreveu:
“Vivemos num Universo em expansão. Toda conquista, no entanto, tem levado o homem quase sempre àdissolução”...
Nosso despretencioso trabalho não pretende apresentar um novo “endereço de Deus”, antes pelo contrário, afirmar aquela direção multimilenária: “Fazer a outrem o que se deseja que outrem lhe faça”, equivalente ao amor com que sempre e incessantemente Jesus nos tem amado.
Não conservamos a presunção de estancar, com estas páginas, o caudal da “dissolução” dos costumes em voga, mas sim mantemos a esperança de estimular os espíritos valorosos que, em luta renhida contra as manifestações inferiores, se esforçam para prosseguirem intimoratos pela senda do bem, por sabermos que o bem é bom para quem o pratica, como a verdade é luz para quem a conduz, iluminando primeiro aquele que com ela se identifica.
Enquanto as indústrias da guerra derramam o morticínio em massa e “a psicose da ensiedade”, desse estado resultante, destrói em escala igual à do câncer, Jesus hoje como ontem acalma, harmoniza, pacifica.
Seu Evangelho é rota, seus exemplos são sustentação e diretriz.
A traidos por Sua voz à Seara da vida, trabalhadores que nos candidatamos “à última hora” ao serviço na Vinha do Amor, rumemos confiantes, renovando-nos interiormente, exemplificando em espírito e vida, a excelência da revelação que chega “à hora predita”, e aceitemos os instrumentos para arrebentar as cruéis algemas do “eu” a que nos encontramos milenarmente atados.
Agradecendo ao Senhor os júbilos do dever cumprido como serva que “dá conta da sua administração”, trabalhadora imperfeita que reconhecemos ser, suplicamos suas dadivosas bênçãos para todos nós que necessitamos do seu inefável amor.
Joanna de Ãngelis.
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 2/7/ 1966, no Centro Espírita “Caminho da Redenção”, em Salvador, Bahia).
(*) Pentateuco kardequiano: “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno” e “A Gênese”.
(1) Usamos para cada Obra consultada as suas letras iniciais. Por exemplo: “O Livro dos Espíritos” — O LIVRO DOS ESPÍRITOS; “O Livro dos Médiuns” — O LIVRO DOS MÉDIUNS etc., com os respectivos Capítulos e Itens donde extraimos o ensino.
As Obras consultadas foram editadas pela F. E. B., respectivamente: O LIVRO DOS ESPÍRITOS 29ª edição; O LIVRO DOS MÉDIUNS 28ª edição; O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO 52ª edição; O CÉU E O INFERNO 19ª edição; A GÊNESE 14ª edição.
(Notas da Autora espiritual).
1
DIRETRIZ ESPÍRITA
“Com a perseverança é que chegarás a colher os frutos de teus trabalhos. O prazer que experimentarás, vendo a Doutrina propagar-se e bem compreendida, será uma recompensa, cujo valor integral conhecerás talvez mais no futuro do que no presente. Não te inquietes, pois, com os espíritos e as pedras que os incrédulos ou os maus acumularão no teu caminho. Conserva a confiança: com ela chegarás ao fim e merecerás ser sempre ajudado”.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS — Prolegômenos.
Muitas são as direções que podes tomar, imprimindo novo curso à vida.
Estradas se multiplicam atraentes, dificultando-te a opção.
Aparentemente conduzem aos redutos onde a felicidade se acolhe festiva.
Vês passarem as multidões dos que seguem os diferentes rumos.
Há em verdade rotas e rotas. Umas conduzem à morte, raras conduzem à vida.
Estás na diretriz espírita e pareces seguir a medo, imaginando...
Nem festas, nem fantasias encontras.
A realidade se desvela, apresentando-se legítima.
Vês a dor arrancando a máscara de ilusão das faces envilecidas pelo cansaço, pelo despudor.
Por onde segues enxergas aflições que passam ignoradas por outros, sombreando mais ainda semblantes já sombrios.
Identificas enfermidades minando organizações físicas e mentais que se gastam na perversão dos costumes entre esgares e angústias.
Pode parecer-te que no roteiro escolhido somente estão os trôpegos e estropiados, os enfermos e mendigos sob lancinante opressão.
As outras vias se te afiguram formosas e os que por ali avançam demonstram louçania.
Não te enganes, porem.
A ferida purulenta que todos enxergam é irmã menor do câncer ignorado a adentrar-se pelo organismo, em metástase irreversível.
A miséria vestida de andrajos é companheira dos malogros morais escondidos em linho e adamascados custosos.
O festival do prazer termina, invariavelmente, em prólogo de desgraça.
A direção por onde seguem os fáceis conduz àpraça sem nome do remorso tardio.
Numa das suas últimas publicações Darwin registrou que certa vez, embora enfermo e gasto, conseguiu contar ao microscópio mais de vinte mil sementes de determinada planta.
Fresnel, sem dar trégua ao cansaço nem ao abatimento, identificou as “ondas luminosas como sendo vibrações transversais do éter”.
Boas depois de ingentes esforços conseguiu provar que a “raça branca” é de todas a mais mesclada e em nada é superior às demais, ensejando bases para melhor confraternização entre os homens.
Todos os construtores do pensamento e das idéias que possibilitaram novas conquistas através dos tempos vergaram, infatigáveis, ao peso de mil aflições silenciosas, vivendo sob rudes ansiedades, seguindo, no entanto, a direção da verdade que se empenhavam descobrir.
Não estacionaram ante os fracassos aparentes.
Não desanimaram ao defrontar aspérrimas lutas.
Muitos venderam tudo quanto possuíam para não parar; outros perderam tudo para não desistir; diversos ofereceram até a saúde para não interromper os labores; e um número sem conta doou a própria vida, vítimas que foram dos próprios inventos mas, principalmente da ignorância em várias manifestações, para não abandonarem a honra de investigar os melhores meios de resolver os problemas do homem e do Universo para a felicidade do próprio homem.
Prossegue na direção espírita.
Há pranto em volta de ti e choras também. Enxuga, no entanto, as lágrimas alheias e as próprias lágrimas usando o conhecimento espírita.
A lição espírita ensina o porquê da aflição e o como sofrê-la, oferecendo a luz do discernimento para agires com acerto e seguires com determinação.
Na diretriz espírita aprendes “que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem amparo e proteção ao Fraco, porqüanto transgride a lei de Deus aquele que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no mundo dos Espíritos nada podendo, estar oculto, o hipócrita será desmascarado e patenteadas todas as suas torpezas; que a presença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com quem houvemos procedido mal Constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos desconhecidos na Terra.
“Mas, ensinam também (os Espíritos) não haver faltas irremissíveis, que a expiação não possa apagar. Meio de conseguí-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente aos seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu destino final”; conforme definiu Allan Kardec sabiamente no seu resumo da Doutrina Espírita. (*)
Avança, portanto, pautando a conduta na firmeza dos postulados abraçados, e se o caminho parecer áspero, de difícil acesso, recorda Jesus na direção do Bem inominado sofrendo todas as ingentes manifestações da ignorância e da impiedade humanas sem desistir nem desanimar, para oferecer à posteridade o código de amor e justiça inserto no Evangelho como meio de harmonia perfeita para o espírito em evolução e que hoje reaparece ao teu entendimento na diretriz espírita por onde receias seguir.
(*) O Livro dos Espíritos — Introdução 29ª Edição — FEB. (Nota da Autora espiritual).
2
DESLIZES OCULTOS
“167. Qual o fim objetivado com a reencarnação?
“Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a justiça?”
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Punge-te o coração o sofrimento do hanseniano lacerado, com amputações, carpindo rude expiação.
Aflige-te o espírito o obsesso emparedado nos corredores escuros do desalinho psíquico.
Angustia-te a sensibilidade o canceroso com prazo marcado na contingência carnal...
Faz-te sofrer o cerceamento social imposto ao delinqüente, que se comprometeu por infelicidade momentânea, arruinando outrem e a si mesmo inf e-licitando.
Constrange-te a visão do deformado físico, teratogênico ou vítima circunstancial de um desastre ou tragédia, que arrasta a ruína orgânica, em viagem de longo curso.
Suscita-te piedade o espetáculo deprimente dos órfãos ao desamparo e dos velhinhos sem agassalho, exibindo a miséria nas ruas do desconforto.
Confrangem-te o peito os caídos ao relento, que fizeram dos passeios e portais rústicos de ruelas escuras o grabato de dolorosas provações.
Dói-te a patética das mães viúvas e esfaimadas e dos enfermos sem medicamentos ou, ainda, dos esquecidos pelo organismo social.
Todos são passíveis do teu melhor sentimento de amor e compunção.
Ao fitá-lo, recordas-te dos “filhos do Calvário” e evocas, naturalmente, Jesus...
Eles, porém, estes sofredores, estão em resgate, dependendo deles mesmos a felicidade para o amanhã.
Já foram alcançados pelo invencível poder da Lei Divina.
Outros há que passam distribuindo simpatia e cordialidade, merecedores, no entanto, da mais profunda comiseração.
Alguns têm o corpo jovem, e fazem dele mercadoria de preço variável na insegura balança das emoções negociáveis.
Muitos sorriem e são tiranos da família, que esmagam impiedosamente.
Vários são disputados nas altas rodas das comunidades e vivem do fruto infeliz das drogas estupefacientes.
Diversos mantêm bordéis e aliciam jovens levianos.
Uns jogam na bolsa da usura e ludibriam corações invigilantes e arrebatados...
Outros comercializam a honorabilidade do lar ou envilecem a dignidade dos ascendentes.
Inúmeros são agiotas corteses, conquanto inescrupulosos e cruéis.
Incontáveis caluniam, amaldiçoam, apontam as falhas do próximo e, aparentemente, são justos, leais e bons.
Alçados alguns às posições invejáveis das artes, da política, das religiões são mendazes e empedernidos, delicados por profissão e criminosos disfarçados.
Uma infinidade destes, porém, ao nosso lado ou sob o nosso teto parecem nobres e honrados, sadios e corretos, mas não são..
Aqueles, os em resgate, possivelmente encontram-se arrependidos, ou, sob o látego da dor predispõem-se às tarefas de recomeço feliz, mais tarde.
Estes, como são ignorados pelas leis dos homens, desconhecidos dos magistrados, prosseguem na carreira insidiosa da loucura que os arrasta à meta do autocídio direto ou indireto.
Ludibriando sempre, esquecem-se de si mesmos.
Não os esquecerá, todavia, a Lei.
O que fazem e como o fazem, o que pensam e contra quem pensam inscrevem-no, gravam-no no perispírito com rigorosa precisão, para depois...
Todas as culpas ocultas se transformarão em feridas que clamarão pelo tempo e espaço medicamentos eficazes e dolorosos.
Expoliadores dos bens divinos, experimentarão o fruto da falácia e da zombaria.
Ouviram, sim, através dos tempos, os apelos da verdade e da vida.
Conheceram e sabem qual a trilha da retidão.
Podem agir com acerto.
Preferem, no entanto, assim. São os construtores do amanhã.
Ora e apiadas-te, meditando neles e nos seus crimes disfarçados e ocultos, para te acautelares.
A queda e o erro, o ato infeliz e o compromisso negativo que os demais ignoram, todos podem conduzir em silencioso calvário. É necessário, porém, o esforço para a reeducação da mente e a disciplina do espírito.
Todas as vezes em que o Mestre ofereceu misericórdia e socorro a alguém no sublime desiderato do seu apostolado redentor, foi claro e severo quanto à não continuidade no erro.
Pensando nisso, dilata o amor aos sofredores, a piedade aos geradores de sofrimentos, mas cuida de não te comprometeres com a retaguarda, porqüanto amanhã, diante da consciência liberta, as tuas sombras serão os fantasmas a criarem problemas contigo ante a Lei Sublime do Excelso Amor.
3
NAS DORES E RUDES PROVAÇÕES
“169. É invariável o número das encarnações para todos os Espíritos?
“Não; aquele que caminha depressa, a muitas provas se forra. Todavia, as encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porqüanto o progresso é quase infinito.”
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Levanta o espírito combalido e avança na direção do bem que te convida à felicidade.
Quantos se demoraram no exame dos insucessos, recolhendo reproche e coletando amarguras, estão na retaguarda, em dolorosas lamentações.
Aqueles que colocaram a lâmina cortante da intriga e da suspeita no coração, receosos de movimentos libertadores, continuam temerosos entre os que ficaram para trás.
Todos os que fizeram libações perigosas na taça do medo, encontram-se narcotizados, sem força para reagirem contra o mal, para seguirem intimoratos na direção da verdade.
Muitos que se ligaram à hipnose perturbadora da impiedade, que medra em vigorosas mentes desencarnadas, acumpliciaram-se com as hordas selvagens do Além-Túmulo, sucumbindo, inermes, sob tenazes rudes.
O medo como o arrependimento são ópio nefasto para a alma.
Como a censura é carro de cinza e lama, a tristeza e a taciturnidade são nimbos compactos ante o claro sol, dificultando a expansão da luz.
Não permitas que a névoa do cansaço ou a noite do desencanto povoem o país da tua alma com fantasmas que se desintegram ao contato da verdade.
Não os vitalizes, não os agasalhes.
O cristão decidido está entregue a Jesus, nEle confia, a Ele se dá. E se a dificuldade teima em persegui-lo, como se tomasse corpo e movimento, ele se arma com a oração e o amor, e avança.
Se a desordem reina, ele faz-se o equilíbrio de todos.
Se a dor impera, ele é a esperança de saúde para todos.
Se o desespero cresce ele é o porto de segurança onde todos se encontram.
Se o mal, em qualquer manifestação reponta, ele é o bem em representação atuante e vigorosa, ajudando e confiando sem temor nem cansaço até o fim.
Não te deixes, portanto, abater, nunca. Lembra-te de que Jesus, podendo ter vivido cercado de bajuladores e comparsas, guindado às altas esferas do mundo entre prazeres e facéias, no gozo ilusório do imediatismo carnal, escolheu os recintos onde se demorava a dor, e para companheiros homens simples e corações problematizados, amigos atormentados e perseguidos, perseguido Ele mesmo, para logo depois de julgamento arbitrário e cárcere humilhante, seguidos de ignominiosa crucificação e obscura morte, alçar-se às excelsas planuras da Imortalidade, vitorioso e sublime, continuando a esperar por nós, pelos séculos sem-fim, nos infinitos caminhos do tempo.
4
NÃO SÓ JUSTIÇA
“Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS (Comentários de ALLAN KARDEC à resposta 171).
— “Vale de lágrimas”! — exclamam corações em tormento.
— “Região de trevas e desespero”! — propõem sofredores de diversos matizes.
— “Oásis de gozo” — afirmam os doentes do prazer.
— “Recanto de delícias” — esclarecem os fornicadores da loucura.
— “Colônia de alegrias ao alcance da sagacidade” — expõem cerebrações enrijecidas no mal.
— “Punição, viver” — bradam uns.
— “Vivamos e gozemos” — proclamam outros.
“Viver é pagar alto tributo à vida” — gritam alguns revoltados.
“Viver é aproveitar o favor da oportunidade” — repitam os desassisados.
A carne, como porta de renascimento, é alta concessão da Divinidade para a felicidade do espírito.
A Terra é abençoado educandário onde se formam valores e se afirmam expressões superiores para a Vida.
Atados à conceituação deficitária da unicidade da experiência carnal para o espírito, os discípulos de tal escola, contemplam, estarrecidos, a dor, formulando hipóteses cruéis, nas quais mentalizam a Justiça Divina através dos recursos mesquinhos da arbitrariedade humana...
Vinculados a um materialismo grotesco e revel, homens e mulheres desnorteados, derivam no prazer, as apreensões que mantêm quanto à vida-além-túmulo.
Informados da pluralidade das experiências carnais, face ao sofrimento, há quem diga que a reencarnação é justiça, severa justiça...
Não só justiça mas misericórdia também.
Alta e valiosa misericórdia significa o trânsito na carne, a recapitulação entre novo berço e novo túmulo.
Por natural evocação das paisagens da vida extra-física, todos guardamos nas telas mentais os sinais da imortalidade.
Estes relutam e asfixiam as lembranças nos nimbos cerrados da rebeldia.
Esses reagem e apagam as evocações com a borracha da indiferença.
Aqueles insistem na negativa e anulam as recordações ante a teimice do prazer.
Todos, no entanto, renascem assinalados pelos caracteres trazidos da vida espiritual onde foi cultivada a aflição ou a ventura decorrente da jornada precedente...
Aguça os ouvidos e registrarás vozes de ontem, falando hoje.
Educa os olhos e enxergarás companheiros que a morte não consumiu nem aniquilou.
Aprimore a mente e decifrarás os enigmas do momento encontrando-lhes as chaves no pretérito.
Recorda e sentirás que viveste, vives e viverás...
Diante do arguto doutor do Sinédrio, a serenidade e segurança de Jesus afirmaram: “É necessário nascer de novo”. E ante as interrogações e dúvidas que assomavam ao interlocutor, Ele expôs: “O vento sopra onde quer, ouves-lhe a voz, mas não sabes donde vem nem para onde vai. Assim é o espírito”... ensejando-nos a marcha da evolução, o grande porvir hoje em começo, através da Justiça e da Divina Misericórdia também.
5
REVOLTA
“192. a) — Pode ao menos o homem na vida presente, preparar com segurança, para si, uma existência futura menos prenhe de amarguras”?
“Sem dúvida. Pode reduzir a extensão e as dificuldades do caminho. Só o descuidoso permanece sempre no mesmo ponto.”
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Indiscutivelmente, defrontas a revolta em toda a Terra, carregando u’a máscara de mil faces com que se apresenta, dominadora.
Revolta da pobreza que não se pode adornar de ouro frio nas competições infrenes do luxo...
Revolta da fortuna porque não pode conquistar o mundo, cavalgando as consciências honradas...
Revolta da vaidade que não logra sobrepor-se àdignidade alheia...
Revolta de quem não pode disseminar a perversão moral...
Revolta daqueles que não souberam preservar a saúde...
Revolta de quantos tombaram nos testemunhos àvirtude, resvalando nos lamaçais do vicio...
Revolta da ignorância por não envenenar a cultura que lhe desvela a cegueira...
Revolta do mal por não dispor de recursos para instaurar a anarquia no mundo...
Revolta da ambição dos que muito possuem e não estão satisfeitos, fazendo-se, eles mesmos, escravos do que ainda não têm, e revolta da ambição dos que nada têm, atormentando-se, eles próprios, na grilheta da posse que ainda não lhes chegou às mãos, olvidando, todos eles, o aproveitamento dos bens disponíveis para a disseminação da alegria e da felicidade nos corações...
Revolta dos que não têm fé, atirando-se nos cipoais do desespero, longe da disposição de aprimoramento da alma, e revolta dos que receberam o chamado da fé, mas não foram poupados aos necessários resgates das velhas dívidas, comprometendo-se, ainda mais, nos espinheiros da reclamação injusta, em flagrante desrespeito às sábias Leis que regem a vida...
Há, porém, uma revolta mais lamentável: aquela que surge na inconformação do homem esclarecido pela consoladora Doutrina de Cristo e que se embrutece na violência do prazer ultrajante, porque não consegue imprimir aos caprichos soezes um cunho superior, esmagando na posse quantos se negam a compactuar-lhe as fraquezas e indignidades, esquecido de que o caminho da paz é pavimentado de renúncia e humildade, embora a aflição que corrói e gasta.
Liberta-te da revolta de qualquer espécie e busca examinar, através do amor total, os recursos ao teu alcance, desdobrando esforços para a utilização justa do tempo e da dor, convertido em experiência primorosa, em favor da tua integração nas tarefas a que te propões, a benefício de ti mesmo, porque “só o descuidoso permanece sempre no mesmo ponto”.
6
MENTORES E TAREFAS
“491. Qual a missão do Espírito protetor?
“A de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas “provas da vida.”
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
O processo de transferência de responsabilidade vigentes entre os encarnados, lentamente está sendo aplicado na Seara Espírita pela invigilância dos companheiros residentes na organização física.
Considerando os Instrutores Espirituais amigos devotados e incondicionais como realmente o são, para estes pretendem relegar, por ignorância doutrinária, as tarefas e realizações que lhes dizem respeito, justificando tal conduta com as referências de amor.
Amor para aqueles que assim pensam e agem significa servidão; e justiça, para eles, passa a ser conivência com os seus erros.
Convidados à fidelidade aos postulados de fé que afirmam abraçar, mediante o testemunho pelo sofrimento, gritam pelos Amigos Espirituais, rogando libertação das dores.
Diante de problemas que a serenidade e o discernimento podem solucionar, exoram aos Benfeitores Desencarnados, a fim de que afastem o fardo.
Incompreendidos nas atividades a que se dizem afervorados e fiéis, clamam pelos Espíritos Amorosos exigindo seja comprovada sua inocência.
Enfrentando dificuldades no lar, solicitam aos Inspiradores Espirituais que atendam a família, amenizando-lhes as provas domésticas.
Empreguismo, melhoria de “sorte”, afetos, posições de destaque são partes essenciais dos seus requerimentos aos Espíritos Superiores, no sentido de receberem no Mundo Maior tais concessões, sem qualquer esforço apreciável.
E quando enfrentam o portal da vida verdadeira, após a desencarnação, exigem a presença dos Espíritos Felizes para os conduzirem às Excelsas Mercês...
Há diversos desses exploradores espirituais que se dizem beneficiários contínuos dos Espíritos Nobres, continuando, no entanto, asseveram, “muito necessitados de socorro e orientação”.
Esquecem-se de que os Instrutores Sublimes orientam e socorrem mas não realizam as incumbências que não lhes dizem respeito, mesmo quando fortes vínculos do amor estreitado em múltiplas reencarnações, os ligam aos requerentes.
Sabem que evolução é tarefa individual intransferível e que as Divinas Leis não registram artigos de protecionismo especial ou de condescendência criminosa a benefício de uns e em detrimento de outros.
Não executam os Benfeitores Espirituais os compromissos dos seus pupilos, por conhecerem que o espírito ascende na jornada evolutiva, assinalado pelas condecorações próprias, isto é, as cicatrizes e os suores da experiência.
Sofrimento, dificuldade, limitação, doença são expressões de aprendizagem para o uso correto dos recursos malbaratados ontem a escassearem hoje.
Ama, desse modo, os teus Protetores Espirituais e respeita-os.
Faze a tua parte conscientemente.
Apóia-te na dignidade do dever e realiza quanto te seja possível.
Encarregados pelos Excelsos Representantes de Jesus Cristo, teus Mentores Espirituais conhecem o programa dos teus compromissos e confiam no teu esforço, realizando a parte que lhes cabe desenvolver.
Respeita-os, Mentores Veneráveis que são, situados acima das questões que engendras e só a ti pertencem, orando ao Senhor nos instantes difíceis para que a inspiração do trabalho que deves executar flua generosa deles a ti, em intercâmbio refazente do qual retornes confiante e renovado.
João Huss convidado ao doloroso testemunho, traído e malsinado, orou ao Pai e deu-se à Verdade sem restrições, numa fogueira, após o que, suas cinzas foram atiradas sobre as águas do Reno...
Joana d’Arc, acossada e perseguida, confiou nas Vozes e sem solicitações inconcussas nem débeis, entregou-se ao Socorro Divino, orando, enquanto as labaredas lhe devoravam as carnes..
Lucílio Vanini, confiando na Proteção Superior, foi acusado e queimado vivo, por ateismo, tendo sofrido, antes da morte, a extirpação da língua por tenazes poderosas...
E Allan Kardec, lutando contra adversários impiedosos em ambos os planos da vida, para fazer o legado da Mensagem Espírita à posteridade, embora dirigido pelo Espírito Verdade não transferiu o dever assumido antes do berço, entregando-se intemerato e incansável ao labor até a desencarnação, como a informar que os Mentores Espirituais ajudam, inspiram e socorrem, mas a tarefa a cada um compete executar.
7
ARMADURA DE SEGURANÇA
“600. A prece torna melhor o homem?
“Sim, porqüanto aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assistí-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.”
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Quando o problema tomou proporções alarmantes ao revés de demandares a fonte augusta da prece, banhando o coração com a água lustral do equilíbrio e da serenidade, hauridos na comunhão com as Esferas Elevadas, te deixaste arrastar por inexplicável desespero que se fez peso morto a complicar os movimentos da tua libertação.
Murmuraste, enraivecido: “Tudo de ruim me acontece!”
Acrescentaste azedamente: “Onde o auxílio superior?”
Revidaste com mágoa: “Sou espírita, mas também sou humano!”
Completaste revoltado: “Assim não suporto. Deserto a qualquer hora”!
Gritaste, impelido pela insânia: “Chega! É demais! Para fazer o bem não é necessário perder a paz, sofrendo tanto!...“
Quando te candidataste à tarefa cristã com que o Espiritismo te acenava vitória espiritual sobre o pretérito culposo, sorriste em deslumbramento com a mente em febre de justa emoção, iluminado por compreensível alegria.
Explicaste, confiante: “A fé será minha lâmpada na noite do testemunho.”
Esclareceste, empolgado: “Saberei fazer jus à confiança do Mestre..
Expuseste, deslumbrado: “Agora encontrei o roteiro que me faltava”.
Elucidaste, jovial: “Que o Senhor me honre com o trabalho e a luta na construção da Humanidade melhor!”
Concluíste, fascinado: “Porfiarei até o fim, haja o que houver!
Se a morte chegar às minhas carnes, que ela me encontre de pé no campo!...”
Quando as palavras de renovação dos Amigos Espirituais atingem a acústica da tua alma, deixas-te arrastar pelos rios perfumados da emoção, deslizando no barco da esperança.
O céu, no entanto, não se limita aqui ou ali com a terra — interpenetram-se terra e céu.
O entusiasmo dinamiza o espírito de luta mas só a maturidade favorece o espírito com os valores reais e necessários à luta.
É muito comum aguardarem os crentes desta ou daquela denominação religiosa que a Providência Divina apresente soluções facilitadas e respostas prontas para todas as questões.
O Espiritismo, sendo a Doutrina resultante das experiências dos desencarnadOS, não favorece a fé acumpliciada com o ludíbrio, não se compadece das promessas quiméricas nem se apóia no culto à personalidade.
Não salva.
Não resolve problemas.
Não adia tarefas.
Mostra a rota salvadora.
Ensina diretrizes seguras.
Apresenta os impositivos da realização.
Favorece o crescimento espiritual.
Produz responsabilidade e enseja libertação.
Veste o discípulo com a armadura de segurança da dignidade real.
Quando o problema vier...
Quando a dor surpreender...
Quando a incompreensão se estabelecer...
Quando a enfermidade se instalar..
Quando a luta eclodir...
Quando a soledade afligir...
Quando... Quando forem convocado à tarefa para a qual o Espiritismo vem armando tua mente e ‘teu coração com os instrumentos rutiLantes da verdade, unge-te de humildade, deixa que vibrem as altas harmonias do Cristianismo em teu mundo íntimo, honrando-te com a oportunidade de expressar a ti mesmo a excelência do verbo crer, na atividade do ser, pela senda do merecer. E insistindo sem cansaço, porfiando sem desídia, vencerás trevas e conflitos, refugiando na oração porque, inspirado por Jesus, a Quem deves buscar em todos os instantes da vida, a Ele que, há tanto tempo te tem buscado, paciente...
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PREGUIÇA
“682. Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também uma lei da Natureza?
“Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.”
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Na sua primeira Epístola à Igreja de Corinto, no capítulo onze, versículo trinta, o Apóstolo Paulo informa: “... há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem”.
Em seu zelo incomparável para com o Espírito, o Missionário das Gentes se refere àqueles que não sabem portar-se ante a evocação da Ceia do Senhor... Todavia, em nos reportando aos que “dormem”, sugerimos alguns comentários oportunos, em considerando as lides em que nos encontramos empenhados, tendo em vista a nossa redenção espiritual.
O homem inteligente, que descobre através do Espiritismo os objetivos essenciais da reencarnação, fácilmente se liberta das superficialidades, aprofundando o interesse pessoal nas questões transcendentais, em que se renova e felicita.
Aproveita ao máximo os tesouros tempo e oportunidade, valorizando o conhecimento pela sua bem dirigida aplicação.
Não se deixa engolfar pelas seduções que o amesquinham nem entesoura paixões que o degradam.
Aprimora os sentimentos e cultiva a mente, a si mesmo permitindo somente os valores ponderáveis e expressivos para a auto-realização.
Procura viver com respeito pela vida, exercitando equilíbrio e sensatez.
Sabe que uma jornada longa, na carne, é uma honra e como aproveitá-la sabiamente é tarefa que lhe compete.
Por análise e dedução compreende que a desencarnação cedo, raras exceções, é punição que se aplicam antigos suicidas, cujos fluidos degenerescentes gastam a harmonia das células, produzindo desajustes incontroláveis, que os perturbam além-túmulo, pelos choques psíquicos que advêm do renascer e logo desencarnar...
Em verdade, na Terra, dorme-se em demasia.
Dorme-se por necessidade de refazimento orgânico, dorme-se por não se “ter o que fazer”, dorme-se por dormir...
Uma expressiva maioria dos homens ditos civilizados, na caça de emoções brutalizantes, troca as noites pelos dias e, insensibilizados, dormem.
Outros dormem sob hipnose vigorosa de mentes que intercambiam com suas mentes, impossibilitando-lhes o estudo, a atenção, o trabalho...
Dormem no lar, dormem em reuniões de qualquer natureza, quando edificantes e úteis, dormem no transporte, dormem no trabalho. .. Hibernam-se pela compulsória obsessiva e, mesmo desencarnados permanecem em estado de sono com os centros da consciência lesados.
Enfermidades se desenvolvem facilmente quando a inércia mental lhes concede campo!
Males se agravam naqueles que, tardos, não oferecem ressistência às aflições que os visitam.
Autocídios inconscientes se desenvolvem ignorados, nos que mantêm a casa mental vazia de objetivos superiores.
Amolentados, deixam-se arrastar pela preguiça, e esta trabalha a indumentária que mata, por constrição, o corpo de qualquer ideal em desenvolvimento e asfixia toda expressão de luta.
O título universitário conferido sem mérito éadorno ridículo.
O instrumento que reluz, sem utilidade, torna-se incômodo.
O espírito encarnado inoperante é prejuízo na economia social.
Desperta para a vida.
Exercita mente e membros na ação.
Luta contra os vapores entorpecenteS que te vencem a lucidez mental.
Atua, diligente, onde estejas. Em todo lugar há oportunidades para quem gosta de trabalhar.
O problema que muito se destaca na atualidade é o da preguiça.
Empreguismo, fácilidade, repouso, amolentamento moral, prazer são condimentoS que temperam a preguiça a funcionar qual ferrugem destruidora nas engrenagens do espírito, corroendo o homem.
O cristão decidido, a exemplo do seu Mestre, éatuante, adversário natural e espontâneo desse corrosivo odiento, no entanto, muito requestado e bem aceito.
Quando sentires, sem motivos procedentes e reais, moleza e avassaladora necessidade de repouso demorado, desperta e produze.
Não durmas senão o necessário.
Vigia e ora.
Jesus no Horto, à hora do testemunho doloroso, mais de uma vez, encontrou-se a sós, apesar dos companheiros ao seu lado... dormindo.
E como a desencarnação advirá agora ou mais tarde, prefere partir cansado ou extenuado produzindo para o bem, a partir radiante de saúde e estuante de força nos braços amolentados da preguiça.
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SERVE E CONFIA
“784. Bastante grande é a perversidade do homem. Não parece que, pelo menos do ponto de vista moral, ele, em vez de avançar, caminha aos recuos?
“Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia-a-dia reprimindo os abusos. Faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas:
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Alma que sofre, olha a terra encharcada e ferida, coberta de árvores quebradas e banhada pelas águas dos rios transbordantes!
Aqui e ali a destruição e o lamaçal assinalam a passagem terrível da tormenta desenfreada.
Contempla o jardim despedaçado pelo granizo e o vento, deixando flores mortas no chão e raízes acima do solo.
Fita as águas lodosas dos rios cheios conduzindo destroços e morte..
A devastação passou abraçada à ruína e a vida periclita em derredor.
No entanto, no dia seguinte, brilha o sol generoso. Osculando tudo, indistintamente, leva a toda a parte a bênção da esperança e do refazimento.
Confiante, o homem resolve cooperar com a mensagem de mais alto. Abre valas, desvia os cursos dágua, revolve a terra, retifica a vegetação destroçada e semeia na gleba úmida.
O tempo se encarrega de devolver a esse homem resoluto a beleza da paisagem, a bênção do grão e o doce aroma das flores espalhado no ar... E o sol compassivo segue adiante.
Vai mais além, alma em sofrimento, e fita a terra ressequida, o chão ferido pelas setas douradas do sol, os rios em pó, nem água nem lama, a vegetação crestada e a vida a morrer...
A seca impiedosa tudo destruiu.
Todavia, subitamente, carreadas por ventos bons, nuvens andantes entornam suas ânforas cheias, cobrindo de umidade e vida a terra torturada.
O homem, animado pelo auxílio inesperado, corre ao chão e o afaga com os instrumentos de amanho, sendo felicitado, depois, com o verde dos campos e o ouro das espigas, contemplando as fontes cantantes a sombra do arvoredo... E o sol compassivo segue adiante.
Enxuga, então, tuas lágrimas de agora.
Se a tormenta hoje te inunda o coração, desfazendo o jardim dos teus sonhos ou alagando com as lágrimas da inquietação o teu pomar de fantasias, aguarda o Sol generoso, doador de bênçãos, serve e confia, semeando a esperança no próprio coração.
Se a ingratidão queimou o frescor da tua alegria e a injustiça secou o teu rio de confiança na vida, serve ainda mais e mais confia nas abençoadas nuvens portadoras da abundância da felicidade. Quando chegarem, renovarão teus celeiros com os sadios grãos da serenidade e da paz.
Cala todas as dores para que a cortina líqüida do pranto não obnubile a visão azul dos céus que te mandarão o socorro em mensagens de luminoso alento.
Hoje significa o teu momento de semear, sejam quais forem as condições.
Deixa ao futuro aquilo que o presente ainda não pode resolver e, sem desfalecimento, serve e confia, observando que “o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos”, inspirado, esse homem em crescimento, que te observa a conduta espírita e cristã, nos teus salutares exemplos de fé e serviço.
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AUTO-DOAÇÃO
“893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?
“Toda virtude tem seu mérito próprio porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade”.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Aprende a doar-te, se desejas atingir a prática legítima do Evangelho.
Pregador que se alça à tribuna dourada, derramando conceitos brilhantes mas não se gasta nos labores que propõe é apenas máquina de falar, inconsciente e inconseqüente.
O verdadeiro aprendiz da Boa Nova está sempre a postos.
Se convidado a dar algo, abre a bolsa humilde, e, recordando-se da parábola da viúva pobre, oferta o seu óbulo sem constrangimento.
Se chamado a dar-se, empenha-se no trabalho, gastando-se em amor, consumindo as energias recordando o Mestre na carpintaria nobre.
Há muita gente nas fileiras do Cristianismo que ensina com fácilidade, utilizando linguagem escorreita, falando ou escrevendo, mas logo que é convocada a dar ou doar-se recua apressadamente ferida no amor próprio.
Prefere as posições superiores de mando, distante das honrosas situações do serviço.
Pode ser comparada a parasitas em alta posição na árvore de que se nutrem, inúteis.
Em comezinhos exemplos, encontrarás, no quotidiano, o ajudar-gastando-se.
A pedra que afia a lâmina, consome-se no mister.
A grafite que escreve, desaparece enquanto registra.
O sabão que higieniza, dissolve-se, atendendo ao objetivo.
Em razão disso, não receies sofrer nas tarefas a que te propões.
São os maus que te necessitam. Os enfermos te aguardam e os infelizes confiam em ti.
Pede a ti mesmo, algo por ele, e embora o teu verbo não tenha calor nem a tua pena seja portadora da fraseologia retumbante, haverá sempre muita beleza em teus atos e muita bondade em teus gestos quando dirigidos àqueles para quem, afinal, a Boa Nova está no mundo, recordando que Jesus, após cada pregação sublime, dava-se a si mesmo para a felicidade geral.
A estes oferecia a palavra de alento e paz.
Àqueles ministrava, compassivo, lições de vida e gestos de amor.
A uns abria os olhos fechados ou os ouvidos moucos.
A outros lavava as mazelas em forma de pústulas ou recuperava a paz, afastando os Espíritos infelizes.
E a todos se doava, sem cessar, cantando a Boa Nova e vivendo-a entre os sofredores até a Cruz, que transformou em ponte de luz na direção da Vida Imperecível.
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OBSIDIADOS
“972. Como procedem os maus Espíritos para tentar os outros Espíritos, não podendo jogar com as paixões?
“As paixões não existem materialmente, mas existem no pensamento dos Espíritos atrasados. Os maus dão pasto a esses pensamentos, conduzindo suas vítimas aos lugares onde se lhes ofereça o espetáculo daquelas paixões e de tudo que as possa excitar’’.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Jornadeiam sob dramas angustiantes que vivem mentalmente.
O pensamento dirigido por lembranças vigorosas do passado não consegue romper os laços que o vincula à rememoração continuada.
Atormentados em sinistros dédalos íntimos, desfazem a máscara da aparência sob qualquer impacto emocional.
Irritadiços, vivem desgovernados.
Traumatizados, são sonâmbulos em plena inconsciência da realidade.
Trânsfugas, não conseguem fugir aos cenários de sombras onde residem psiquicamente.
Refletem nas atitudes o próprio desgoverno e sofrem aflições que procuram ocultar, amedrontados.
A maioria esconde o pavor por detrás da aspereza em que se enclausura.
Uns enxergam os adversários do mundo íntimo em todos os que os cercam.
Outros ouvem em todas as expressões verbais o sarcasmo de que são vítimas incessantes.
Transitam, atordoados, monologando ou travando diálogos de vil hostilidade.
Nos painéis da tua mente muitas outras mentes procuram refúgio, constrangendo-te ao recuo.
Falam contigo, procurando recordar-te...
Apresentam-se à hora do parcial desprendimento pelo sono, tentando imprimir nos centros sensíveis os seus espectros em cujas fáceis a dor e a revolta se refletem.
Atropelam-te, imiscuindo-se nas tarefas que te dizem respeito e interferindo mesmo em questões insignificantes do dia-a-dia.
Inspiram-te sombrias maquinações.
Transmitem sugestões malévolas.
Zombam da tua resistência.
Assediam a tua casa psíquica.
Também eles, os outros companheiros do envoltório carnal, igualmente sofrem a compressão desses desencarnados em estado pestilencial do ódio.
Como tu, também lutam tenazmente.
Alguns já se renderam, deixando-se arrastar submissos.
Diversos estão recorrendo aos estupefacientes a fim de fugirem, caindo, logo depois, indefesos, nas ciladas bem urdidas em que se demoram hipnotizados.
Muitos buscam a ação dos eletrochoques e da insulina e repousam apagados sem recobrarem, logo mais, a paz, voltando às evocações logo cessam os efeitos psicoterápicos de um ou de outro.
E há os que procuram em vão, na infância, as causas de suas aflições, deixando-se analisar...
Ignoram, todos eles, as causas transcendentes dos sofrimentos, a anterioridade das obsessões.
Com todo o respeito que nos merecem os métodos da Ciência e as modernas doutrinas psicológicas, associa a prece e o passe às demais terapêuticas de que te serves.
Faze da prece um lenitivo constante e do passe um medicamento refazente.
Renova a mente com o recurso valioso da caridade fraternal.
Sai da cela pessoal e visita outros encarcerados, trabalhando por eles, socorrendo-os, se estiverem em situação mais grave e danosa.
Insculpe no pensamento as asas da esperança e alça a mente às Regiões da Luz, assimilando o hálito divino espalhado em toda a parte.
Sentirás estímulo para lutar e ajudarás, através das atitudes de renovação, os próprios perseguidores desencarnados.
Ora por eles, os teus sicários.
Serve-te do passe evangélico e procura assimilar as energias que te serão transmitidas.
Mas, sobretudo, faze o bem, ajuda sem cessar, harmoniza-te e tem paciência.
O tempo é um benfeitor anônimo.
Diante de obsessores e obsidiados o Excelso Psicólogo manteve sempre a mesma atitude: amor pelo enfermo na carne e piedade pelo enfermo desencarnado, libertando um e outro com o beneplácito da sua misericórdia e os conclamando. a realizarem a tarefa de renovação pelo trabalho, em incessante culto ao perdão pelo amor, em cujas páginas se inscrevem a paz e a felicidade sem jaça.
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MEDICAMENTO EFICAZ
“Ora, o Espiritismo, que entende com as mais graves questões de filosofia, com todos os ramos da ordem social, que abrange tanto o homem físico quanto o homem moral, é, em si mesmo, uma ciência, uma filosofia, que já não podem ser aprendidas em algumas horas, como nenhuma outra ciência.”
O LIVRO DOS MÉDIUNS 1ª parte, Capítulo 2º — Item 13.
Desde que o clarão estelar do Espiritismo norteia tua vida, abrindo clareiras luminosas no matagal por onde avanças, em plena vilegiatura carnal, ama aos espíritos árduos que te seguem em pós, na intimidade do ninho doméstico ou em volta das tuas relações.
O obsessor ultriz, que zurze o açoite da impiedade, quando no além, ao se reemboscar no invólucro de cinza e lama, que se torna matéria, não modifica a estrutura do próprio caráter.
Impulsionado pela Lei ao renascimento junto ao teu coração, esse cobrador insaciável é a tua vítima dantanho, exigindo-te humildade e resgate.
Amarga as tuas horas; inutiliza os teus melhores planejamentos; inquieta os teus momentos de paz; sombreia o sorriso nos teus lábios antes que irrompa; avinagra o sabor dos teus sonhos; impiedoso, é fiscal e cobrador que não cessa de exigir.
Se o encontrasses no santuário mediúnico certamente terias comiseração e piedade, oferecendo-lhe o perdão de que tem necessidade, em bagatelas de entendimento fraternal.
Faze de conta que o corpo de que ele se utiliza, oferece uma psicofonia atormentada de longo curso.
Doutrina-o com o silêncio da resolução firme.
Esclarece-o com o verbo eloqüente da paciência.
Ilumina-o com a claridade da tua fé regeneradora.
Tudo isso podes fazer, porque a Doutrina Espírita te ensinou, desde ontem, que irrompeste de um passado sombrio para a madrugada imortalista de bênçãos.
A eternidade por que anseias, sem passado e sem futuro, no entanto, vige no teu coração em cada instante, anulando as sombras e estuando de claridades.
O clan Júlia, em Roma, a família Médicis, em Florença, as casas Tudors e Stuarts, na Grã-Bretanha e o poderio dos Bourbons, em França, fizeram à história um legado de obsessões tormentosas, em família.
Ascendentes perseguidos renasceram nas carnes de descendentes perseguidores.
E em todos eles como em outros tantos, parentes pela consangüinidade e colaterais estiveram no círculo vicioso e estreito de obsessões irreversíveis e calamitosas.
Ignoravam todos esses infelizes o sublime roteiro do Espiritismo cristão. E ainda hoje como há pouco, famílias e famílias estão enleadas nas obsessões devastadoras em que se extingüem para recomeçar, rastreando ódios; vinditas há que se consomem em loucuras e aniquilamentos recíprocos, porque não dispõem da Mensagem Espiritista, esse clarão estelar, que consubstancializa a verdade, na noite de sombras da consciência pervertida.
Tu tens, porém, no Espiritismo que restaura o Cristianismo na sua pujança inicial “O Livro dos Espíritos” e o “Livro dos Médiuns” esses medicamentOS eficazes para todas as enfermidades do espírito e do corpo, já que aflições têm as suas nascentes no imo do espírito imortal.
O Livro Espírita que te liberta da ignorância e da superstição é o amigo incondicional da tua lucidez, oferecendo-te pão e lume, agasalho e remédio para as horas difíceis de provança da tua jornada atual.
Como o amor, segundo preceituou Jesus, é a alma da vida e a caridade é a vida da alma, os Espíritos Sublimes que vieram corporificar a mensagem cristã na Terra, para a redenção da Humanidade, foram explícitos: o estudo é o libertador do homem, no cadinho difícil das reencarnações dolorosas, porqüanto o conhecimento dá-lhes armas para se librarem acima de todo o mal e viverem todo o amor nas trilhas santificantes da caridade com Jesus.
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COM DIGNIDADE
“O verdadeiro espírita jamais deixará de fazer o bem. Lenir corações aflitos, consolar, acalmar desesperos, operar reformas morais, essa a sua missão. É nisso tambem que encontrará satisfação real.”
O LIVRO DOS MÉDIUNS 1ª parte, Capítulo 3º — Item 30.
Queixosos expelem, intermináveis, o amargor das aflições, cultivando-as, no entanto, prazerosamente. Conhecem os meios de libertação do sofrimento e se afervoram à insânia.
Pessimistas espalham fartamente a indigência moral a que se apegam, embora saibam que a esperança agasalhada no imo lhes concederia tranqüilidade.
Enfermos insistem na descrição dos males a que se vinculam, apesar de identificarem nominalmente os antídotos para as mazelas que descrevem.
Viciados lamentam a própria “sina”, enquanto se firmam nos propósitos da auto-piedade sem o menor esforço pela recuperação deles mesmos.
Sabem dos métodos curadores mas prosseguem inveterados.
Inquietos comentam a instabilidade emocional de que são vítimas, solicitando excusas, todavia perseveram na sementeira da irresponsabilidade como se ignorassem os males que praticam.
Mendigos da piedade exibem chagas imaginárias e enredam-se em problemas que estão longe de possuir. Entretanto, podendo seguir a rota da ação enobrecedora, insistem no círculo estreito da infelicidade que engendram.
Outros mais, acalentando viciações mentais diversas formam a caravana dos cômodos da realização superior, aguardando comiseração e socorro que, no entanto, se negam a aceitar.
Solicitam auxílio dos outros e possuem em si mesmos os recursos necessários para o equilíbrio.
Desejam cooperação sem a idéia de oferecer pelo menos receptividade.
Pedem e não doam sequer a quota mínima de esperança.
São os que aprenderam felicidade pelas vias tormentosas da fraude.
Preferem o parasitismo.
Agradam-se em viver assim, vítimas hipotéticas da vida e da Lei Divina, herdeiros, porém, da preguiça que elegem como nubente ideal.
Estão sempre contra, do outro lado, revoltados, quando a migalha da compaixão real de alguém ou da falsa piedade geral não lhes chega à arca da insatisfação.
Acautela-te!
Junto a ele ajuda em silêncio, sem perda de tempo.
Convivendo ao lado deles, ora em silêncio para não te identificares com a sua vibração.
Fazendo o exame de consciência habitual, corrige as disposições mentais quando amolentadas para te não incorporares à malta deles.
Confunde-se amor, a todo instante, com sentimentalismo injustificável e pretende-se que o Evangelho, apresentando o amor como o excelente filão da vida, seja um valhacouto de caracteres irresponsáveis e espíritos fáceis.
Se assim fosse, seria o mesmo que transformar a ordem do Universo, em nome do amor ao capricho dos tíbios e dos parvos.
Em passagem alguma da Boa Nova, encontramos o Rabi na usança da falsa piedade ou na acomodação com a indolência.
Construtor do Orbe, não pode ser considerado um incipiente.
Administrador da Terra, não poderia ser confundido com um acolhedor de néscios.
Foi, por excelência, a ação dinâmica.
De atitudes firmes e caráter diamantino em hora alguma se manifestou como um fraco ou fez a apologia da cobardia.
Se proferiu a morte, fê-lo pelo heroísmo de não chafurdar as coisas elevadas do espírito indômito com as dissipações do corpo frágil.
Se se deixou conduzir a um julgamento arbitrário, fê-lo para não postergar os direitos de exemplificar o valor da verdade, passando-os a mãos acumpliciadas com a criminalidade.
Se permitiu docilmente a traição de um amigo, teve em mente lecionar vigilância, oração e dignidade, prescrevendo, em silêncio, que sublimação é tarefa pessoal, intransferível.
Se conviveu com a gente dita de “má vida” ensinou, através disso, que as aparências físicas não refletem as realidades básicas da existência.
E em todo instante foi forte: na multidão, em soledade; no aparente triunfo, no abandono aparente; pregando a esperança, sorvendo o vinagre e o fel; no instante supremo, na ressurreição insuperável.
A mensagem que nos legou, ofertou-no-la vibrante, estóica.
O Evangelho é repositório de força, vitalidade, vida. Vazado em termos de meiguice mudou a rota dos tempos.
Desvelado, agora, pelos Espíritos Imortais, modificará a face do Orbe.
“Reconhece-se o verdadeiro espírita — disse Allan Kardec — pela sua transformação moral, pelos esforços que emprega para domar suas inclinações mas
Imanado ao espírito do Espiritismo que te liberta da ignorância e das sombras, elevando o padrão moral da tua vida, preserva-o dos que o utilizam com chocarrice e deles se servem como arrimo para esconderem as misérias espirituais em que se comprazem.
De referência ao amor, não dês lugar à zombaria e não zombes, não agasalhes supertições nem permitas paralelísmos deprimentes, não te concedas leviandades nem perfilhes dissipações alheias, subestimando esse Consolador que enxuga suores e lágrimas mas que, acima de tudo prescreve dignidade na luta, inspirada no Herói da Ação Incessante, como normativa segura para a construção de um Mundo Melhor e de uma humanidade ditosa.
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COMPROMISSO SIGNIFICATIVO
“Por essa meditação dos nossos ensinos éque conhecemos os espÍritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome aos que na realidade, não passam de amadores de comunicações.”
O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte, Capítulo 17º — Item 220 (5ª)
Quando as provações se fizerem mais rudes, escasseando nos celeiros íntimos a coragem e a esperança, buscaste o Espiritismo para haurir força nova e descobriste tesouros de abençoada renovação que te felicitaram o espírito.
Respostas que tardavam, chegaram facilmente, eqüacionando problemas aparentemente insolúveis.
Tranqüilidade espontânea dominou os painéis da tua mente sobrepujando alienações injustificáveis, que te ameaçavam a integridade mental.
Alegria pura e simples substituiu os deprimentes estados emocionais que sombreavam as alamedas do pensamento angustiado.
Vitalidade desconhecida retemperou-te o ânimo fazendo-te crer num retorno da juventude.
Ignotas promessas de felicidade enfloresceram naturais, na esfera das tuas aspirações apagando as densas trevas do pessimismo que te dominava..
Fraternidade jamais experimentada derramou o licor da afeição singela em volta dos teus sentimentos, franqueando o teu círculo de operações com amigos, ontem escassos.
Trabalho agradável e beneficente favoreceu tuas horas preenchendo as lacunas do tédio, que te asfixiava em gases letais.
Planos edificantes começaram a corporificar-se no teu setor de atividades humanas e sociais...
Subitamente, porém, as dores voltaram, recrudesceram as dificuldades.
Sitiado pela incompreensão de alguns poucos amigos novos e afligido pelos resgates do pretérito, que ressumbram agora, inadiáveis, contemplas o desmoronar do quanto arquitetaste.
Desejavas que as primeiras impressões do contato com a fé espírita não se desfizessem...
Tudo seguia em ritmo animador.
O sorriso era comensal dos teus lábios e a esperança se hospedara no teu coração.
Agora sentes novo desencanto.
O Espiritismo longe de destinar-se a criar uma classe de diletantes da alegria tem como objetivo moral a reforma íntima do homem.
Toda reforma moral implica em esforço titânico e luta demorada.
Os espíritas, por isso mesmo, não são melhores nem piores do que os outros homens. São espíritos em provas.
O conhecimento do Espiritismo não cria o favoritismo personalista, anulando o valor de cada espírito em crescimento na esfera de ação a que se afervora.
Ultrapassada a fase inicial do conhecimento doutrinário, o Espiritismo, lenindo as ulcerações do candidato às suas fileiras explica a função benéfica do sofrimento e as razões fundamentais da reencarnação.
Confere, igualmente madureza ao espírito, e, à semelhança de pedagogo eficiente, conduz o aprendiz pelas diversas classes do educandário evolutivo, inspirando-o, lecionando sabedoria e Vivência cristã.
Retifica o estado de ânimo em que te encontras.
Corrige o raciocínio e reflete com calma.
Ponderação é medida diretiva em qualquer ensejo.
Transferir para os outros as deficiências que nos tisnam os propósitos de alevantamento representa fuga espetacular ao dever com justificativas sem funmento.
Aquele que travou contato com as lições do Espiritismo não tem o direito de exigir dos outros nem mesmo o de que é capaz. Compete-lhe melhorar sempre, ajudando sempre.
O repasto espiritista é de qualidade superior, e, pois, com o devido respeito, deve ser servido para uma assimilação perfeita.
Mergulha o pensamento e o coração nas lições do Espiritismo libertador e, embora usando a canga necessária para o pagamento dos velhos débitos, afervora-te na Continuidade do trabalho a que te ligaste, nele encontrando o cadinho purificador.
O Espiritismo é compromisso significativo que se assume ante a própria Consciência.
Recorda que Jesus, em aceitando a oferenda da mulher obsidiada, que buscava renovação, exortou-a ao amor incessante, advertindo-a, no entanto, para que não voltasse a pecar, a fim de que a mensagem que se emboscava no seu atribulado espírito fulgurasse como luzeiro sublime por onde seguisse, junto a quem estivesse, atestando a excelência do compromisso com a fé santificante.
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GLÓRIAS E MEDIUNIDADE
“Não creias que a faculdade mediúnica seja dada somente para correção de uma, ou duas pessoas, não. O objetivo é mais alto: trata-se da Humanidade. Um médium é um instrumento pouquíssimo importante, como indivíduo.”
O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte, Capítulo 20º — Item 226 (5.a).
Desde tempos imemoriais a competição vem oferecendo aos triunfadores a coroa de glória com que estes se destacam na comunidade.
Glórias da dominação violenta — glória do poder exagerado.
Glórias que se manifestam como bafo venenoso de orgulho desmedido, adornadas de branzões reluzentes, medalhas vistosas e condecorações pomposas.
Glórias que nascem em rios de sangue e glórias que surgem nos espinheiros da calúnia.
Glórias pela posse que se aprisiona em cofres mortos onde a usura se enfurna acompanhada pela insensatez.
Glórias da perversidade e do crime que permanecem ocultos sob máscaras afiveladas a faces carcomidas pela enfermidade moral.
Glórias do aplauso popular, transitório e enganador, e glórias do destaque social que emurchece sob o sorriso da ilusão.
As Academias oferecem as glórias que se cristalizam na prepotência da cultura e na dominação da inteligência.
Os estádios glorificam os seus heróis de um dia.
Glórias e triunfos em todo lugar.
Lauréis aos que sistematizam diretrizes para a vida nos concertos sociais e triunfos que guardam suas vozes no silêncio cruel das preocupações sem palavras.
Sucessos que, no entanto, não seguem além do túmulo.
O cristão não desfruta dos prêmios e das glórias imediatas. Servo do Cristo, no seu Modelo e Guia vê a mais alta expressão do serviço que lhe cabe realizar.
Se te candidatas à mediunidade, no serviço com Jesus, renuncia a quaisquer glórias ou aos enganosos florilégios da existência, porque jornadearás pela senda de espinhos, pés sangrando e mãos feridas, coração azorragado, sem ouvidos que escutem e entendam os teus apelos mudos...
Solidão e abandono muitas vezes para que o exercício do dever enfloreça o amor no teu coração em favor dos abandonados e solitários.
Apostolado de silêncio, culto do dever, auto-conhecimento — eis o caminho da glória mediúnica, através de cuja senda encontrarás, no país da alma encarnada, os sentimentos puros que te oferecerão os filtros para o registro da Mensagem de vida eterna, com que o Mestre Divino, de braços abertos, traduzirá aos teus ouvidos a glória da consciência reta, consoante o ensino do Apóstolo dos Gentios na 2ª Epístola aos Gentios, Capítulo 1º e versículo 12.
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NA SEARA MEDIÚNICA
“Todas as imperfeições morais são tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A quem, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem pedido muitos médius dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções.”
O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte, Capítulo 20º — Item 228.
Sim, gostarias de contribuir.
Almejas cooperar na seara dos médiuns e com satisfação nomeias os dons de que eles são investidos.
Este vê as Entidades angélicas e deslumbra-se com a percepção visual dilatada.
Esse ouve as mensagens transcendentes e renova-se para as tarefas difíceis da existência.
Essoutro incorpora Instrutores lúcidos e transforma a boca em instrumento sublime de orientação e consolo.
Aquele escreve em circunstâncias especiais, e as mãos se convertem em raios de luz a esparzirem páginas sublimes.
Aqueloutro aplica recursos magnéticos e a saúde escorre pelos seus dedos revigorando a todos.
Outro mais, inspirado pelas Altas-Potestades, injeta alento novo nos corações, traçando roteiros abençoados para o mundo.
Mais outro e outros tantos materializam, levitam, desdobram-se, realizam intervenções cirúrgicas em pleno transe, construindo a fé nos corações.
Assim pensas, assim crês.
Mas não são exatas as tuas conclusões.
Muitos beneficiários da mediunidade desertam da seara do dever.
Mediunidade não é apenas campo experimental com laboratório de fórmulas mágicas. É solo de serviço edificante tendo por base de trabalho o sacrifício e a renúncia pessoal.
Médiuns prodígios sempre os houve na Humanidade. Também passaram inúteis como aves de bela plumagem que o tempo destruiu e desconsiderou.
Com o Espiritismo, que fez renascer o Cristianismo puro, somos informados da mediunidade-serviço-santificante e com essa bênção descobrimos a honra de ajudar.
Não te empolgues apenas com as notícias dos Mundos Felizes.
Há muita dor em volta de ti, e até atingires as Esferas Sublimes há muito que fazer.
Almas doentes em ambos os planos enxameiam em volta da mediunidade.
Dedicando-te à seara mediúnica não esqueças de que todos os começos são difíceis e de que a visão colorida e bela somente surge em toda a sua grandeza aos olhos que se acostumaram às paisagens aflitivas onde o sofrimento fez morada...
Para que os Mentores Espirituais possam utilizar-te mais firmemente faz-se necessário conhecer tua capacidade de serviço em favor dos semelhantes.
Antes de pretenderes ser instrumento dos desencarnados acostuma-te a ser portador da luz clara da esperança onde estejas e com quem estejas, para que ela em se apagando no teu archote não se faça “sombra na sombra”.
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OBSESSORES
“A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.”
O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte, Capítulo 23º — Ítem 237.
Efetivamente há muitos tipos de obsessores, inumeráveis formas de obsessão.
Não somente pela constrição violenta de um desencarnado sobre outro encarnado.
Não apenas provocada pelos habitantes da Erraticidade.
Obsessor, em bom vernáculo, é todo aquele que causa obsessão, que perturba, que inquieta.
O amor pervertido é obsessor impiedoso.
A maledicência contumaz é corrosivo aniquilante.
O egoísmo vigoroso é verdugo cruel.
A impiedade treda é inimigo fementido.
O despotismo inexorável é companheiro da loucura.
A revolta permanente é sequaz da morte.
O ódio ominoso é précito infeliz.
A avareza mesquinha é algoz hórrido.
O vício de qualquer natureza é comparsa mefítico.
A fraqueza moral é vassalo da destruição
Obsessão por dinheiro.
Fascinação pelo sexo.
Subjugação ao prazer.
Loucura pela posse.
Muitos pensamentos cruzam o éter, na esfera dos homens, estabelecendo contato entre pessoas encarnadas em processos de terrível obsessão.
Idéias fixas que ressumbram dos escaninhos da consciência culpada de ontem supliciam e azorragam, enredando outros comensais do sofrimento em conluios nefandos, de libertação problemática.
Permutas psíquicas em forma de viciação dão vida a larvas e formas mentais lamentáveis que intercambiam alimentadas por ondas-pensamento poderosas...
E além destas, as obsessões geradas pelos espíritos desnudados da carne, aumentam os problemas afligentes que fazem parte da agenda dos homens, dando largas à alienação que campeia desenfreada.
Há, no entanto, na Doutrina Espírita, antídotos valiosos para quaisquer modalidades obsessivas, para todos os obsessores.
Ao apelo do Cristo, o discípulo encontra as armas necessárias para enfrentar os embates da via redentora.
A prece é armadura indestrutível.
O amor desinteressado nas suas manifestações fraternas converte os braços em asas da caridade para o vôo aos Cimos da Vida.
A paciência oferece medicamento eficaz.
E o conhecimento das verdades espirituais ensej a robustez de ânimo e fé, conduta ilibada e renovação para o bem, que servem de base à saúde e ao comportamento cristão e salvador.
Exemplifica, pois, sempre e a cada instante, o conhecimento espírita, que borda o teu espírito de alegrias ante as alvíssaras da felicidade perfeita.
Espiritismo é também tratado de sublimação do Espírito.
Modesto ato de humildade projeta luz estelar nas sombras de mentes entenebrecidas que te espreitam.
Singelo gesto de amor representa baga de esperança aos que têm fome de compreensão.
Não menosprezes as migalhas cristãs que são exórdios do teu futuro cabedal de ações santificantes.
Minúsculo pólen é agente da vida.
Humilde gota de essência esparze aroma em derredor.
Se pretendes a montanha altaneira começa a ascensão pela base, acostumando-te lentamente às alturas.
Escuta a voz do sofrimento nos corações alheios e não negues a tua escudela de bondade cheia de entendimento.
O Mestre, antes de alçar-se à glória estelar, lecionou, utilizando um grão de mostarda, uma insignificante moeda, uma figueira estéril, uma ovelha desgarrada... Escutou, paciente, os problemas corriqueiros que afligiam o povo e revelou-lhes terapêutica precisa para os diversos males... Verberou, inconcusso, os abusos de toda natureza e o crime, no entanto, sempre magnânimo, não separou a cordura da energia nem a bondade do amor. Sábio e humilde silenciou no Pretório a própria defesa, todavia erguera muitas vezes a voz para instruir o fraco e oprimido, clareando as mentes e os corações com a luz dos seus ensinos libertadores de obsessão e obsessores, fazendo-nos o precioso legado de uma Doutrina de ação sem florilégios verbais ou inflamada retórica vazia...
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SINCERIDADE
“Aliás, não é de bom aviso atacar bruscamente os preconceitos. Esse o melhor meio de não se ser ouvido. Por essa razão é que os Espíritos muitas vezes falam no sentido da opinião dos que os ouvem: é para o trazer pouco a pouco à verdade. Apropriam na linguagem às pessoas, como tu mesmo farás, se fores um orador mais ou menos hábil.”
O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte, Capítulo 27º — Item 301 (3ª)
Em nome da verdade não apliques a palavra contundente sobre a fraqueza daqueles que caminham desequilibrados ao teu lado.
A pretexto de servir à causa do Bem não derrames espinhos pela senda onde segue teu próximo, tentando, dessa forma, ser coerente com as próprias convicções.
Falando em nome do ideal que esposas, evita a exposição petulante dos conhecimentos que um dia te conferiram; apresenta-os aos ouvintes com a simplicidade que agrada e sem a pretensão de emitires o último conceito.
Justificando a tua maneira sadia de viver, não te faças desagradável companhia, usando, indiscriminadamente, a palavra ferinte e o argumento intolerante, a expressão deprimente e a frase impiedosa em relação àqueles que ainda não podem seguir-te os passos.
Procurando libertar a tua alma do erro, não intentes escravizar aos teus caprichos de
pensamentos quantos não têm possibilidade de voar contigo na amplidão do conhecimento.
Nas observações que fazes, não te esqueças que nem todos os seres se encontram preparados para ouvir-te as repreensões, mesmo quando coroadas das melhores intenções.
Procurando ajudar, não te detenhas, apenas, na descoberta da ferida; utiliza-te do singelo chumaço do algodão e cobre a enfermidade com medicação balsâmica.
Não te esqueças de que a verdade, semelhante àmoral penetra, lentamente, acendendo luzes na escuridão e vencendo trevas sem precipitação em gritos, generalizando-se, poderosa.
Muitas vezes se serve melhor à verdade, calando a palavra ofensiva e constringente que jamais edifica.
Saber e silenciar, receber e guardar, ouvir e reter são manifestações que contribuem mais para a campanha de esclarecimento do que expor a verdade, aos gritos, junto às almas que não se encontram preparadas para a renovação.
Sinceridade!.
Quantas vezes em teu nome se destrói, esmaga-se, desanima-se e persegue-se, acreditando servir à honra e ao bem.
Por isso mesmo, lavra tew campo, meu irmão, semeia a bondade e a luz e, sendo sincero para contigo mesmo, serve ao ideal do Cristo na humanidade inteira, ajudando, sém cessar, a quantos caminham pelas tuas veredas.
Não será isto, porventura, o que Jesus faz conosco?
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RECOLHERÁS COMO PEDIRES
“Numa palavra, qualquer que seja o caráter de uma reunião, haverá sempre Espíritos dispostos a secundar as tendências dos que a componham”.
O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte, Capítulo 29º — Item 327.
Na abençoada Obra de Nosso Pai tudo são trocas. Receberás sempre consoante requereres. Desvairado, se te atiras ao coração querido, ferindo-lhe a sensibilidade, obterás somente reprimenda nascida no desgosto.
Inquieto, se buscas paz, afligindo os que te cercam no lar, recolherás azedume e animosidade.
Combalido, se procuras repouso, exigindo acomodação dos outros, receberás apenas repulsa e antagonismo.
Isto porque, a resposta procede dos termos da petição, de acordo com o merecimento da apresentação.
Não esqueças, entretanto, que o coração magoado é constrangido à aflição, os familiares atormentados escondem-se no desencanto e os outros, atacados por exigências, reagem, naturalmente.
Respeita a mão distendida ao alcance da tua mão e recebe-lhe a oferenda.
Nem ameaces o equilíbrio de quem se inclina a auxiliar-te.
Nem avances exigente para quem estugou o passo na caminhada, ao ouvir-te o apelo.
Aflição projetada traduz aflição que retornará.
Aversão espalhada pressagia antipatia para colheita futura.
Se desejas aspirar o aroma do amor, libertando-te das dificuldades pessoais com o auxilio alheio, não expresses confiança sob impropérios nem segurança de fé com chuvas de irritabilidade.
Favorece os meios simples para o trabalho eficiente e a obra crescerá em torno da tua planificação.
Ajuda para que te ajudem.
Ilumina para que te iluminem.
Coopera-servindo para que a inteligência ambiciosa não estiole a expressão do coração necessitado.
Pergunta-esclarecendo para que a inutilidade não te assinale a vida.
Fortalece o digno ideal da produção para que a produtividade te enriqueça.
Entende as dificuldades do próximo a fim de que ele te entenda, igualmente, a dificuldade.
Em qualquer dificuldade recorda o poder da oração e roga inspiração ao Céu, realizando sempre o melhor para que o melhor se faça em ti e através de ti sem olvidares que todo apelo encontra resposta, consoante o merecimento de quem pede e a forma como pede.
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CONVERSAÇÕES DOENTIAS
“Os médiuns obsidiados, que se recusam a reconhecer que o são se assemelham a esses doentes que se iludem sobre a própria enfermidade e se perdem, por se não submeterem a um regime salutar”.
O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte, Capítulo 29º — Ítem 329.
Semelhante a carro de lixo que espalha emanação morbífica por onde passa, as conversações doentias assinalam os roteiros por onde seguem.
Quando se instalam, destroem o domicílio da paz e a suspeita se aloja, vitoriosa, atormentando, implacável.
Como gás de fácil expansão, o tóxico da informação menos digna se expande, asfixiando esperanças e matando aspirações superiores.
Por onde passa, a conversação infeliz gera a hipocrisia, desenvolvendo uma atmosfera anti-fraterna em que assenta suas afirmações.
A má palestra nada poupa. Fácilmente se dissolve em ácido calunioso ou brasa acusadora; atinge corações honestos e enlameia famílias enobrecidas pelo trabalho; deslustra uma existência honrada com uma frase, atirando ignomínia e desdouro; estimula a mentira, que se transforma em injúria, fomentando crime e loucura.
Nutrida pela ociosidade a conversação insidiosa é mãe da corrupção moral.
Se os ensinos edificantes tentam exaltar a dignidade e o dever, oferecendo campo à verdade e ao brio, o veneno da informação descaridosa aparece pretextando ingenuidade e destrói, impiedoso, a cultura da dignidade.
Surge aparentemente inofensiva numa frase pérfida para alastrar-se virulenta numa colheita de fel.
Aparece, sorrateira, para imiscuir-se desabridamente onde não é esperada, induzindo quantos lhe dão ouvidos à infâmia e ao ódio...
É imprescindível fiscalizar-lhe as nascentes.
O cristão não lhe pode ser complacente. Rigoroso no respeito aos ausentes, deve vigiar as entradas da mente e as “saídas do coração”.
Cultor da bondade não compactua com as informações aviltantes, devendo eliminar do próprio vocabulário as expressões dúbias de significação humilhante.
Fiscaliza, atento, cada dia, as informações que te chegam ao coração. Se te conduzem vinagre sobre a honra alheia e apresentam as feridas dos outros à tua observação, procura os recursos da oração e da piedade, e sempre disporás de bens para não caíres no fascínio negativo das sugestões do mal, renovando todas as. expressões com a mente em Jesus.
O Apóstolo Paulo, advertindo aos Coríntios, prescrevia na primeira carta aos companheiros de ministério, conforme se lê no capítulo 15, versículo 33: “Não vos enganeis; as más palavras corrompem os bons costumes”.
As conversações doentias são ácidos nos lábios da vida, queimando a esperança em todo lugar. E os que se entregam a tais palestras são “obsidiados que se recusam a reconhecer que o são, (e) se assemelham a esses doentes que se iludem sobre a própria enfermidade e se perdem, por se não submeterem a um regime salutar.”
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EXAME
“Não basta crer; é preciso, sobretudo, dar exemplos de bondade, de tolerância e de desinteresse, sem o que estéril será a - vossa fé”.
O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte, Capítulo 31º — Ítem 1 —(Santo Agostinho).
Aprofundar a mente na investigação minuciosa das deficiências alheias, mesmo com o propósito aparente de ajudar, seria como derramar precioso bálsamo sobre pântano infeliz com a intenção de saneá-lo ou jogar ácido cruel sobre feridas que demoram a cicatrizar com o pretexto de eliminar o foco infeccioso...
Não convertas a tua caridade mental em sombras densas para que não tropeces em escolhos.
Podes movimentar o tesouro psíquico para reorganizar o equilíbrio sem o impositivo de amplir a infelicidade, tornado-a conhecida.
Não transformes a visão em instrumento de observação impiedosa. Nem movimentes o verbo como quem aciona látego cortante, desencadeando sofrimento.
Exalta a oportunidade de cultivar a esperança.
Difunde a excelência do otimismo.
Distende a alegria junto àqueles que a tristeza venceu.
Louva as mensagens da fé operante ao lado do amigo que caiu fragorosamente.
Acena a todos com novas possibilidades de refazimento no bem, demonstrando ânimo sereno e robusto.
Supera a tentação de inquirir muito para compreender, desdobrando o trabalho que renova e restaura.
Descobre o lado melhor do infeliz e faze o melhor.
E se notares que tudo indica insucesso do seu empreendimento, agigantando-se o mal, apela para a Espiritualidade Superior e transforma-te em viva mensagem de amor, desdobrando a bondade de Jesus Cristo, sem aguardares de imediato o êxito que te não pertence.
Quando não puderes fazer o bem pensa nele.
A noite para não ser triste veste-se de estrelas.
O espinheiro atormentado, em silêncio, adorna-se de flores.
E com o que tiveres exalta a alegria, embelezando a vida.
Nunca reclames ante a fraqueza dos outros nem examines o erro do próximo com azedume, mesmo porque, em te voltando contra eles é necessário examinar, no recesso íntimo, quanto tens sido mal sucedido e, se em lugar desses companheiros não estarias complicando a própria aflição, fazendo o que eles realizam com dificuldade, de maneira pior e mais infeliz.
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PENSA ANTES
“Se Deus envia os Espíritos a instruir os homens, é para que estes se esclareçam sobre seus deveres, é para lhes mostrarem o caminho por onde poderão abreviar suas provas e, conseguintemente, apressar o seu progresso.”
O LIVRO DOS MÉDIUNS 2ª parte. Capítulo 31º — Ítem 4 (Um Espírito familiar).
Quando se libertará o homem da aflição? Quando começará a aurora da sua redenção triunfante? Como fazer? São perguntas que, diariamente, ocorrem a muitos companheiros do caminho humano.
Em todo lugar, assistimos às convulsões do sofrimento castigando os corações.
Lágrimas de saudade e dor sob pesados fardos.
Prantos nascidos na inquietação da soledade dilacerando esperanças.
Fome e abandono embaraçando os passos.
Enfermidade e limitação produzindo duradouros sinais de desespero...
No entanto, desde há muito, com o Evangelho de Jesus, surgiu a madrugada feliz para o espírito humano.
Essas horas de amargura pertencem às criaturas embrulhadas nos mantos sombrios da “morte”.
Para os que já podem enxergar os clarões do Céu nas brumas da Terra, a amargura é apenas acidente do caminho.
Com o suave Rabi nasceu a oportunidade feliz para a realização da paz interior e, conseqüentemente, para a libertação das almas.
É necessário desfazer os laços que atam o homem aos pesados fardos, libertando o espírito para a realização dos elevados princípios no mundo interior.
Que ninguém se demore nas mentirosas colônias de repouso a que aspira!
Muitas lutas se desdobrarão ainda antes que se possa descansar.
Milênios de treva demoram-se na esteira do “já feito”.
É indispensável caminhar, avançando sempre.
Nesse mister são importantes a tarefa sacrificial e a contribuição aparentemente desvaliosa.
Todavia, é imperioso uma resolução robusta para poupar uma desistência danosa.
O agricultor inteligente, antes da sementeira, estuda as possibilidades do solo.
O artífice hábil precede o trabalho de um exame dos recursos de que dispõe para a execução da obra.
O professor capaz antecede as aulas com testes de capacidade para melhor seleção e aproveitamento dos alunos.
O arquiteto prudente visita o terreno e estuda-o, em gráficos, para apresentar depois os projetos da construção.
Ninguém se candidate às tarefas maiores sem a experiência dos serviços menores.
Nada se pode realizar em profundidade sem os cuidados que se impõem como essenciais.
Nos processos evolutivos da alma encarnada a intenção precede a ação e o amadurecimento das idéias dispõe o ser para a difícil operação do renascimento íntimo.
Importa, portanto, trabalhar sem esmorecimento, recordando que, de há muito o Senhor nos aguarda, precedendo-nos os impulsos de renovação com o próprio sacrifício.
Busca iluminar-te com a mensagem do seu exemplo, fixando-lhe os ensinamentos nos recessos do ser, partilhando as lutas e gastando o corpo na faina de produzir e realizar para te tornares digno de, com o Mestre, renascer de coração livre.
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TESOUROS DE AMOR
À medida que o tecnicismo modifica a face da Terra, imprimindo um glorioso período, fenecem altas expressões dos sentimentos, no âmago das afeições humanas.
Aqui, a indústria do “presente” asfixia os nobres impulsos, tudo reduzindo ao mercantilismo, onde o amor pode ser valorizado pelo preço da mercadoria.
Ali, as paredes do cronômetro apertam as ruas da amizade e os atos de entendimento fraterno se reduzem a uma palavra, contendo significados de ocasião.
Mais além, a cobiça e o empreguismo assassinam as manifestações da ordem, e em nome do progresso inutilizam homens que se desdobram exaustivamente ou se paralizam, lamentavelmente, no comodismo.
Ninguém pode perder a ocasião no jogo social.
Não se dispõe de tempo para “sentimentalismos”.
Os simulacros de amor e respeito, consideração e reconhecimento são encontrados nas salas modernas dos “magazines” que se encarregam de encaminhá-los protocolarmente ao preço de uma taxa simples...
Todo sentimento que se deseja exteriorizar depende do dinheiro.
O dinheiro que é servo se faz algoz e sendo fonte de crescimento social se converte em implacável azorrague que deprecia a humanidade.
Há, no entanto, outros meios de expressar o canto de ternura da alma nas taças reluzentes da afeição.
Tesouros de amor, sim, todos temos para ofertar.
Um singelo cartão manuscrito é verdadeira gema preciosa dirigido a um ser querido.
Uma frase assinalada pela música da esperança pode ser considerada um adereço delicado a quem merece carinho.
Duas palavras de cordialidade numa visita pessoal oferecem calor humano a quem se estima e está a sós.
Uma oração em conjunto, ao lado de um leito onde sofre uma afeição fraternal, é oferenda valiosa e especial...
E o sorriso gentil, o pensamento generoso, o aperto de mão cordial, a atenção dispensada numa palestra, o silêncio discreto, a postura educada são, igualmente, presentes que transcendem as aquisições lojistas que têm o sabor puro e simples de “dever social”.
Não te deixes corromper na tempestade louca do tempo “sem tempo”.
Sempre podes fazer algo pessoal, intransferível, assinalado pela vibração da tua emotividade.
Na tarefa espírita onde respiras, honrado, aplica esses tesouros na destruição da sementeira negativa.
Respeita o ausente;
Perdoa o ofensor;
Seja tua a dádiva da abnegação;
Faze o trabalho que outros desconsideram;
Ora pelo ingrato;
Sê mais generoso com o exigente...
A ventura do céu começa no piso onde repousa a escada de ascensão espiritual.
Nos detritos oculta-se a vitalidade para o vegetal...
Honrado na casa de Simão pela mesa farta e a presença de homens de destaque, o Senhor deixou-se comover pelas lágrimas da mulher sofredora que lhe banhavam os pés, enquanto os enxugava com os cabelos. Era o único tesouro ali que não custara moedas, refletindo em toda a sua grandeza o arrependimento do erro e a sede de amor.
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JESUS E O MUNDO
“Aquele que se identifica com a vida futura assemelha-se ao rico que perde sem emoção uma pequena soma. Aquele cujos pensamentos se concentram na vida terrestre assemelha-se ao pobre que perde tudo o que possui e se desespera.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 2º — Ítem 6.
Muitos cristãos-espíritas afervorados às questões imediatas, às quais sentem dificuldades em renunciar, procuram justificar suas atitudes fundamentando-as em bases falsas.
Informam-se vinculados ao espírito do Cristo, todavia...
Gozam, porque o prazer faz parte da vida.
Usurpam, tendo em vista ser a Terra um ninho próprio aos que se nutrem à custa dos menos hábeis.
Exploram, para evitar serem explorados.
Mentem, tendo em vista os fatores circunstanciais.
Enganam, a fim de sobreviverem.
Lutam com todas as armas, já que outros são adversários insidiosos.
Não vêem mal algum “nisto” ou “naquilo”, e definem o espírita como alguém que não tem necessidade de abandonar ou fugir do mundo...
Ajustam a expressão “racional” ao vocábulo “astúcia” e ridicularizam o verbete “místico” como se ele identificasse indignidade.
Pensam no Céu e querem a Terra a qualquer custo.
Tentam conciliação entre Deus e César ao bel-prazer, tirando o melhor proveito para o corpo e a emoção que se desvaira, longe do equilibrio da mente e da renovação do espírito.
“Viver no mundo sem ser do mundo” — eis a questão.
Aplicar o instrumento do sexo na construção da família, facultando a santificante tarefa da reencarnação às entidades da própria grei espiritual, a quem se vinculou no passado por créditos ou débitos seguros. O sexo é abençoada porta para a felicidade. No entanto, evitar viver para o sexo, considerando os abismos de crime e sombra que a ele se identificam, quando desatina.
Utilizar o dinheiro na execução dos deveres normais, consolidando a alegria na esfera das obrigações próximas e dilatando-o na prática do bem geral, em forma de agasalho, teto, alimento, remédio e segurança para outros espíritos colhidos pelas rudes provações. O dinheiro é veículo de bênçãos. Todavia, poupar-se a viver para o dinheiro, que se faz verdugo de quem a ele se ata, favorecendo imprevisíveis conseqüências.
Motivar o ideal com os estímulos da vida hodierna para que o trabalho se enriqueça de frutos sazonados, edificando para a alegria geral do domicílio da esperança e o abrigo da paz.
Não esperar, no entanto, as motivações fortes da vaidade e do orgulho para criar e agir. A motivação que estimula, faculta o exercício do bem, mas o estímulo que não prescinde de motivos fortes se converte em degeneração por processo danoso.
Cultiva a beleza como expressão de sensibilidade em expansão, favorecendo o asseio e a higiene, o bom gosto e a distinção. Entrementes viver para cuidar de adornos deste ou daquele jaez é desrespeito à vida em flagrante atentado às Leis da harmonia universal.
Não são as coisas em si boas ou más.
Não é o mundo no sentido etimológico.
É o que fazemos com as coisas do mundo e o como vivemos no mundo que importa considerar.
O sexo não é nobre nem degradante.
O dinheiro não é amigo nem adversário.
A motivação não é necessária nem supérflua.
A beleza não é glória nem castigo.
O uso que lhes damos se encarrega de transformá-los em escada de acesso ou rampa de degredo.
A cocaína de tão positivos resultados terapêuticos, por degradação dos costumes é responsável por crimes hediondos.
O átomo aplicado na paz, na movimentação do progresso da Humanidade, é arma ameaçadora em mãos despóticas, que já vitimou mais de uma centena de milhar de vidas.
A palavra que ergue impérios, tem levado civilizações ao caos...
Viver no mundo entre as contingências do mundo mas pensar nas coisas do Alto” e agir consoante os impositivos da Vida Imperecível.
Aos que pretendem considerar impossível a vida sem os atos esconsos, orgíacos e loucos, tentando conciliar Jesus e o mundo numa aliança utopista, recordamos os que edificaram o Cristianismo nos corações depois do Senhor, com dignidade, e focalizamos o próprio Amigo Celeste que, possuindo o mundo, por tê-lo criado, viveu, entre nós, no mundo e junto às suas tentações, para legar-nos, intemerato, a certeza de que para chegar à paz real é necessário, no mundo, tomar a cruz, depô-la sobre os ombros e segui-lo.
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ESPIRITISMO NO LAR
“Deus permite que, nas famílias, ocorram essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para uns e, para outros, de meio de progresso.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 4º — Ítem 18.
Todos sabemos valorizar o benefício de um copo d’água fria ou de uma ampola de injetável tranqüilizante, ofertados num momento de grande aflição.
Reconhecemos a bênção do alfabeto que nos descortina as belezas do conhecimento universal e bendizemos quem nô-lo imprimiu nos recessos da mente.
Mantemos no carinho do espírito aqueles que nos ajudaram nos primeiros dias da reencarnação, oferecendo-nos amparo e amamentação.
Somos reconhecidos àqueles que nos nortearam em cada hora de dúvida e não esquecemos o coração que nos agasalhou nos instantes difíceis do caminho renovador...
Muitos há, no entanto, que desdenham e esquecem todos os benefícios que recebem durante a vida..
Há um inestimável benefício que te enriquece a existência na Terra: o conhecimento espírita.
Esse é guia dos teus passos, luz nas tuas sombras e pão na mesa das tuas necessidades.
Poucas vezes, porém, pensaste nisso.
Recebeste com o Espiritismo a clara manhã da alegria, quando carregavas noite nos painéis mentais e segues confiante, de passo firme, com ele a conduzir-te qual mãe desvelada e fiel.
Se o amas, não o detenhas apenas em ti.
Faze mais. Não somente em propaganda “por fora” mas principalmente dentro do teu lar.
No lar se caldeiam os espíritos em luta diária nas tarefas de reajustamento e sublimação.
Na família os choques da renovação espiritual criam lampejos de ódios e dissenção, que podes converter em clarões-convites à paz.
Não percas a oportunidade de semear dentro de casa.
Apresenta a tua fé aos teus familiares mesmo que eles não n’a queiram escutar.
Utiliza o tempo, a psicologia da bondade e do otimismo e esparze as luminescências da palavra espírita no reduto doméstico.
Se te recusarem ensejo, apresenta-o, agindo.
Se te repudiarem, conduze-o, desculpando.
Se te ferirem, espalha-o, amando.
Pelo menos, uma vez por semana, reúne a tua família e felicita-a com o Espiritismo, criando, assim, e mantendo, o culto evangélico, para que a diretriz do Mestre seja eficiente rota de amor à sabedoria em tua casa...
Ali, na oportunidade, ouvidos desencarnados se imantarão aos ouvidos dos teus e escutarão; olhos atentos verão pelos olhos da tua família e se nublarão de pranto; mentes se ligarão às outras mentes e entenderão... Sim, ouvidos, olhos e mentes dos desencarnados que habitam a tua residência se acercarão da mesa de comunhão com o Senhor, recebendo o pão nutriente para os espíritos perturbados, através do combustível espírita que não é somente manancial para os homens da Terra, mas igualmente para os que atravessaram os portais do além-túmulo em doloroso estado de sofrimento e ignorância.
Agradece ao Espiritismo a felicidade que possuis, acendendo-o como chama inapagável no teu lar, para clarear os teus familiares por todos os dias.
O pão mantém o corpo.
O agasalho guarda o corpo.
O medicamento recupera o corpo.
O dinheiro acompanha o corpo.
Seja o Espiritismo em ti o corpo do teu espírito emboscado no teu corpo, a caminhar pelo tempo sem fim para a Imortalidade gloriosa.
E se desejares felicidade na Terra, incorpora-o ao teu lar, criando um clima de felicidade geral.
26
REVELAÇÃO E REENCARNAÇÃO
“Com efeito, a lembrança traria gravíssimOs inconvenientes.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 5º — Item 11.
Generaliza-se entre os cultores menos avisados do Reencarnacionismo a falsa crença de que, em vidas pretéritas, envergaram roupagens com que se destacavam em primeira plana, no mentiroso mundo do poder e da fama.
Muitos dizem recordar os atavios de velhas Cortes onde eram amados e requestados, e procuram manter gestos e hábitos, que seriam remanescentes de tais existências...
Reis e rainhas, príncipes e princesas, nobres e membros de velhas linhagens, podem, fácilmente, ser encontrados entre eles...
Comandantes de exércitos e conquistadores de povos, artistas e gênios são apontados por espíritos insensatos ou obsidiados como sendo eles mesmos, constrangidos ao obscurantismo da atualidade...
Foram informados — dizem —, tiveram revelações.
Vivem de puerilidades, acalentando sonhos mentirosos, que lhes agradem sobremaneira.
Dão a impressão de que aos espíritos que vestiram os trajos da opulência, nos quais invariavelmente fracassaram, os Instrutores do Mundo Maior conferem de pronto o renascimento...
Rara ou excepcionalmente são encontrados antigos servos domésticos, modestos áulicos e pagens ou palafreneiros humildes, recomeçando as experiências na carne...
Homens e mulheres de vida obscura e ignorada não repontam entre os que cultivam tais aberrações, como fazendo crer, que depois das amargas provações experimentadas não mais lhes foi exigido o retorno ao carro celular.
Mui diversa, no entanto, é a realidade.
Aqueles que dominavam, soberanos, sob o peso de responsabilidades que não souberam ou não quiseram honrar, chegaram todos ao Mundo Maior em lamentáveis estados conscienciais.
Amargurados e deprimidos, calcinados pelo horror, sofreram de perto a decepção humilhante e foram obrigados a considerar a extensão do desequilíbrio e da rebeldia a que se entregaram, inertes.
Vítimas desconhecidas, que o crime transformou em verdugos impenitentes, crivaram-nos de motejos e deles escarneceram violentamente, experimentando desespero difícil de qualificar, rogando, então, o presídio-hospitalar da carne para esquecerem, recomeçarem, fugindo de si mesmos...
Renasceram e renascem, ainda, em enxergas de miséria física e moral, disfarçados para escaparem à sanha dos perseguidores.
Soberanos vaidosos e cruéis acordam no corpo carnal estigmatizados pela micro, macro ou hidrocefalia, recordando as velhas e pesadas coroas...
Triunfadores e generais despertam nas trincheiras da loucura ou nas cidadelas da idiotia...
Viajantes das altas linhagens recomeçam cobertos de pústulas, vencidos pelas diversas manifestações de sífilis, da lepra, do câncer.
Negociantes regalados e administradores eminentes ressurgem, após os funestos fracassos, nas amarras da paralisia.
Artistas e religiosos de relevo, intelectuais e estudiosos prevaricadores reaparecem consumidos pela insânia, com desordens psíquicas irreversíveis.
Campeões da beleza física ocultam-se em deformidades orgânicas e mentais quais esconderijos-fortaleza onde buscam o esquecimento, torturados, quase sempre, pelo sexo, em invencível descontrole...
... E muitos dos seus antigos escravos e servidores humílimos, profissionais e batedores, ofereceram maternidade e braços em forma de socorro e lar para os recambiarem, trazendo-os de novo ao palco da matéria densa.
Filhos e filhas do povo, rogaram, apiedados deles, tomá-los na viagem evolutiva para que pudessem reencetar a experiência espiritual.
Quando os vires nas ruas ou nos Frenocômios, em Abrigos ou às expensas da dor, sob acúleos ou cercados de novos tecidos finos, para eles sem valor, lembra-te dos a quem esmagaram, zombaram, destruíram no passado, desfilando em carros dourados, pisoteando com seus fogosos corcéis os que tombavam à frente aclamados e invejados, quase sempre, porém, temidos e odiados...
Ora por eles e apieda-te. São lições vivas, falando a Linguagem poderosa da Lei.
Reiniciam em pranto o caminho que perderam com orgias.
Retemperam, na forja da soledade e do abandono aparente, o espírito, para aprenderem a valorização do tempo e da oportunidade.
Fixa, da lição deles, a experiência do equilíbrio e da sensatez, aprendendo a servir e a sofrer.
Não te preocupes em teres estado na História...
Se desejas informações, indaga ao presente, e o hoje responderá para onde deves seguir e como deves seguir.
Jesus, o Filho do Altíssimo, apagou-se numa mansarda, procurando os infelizes e sofredores, o povaréu para elevar o homem aos Cimos Intransponíveis; e o Espiritismo, que nos ensina elevação e liberdade, com vistas ao Excelso Reino, ao cuidar do “esquecimento do passado” elucida que”... havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.”
27
EM AGONIA
“A certeza de um próximo futuro mais ditoso o sustenta e anima e, longe de se queixar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar. Contrariamente, para aquele que apenas vê a vida corpórea, interminável lhe parece esta e a dor o oprime com todo o seu peso.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 5º — Ítem 13.
Onde vás, onde te encontres, defrontarás a agonia.
Anseias pela paz, buscas segurança, no entanto és surpreendido a cada instante pelo esboroar dos teus sonhos.
Programas elaborados por anos-a-fio, quando postos em execução, não resistem aos testes mais humildes, e aflições sem nome te povoam a casa mental, arruinando a esperança que anelavas.
Aspirações agasalhadas nas mãos da ternura se ensombram de augúrios pessimistas, quando supõe chegado o momento de corporificá-las.
Aqui surpreendes o erro como língua de fogo purificador cremando a iniquidade do pretérito.
Ali defrontas a ofensa transformada em chaga viva, reparando a loucura ultriz de ontem.
Além encontras a desdita aguardando, qual lição necessária, a bênção reparadora.
E concluis, ao fim, que a soma dos dias apresenta mais inquietação do que serenidade. Ê que todos somos espíritos endívidados com as Leis Divinas em processos renovadores, pelo cadinho das reencarnações sucessivas
Enquanto o espírito jornadeia na Terra, em programas disciplinantes, não pode prever a experiência com que o amanhã lhe cobrará o tributo da evolução.
Quantos, porém, possam atravessar as dificuldades com ô coração dorido mas alçado ao amor, embora opresso, avançam na direção da liberdade.
Não te revoltes com as rudes provações.
O que hoje te falta significa desperdício de ontem.
O de que tens necessidade, malbarataste.
A limitação que te oprime, corrige-te o excesso mal aplicado.
O que te detém, detinhas.
Alonga os olhos nà direção dos horizontes infinitos e agradece a Deus a agonia que experimentas, mas em cuja trilha haurirás paz.
Reúne as forças da coragem e liga-te de todo o coração aos heróis silenciosos que sofrem e trabalham infatigavelmente, seguindo com eles em busca da verdadêira vida, porqüanto ninguém há, na Terra, abastado ou mendigo, que desfrute de paz integral, felicidade plena ou desgraça total, no atual estado evolutivo. Apesar das dores que assinalas e das aflições que te aprimoram, as Excelsas Mãos estão modelando em teu íntimo, para mais tarde, a lira sublime que tangirás em harmoniosas vibrações, passado o estágio na abençoada escola terrena de agonias.
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DESÂNIMO
“O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 5º — Ítem 18.
Insidioso, de fácil propagação, tem caráter pandêmico.
Grassa com celeridade, entorpecendo sentimentos com força que aniquila a vida.
Inimigo desconsiderado fere em profundidade e se agasalha dominador em todas as criaturas a todo instante, sendo difícil de ser erradicado.
Com poder semelhante às viroses contagia mais do que a grande maioria das enfermidades comuns.
Conduz às dissipações, à loucura, ao crime.
Aqueles que lhe caem nas malhas, invariavelmente derrapam para os vales desesperadores dos estupefacientes, do suicídio.
Suas vítimas apresentam-no refletido no “fácies” característico, deprimente.
São mórbidas, indiferentes, perigosas.
Grande facção da humanidade sofre-lhe a ação deletéria.
Esse adversário soez e destruidor de multidões é o desânimo.
Companheiros da fé valorosos, deesencorajados de prosseguirem, recuam.
Trabalhadores devotados, assinalados pelo sofrimento, estacionam.
Serventuários da esperança, desiludidos, fogem.
Mantenedores de tarefas socorristas, desajustados, param... sob o império do desânimo.
Prossegue tu!
Todos falam que recolheram, do labor a que se devotaram, espinhos rudes e rudes ingratidões.
Explicam, com argumentos injustificáveis, que a moral evangélica para o momento em que se vive não mais tem aplicação: está ultrapassada.
Crêem que perderam o tempo, aplicado anteriormente na execução do programa divino, apresentado pelo Espiritismo.
São vítimas inertes do desânimo.
Sem explicações para se justificarem a si mesmos a fuga espetacular para com os deveres assumidos espontaneamente, acusam e acusam.
Não lhes dês ouvidos.
Amigos falam que não conseguem perseverar nos ideais fascinantes e severos da Doutrina dos Imortais.
Também tu.
Alguns reconhecem os erros e a inutilidade de lutarem contra as próprias deficiências.
Dá-lhes razão, pois que não é diferente o que ocorre contigo.
Outros esclarecem que tentaram seguir os postulados espiritistas, mas o tributo a oferecer é grande demais, em considerando as incertezas de que se encontram possuídos.
Concordas com eles ao auscultares o imo em tormentos múltiplos.
Eleva o padrão mental de tuas meditações.
Expulsa o tóxico letal que se infiltra sutilmente na tua organização espiritual.
Faze um exame dos que debandaram das fileiras do dever...
O desanimado é alguém que tombou antes do termo da jornada.
Reage com todas as forças e não possibilites “horas vazias” para se encherem de desesperanças nas províncias do teu pensamento.
Homens e mulheres, que lutaram em todos os tempos para construírem o ideal de felicidade humana, experimentaram o miasma pestilento desse sicário do espírito.
Reagindo, porém, e perseverando abrasados pelos empreendimentos começados, elaboraram o clima de esperança que muitos respiram, abençoados pelo sol de amor que os aquece.
Estuda o Evangelho e vive-o, embora não consigas avançar incorruptível.
Se tombares no afã da verdade, recomeça. Se despertares ao peso de irrefreável fadiga, recomeça.
Se experimentares desespero porque demora a materialização dos teus anseios, recomeça.
O trabalho de valorização do bem é de recomeço e recomeço, porqüanto cada passo dado na direção do objetivo é vitória alcançada sobre o terreno a vencer...
Quando o desânimo, investindo contra os teus propósitos superiores, situar o seu quartel na rotina das tuas atividades nobres, modifica o “modus operandi” e prossegue, renovado, combatendo nos painéis da mente essa vibração desagregadora transmitida por outras mentes que perseguem o Evangelho Redentor, desde há muito, e, exaltando a alegria do serviço em cada minuto de ação superior, destroça as armadilhas bem urdidas desse revel inimigo, alcançando a plataforma superior da glória de ajudar com desinteresse e amor.
29
MENSAGEM DE ESPERANÇA
“Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e tribulações sede fortes e corajosos para os suportar.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 5º — Ítem 25.
Abençoa a aflição de agora. Ela te abre as portas do salão da paz.
Agradece a chuva de fel a cair sobre a tua cabeça. Ela fertiliza o solo da tua alma para a sementeira da luz.
Rejubila-te com o espinho cravado no coração. Ele te adverte dos perigos iminentes de todos os caminhos.
Sorri ante os obstáculos que te impedem o avanço. Eles expressam o valor da tua resistência que os vence lentamente, à medida que jornadeias em triunfo.
Medita em todas as coisas que causam preocupação e dano e retira da dificuldade a melhor parte, como abençoado adubo para o solo das tuas experiências cristãs.
Nenhuma alma jornadeia na Terra sem a contribuição da dor. Nenhum espírito avança para a luz sem conduzir dificuldades enleadas nos pés. Nenhum ser ascende para Deus sem a travessia do pantanal onde se demoram os homens...
Jesus veio para nortear a Humanidade, porque esta se encontrava perdida, presa ao matagal das paixões.
Todos temos um ontem perdido nos labirintos do crime, a enovelar-nos nas malhas da inquietude que se reflete hoje.
Guarda nalma a alegria inefável que se expressará num amanhã ridente e belo que te espera, após o triunfo sobre as vicissitudes.
Não te desesperes ante o desespero, não te aflijas junto à aflição, não te inquietes ao lado da inquietude, não te atormentes sob tormentos..
A planta que cresce é atraída pela luz, embora repouse sua sustentação na lama das raízes.
A linfa que dessedenta corre aos beijos do sol, embora flua da lama do solo.
O alimento que nutre traz lodo no cerne e o corpo que sustentas é feito de lama.
Mas é com esse material que a alma faz o vasilhame para, realizando a obra do bem, sobreviver.
Não chores, não sofras!
Mantém elevado o pensamento ao Senhor sem te envergonhares.
Alça-te à luz, mesmo que nada representes...
Além da ponte há muitas venturas aguardando por ti.
Além do abismo há luz esfuziante esperando pelo teu triunfo.
Luta, agora, vence logo.
Não dês tréguas ao mal, mesmo que ele seja partícula ínfima a toldar a visão do teu espírito.
Combate-o, sem lhe dares alimento mental.
Todo meio incorreto jamais conduzirá a um fim reto.
Afugenta a nostalgia, espanca a tristeza, surra a melancolia com as mãos ativas do trabalho edificante.
Lutar contra tentações não é somente uma atuação mental; é atividade produtiva na realização do bem.
Realiza tua obra em paz, certo de que estás em Jesus, e seguro de que Jesus está contigo.
E quando tudo parecer esmagar as tuas aspirações e os fardos do mundo pesarem demais sobre os teus ombros lembra-te d’Ele, na manjedoura humilde e desdenhada, para renovar a Humanidade inteira com a claridade inapagável do Seu infinito amor.
Evoca-o nas horas de amargura e sorri agradecendo a bênção do sofrimento.
Só as almas eleitas são tentadas; só elas têm forças para vencerem a tentação.
O cristão não se deve angustiar porque o erro lhe bate à porta, nem se deve entristecer porque permitiu que o erro tivesse acesso ao coração... Deve alegrar-se quando expulsa o erro de dentro da casa íntima, mantendo júbilo porque o dominou, conservando a integridade do lar, ao invés de ser dominado pelo desequilibrio que o afrontava...
Guarda a certeza, alma devotada ao bem, de que Jesus contigo é a vida radiosa e pura em esperança permanente, como mensagem de Deus, em bom ânimo e alento para a tua redenção.
E, disposto a não incidir no capítulo negativo que deve ficar esquecido, reúne as forças e avança resoluto, em demanda da mansão da serenidade que te aguarda, vitorioso, na caminhada do dever.
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PARADOXOS
“A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo jamais se excusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse; socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso. Quando o tomareis por modelo de todas as vossas ações?”.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 11º — Ítem 12.
A um observador apressado muitas atitudes do Mestre, no exercício da Boa Nova, podem parecer estranhas, senão paradoxais.
Cercado pelas necessidades do povo, a todo instante necessitava aplicar os nobres ensinos com a persuasão do exemplo, convidado aos mais complexos testemunhos de fidelidade à mensagem de amor de que se fazia instrumento excelente.
Não buscou o insulamento improdutivo para evitar o contágio do crime ou da leviandade.
Nem se atirou, imprevidente, na solução dos problemas alheios ou na equação das lutas de classes.
Tudo fêz, e disse, tendo em vista o espírito imortal elucidando, incansável, que todas as coisas procedem do íntimo. Logo, renovado, o homem renova a Terra toda.
Difere, essa mensagem de amor, de tudo o que se recebera até então.
Nem a austeridade de Elias, aguardando repasto em gruta erma.
Vive ao sol, veste-se como todos, participa das atividades diárias, trazendo as lições à atualidade das ocasiões entre as emoções e os conflitos do coração popular.
Sua expressão é toda de alento e a ventura escorre-lhe dos lábios em melodias doces e entusiastas.
A Boa Nova, com Ele, é felicidade desde as alvíssaras.
Pregando a castidade, compreende Jesus a mulher surpreendida em adultério.
Lecionando virtude, escolhe mordaz samaritana de vida irregular para arauto da Mensagem...
Ensinando fidelidade ao dever, recebe Judas, um fraco, que trairia a Causa.
Desdenhado pelos nobres de Israel, concede entrevista a um príncipe do Sinédrio, Nicodemos, o doutor da Lei...
Amando os operosos, esclarece a imediadista Marta...
... E sabia da fraqueza de Pedro, das cobiças de Salomé a atormentada esposa de Zebedeu, das angústias da inquieta Maria de Magdala, das iniqüidades dos amigos, das torpezas dos comensais.
Assistiu-os a todos, envolvendo-os nos suaves dosséis de infinda bondade.
Desses, raros seguiram sua doutrina.
Não os censurou, não lhes reprochou o caráter.
Pediu-lhes, apenas, para que não retornassem aos sítios da degradação nem reatassem os liames com a criminalidade.
Mas não se contaminou com eles, os infelizes.
Desceu às dores, ascendendo a luz.
No Evangelho são essas personagens, aquelas com as quais mais nos identificamos.
Simbolizam esperanças para nós.
Seus gravames refletem nossas dificuldades.
Suas incertezas e limitações, amparadas pelo Mestre, estimulam-nos a não desanimar nem retroceder.
Ensinam-nos a cair para levantar e prosseguir.
Ajudam-nos a insistir no bem, de coração ansioso, para conseguir um espírito pacificado.
Embora possa ser estudado em laboratórios, mediante a comprovação pela pesquisa experimental dos Agentes Imortais, a idéia espírita consoladora é vertida para as massas desoladas e tristes, para o conturbado espírito humano.
Penetra as elites intelectuais e detém-se na fragilidade da argila moral de todos nós, conduzindo uns e outros aos páramos da luz...
Concita à virtude, ao dever, à nobreza, ao esforço no trabalho produtivo, mas não se detém a imprecar contra as imperfeições e sandices da época.
Atualizado como os ensinos de Jesus à sua época, translada essas lições através dos tempos, para hoje arrotear o pensamento moderno, colocando as sadias sementes da felicidade sem jaça e da paz sem alarde, no âmago das criaturas.
31
AFIRMAÇÃO
“Lançai para diante o olhar; quanto mais vos elevardes pelo pensamento, acima da vida material, tanto menos vos magoarão as coisas da Terra.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 12º — Ítem 8.
Afirma tua convicção seguindo de passo firme.
Enquanto o céu se cobre de raios irisados e tudo sorri o cristão pouco difere do homem comum.
No entanto, quando os dias escurecem, cobrindo-se de cúmulos carregados, faz-se necessário afirmar a fé.
Palavra fácil nos júbilos não pode ficar silenciosa e sem vida nas aflições.
Confiança nos dias de felicidade não deve permanecer apagada ante os perigos do testemunho.
Crença libertadora em oásis perfumados não desaparece nas longas travessias dos areais.
Lembra-te de Jesus.
O Enviado Divino exaltou a humildade e não revidou a bofetada violenta; engrandeceu a pureza e fez da própria vida um lírio imaculado; abençou a pobreza e desdenhou os tesouros do mundo; homenageou os simples e fez-se ignorar pelos poderosos; exaltou os perseguidos injustamente e deixou-se crucificar em silêncio; alentou os desanimados e os concitou ao resgate necessário; considerou os deserdados e caminhou sem posse alguma; valorizou a dor e ofereceu-se a morrer por todos...
Em Caná, ofereceu a todos a alegria festiva, e, no Gólgota, testificou confiança robusta. No matrimônio dos jovens rogou ao Pai Celeste que transformasse a água em vinho, enquanto na Cruz sorveu o vinagre e o fél como água pura...
Pregando o Reino de Deus alçou o coração à condição de santuário excelso, mas fez do caráter nobre a base da Lei, através do dever reto nas linhas do amor e da caridade, acima de todos os outros requisitos.
Afirma a fé que te honra os dias, quando tudo parecer distante ou tenebroso. Encontrando-te no campo a cultivar, mesmo que ele esteja eivado de plantas daninhas, labora de coração forte e mente esclarecida como quem ali encontra a oportunidade mantenedora do próprio equilíbrio, através da afirmação espontânea da tua fé n’Aquele que é a Fonte da Vida incessante.
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CONSIDERANDO A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
“Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 15º — Ítem 3.
Conta Lucas, no versículo 25 e seguintes, do Capítulo 10, do Evangelho, que interrogado o Mestre por um doutor pusilâmine que o tentava, a respeito da herança celeste, narrou-lhe o Senhor, após inquiri-lo sobre a Lei, a parábola do bom samaritano, a fim de informar-lhe, na aplicação do amor, quem seria o próximo.
Sintetizemos a narrativa: “Assaltado por malfeitores, um pobre homem foi deixado à margem da estrada que descia de Jerusalém a Jericó. Casualmente passou pela mesma via um doutor, e depois um levita que, embora o vissem, seguiram indiferentes. Um samaritano, porém, por ali passando e o vendo, tomou-se de piedade e o assistiu carinhosamente, conduzindo-o na sua alimária até uma hospedaria onde o deixou cercado de cuidados, dispondo-se a resgatar quaisquer compromissos excessivos, quando por ali passasse de retorno”. E ante o assombro do interlocutor O Mestre indagou-lhe, quem seria o próximo do homem sofrido, ao que este respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele”. Disse, então, Jesus: “Vai, e faze da mesma maneira”.
Considerando as nobres sessões de socorro mediúnico aos desencarnados em sofrimento, hoje realizadas pelos adeptos da Doutrina Cristã, recorramos ao ensino de Jesus, na excelente parábola.
O recinto das experiências medianímicas pode ser comparado à hospedagem acolhedora e gentil; o homem caído na orla do caminho, consideremo-lo o espírito tombado nos próprios enganos; o médium doutrinador assemelhemo-lo ao encarregado da estalagem; os médiuns recalcitrantes examinemo-los como o doutor indiferente e o levita sem piedade; o médium obediente ao mandato do serviço socorrista tenhamo-lo como o bom samaritano e a via entre Jerusalém e Jericó convencionemos a estrada dos deveres fraternos por onde todos transitamos. Ainda poderíamos considerar o bálsamo e o ungüento postos nas feridas do assaltado como sendo as orações do círculo de corações devotados à tarefa mediúnica; as moedas pagas ao hospedeiro simbolizemo-las como as renúncias e dificuldades, lutas e testemunhos solicitados aos membros da reunião e o doutor da lei, zombeteiro e frio, representemos como sendo os companheiros conhecedores da vida imortal, notificados das surpresas além-do-túmulo, indiferentes, entretanto, às tarefas sacrificiais do auxílio fraterno.
Se abrasado pela mensagem espírita, militas na mediunidade, em qualquer das suas múltiplas manifestações, ou fazes parte de algum círculo de socorro espiritual, unge-te de bondade e dá a tua quota de esforço aos falidos na via da Imortalidade.
Não lhes imponhas verbosidades estrondosas nem debatas, apaixonado, convicções...
Fala-lhes do novo Amanhã e medica-os agora, socorrendo-os com bondade e abnegação.
Sê, em qualquer função que desempenhes na tarefa espírita de assistência mediúnica, o “bom samaritano”, considerando todo e qualquer espírito que chegue ao núcleo de trabalho, não como o adversário de ontem, o obsessor de hoje ou o sempre inimigo, mas como o teu próximo a quem deves ajudar, assim como Jesus, redivivo na Mensagem Espírita, continua ajudando-te carinhoso e anônimo.
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PALAVRAS E PALAVRAS
“Jesus lho ensina, dizendo: Não te preocupes com o corpo, pensa antes no espírito; vai ensinar o reino de Deus; vai dizer aos homens que a Pátria deles não é a Terra, mas o Céu, porqüanto somente lá transcorre a verdadeira vida.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 22º — Item 8.
Modulação inteligível é a palavra o veículo de compreensão entre os homens.
Entretanto há palavras que geram guerras hediondas e palavras portadoras da mensagem de paz, que amainam convulsões interiores e serenam corações em combates de extermínio.
Palavras que têm o poder de transformar o mundo alçando-o à condição de paraíso e palavras que têm a magia macabra de o precipitar em perigosos redutos do crime onde o homem recua aos primeiros estados da animalidade.
Expressões que arrancam sorrisos e vocábulos que promovem lágrimas.
Elocuções que conduzem multidões aos páramos da luz e termos que espezinham sentimentos superiores.
Na palavra está a força do pensamento exteriorizado. Por isso é a palavra perigoso instrumento em bocas viciadas manipuladas por espíritos atormentados.
No entanto, a palavra em si mesma é construção divina a serviço da vida inteligente sobre a Terra. Quantos a exteriorizam, expressam a condição de vida mental em que se demoram.
O criminoso fala “amor” quando desejaria dizer paixão pela posse.
O artista cita o “amor” quando gostaria de expressar a visão que o emociona.
O cristão recorda o “amor” quando pensa em renovar o mundo.
Em todos os casos “amor” é a mesma palavra em todas as bocas, variando, todavia, na vibração que a envolve.
Educa, então, o teu modo de pensar para expressares na palavra o teu real modo de ser.
“Eu não vim trazer a paz” disse Jesus.
Move guerra à má palavra, não a pronunciando, não lhe dando valor, vencendo-a em silêncio.
Não dês paz ao erro.
Com tuas palavras, inspiradas na Boa Nova, decepa a árvore da criminalidade onde esteja e, afeiçoado ao serviço, difunde a luz na crença, seguindo para Aquele que é “a luz do mundo”.
Enriquecido por esse tesouro, — a palavra que vibra, sonora, em teus lábios, — estende esperança em volta, donde te encontras.
Há dores e desesperos gritantes junto a ti, ansiedades e angústias inumeráveis.
Desencarcera dos lábios a boa palavra e “ensina o Reino de Deus”. Talvez não possas fazer muito pelos corpos enfermos, mas podes dizer-lhes “que a Pátria deles não é a Terra, mas o Céu, porqüanto somente lá transcorre a verdadeira vida”. Podes informar-lhes que estão em trânsito, devendo valorizar sofrimentos e desesperações como quem sabe identificar nos quartzos grosseiros as esmeraldas valiosas e escondidas, e nos cristais despedaçados as crisálidas de consciências em libertação.
Valoriza, dessa forma, tuas palavras, fazendo-as verter bênçãos, em nome de Deus, o Excelso Verbo.
34
DESCUIDOS
“Freqüentemente, ele se torna infeliz por culpa sua e por haver desatendido à voz que por intermédio da consciência o advertia. Nesses casos, Deus fá-lo sofrer as conseqüências, a fim de que lhe sirvam de lição para o futuro.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 25º — Ítem 7.
Mesmo antes que a ulceração interna desse início ao processo enfermiço de desgaste orgânico, a ira foi comensal das tuas horas e a irritabilidade exagerada perturbou o equilíbrio da máquina físio-psicológica, ensejando o desajuste, agora de complicada erradicação.
Até que a obsessão se transformasse numa distonia psíquica de gravidade compreensível, a intolerância caracterizou os atos da tua vida, dificultando o auxílio espiritual e equilibrante com que amigos encarnados e desencarnados desejaram libertar-te.
Mesmo quando a velhice prematura se apossou da tua organização celular, já permitias que os impulsos inferiores que te vergastavam interiormente, em choques emocionais que dilaceravam o aparelho nervoso em constantes desatinos, conseguissem o desarranjo das peças orgânicas de difícil reparo.
Tombaste no despenhadeiro do desânimo porque consideravas a fé como rotulagem desagradável e pouco te empenhaste no estudo e observância das questões do espírito, que redundaram em anarquia emocional e desestímulo nos centros vitais do mundo psico-físico.
Diante da aflição que assoma devastadora, acreditaste que paz de espírito é oásis de repouso ao revés de campo de trabalho e malbarataste a dádiva do repouso, enfrentando, sem forças, os dias de luta.
Ao maldizeres as horas de trabalho com os filhinhos bulhentos e sadios, pensa nas mães crucificadas na luta de sofrimentos inenarráveis de filhos paralíticos ou dementes, esperançadas e confiantes em Deus.
Antes de desatrelares o corcel da vindita recorda os heróis do silêncio nobre, os mártires da verdade, os anjos do sacrifício, os santos da paciência, todos incompreendidos e sofredores construindo as bases da tua e da felicidade de todos.
No ato da crítica mordaz e impiedosa contra alguém considera as próprias forças em luta contra as tuas fragilidades e examina os insucessos ante as tentações, concedendo aos outros as mesmas excusas em que te resguardas.
No momento de lamentação contempla os companheiros à tua volta e os problemas que deles conheces te dirão muito: medita, então, nos que possivelmente eles têm sem que o saibas, muito mais graves do que imaginas, e resiste à leviandade de queixar, reclamar, derramar azedume injustificado pelo roteiro de ascensão.
Desejando tranqüilidade radiosa trabalha com humildade no bem, arrimado ao espírito de serviço desinteressado, anônimo e fiel, conservando as esperanças até à hora da frutescência que te enriquecerá a gleba do coração com as messes de luz.
Zela pela organização que te serve de veículo no caminho evolutivo antes da enfermidade.
Armazena equilíbrio íntimo no curso incessante das horas de atividade antes da desdita.
Oração e vigilância como curso preparatório na academia de aprendizagem reparadora antes do compromisso negativo.
Exercício de paciência e meditação acurada nos objetivos da vida antes do sofrimento que virá, inevitavelmente.
Ação salutar e descortínio de deveres positivos, antes da desencarnação, “enquanto é dia”, porque.
... Porque depois o quadro é diverso.
Tardia a hora do arrependimento, inadequada a contribuição do dito: “se eu soubesse!”
Todos sabemos o que devemos e o que não devemos fazer, após travados os primeiros contatos com a mensagem clarificante do Evangelho.
Educação, pois, antes.
Disciplina antes.
Antes Instrução.
Antes Amor.
Caridade e cuidados antes do erro, do crime, da queda.
Mesmo Jesus, o Incomparável Sábio, antes do Gólgota arregimentou amigos, disseminou misericórdia em forma de amor, saúde e alegria, renovou as concepções espirituais da vida nas mentes daqueles que O seguiam, distendeu a verdade a todas as gentes, porque à hora do testemunho, levaria consigo o que fez, em nome do Pai, como realmente aconteceu, e não o que desejou fazer no messianato de luz para que veio.
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ORAR SEM CESSAR
“Pela prece, obtêm o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a lhe inspirar idéias sãs. Ele adquire desse modo a força moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou.”
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 27º — Item 11.
Com muita propriedade o apóstolo Paulo, na 1ª Epístola aos companheiros da Tessalônica, assevera: “orai sem cessar”.
Orar, entretanto, não é apenas falar a Deus, em longos recitativos, ou guardar a alma em atitude extática numa contemplação inoperante e improcedente.
Com o Senhor aprendemos que orar é servir, convertendo dificuldades em bênçãos e acendendo lâmpadas da esperança nas sombras por onde seguem as almas.
Com Ele sabemos ser a oração mensagem que flui da Alma em direção ao Criador e reflui do Criador para a Alma como bênção socorrista.
Compreendemos, assim, que o “orar sem cessar” é meditar sempre, aplicando o tempo mental em utilidade psíquica, laborando, pela edificação íntima ou alongando os braços no serviço de santificação do dever.
Inquietado pelo tumulto das atividades a que se liga, o homem, muitas vezes, não se prepara para a oração constante, reservando no canhenho dos deveres humanos tempos pequenos e determinados para o diálogo com Aquele que é o hálito e a causa da Vida.
E é natural que sua débil voz se perca no tumulto interno, sem atingir os Ouvidos Celestes.
Mensagens mal impressas ou transmitidas em freqüência irregular, não alcançam os portos de destino, perturbadas pela estática ou interrompidas pela falta de potencialidade que as conduza nos veículos deficitários do instrumento transmissor.
Evidentemente que, não recebidas, ficam sem respostas.
... Orar sem cessar para que os recados continuados atinjam as Estâncias do Mundo Superior.
O homem, honrando-se no trabalho do campo, ora.
O oleiro modesto, na confecção nobre do vaso, ora.
O operário eficiente, na materialização do compromisso, ora.
O sacerdote, em visita à dor, ora.
O instrumentalista, em exercício digno, ora.
O mestre, ministrando as páginas da vida na formosa ciência do ensino, ora.
O profissional acadêmico, trabalhando fiel ao juramento, ora.
O estático ou o reverente, o solitário ou o enclausurado, longe da ação superior que anula todo mal, mesmo em atitude de prece, estão distantes da oração.
Na incomparável prece que Jesus nos ensinou, o Pai Nosso, encontramos a síntese sublime das aspirações humanas, em forma de colóquio ideal com o Excelso Criador.
Louvor a Deus e exaltação do Seu Nome e da Sua obra submissão à Sua Lei de sabedoria e justiça e apelo — apelo que é súplica humilde e confiante de filho amado e Pai Amantíssimo cujos ricos celeiros de bênçãos sempre se encontram à disposição daqueles que os buscam.
Orar é mais do que abrir a boca e pedir. É comungar com Deus, banhando-se de paz e renovação íntima...
Orar é como arar, agir atuar com Jesus Cristo e os Espíritos Superiores em favor do mundo.
A maior oração da vida transcendental do Cristo foi o verbo amar, conjugado da Manjedoura ao Gólgota, culminando no olvido a todo o mal com a mensagem do bem com que Ele partiu da Terra.
E ainda agora, quando fatores variados conspiram na vida moderna contra a serenidade, a paz e a edificação cristã, entre os homens, recorda a necessidade de orar, orar sem cessar, para que o vendaval das paixões não te possa carregar na sua fúria.
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MOMENTO ESPÍRITA
“Ser ou não ser, tal a alternativa.
O CÉU E O INFERNO 1ª parte — Capítulo 1º — Item 1.
“Vivemos, pensamos e operamos — eis o que é positivo.
E que morremos, não é menos certo.
“Mas, deixando a Terra, para onde vamos? Que seremos após a morte? Estaremos melhor ou pior? Existiremos ou não? Ser ou não ser, tal a alternativa. Para sempre ou para nunca mais; ou tudo ou nada: Viveremos eternamente ou tudo se aniquila de vez? É uma tese, essa, que se impõe.
“Todo homem experimenta a necessidade de viver, de gozar, de amar e ser feliz. Dizei ao moribundo que ele viverá ainda; que a sua hora é retardada; dizei-lhe sobretudo que será mais feliz do que porventura o tenha sido, e o seu coração rejubilará!”
Os conceitos acima pertencem a Allan Kardec, que os expressa no Capítulo 1 de “O Céu e o Inferno” donde os tomamos.
Todo homem que raciocina meditará, vez que outra, ao menos, nesta concisa sentença: “Vivemos, pensamos e operamos... E que morreremos não é menos certo.”
Assim fazendo concluirá que duas alternativas se lhe apresentam: vida ou nada.
Buscando, através dos acontecimentos históricos, somente a vida lhe responderá a qualquer indagação.
A intuição lhe fala da vida.
Os fatos lhe atestam a vida.
A razão lhe confirma a vida.
A vida além-da-morte é indubitavelmente o coroamento do desgaste celular, no insondável do processo químico no sub-solo.
Cientificado dessa vida, faz-se mister preparar-se para enfrentá-la.
Sábios, pensadores, santos e cientistas, explicando-a, viveram de tal modo que atestaram a certeza de a encontrarem após.
Indispensável, portanto, cingir-se de valor para reservar no painel mental momentos espíritas de meditação e na vivência diária momentos espíritas de ação.
Tito, que lamentava o dia como perdido, por falta de uma ação nobre, não trepidou em destruir Jerusalém.
Carlos Magno, lutando sob a inspiração da Cruz, deixou-se arrastar por crueldade criminosa.
Clóvis, após a batalha de Tolbiac, na qual impiedosamente aniquilou os alamanes, empunhando o cetro de rei franco, e dizendo-se cristão, prosseguiu, cruel, mesmo quando a velhice e a fé deveriam tê-lo modificado...
É indispensável transformar-se.
O bloco de gelo é água que mudou de estado e requisita temperatura adequada para manter-se...
A porcelana é barro cozido que não voltará àcondição primitiva.
Um sofreu modificação aparente.
Outro se transformou realmente.
Este, o gelo, é estático; aquele, o barro, experimentou a dinâmica do calor.
O crente parado enregela-se mas se derrete ante o ardor do testemunho.
O consciente do dever, através da crença, é atuante, lutador.
Para o crente morrer e repousar são a mesma coisa.
Para o consciente morrer é viver, crescendo em ação sem fim.
O momento espírita é o instante de exame quanto à conduta íntima — programa de felicidade.
O momento espírita é o ensejo de renovação espiritual — sanitarismo psíquico.
O momento espírita é treino, pré-vida — exercício para a vida diária e a vida eterna.
À hora da dor faze o teu momento espírita.
Chamado pelo desespero ou abandonado pela solidariedade, realiza o teu momento espírita.
Instado ao desequilíbrio exercita o momento espírita.
De momento em momento chegarás à conduta espírita, à vida espírita, qual moribundo que vê a sua hora ampliada pela saúde, longe de toda dor, sendo mais ditodo do que sempre o foi com o coração prenhe de júbilos.
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CONSIDERANDO O SOFRIMENTO E A AFLIÇÃO
“Se, ao contrário, concentramos o pensamento, não no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misérias e dores.”
O CÉU E O INFERNO 1ª parte, Capítulo 2º — Item 4.
Ei-los misturados em todo lugar.
Sofrimento causado pela evocação de um amor violento que passou célere, e aflição de quem, não tendo amado, deseja escravizar-se desnecessariamente.
Sofrimento decorrente do desejo de perseguir quando gostaria de fazê-lo, e aflição, porque, perseguido, não tem oportunidade de também perseguir.
Sofrimento pela dor que se agasalha no coração, santificando o espírito, e aflição em face da dor, por não poder fazer quanto gostaria, comprometendo-se muito mais.
Sofrimento nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a linha básica do caráter, e aflição, porque, desejando e possuindo tanto não pode fruir quanto pensava gozar.
Sofrimento derivado da revolta de não ser feliz nos moldes que planejou, e aflição por ter a felicidade ao alcance das mãos, constatando, porém, quanta treva e pranto se guardam sob o manto brilhante dessa felicidade.
Sofrimento por muito ter e constatar nada ter, e aflição por nada ter e descobrir quanto poderia ter.
Sofrimento na cruz dos desajustes emocionais, e aflição causada pelos desajustes na cruz do dever reparador.
Sofrimento em quem luta pela reabilitação, e aflição em quem, errando, não tem força para reabilitar-se.
Sofrimento que vergasta, e aflição buscada para vergastar.
É, no entanto, o sofrimento uma via de purificação, e a aflição um meio libertador para quem, mantendo o encontro com a verdade elege, na recuperação dos valores morais, a abençoada rota através da qual o espírito se encontra consigo mesmo, depois das múltiplas Lutas do caminho por onde jornadeia, quando desatento e infeliz.
Com Jesus aprendeste que sofrer, recuperando-se interiormente, é libertar-se, e afligir-se, buscando renovação, é ascender.
Empenha-te, valoroso, no esforço da eliminação do mal que ainda reside em ti, pagando o tributo do sofrimento e da aflição à consciência. Recorda que antes da manhã clara e luminosa da Ressurreição do Mestre houve a sombra da traição e a infâmia da Cruz, como ensinamento de que, precedendo a madrugada fulgurante da imortalidade triunfal, defrontarás a noite de silêncio e testemunho como prenúncio da radiosa festa de luz e liberdade definitiva, que alcançarás por fim.
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PLANEJAMENTO
“A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade.”
O CÉU E O INFERNO 1ª parte, Capítulo 2º — ítem 10.
A obra do bem em que te encontras empenhado não pode prescindir de planejamento.
Nem o estudo demorado, no qual aplicas o tempo, fugindo à ação. Nem a precipitação geradora de muitos insucessos.
Para agires no bem, muitas vezes, qualquer recurso positivo constitui-se material excelente de rápida aplicação. Todavia, o delineamento nos serviços que devem avançar pelo tempo tem regime prioritário.
A terra devoluta para ser utilizada, inicialmente recebe a visita do agrimensor que lhe mede a extensão, estuda-lhe as curvas de níveis, abrindo campo propício a agricultores, construtores, urbanistas que lhe modificarão a fisionomia.
O edifício suntuoso foi minuciosamente estudado e estruturado em maquetes fácilmente modificáveis.
Até mesmo a alimentação mais humilde não dispensa a higiene e quase sempre o cozimento, a fim de atender devidamente ao organismo humano.
A improvisação é responsável por muitos danos.
Improvisar é recurso de emergência. Programar para agir é condição de equilíbrio. Nas atividades cristãs que a Doutrina Espírita desdobra o servidor é sempre convidado a um trabalho eficiente, pois que a realização não deve ser temporária nem precipitada, mas de molde a atender com segurança.
A caridade, desse modo, não se descobre na doação pura e simples, adquirindo o matiz diretivo e salvador.
Não somente hoje, não apenas agora.
Hoje é circunstância de tempo na direção do tempo sem-fim.
Agora é trânsito para amanhã.
Planej ar-agindo é servir-construindo.
Por esse motivo ajudar é ajudar-se, esclarecer significa esclarecer-se e socorrer expressa socorrer-se também.
Planifica tudo o que possa fazer e que esteja ao teu alcance.
Estuda e examina, observa e experimenta, e, resoluto, no trabalho libertador avança, agindo com acerto para encontrares mais tarde, na realização superior, a felicidade que buscas.
Para que o Mestre pudesse avançar no rumo da semeação da Vida Eterna, enquanto entre nós, na Terra, meditou dias e noites, retemperando as próprias forças, sentindo o drama e a aflição dos espíritos, a fim de que, em começando a trajetória de amor, nas verdes paisagens da Galiléia e nas frescas margens do Tiberíades não recuasse ante a agressão e a impiedade que investiram contra o Seu Apostolado, planejando e agindo, amoroso, até a morte. E mesmo depois, em buscando os páramos da Luz Inextinguível volveu, para os que ficaram na retaguarda, o coração generoso, acenando-lhes com a plenitude da paz depois da vitória sobre eles mesmos.
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FALANDO AO TRABALHADOR
“O progresso nos Espíritos é o fruto do próprio trabalho; mas, como são livres, trabalham no seu adiantamento com maior ou menor atividade, com mais ou menos negligência, segundo sua vontade, acelerando ou retardando o progresso e, por conseguinte, a própria felicidade.”
O CÉU E O INFERNO 1ª parte — Capítulo 3º — Ítem 7.
Trabalhador da vida persevera agindo no bem.
As criaturas na Terra, de certo modo, se parecem com matérias brutas antes de serem trabalhadas.
Diante do solo que te não pode oferecer argila para a olaria ou leiras para a sementeira, evita a blasfêmia.
Trabalha a terra, dando-lhe o amor que te escorre abundante e amparando-a com a dádiva da linfa vivificante.
Ante a montanha não amaldiçoes as pedras.
Trabalha-as e arrancarás formas preciosas.
Frente à árvore retorcida não lhe desprezes os galhos.
Trabalha o lenho, retirando tábuas e mourões que ensejem agasalhos e utilidades.
Face ao ferro envelhedio e gasto não o injuries.
Trabalha nele com o auxílio do fogo e aplica-o em variados usos.
Defrontando o lodo não o insultes.
Trabalha, drenando-o, e conseguirás aí abençoada seara que se cobrirá, oportunamente, de flores e frutos.
Há muitos corações, igualmente assim, na estrada dos homens.
Espíritos difíceis de entender, empedernidos na indiferença, retorcidos pelo ódio, envelhecidos no erro, perdidos na inutilidade, comprazendo-se na ignorância e na crueldade.
Não reclames nem os desprezes.
Abre os braços e socorre-os em nome do amor. Quanto te seja possível trabalha junto a eles e neles, confiante no Divino Trabalhador.
Possivelmente os resultados não virão logo nem o êxito do trabalho surgirá de imediato.
Muitas vezes sangrarão tuas mãos na execução da obra e dilacerarás o próprio coração.
De início a dificuldade, o esforço e a perseverança no trabalho.
Mais tarde a assistência carinhosa e o zelo cuidadoso.
Por fim surpreenderás, feliz, a vitória do trabalho paciente, sorrindo como flores na lama, saudando a beleza e a glória da vida em nome de Jesus, o Obreiro da felicidade de nós todos.
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FRATERNIDADE
“O estado corporal é transitório e passageiro. É no estado espiritual sobretudo que o Espírito colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho da encarnação; é também nesse estado que se prepara para novas lutas e toma as resoluções que há-de pôr em prática na sua volta à humanidade.”
O CÉU E O INFERNO 1ª parte — Capítulo 3º — item 10.
Saúda a madrugada do dever fazendo luz no entendimento amargurado.
Não digas que é inútil lutar, tendo em vista os insucessos pessoais.
Não creias que tudo seja caos e desordem, porque o mundo íntimo se encontre em desassossego e anarquia.
As dores valem o valor que lhes damos.
As provações significam em aflição a dimensão da taça em que as recolhemoS como se fôssem ácidos ou cáusticos.
Porque mal-estares te inquietem e sombras derramem fantasmas na imagem das coisas, não compares os dias a salas escuras de perspectivas negativas.
Abre a porta à fraternidade e alegra-te também. Quem cultiva urze apresenta-se cravado de espinhos.
Quem assimila decepções extravasa pessimismo.
É imprescindível romper as comportas do personalismo infeliz para que as vibrações de felicidade te visitem a casa mental.
O homem que prefere baixadas tudo povoa de limites. Mas quem sonha alcantis altaneiros e céus infinitos perde medidas e limitações para espraiar-se como o ar ou agigantar-se como a luz.
Vives as idéias que te aprazem, e, enquanto te agrades na desdita imaginária ninguém poderá clarear-te com as estrêlas aurifulgentes da serenidade.
O homem transforma-se no que acalenta e vitaliza nos painéis recônditos da mente.
Por esse motivo a desencarnação promove surpresas e choques àqueles mesmos que despertam além-da-morte e que, conscientemente se ignoravam em situações lamentáveis.
Fraternidade! — Muitos crimes se cometem em teu nome!
O solo e a mente, a água e o ar, o tempo e a luz em harmonioso conübio oferecem o pão generoso e rico à mesa.
A paciência e o trabalho no labor do artesão se unem para a grandeza da arte.
A argila e o artífice em combinação segura dão forma à cerâmica preciosa.
O buril e o amor identificados renovam as visões e paisagens sombrias da Terra.
Fraternidade — sol para as almas, roteiro para a vida!
Em todo lugar há lugar para a fraternidade.
Os povos a preconizam estimulando a beligerância.
Pronunciam-lhe o nome, arregimentando soldados.
Lecionam diretrizes em torno dela, assaltando países indefesos para discutirem a paz, demoradamente, nos Organismos próprios, enquanto a hidra da guerra dizima populações...
A fraternidade começa no lugar em que estamos, a fim de atingir a região onde não iremos.
Aceitas a ira que gera conflitos, que cria violências, que estimula o crime.
Agasalhas o ódio que oblitera a razão, que acicatá instintos, que estruge em convulsões.
Corporificas azedumes que consomem o equilíbrio, que facultam desordens, que enlouquecem.
No entanto, a palavra de Jesus é inconfundível:
— “Bem-aventurados os mansos porque herdarão a Terra
Mansuetude para a ação fraternal — eis a rota.
Procurando expressar a própria ventura e homenagear com a sua gratidão o Mestre Incomparável, conhecido militante espírita, desencarnado, demandou, na noite evocativa do Natal, região pavorosa de angústia punitiva e dor reparadora, no Mundo Espiritual, para evangelizar a turbamulta ignara e obscena.
Abrindo pequeno Evangelho, nos apontamentos de Mateus no Sermão da Montanha começou a ler as anotações consoladoras registradas pelo Discípulo Amado.
Enquanto a voz harmoniosa e calma vibrava amor fraternal no reduto purgatorial, antigo sicário de consciências, turbulento e impiedoso, agora entregue àprópria rebeldia, explodindo ira, solícitou o livro singular, e, diante do evangelizador despedaçou as páginas, que atirou sobre o charco nauseabundo em que se revolvia.
Longe de revidar, o mensageiro da Palavra da Vida Eterna tomado de incomum sentimento fraternal, exclamou:
— “Perdoa-me não ter conseguido alcançar tua alma com o verbo divino, considerando a minha própria inferioridade!”
Houve uma pausa na densa região de amargura.
— “Compreendo, meu irmão — prosseguiu, comovido —, tua revolta, no entanto, não conheces Jesus. Reconheço-me indigno de apresentá-Lo; todavia, sabendo-O o Médico do Amor por excelência não consigo recuar... Recorda o Rei singular, nascido em manjedoura e supliciado na Cruz, a balbuciar, em hora de terrível soledade:
— “Perdoa-os, meu Pai!”...
Não pode prosseguir. Não disse mais, nem se fazia necessário.
O verdugo se levantou, em pranto, e acudiu, dizendo:
— “Fala-me d’Ele, esse Homem que te dá forças para vencer a ira e amar a ponto de chamar-me irmão”.
Fraternidade!
Começa agora mesmo o teu programa fraternal, tendo paciência contigo próprio, no caminho evolutivo por onde rumas...
41
FESTIVAL DE AMOR
“Reina lá a verdadeira fraternidade, porque não há egoísmo; a verdadeira igualdade, porque não há orgulho, e a verdadeira liberdade por não haver desordens a reprimir, nem ambiciosos que procurem oprimir o fraco.”
O CÉU E O INFERNO — 1ª parte — Capítulo 3º — Item 11.
Canta, alma, as bênçãos da fé viva na ação edificante do bem sem limite.
Não indagues qual a técnica perfeita da arte de ajudar.
Não esperes um curso especializado para o apostolado do melhor servir.
Abre os braços e agasalha a luz do dia no coração. Sai, depois, a dilatar claridade em festa incessante de alegria.
Se te perguntarem porque, embora a dor que te oprime, sorris, responde, que apesar do lodo junto à raiz, e por isso mesmo, o lírio esplendente de imaculada alvura esparze aroma.
Se te interrogarem quanto à utilidade do teu mister, reflete no mecanismo da vida, que transforma a
abelha diligente em serva da tua mesa, e reparte a
grandeza do serviço beneficente.
Ama, e coroarás as horas de luz; serve, e adornarás o coração de intérmina ventura.
No turbilhão do vozeiro moderno ausculta a pulsação do progresso e ouvirás a rés-do-chão um débil gemido ou um choro cansado que não cessa; vasculhando a noite com intensa expectativa identificarás homens fracos que o cansaço venceu; flamando pelas rotas do abandono tropeçarás em retalhos de gente, emaranhados na sarjeta do esquecimento, em trapos lodosos e despedaçados; vagueando nos lagos onde a dor se agasalha verás o azeite da vida se acabando nos vasos ressequidos, em que se transformaram organismos estiolados pela fome e pela enfermidade.
Muitos desses, ainda crianças, seriam os homens do amanhã que o presente tudo faz por negar a oportunidade de avançarem na rota da jornada evolutiva. A destinação histórica do futuro vai esmagada no frenesi teimoso do “agora”.
Escuta-os sem as palavras que não ousam articular e recebe-os no coração sem exigências punitivas. Dês que os não podes levar para o lar que te agasalha, sorri e ajuda-os como puderes, considerando que sempre podes fazer algo por eles.
Se, todavia, te for possível recebê-los, ama-os como se fossem enflorescências da tua carne.
Pouco te importe sejam grandes ou pequenos, os sofredores.
O amor verdadeiro não escolhe dimensão nem seleciona aparências. É santificante concessão de Deus para enriquecimento da vida.
Urge fazeres algo por eles, os teimosamente abandonados do caminho: órfãos dos teus olhos não os vias; aflitos, que em soluços junto à tua companhia, não tinham ninguém...
Quando alguém ama realmente uma criança que recebe e lhe não pertence pela carne, a humanidade consegue um crédito da vida.
Quando um espírito valoroso derrama a taça da afeição e do socorro legítimo no gral de quem sofre, o mundo se engrandece com ele.
É graças a esses, os irmãos pequeninos e sofredores, que a esperança se envolve de bênçãos e permanece entre as criaturas.
Faze da tua comunhão com o Cristo, a Quem dizes amar, um ato de abnegação junto aos que necessitam de carinho, produzindo o teu nobre esforço ao lado deles um excelente festival de amor.
Olhos marejados de pranto, além-da-sepultura fitam os filhos que ficaram ou afetos que permaneceram na retaguarda e corações que não cessam de pulsar embora a desencarnação, latejam em apressado ritmo, quando te acercas desses filhos desses quereres...
Não justifiques enfermidade, se pretendes disfarçar a indiferença em que te comprazes discretamente, nem te apegues aos sofrimentos da leviandade se queres desculpar a impiedade que te cerceia os passos.
Os que hoje são pequenos amanhã crescerão. Evita avinagrares a água da misericórdia que lhes ofereces, sem o azedume da infelicidade que dizes sofrer. Talvez eles sejam o sorriso dos teus lábios, mais tarde, se souberes o que fazer.
Os que já viveram, sofrem e podem compreender.
Sai da tua enfermidade imaginária para a ação curadora e faze uma doação de ternura, saudando neles, os amargurados que Jesus te apresenta, o sol formoso do dia sem fim da tua Imortalidade.
Quem O contemplasse entre as palhas ressequidas do berço improvisado não suporia que ali estava o Rei do Orbe, e quem se detivesse a contemplá-Lo coroado de espinhos, em extremo ridículo, silencioso e triste, não acreditaria que era o Excelso Filho de Deus. No entanto, foi entre aqueles dois polos, o berço e a cruz, que ele traçou a ponte de libertação, instaurando, de logo, o primado do espírito, com o próprio exemplo de renúncia total e total amor à humanidade de todos os tempos, de modo a conduzir-te ainda hoje, na direção dos Cimos da Vida.
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LINGUAGEM DO PERDÃO
“Repara em uma vida de provações o que a outrem fêz sofrer em anterior existência. As vicissitudes que experimenta são, por sua vez, uma correção temporária e uma advertência quanto às imperfeições que lhe cumpre eliminar de si, a fim de evitar males e progredir para o bem.”
O CÉU E O INFERNO 1ª parte, Capítulo 5º — Item 3.
A pedra bruta perdoa as mãos que a ferem, transformando-se em peça de estatuária valiosa.
A lama suporta o fogo e perdoa o oleiro, convertendo-se em vaso precioso.
A fonte desrespeitada perdoa quem lhe revolve o lodo, oferecendo água cristalina depois.
O grão de trigo esmagado perdoa o agricultor que o atira ao solo, multiplicando-se em muitos grãos que enriquecem a mesa.
O ferro deixa-se dobrar sob altas temperaturas e perdoa os que o modelam, construindo segurança e conforto.
A Natureza tudo perdoa, transformando o mal aparente em bem real.
A peça apodrecida sobre o solo é absorvida e renasce em nova forma, vitalizando plantas e animais, como mensagem de perdão da terra.
Tudo ama, tudo perdoa...
Perdoa a mão que te ultraja, a boca maldizente que te calunia, o olhar invigilante que te magoa, o espfrito que a enfermidade vergasta e que te persegue...
Perdoar é impositivo para cada hora e todo instante.
No laboratório somático que serve de veículo temporário ao espírito, o amor de Deus vibra em perdão e harmonia como mensagem atuante e vigorosa, produzindo oportunidades e realizando tarefas.
Aprende, assim, a converter o mal que te fazem em bem que possas fazer.
E, se for necessário voltares ao ofensor e dele novamente sofreres ultraje, recorda que o Mestre preconizou o perdão indistinto e incondicional tantas vezes quantas fossem as ofensas.
Persevera no trabalho com que a vida te honra a reencarnação, perdoando sempre e sem cessar, e despertarás, um dia, depois de toda dor e toda sombra, além-da-matéria, libertado das ofensas e da morte no abençoado Reino do nosso Mestre, perdoado e feliz...
43
FÁCILIDADE NAS TAREFAS
“Devido às suas imperfeições, o Espírito culpado sofre primeiro na vida espiritual, sendo-lhe depois facultada a vida corporal como meio de reparação.”
O CÉU E O INFERNO — 1ª parte — Capítulo 5º — Item 6
Em conseqüência de uma observação apressada tem-se a impressão de que mui fácilmente, na atualidade, se pode manter conduta cristã.
Porque triunfos e comodidades assinalam a vida moderna, e em se considerando a benignidade das leis, em relação ao culto cristão, julga-se impensadamente que o momento não oferece ensejo para o martírio e a exaltação da Fé que modificou, a partir de Jesus, a estrutura sócio-moral da Humanidade.
O que ocorre, no entanto, é que a acomodação hodierna vem realizando conchavos negativos e convênios deprimentes entre a conduta cristã e a vida profana pouco recomendável, em que muitos crentes se comprazem.
Enquanto o Evangelho não triunfe no coração clareando as mentes, a fim de poder dirimir com segurança dúvidas de qualquer natureza, não conseguirá penetrar vigorosamente os portais do lar, conduzindo com eficiência o sagrado instituto da família.
Com os ensinamentos espíritas, ditados pela experiência dos desencarnados, as responsabilidades que assinalam o compromisso cristão se incorporam à vivência evangélica impondo diretrizes austeras para o dia-a-dia do homem na existência física.
Advertindo quanto ao despertamento da consciência no Além-Túmulo, os Espíritos Superiores imprimem elevação e nobreza ao crente, elegendo nele o realizador do bem indestrutível onde vive e com quem vive.
Tornando a vida cristã e espírita entibiada, muitos usuários da comodidade adaptam as disposições do Evangelho ao caráter leviano e repousam em agradáveis bem-estares, crendo passada a época dos flagícios e dos sacrifícios pelo Cristo.
Neste particular, muitos expositores das verdades espirituais preocupados com o culto da personalidade e vítimas de terrível hipertrofia da razão, evitam os temas de despertamento moral, tendo em vista agradar aos ouvintes e formar círculos de admiradores em torno do “eu”, longe, todavia, dos objetivos elevados a que se propõem.
Campeia o aborto delituoso com falsa ingenuidade a respeito da consideração pela vida, com aplausos mais ou menos generalizados.
Anticoncepcionais são utilizados em larga escala por jovens e matronas que não pretendem a maternidade, por motivos frívolos e injustificáveis. Evitam-se filhos, por considerações econômicas e outras de somenos importância, convertendo o matrimônio em comunhão menos digna...
Explicam-se viciações ditas simples em se considerando as graves dissipações.
Cultivam-se jogos e narcóticos, alcoólicos e libertinagens, elucidando-se que as questões morais nada têm a ver com a Doutrina que atualiza o Cristianismo na Sociedade.
Cambistas, agiotas e fumantes, maledicentes e caluniadores, preguiçosos e displicentes afogam a consciência nas ondas do não pensar, por enquanto, e todos se acreditam perfeitamente enqüadrados nas disposições renovadoras do Cristianismo.
Leviandades e compromissos infelizes são acalentados com sorrisos joviais como se a honra fosse uma das diversas pedras com que muitos se divertem nos tabuleiros de xadrez.
E quantos buscam reunir na vida diária e doméstica os requisitos mínimos exigíveis que traduzem a penetração do Cristo e do Espiritismo neles tão tidos à conta de fanáticos e dementes.
O dia do cristão cedo começa.
A madrugada se impõe sobre as sombras com o poder da luz.
As pequenas realizações fazem grandes os homens.
As vitórias humildes sobre as paixões aparentemente insignificantes e os singelos hábitos maus tornam valorosos os lutadores.
Somente quem é capaz de ser grande nas pequenas lutas se faz humilde nas vitórias grandiosas.
Não te empolgues com as fácilidades que te advêm, transferindo o teu campo de ação para a borda de abismos disfarçados e sedutores.
Não te enganes a ti mesmo, persuadindo-te com utopias e sofismas que não aquietam nem harmonizam os ditames de consciência.
Apresenta a verdade sem dureza e usa a bondade sem pieguismo.
O valor do caráter é medido pela perseverança nos empreendimentos superiores, sem aspereza nem amolentamento.
Sê afável e meigo a serviço do Cristo, embora os calhaus que te firam.
Os Espíritos da Luz não improvisaram santificação momentânea. Viveram retamente, na Terra, onde te demoras, perdendo, muitas vezes, para não se perderem...
Surpreende-te quando tudo correr-te muito bem e mui fácilmente.
Recorda os supliciados e agredidos de todos os tempos.
Entre eles estão os pioneiros e heróis do Conhecimento, do Amor e das Artes, e, acima de todos, se destaca um Rei trajado de singela túnica e alpercatas humílimas, que se deixou flagelar para que a Verdade de que se fizera portador não ficasse confundida com a astúcia e a mentira, mas encastelada em luz divina para se derramar sublime pelos tempos em fora, banhando de harmonia todos os corações.
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FIELMENTE
“O bem e mal que fazemos decorrem das qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos é, portanto, o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não somente pelo mal que fez como pelo bem que deixou de fazer na vida terrestre.”
O CÉU E O INFERNO 1ª parte — Capítulo 7º — Item 6.
Cônscio das lutas reservadas aos fiéis trabalhadores da sementeira evangélica, Jesus foi definitivo: “No mundo — disse Ele — só tereis aflições”.
Comparava o Senhor a caminhada cristã ao ingente trabalho sobre a gleba humilde e boa, para a aquisição do pão.
Aqueles que desejassem serenidade antes da sementeira e bênção antes do merecimento, certamente veriam com desencanto a terra cobrir-se de cardo e urze perdendo o tempo e a oportunidade. E, se repousam prematuramente, reservam ingentes lutas para a própria subsistência no futuro.
No entanto, cientificados da necessidade de laborar, se se dispusessem a aprofundar sulcos, vergastando abismos para que os grãos atingissem a madre interna do solo, sofreriam o acúleo, a tormenta, a canícula e o cansaço, banhando-se de suor, mas de olhos fitos no chão coberto de vegetação e nos dedos do arvoredo, amparados pelos frutos.
Não se revoltariam por lutar nem se deixariam abater se a terra lhes negasse as primeiras dádivas, na colheita.
Pelo tirocínio, o homem sabe que, plantando, a produção advirá se os requisitos necessários forem observados e o trabalho for desenvolvido dentro das injunções tecnológicas.
É compreensível, portanto, o não haver lugar no mundo dos negócios nem dos prazeres para os lídimos cristãos. Não têm eles a pretensão de receber enflorescência antes da sementeira nem se podem candidatar à colheita enquanto a terra coberta de urze se consome na inutilidade. Sabem que o tempo desperdiçado na inoperância é abuso da fortuna do Senhor e é roubo àatividade da vida.
Por essa razão, sofrem.
Quanto mais se deixam absorver pela luta fastidiosa, sob o sol causticante, mais se lhe acentuam as rugas da dor, mais se aprofundam as feridas das mãos, mais se avoluma o cansaço sobre as costas. Porque o trabalhador fiel não se detém a reclamar nem a exigir: ele sabe que há tempo para semear como há tempo para colher.
Espíritas! Serviço cristão é sofrimento, porta de serviço para a renovação de si mesmo, estrada longa a percorrer sítios difíceis a transpor!
Náufragos não têm condições de escolher batéis salva-vidas; presidiários não podem escolher sítios para a liberdade; déspotas, no ofício da reparação, não dispõem de credenciais para as tarefas a executar.
A tua é a acre-doce luta da transformação interior.
Muitas vezes o vinagre da ingratidão ser-te-á o tônico de reconforto sob a canícula solar.
A mão espalmada do “vingador” sobre ti representará a cobrança da dívida adiada, que não podes reclamar; o desprezo, em forma de escárnio traduzirá o apelo-convite à humanidade que não pode ser desconsiderada.
E a solidão, originária nas vergastadas e no abandono te conduzirá à trilha por onde chegarás ao porto da espiritualidade maior.
Ninguém guarde, por enquanto, coroas brilhantes para a cabeça nem se iluda com os ouropéis mentirosos que enganam o tempo.
Tapetes estendidos para os teus pés podem esconder abismos, como muitas pinturas brilhantes disfarçam manchas e escabrosidades...
Tua tarefa é de sublimação interior no dia-a-dia. Para quem sabe discernir cada dia guarda uma lição; cada lição é mensagem de experiência; cada experiência significa aprendizado; cada aprendizado representa bênção e cada bênção traduz oportunidade evolutiva.
Aproveita, assim, as ensanchas que te surgem mesmo com as suas carregadas tintas e aprende a silenciar a ofensa, a desculpar o ultraje, a esquecer a malquerença, pontificando no bem infatigável sob chuvas de granizo ou vapores terrificantes de calor. Não pretendas melhor dádiva do que aquela com que foi aquinhoado o Mestre a quem serves, que, vendido, açoitado, escarnecido, e plantado numa cruz, ainda foi constrangido pela dúvida de Tomé, companheiro desatento que estava ausente...
E, se duvidam de ti — bendize ao Senhor; se zombam de ti — confia no Senhor; se te abandonam — busca o Senhor que recebeu por companheiros, à hora extrema, dois criminosos que a penologia atual, embora não os levasse à cruz, daria a cela úmida e imunda do presídio a fim de cerceá-los do convívio social em nome da ética e dos direitos legais da Sociedade.
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DINAMISMO PARA A PAZ
“O bem e o mal são praticados pela função do livre arbítrio, e, conseguintemente, sem que o Espírito seja fatalmente impelido para um ou outro.
Persistindo no mal, sofrerá as conseqüências por tanto tempo quanto durar, a persistência, do mesmo modo que, dando um passo para o bem, sente imediatamente benéficos efeitos.”
O CÉU E O INFERNO 1ª parte, Capítulo 7º — Item 20.
Dificuldades, todos enfrentamos pela rota evolutiva.
Aflições, todos experimentamos no exercício da sublimação.
Ansiedades, todos agasalhamos na execução do programa de libertação íntima.
No entanto, porque acidentes da estrada ocultem a meta de destino não significa isto o desaparecimento do objetivo a alcançar. Nem porque a noite em se assenhorandO da abóbada celeste espalhe sombras, deixa de recamar-se o firmamento com astros que fulguram, confirmando o sol presente...
Faz-se necessário que a luta árdua seja contínua para que se comprove a excelência do lidador.
E nesse particular o estudante do Evangelho não tem motivos para estranheza.
Resnacido sob o sinete de débitos passados, é constrangido à recuperação na senda da ação enobrecedora, não conseguindo evadir-se da cela do compromisso sem os danos da fuga pela porta da irresponsabilidade.
Estigmatizado interiormente pela aflição punitiva a que faz jus como corretivo adequado, não encontra lugar de repouso nem sítio de paz, senão entre as urzes da tarefa renovadora e os calhaus dos deveres.
Afervorados, porém, ao ideal e vitalizado pelo Evangelho alimenta-se de esperança para, apaziguado, prosseguir sem deserção.
Convidado a doar, todos esperam que te does integralmente.
Instado a amar, todos aguardam que teu amor se individualize em relação a cada um sem que te esqueças de ninguém, esquecido, no entanto, de ti mesmo.
Levado a ajudar, todos esperam que teus braços sejam sempre como conchas de socorro sem tempo de ajudar-te, consoante os padrões da vida que todos pedem viver.
Sucede, desse modo, que o cristão verdadeiro carrega o Cristo para todos e, ao conduzi-Lo, renova-se e vive naturalmente.
Mas não se pertence.
Não se permite prêmios.
Doando-se não se pode prender, amando não aguarda amor e ajudando não lhe é lícito predileção no tipo de auxílio a distender.
Torna-se o irmão de todos, faz-se compreensão para todos.
É uma gota de paz no oceano dos conflitos.
Não esmorece, pois que, possuindo a paz de espírito, é mordomo de tesouros que o capacitam ao sacrifício e à redenção.
A fim de que a paz do Cristo te afaste os obstáculos, as aflições e os anseios, faze um programa de manutenção e assistência, fácilitando-lhe a continuidade nos recônditos do ser.
Disciplina o tempo e estuda a Doutrina dos Espíritos na qual haures equilíbrio; seleciona pensamentos, vitalizando apenas os que edificam, para os amadureceres pela meditação, a fim de que se corporifiquem como benfeitores; visita dores maiores do que as tuas com alguma freqüência; acompanha um féretro, ao lado dos que experimentam a ausência do ser querido, para te lembrares da própria desencarnação, que logo mais advirá; descarrega a tensão nervosa num trabalho físico com regularidade; distribui algo pessoal para treinares o desapego às coisas que ficam na retaguarda, e ora, com assiduidade, a fim de que as ondas da inspiração superior visitem tua casa mental e lubrifiquem peças e impLementos do aparelho elétrico do sistema nervoso que te serve de sustentáculo.
Liberta-te do ciúme — chaga atroz.
Aniquila a dúvida — sombra perturbadora.
Expulsa a suspeita — adversária cruel.
Dissolve a preguiça — entorpecente maldito.
Anula a cólera — fâmulo criminoso.
Combate a malícia — tóxico aniquilante.
Dá o teu esforço para que recebas o reforço necessário.
Não há oferendas sem base de mérito relativo nos arraiais da evolução.
A corrente elétrica produz se o dínamo gera energia e a aparelhagem funciona se ajustada à ciclagem por onde corre a potencialidade energética.
Tendo no Cristo o dínamo potente a gerar corrente incessantemente, ajusta-te ao seu diagrama de serviço para que brilhem e se movimentem em ti a paz e a felicidade de que careces, e vencerás dificuldades, aflições, ansiedades, vivendo uma vida harmoniosa numa ascensão perfeita e libertadora.
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NEGOCIAÇÕES COM DESENCARNADOS
“A proibição de Moisés era assaz justa, porque a evocação dos mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos angúrios e presságios explorados pelo charlatanismo, e pela superstição. Essas práticas, ao que parece, também eram objeto de negócio e Moisés, por mais que fizesse, não conseguiu desentranhá-las dos costumes populares.”
O CÉU E O INFERNO - 1ª parte — Capítulo 11º — Ítem 4.
Contam que Periandro, o tirano de Corinto, depois da desencarnação de Melisses, sua esposa, mandou evocar-lhe o espírito, através de famoso médium de Dodona, no Epiro, a fim de informar-se quanto ao local em que fora enterrado um tesouro e cujo segredo levara para o túmulo. O espírito, no entanto, recusou-se a divulgar a informação sob a alegação de que o marido esquecera de prestar-lhe algumas homenagens póstumas. Ciente da queixa da “sombra”, mandou Periandro que se fizessem as cerimônias, após o que, o espírito deu os pormenores solicitados.
Desde a mais remota antigüidade as sombras dos mortos eram convocadas ao comércio com os homens, em nefandas mancomunações, alongando e mantendo no além-túmulo os vínculos com as paixões turbulentas e mesquinhas que os caracterizavam, com resultados quase sempre decepcionantes...
Em todos os povos as oferendas aos desencarnados eram feitas através de evocações burlescas e selvagens, nas quais se pretendia intercâmbio rendoso e imediato. Tais práticas, apesar de degradantes, alongaram-se pelos séculos e, ainda hoje, não são poucos aqueles que supõem encontrar nas modernas sessões mediúnicas do Espiritismo cristão, as possibilidades de negociar com os desencarnados em propostas ridículas, vazadas nos mais eloqüentes despropósitos.
Médiuns há que sintonizam com espíritos de todo quilate.
Espíritos há que se comprazem em intercâmbio com médiuns possuidores dos mais abjetos sentimentos.
O Mundo Espiritual é residência fixa dos viajantes do mundo corporal...
Cá e lá as condições de vida se assemelham, as circunstâncias morais têm as mesmas nuances.
Não há porque estranhar repontem em todo lugar as informações apaixonadas deste ou daquele negocista das especiarias mediúnicas, relatando descobertas valiosas, doando possibilidades de vida fácil e sem esforço, deslumbrados pelo que os Espíritos dizem e se propõem fazer...
Os desencarnados, embora considerados mortos vivem, e mesmo os menos esclarecidos podem informar, esclarecer, falar do passado, pensar, homens que foram, espíritos que são, com preferências, com aspirações.
Tens, porém, a Doutrina Espírita para teu consolo e roteiro. Não te mente para agradar, não te engana para conquistar.
Consola-te e recomenda cuidado com o erro e o crime.
Guia-te e liberta-te das paixões.
Diante do sofrimento não alude à dor com evasivas, utilizando o desculpismo de tão bom paladar para os trêfagos.
Mas te fala dos erros de ontem que hoje resgatas, e, quando separado de a quem amas por este ou aquele motivo, não te acena vãs promessas e loucas esperanças, esclarecendo que o óbice de agora é lição para o futuro, preconizando fraternidade e amor em moldes elevados e libertadores.
Não te enganes nem enganes a ninguém.
O Espiritismo é como a luz — não enseja equívocos.
Prometido por Jesus e por Ele próprio denominado Consolador, o Espiritismo ajuda o espírito a ascender, embora seja através da cruz de provações que outra não foi, senão aquela mesma que o Mestre conduziu ao Calvário, e na qual ensinou libertação e felicidade perene à Humanidade, milênios afora, em sublime negociação de amor sem fim.
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O MUNDO E TU
“No mundo dos Espíritos há compensações para todas as virtudes, mas há também penalidades para todas as faltas e, destas, as que escaparam às leis dos homens são infalivelmente atingidas pelas de Deus.”
O CÉU E O INFERNO — 2ª parte — Capítulo 6º — Item 19. (Comentários — O Espírito de Castenaudary).
Os olhos umedecem quando meditas, considerando as pequenas migalhas que te exornam a existência, como minguadas concessões que consegues desfrutar.
Deslizam, ao teu lado, sobre as águas cantantes do rio do prazer as barcaças da ilusão apinhadas de aficionados.
Parecem felizes, competindo com a luz formosa, adereçados de encantamentos, num festival de radiosa febricidade de alegria. Gostarias de ser como eles.
Alguns passam céleres pela tua porta em veículos modernos de extravagante arrogância, com petulante desdém, espraiando o triunfo pessoal que os empolga. Desejarias fruir, como eles, algumas horas de sonhos.
Muitos desfilam, vaidosos, e repousam em tronos de alegria e beleza, imperando vitoriosos, embriagados de poder. Anelarias experimentar as emoções que os amolentam.
Conheces da experiência carnal somente dificuldades.
O pão te chega à mesa a preço de amorgo suor.
Carpes incompreensão em poço de indescritível soledade.
Consegues o mínimo com esforço inaudito.
A alegria é hóspede desconhecido do teu coração.
Nenhuma extravagância, nenhum excesso.
As horas dividem-se entre deveres e deveres.
Parece-te que a lei da divina justiça te tributa pesado imposto pela honra da vida.
Assinalas nos outros o que eles exibem e que lhes não pertence.
Não creias em felicidade a manifestar-se ruidosa.
Não confundas triunfo com algazarra.
Muitos vencedores foram assassinados após as vitórias, enquanto repousavam em coxins suaves.
Escravos de si mesmos e escravos de outros escravos que os dominam às ocultas têm sede de liberdade e vida simples, esses que te exibem sorrisos profissionais de falsa alegria.
Pensas que eles tudo têm mas em verdade não se têm sequer a si próprios. Não conseguem desvencilhar-se do cipoal a que se enovelaram nem conseguem sobreviver sem o tóxico que os aniquila vigorosamente.
Choram sem lágrimas, pois que estas secaram pelos caminhos que percorreram na terrível busca desse nada.
Sofrem e não encontram ouvidos que os escutem.
Aqueles que os cercam, quase sempre desejam roubar-lhes o lugar para envergarem as suas amarfanhadas fantasias. Embora os aplausos, os sorrisos e os amigos, vivem sozinhos...
És livre, porém, apesar dos elos da cadeia dos deveres nobilitantes.
Ama apesar de não receberes retribuição.
Ajuda mesmo sem a consideração dos socorridos.
Estende os tecidos da esperança embora não te identifiquem os beneficiados.
Podes fruir a paz que dimana da prece e a harmonia que se derrama da fé.
Possuis felicidade sem mesclas de crime nem bases de enganos.
Não invejes os que se estão atirando ao autocídio inconsciente.
Pensa nesses triunfadores enganados com simpatia e cordialidade.
Exulta por te encontrares em pleno caminho de redenção espiritual, expungindo enquanto outros se infelicitam, libertando-te ao tempo em que outros se enclausuram.
E se puderes partir os elos mesquinhos da auto-compaixão infundada e desnecessária, bendize o que tens, a vida que experimentas e a fé cristã-espírita que te ilumina interiormente conseguindo sobrepor os ideais incorruptíveis da imortalidade aos jogos vis e escravocratas do mundo.
Muito oportuno recordares o ensino de Jesus:
“No mundo só tereis aflições”... mas os que porfiarem fiéis até o fim herdarão a glória excelsa.
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ANTE A SEARA ESPÍRITA
“O Espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de Moisés, é conseqüência direta da sua doutrina.”
A GÊNESE — Capítulo 1º — Item 30.
No campo espírita há lugar para todas as modalidades de labor que se possam imaginar, para quem deseja atingir a paz com felicidade plena.
A grande aspiração dos primeiros seguidores do Cristianismo nascente agora se repete entre os adeptos do Espiritismo — o Cristianismo reinante.
O espírita mantém vida pública em inalterável atuação produtiva.
Não tem horas reservadas para o auxílio — ajuda sempre.
Não usa o tempo em contemplação paralisante —age sem cansaço.
Não transforma a oração em petição de auto-beneficiamento — faz da prece meio de comunicação com o Senhor.
Não confia, demorando-se em atitude morna e inoperante de espera inútil — utiliza os valores do tempo e conquista mérito.
Não relega aos Anjos Tutelares as tarefas que lhe competem — crê no auxílio do Céu mas trabalha nos deveres da Terra.
Não permuta com o Pai os valores do mundo em negociações ilícitas — reconhece-se como devedor permanente do Grande Criador e dá-lhe a vida inteira.
O espírita, repetimos, estuda e aprende.
Em círculos de estudos realiza a cultura e, aprendendo, ilumina a mente.
Ama e engrandece-se pelo trabalho.
Na seara do bem desenvolve e santifica o sentimento.
Respeita no mundo o Grande Lar que o Genitor Divino erigiu.
E enobrece pela conduta reta o humilde lar que edifica para a felicidade da família.
Difunde a Suprema Misericórdia em exórdios candentes e apaixonados.
E realiza discursos de amor em atos de misericórdia para com os infelizes.
Acata as diretrizes das Leis Cármicas com que a Vida o corrige e educa.
E usa o perdão como medicamento valioso para quantos o ferem na existência física.
Cumpre o dever da prece em conjunto, no Templo de edificações coletivas.
E ora em segredo no silêncio da mente quando realiza, sofre ou é feliz.
Presta culto de sublimação à Sapiente Causa.
E descobre em todos os anciãos a figura do pai alquebrado, necessitando de braços que os amparem.
O Céu é o porto ansiosamente sonhado.
E a Terra é a escola de bênçãos preparatórias.
Sabe que a fé, a demorar-se em êxtase, é improdutiva, porque tem em Jesus o Mestre da ação incansável.
Dedica-te, assim, se buscas o campo espírita para a realização do auto-aprimoramento, porqüanto a felicidade prometida pelo Amigo Inconfundível não édaquele que a assalta mas de quem sabe agir, permanecer e confiar nela.
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FÉ E CONDUTA
“Pelo Espiritismo, o homem sabe donde vem, para onde vai, porque está na Terra, porque sofre temporariamente e vê por toda parte a justiça de Deus.”
A GÊNESE — Capítulo 1º — Item 30.
Vive o cristão moderno na catedral forense da Fé à semelhança de nobres expositores em inoperância, discursando para ouvintes impassíveis.
Apontam deficiências, apresentam sugestões, impõem diretrizes, sem resolverem o problema da multidão que os contempla em modorra silenciosa.
Não ajudam positivamente. Não se melhoram, embora as respeitáveis afirmações da referência pessoal.
Quando silenciam e demandam a via pública conduzem valiosos conceitos de bolso e alma vazia.
Alguns, ligados às diretrizes de Rosa, procuram apenas observar fórmulas exteriores, complicando a Promessa Divina em liturgias aparatosas que imprimem respeito às aparências desvaliosas.
Outros, comprometidos com as igrejas nascidas na Reforma, expõem a letra morta da Lei, transformando-se em juízes severos, contando consciências salvas, dividindo as criaturas e organizando estatutos de conduta para o próximo em expressivos discursos teológicos, dominados, muitas vezes, por ódios de grupos que se digladiam.
E outros mais, irmanam-se aos compromissos espiritistas, experimentando a mensagem da Lei infatigável, no corpo da existência física. Mesmo assim, repetem os equívocos dos aparatosos irmãos romanos e apresentam verbetes onde fulguram luminosos conceitos de fé.
Quando, porém, todos despirem a túnica da carne e demandarem o Supremo Tribunal, o Grande Juiz os fitará com a decepção estampada na face, e, precípites, os desconcertados crentes passarão às justificativas a que se habituaram enquanto no caminho.
O filho de Roma dir-se-á ludibriado pela tradição religiosa, transferindo a responsabilidade dos seus insucessos espirituais aos mentores que o norteavam.
O discípulo da Reforma fará citações oportunas recordando que a fé salva mas sem justificação para a ausência de anotações de trabalho na ficha de serviço fraterno.
Mais lamentável deverá ser a situação do discípulo de Allan Kardec, que conheceu por experiência pessoal a expressão nobre da fé que descortinou. Não terá justificativa porque sabe que fé é norma de conduta.
Fé é enflorescimento — conduta é fruto.
De mãos vazias, todos estarão aguardando a resposta no Grande Tribunal.
Aos primeiros, o Grande Magistrado concederá o ensejo de reaprender, retornando à escola da carne pelo caminho do sofrimento...
Aos segundos, o Chefe Supremo oferecerá a oportunidade nova de serviço na gleba feliz do mundo, tendo a mente tarda e ágeis as mãos.
Mas aos servidores negligentes, conhecedores da sabedoria da Lei divina, o Patriarca Celeste sentenciará:
“Tenho piedade de vós! Retornareis ao ilhéu da matéria no oceano da dor... Não somente para servir mas também para meditar e aprender. Ali o tempo caminhará convosco trabalhando, em vosso coração a mensagem viva do dever”.
Tal será o resultado do julgamento quando os pregoeiros da palavra e da crença, na grande catedral forense da fé, retornarem à ribalta do mundo para a sublimação dos ideais, no carreiro da Caridade.
Mergulha, desse modo, o pensamento no estudo e na prática do Espiritismo, assenhoreando-te do conhecimento para identificares os móveis dos sofrimentos atuais, corrigindo arestas morais e construindo em volta dos próprios passos uma senda de luz, por onde possam avançar outros pés, no rumo da libertação plena.
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LUTA E LIBERTAÇÃO
“A vossa visão se detinha no túmulo, nós vos desvendamos, para lá desde, um esplêndido horizonte. Não sabíeis porque sofreis na Terra, agora, no sofrimento, vêdes a justiça de Deus.”
A GÊNESE — Capítulo 1º — Ítem 62.
Estás empenhado numa grande luta.
Conflito sem quartel a espraiar-se indomável.
Avalanches aflitivas que surgem, soterrando esperanças.
Batalhas encarniçadas que aparecem, dizimando corações.
Ninguém está em paz total.
Se por um lado as mentes se alçam às culminâncias da técnica, construindo os admiráveis instrumentos da pesquisa, construção e transporte, por outro lado, as diferenças morais e econômicas proporcionam as quedas desastrosas do sentimento.
E apesar das fácilidades modernas enxameiam misérias indescritíveis.
Com tanta luz projetada nos caminhos da razão as trevas se demoram densas e ameaçadoras..
Das tormentas, porém, advêm as alvíssaras da tranqüilidade.
A luta é, indubitavelmente, uma imposição evolutiva.
Mantém-se o corpo através do conflito celular.
Voeja a borboleta com a dilaceração da lagarta. Sustenta-se a árvore com a decomposição dos tecidos que a adubam.
Comprometido com a retaguarda espiritual, o homem de hoje como o de ontem, recupera os patrimônios da vida com que se comprometeu em arremetidas da loucura.
Trazendo à atualidade o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Doutrina Espírita ensina mudança de rumo para o pensamento, e realização edificante para o sentimento.
Objetivando a construção da felicidade no cerne das criaturas oferece a instrumentação do esclarecimento e dos fatos, convocando as forças atuantes de cada um para a batalha real da libertação total.
Não somente luta externa pelo poder que não felicita.
Nem luta interna sob o guante das seduções degeneradoras.
Extinção do mal interno angustiante e vigoroso —eis o objetivo essencial.
Libertação de todo gozo fácil e breve, para realização do gozo pleno e total.
Repetindo a sentença do Mestre que “não veio destruir a Lei mas dar-lhe cumprimento” asseveram os Espíritos da Luz que o Espiritismo “não vem destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução”.
Resolve-te, pois, quanto antes e sem demora, ao empreendimento da auto-libertação e não te faltarão os recursos para a vitória imperiosa e inadiável sobre ti mesmo, nas grandes lutas do momento em que a espécie humana se encontra para a sublime ascensão.
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EM PAZ
“Desimpedida a visão espiritual das belidas que a obscureciam, eles o verão de todo lugar onde se achem, mesmo da Terra, porqüanto Deus está em toda parte.”
A GÊNESE — Capítulo 2º — Item 34.
Porque depares a dissipação e o vício nas diversas esquinas do caminho, não consideres a estância terrestre como um pardieiro onde o crime se agasalha.
Porque a enfermidade seja uma constante na caminhada humana, não creias que a Terra seja um hospital de infelizes experimentando tormentos inomináveis.
Porque a solidão te ofereça agasalho vigoroso, não permitas o aniquilamento do instinto gregário que a todos impele para a vida em comunidade.
Porque problemas de vária ordem te amesquinhem, abrutalhando os sentimentos que trabalhavas para a sublimação interior, não penses que a dor é operária impiedosa e invencível a soldo da divina inclemência.
Porque a loucura faz caça ao prazer, não justifiques a delinqüência pessoal, acumpliciando-te cada vez mais com os verdugos da própria serenidade.
Porque dourados tetos acobertam a intrujice e o crime, como se a vitória do poder fosse áulico dos desonestos não os invejes, revoltado ante as duras penas que expunges...
Há muitos cristãos e espíritas que embora as lides doutrinárias a que se ligam perseguem os lauréis do engano com infatigável destemor.
Dizem acreditar na imortalidade do espírito, mas agem às tontas, às cegas.
Informam acatar a diretriz evangélica, no entanto, vivem distanciados dos nímios postulados da honestidade e do equilíbrio.
Afirmam a excelência da fé a que se irmanam, todavia, conduzem as atitudes em sentido oposto aos roteiros que pretendem testemunhar.
Esclarecem o valor da pureza e lecionam solidariedade e amor, entretanto, utilizam-se dos ardis que os maus movimentam e pensam sempre em si, criando e mantendo círculos estreitos de amizade.
Acatam as instruções dos Espíritos e se emocionam com as narrativas da Erraticidade, conquanto prefiram o “hoje” e nesse “hoje” somente o “agora”, tendo em vista o “amanhã” nas mesmas bases do “hoje”.
Explica-se que as circunstâncias da vida moderna são os fatores causais da desordem moral e social que estruge vitoriosa em toda parte. Convém, porém, recordar que Jesus nascendo na hora e no dia de Augusto, e vivendo no reinado de espoliamentos morais e econômicos de libério, edificou uma Humanidade em bases superiores, imolando ao ideal do amor a própria vida.
Depois de doutorar-se em Medicina, em Londres, com todas as láureas em todas as disciplinas, e defender com brilhantismo invulgar a cátedra que lecionou por apenas um ano, Vivekananda descobriu que perdera o contato com Deus.
Abandonou tudo: glórias, honras, posição, grandeza e retornou à Pátria para reencontrar-se, reencontrar Deus.
Logo chegou foi visitar o seu velho preceptor espiritual. Às primeiras palavras o mestre ordenou-lhe silêncio, com um gesto típico, apontando-lhe humilde assento e o deixando em quietação.
Decorridas algumas horas, este, por sua vez, sentou-se-lhe ao lado e o inquiriu bondosamente.
— “Desejava reencontrar Deus” — respondeu-lhe o discípulo emocionado, após minudenciar as conquistas e buscas, as lutas e triunfos, a grande frustração espiritual.
Mergulhando em meditação demorada o guru quedou-se, para depois dirigir-lhe ossudo dedo entre a quarta e quinta costela, na direção do coração, como a dizer-lhe que ali, no mundo, ele o encontraria...
Apaga, no mergulho da prece e da meditação, em ensimesmamentos espirituais, as chamas da inquietude e faze bastante silêncio no espírito aturdido.
Examina em profundidade o que desejas realmente, como o pretendes, para quanto tempo o queres.
Depois busca a renovação na fé viva e avança pelos rumos difíceis.
Nada te empanará o brilho do entusiasmo, nenhuma sombra te perturbará.
Os maus não te farão mau, os doentes não te contaminarão, os infelizes não te inquietarão.
Brilhará a tua luz em toda parte se te ligares a Jesus, o Dínamo Sublime, e estarás tranqüilo mesmo quando soe a hora do despertamento consciencial com a chegada da desencarnação, porqüanto, com Deus, em paz, sentirás, em paz, Deus contigo.
52
APARELHADO
“Tendo o homem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercício de sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de evitá-los. Se ele nada houvesse de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor; o espírito se lhe entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria. A dor é o aguilhão que o impele para a frente, na senda do progresso.
A GÊNESE — Capítulo 3º — Item 5.
Nas atividades diárias ocultas, numa discreta e aparente tranqüilidade, o vulcão voraz que estruge e arde interiormente, aniquilando-te com lento e seguro vigor.
Cessada a labuta, no silêncio que se faz natural e que deverias reservar à prece e à meditação, dás largas ao desespero, alimentando fantasmas e duendes adversários da paz.
Rebelas-te e te arrojas às furnas hediondas do medo, caindo inerte nos braços da ira.
Os dias são consumidos pela ansiedade de logo passarem, como se desejasses competir com a marcha equilibrada do tempo, a fim de acabar tudo, consumir-se para esquecer.
Não ignoras que ninguém consegue esquecer a responsabilidade e sabes que sofrimento é resgate.
Valorizas os problemas afugentes e os vitalizas com a contribuição de forças vivas que os corporificam nas províncias da mente conturbada.
Exclamas que tens dificuldades inumeráveis e que tudo parece conspirar contra os teus desejos.
Mal te apercebes que aquilo que gostarias de possuir e quanto anelas fruir poderia representar uma soma de cruéis suplícios e amargores cujo travo desconheces.
Cultivas pessimismo e naturalmente recolhes miasmas pestilenciais.
Uma visão educada para descobrir espinhos, num roseiral apenas encontra acúleos.
Sai, no entanto, do ergástulo do eu e visita a paisagem... Há homens e mulheres mutilados e disformes, limitados e sem movimentos, enfermos e atrofiados, bendizendo a vida e sorrindo...
Inundam-se de sol, clareiam-se com a esperança, glorificam a vida.
Observa-os lutando para conseguirem o mínimo que na tua organização celular é abundância. O que lhes falta é fartura no teu corpo. O que não têm, sobra-te.
Não te invejam, não te reclamam.
Lutam, sofrem, empreendem a viagem do esforço contínuo, denodados, tentando vitória sobre as deficiências.
Aparelhado como te encontras e enriquecido pela dádiva de um corpo harmônico mutilas-te, deformas-te, limitas-te, emparedas-te na redoma de injustificável rebeldia...
Arrastas-te, vencido, tentando refletir uma serenidade que preferes não gozar, inquieto, em nevrose...
A viciação mental exala fluidos tão destruidores como o são os gases letais.
O homem é o que eLucubra e prefere nos rincões da mente, pelo que pensa.
Pensamento — atitude.
Vibram em todas as direções as ondas mentais através dos fluidos teledinâmicos.
Vampirismos e obsessões interligam encarnados e desencarnados, através de princípios semelhantes aos da indução magnética, favorecendo processos de parasitose psíquica, que geram delinqüências multiformes.
Manifestando sua sabedoria o Excelso Pai a todos aparelhou na Criação, para que se realizem na Terra os misteres da evolução.
Os entomologistas, após milhares de observações cuidadosas, apresentam a cada instante o testemunho eloqüente da sábia legislação divina.
Os insetos, por exemplo, respiram através de tubos. Mesmo que os seus corpos aumentem de volume os tubos não crescem na mesma proporção. Graças a isso, o seu tamanho é limitado.
As abelhas, que têm merecido especiais estudos, dão lições de equipe, harmonia e disciplina a muitos homens civilizados.
Entre os peixes, o salmão, à época da desova, abandona as águas onde se encontra e volta ao rio em que nasceu, viajando contra a corrente, pelo lado do afluente que lhe serviu de berço e aí procria.
As enguias sempre retornam às Berrnudas para a procriação, após o que, morrem... Seus descendentes, no entanto, aparentemente desprovidos de meios voltam às mesmas águas donde emigraram seus ancestrais e habitam mares, lagos, rios nos diversos pontos da Terra sem se extraviarem.
Refaze o teu caminho e recobra o alento.
Bendize o sofrimento. Ele é, por enquanto, o escoadouro dos teus débitos. Assemelha-se a dreno incômodo mas salvador, sem o qual perecerias.
A humanidade se tem levantado graças às renúncias e sacrifícios dos sofredores.
O Cristianismo, entoando a melodia da vitória incorruptível da vida, sustenta seus alicerces no martirológico... E a mensagem Espírita que agora te fala sobre a imortalidade e a honra de sofrer vencendo a dor, é apresentado pelos que viveram na Terra, aqui sofreram, lutaram, pagando à vida física o seu tributo, e hoje, livres, valorizam no seu legítimo significado a função do sofrimento em que forjaram a paz e a harmonia que agora desfrutam.
53
AMBIÇÕES
“Sabe-se agora que muitos Espíritos desencarnados têm por missão velar pelos encarnados, dos quais se constituem protetores e guias; que os envolvem nos seus eflúvios fluídicos; que o homem age muitas vezes de modo inconsciente, sob a ação desses eflúvios.
A GÊNESE — Capítulo 3º — Item 14.
Cogitações de longo alcance vibram nas redes da tua mente, desdobrando planos complexos, tendo em vista resultados financeiros favoráveis e vultosos.
Para alcançares a meta das ambições que fulguram nas províncias íntimas, manipulas pessoas como máquinas, cuidando de todos, objetivando apenas o próprio “eu”.
Programas revolucionários que concedem somas fantásticas, requerem toda a força da astúcia e penetras o labirinto das aspirações com desmedida avidez, atropelando aqueles que se opõem, dificultando o teu avanço.
Assessorado por sicários desencarnados que te espreitam, vingadores, nada vês senão o que ambicionas, nada queres senão o que colima nos sonhos que a realidade vai consumir.
A riqueza te parece uma das mais importantes metas e te afervoras em adquiri-las sejam quais forem os meios.
Com ela, supões, poderás ajudar, ampliando o serviço de auxílio aos que deambulam sofredores e inertes nos braços da miséria e da aflição.
Mente clarificada enriquece-te de valores que desprezas por outros valores.
Se parares a meditar, aprofundando as razões do teu renascimento concluiráS que paixão idêntica te consumiu ontem, quando resvalaste através das fissuras morais que a imprevidência abriu, asfixiando e malogrando a experiência carnal...
Providencialmente renasceste em lar humilde, convocado a rudes lutas para que as batalhas aspérrimas te felicitassem com forças morais o caráter.
A saúde que te visita as células é concessão para que possas, fortalecido, resgatar, evoluir, edificar.
Além de mil favores com que fôste afortunado desde o berço, alguns dos quais em forma de limitação e dificuldade, outros como inteligência e equilíbrio psíquico, recebeste o tesouro espírita de que te assenhoreaste, como providência salvadora, face à possibilidade de reincidires na mesma loucura dantanho.
Pára, portanto, enquanto não te perturbas ante compromissos mais graves.
Retorna ao ponto de partida com as mãos vazias é certo mas de consciência tranqüila.
Ambição desmedida é portal para a loucura.
Olha em derredor: tudo convida ao equilíbrio, ao respeito à Lei.
O ar de que careces e que te não falta;
A linfa imprescindível e que canta junto às tuas necessidades;
O pão generoso e insubstituível que se multiplica farto no solo;
A paisagem em festa para os teus olhos cansados.
Estendem-se as bençãos do Nosso Pai ao verme do subsolo e às constelações, em toda a parte.
O relógio da criação da vida na Terra assinala para os homens somente alguns minutos transcorridos em relação ao turbilhão inicial das construções geológicas e das primeiras formas...
Não te apresses pelo corredor da irresponsabilidade que leva à auto-destruição. Estuga o passo na aduana e refaze o caminho...
Conhecimento espírita pode ser comparado a anticorpo excepcional para o virus da ambição degenerescente.
Ensinamento espírita é também vigor para o equilíbrio manter-se sereno embora as vicissitudes.
Nunca estarás a sós nas tuas lutas de sublimação.
Na certeza de que prosseguirás depois da morte com os valores a que te afervores, considera a mensagem espírita e cristã da prudência e do amor, e não te deixes aniquilar pelos tormentos de agora, pois que, além das portas do horto de amarguras em que te encontras, frondes protetoras aguardam por ti e caminhos amenos esperam teus pés andarilhos na busca sublime da paz, à semelhança d’Aquele que tudo cedeu para tudo possuir.
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EXULTANTE
“Uma vez estabelecidas relações com os habitantes do mundo espiritual, possível se tornou ao homem seguir a alma em sua marcha ascendente, em suas migrações, em suas transformações.”
A GÊNESE — Capítulo 5º — Item 16.
Consoante as lições do Espiritismo, que te aclaram as razões antes ignoradas da aflição e da angústia, respeita, na provação, o clima de luz necessário à própria felicidade.
Há quem diga que a convicção imortalista nada tem a ver com abnegação ou dignidade moral. É aquele que faz da Revelação espiritista um ingrediente para uso em horas determinadas, sem outras conseqüências.
Há quem explique que a religião, assentada necessariamente numa fé racional, não tem algo a ver com a conduta em sociedade. É aquele que vive aparentemente filiado à fé religiosa usufruindo os benefícios conseqüentes da corrupção dos fracos, sem se renovar ulteriormente.
Há quem pretenda seja a religiosidade um primitivismo emocional, herança dos velhos feitiços que somente aos incultos e débeis constitui motivação espiritual. Ë aquele que apregoa crer em Deus por conclusões resultantes da pesquisa científica e aceita a vida extra-física, prosseguindo amoral, quando não mais seguramente reprochável na conduta particular ou na vida social.
Há quem diga que o princípio espiritual é capítulo da Metafísica e que nenhuma prova existe da imortalidade. É aquele que se supõe conhecedor de tudo.
Uns pretendem iludir-se e conseguem-no fácilmente — são opiômanos ante a informação espiritual.
Outros disputam fantasias e enfeitam-se de tranqüilidade — são narcisistas religiosos.
Os demais exibem superação da ignorância, tentando livrar-se das atividades que o crer impõe, e desgarram-se — são ególatras arreligiosos.
Conheces, porém, por experiência íntima intransferível — por mais vigorosas sejam as tessituras aparentes da argumentação em contrário — o rumo da sublimação através das linhas evangélicas a transudarem dos tempos, convocando-te o espírito, na Doutrina Espírita, para a luta enobrecedora sobre ti mesmo.
A mediunidade abriu portas antes fechadas para o teu espírito, apontando-te horizontes felizes.
Em cada experiência novos fantasmas do passado culposo recorporificam-se famanazes e truculentos.
Enflorescem em teu íntimo as plantas da ilusão que não conseguiste destruir.
Refazem-se painéis de angústia e falsas necessidades nos dédalos da mente sem que logres vitória fácil.
Reacendem paixões que ferem como acúleos cruéis que te maceram, sem libertação integral, malgrado a luta que travas.
Só a fé que te vitaliza, graças ao Espiritismo, oferece força e alento para uma religiosidade atuante, salvadora.
Com ela amparas a dor, compreendes a vida, acendes esperanças, consolas aflições, espalhas amor.
Amparado por ela, na balbúrdia faze-te silencioSO, na loucura revelas-te sereno, na angústia permaneces tranqüilo, na revolta apresentas-te pacífico.
Não te amedrontes nem te sintas diminuído no campo em que operas.
O míssil balístico que carrega morte num invólucro brilhante, veste-se com linhas aerodinâmicas.
A vacina salvadora surge da cultura microbiana perigosa.
A usina potente sustenta-se em bases rochosas ocultas.
A vida orgânica é patrimônio do protoplasma.
Produze com segurança e faze-o com alegria.
Dá a tua contribuição à felicidade geral com a flama da tua devoção e da tua fé.
Obtempera que, incompreendido, Jesus se deixou arrastar, flagiciado, até o madeiro de imolação para ensinar-nos, valoroso, que os hipnotizados na ilusão, os ludibriados no equilíbrio e os enlouquecidos em si mesmos, embora vencedores aparentes são vencidos que se reconhecem sob o estigma da aflição que os infelicita...
Porfia, pois, exultante, e não recalcitres nem titubeies
55
NO RUMO DA LUZ
“Progredir é condição normal dos seres espirituais e a perfeição relativa ao fim que lhes cumpre alcançar.”
A GÊNESE Capítulo 11º — Item 9.
Mágoa injustificada nubla a face da tua alegria. Agasalhando-a, concedes tempo precioso a argumentação íntima desnecessária que te gasta em combate inútil.
Reclamas, porque companheiros levianos usaram do teu nome, fazendo-te co-autor de infâmias ou porque, infelizes, se referem maldosamente às tuas expressões, envenenando teus melhores conceitos, culminando por coroarem de espinhos os teus mais alentados sonhos.
Sofres, porque desejas esclarecer, pretendendo silenciar a boca da calúnia com o esparadrapo da inocência.
Consideras que as informações depreciadoras te prejudicam o trabalho tanto quanto a difamação pode corporificar-se em “verdades aceitas”.
O desânimo sulca a gleba onde aras, habilmente instilado pela tua invigilância.
Reserva-te, porém, cuidados especiais.
Acautela-te, não em relação ao que digam, ao que pensem, ao que creiam os que te cercam, mas, em referência a ti mesmo.
As agressões de fora não atingem realmente a quem busca a verdade e a ela se afervora, vivendo-a, quanto possível, nas províncias do mundo interior.
Não te justifiques nem procures esclarecer.
A verdade dispensa explicações. Simples, é persuasiva, cativando aqueles que a sintonizam.
Policia as palavras e confia na lição do tempo que fará se defrontem as informações e os fatos, ensejando panoramas legítimos.
Tem em mente que segues no rumo da luz, e que nada te poderá deter. Elegeste a vida verdadeira!
Uma grande mazela para o espírito é a impaciência.
O tempo, na Terra, é companheiro infatigável, do qual ninguém foge, nem se consegue furtar. Inexoravelmente ele gasta o granito, reverdesce o deserto e doa aridez ao solo fértil.
“O tempo é a sucessão das coisas” (*).
Tudo modifica sem pressa nem agitação.
Todas as pessoas que, por esta ou aquela razão se destacam neste ou naquele mister são rigorosamente fiscalizadas, tornando-se do domínio público.
Criam escola sem o desejarem; fazem-se modelo sem o pensarem; ficam atormentadas sem o perceberem.
Se realizam para um ideal superior não têm tempo para as questiúnculas, — incidentes inevitáveis de fácil superação. — Seguem em frente, para além.
Se, todavia, laboram para si mesmas, empenhadas na divulgação do nome e da obra, perdem-se nas cercanias da estrada e desajustam-se, feridas por suscetibilidades e bagatelas ridículas.
Ninguém fica indene, quando trabalha, à maledicência e à astúcia dos ociosos.
Todos lhes sofrem a perseguição gratuita nascida nas fontes do despeito e da aflição invejosa que os macera.
Age, portanto, fervoroso e confiante.
Os que te amam compreenderão sempre os teus atos: não esperam de ti mais do que és, mais do que tens, mais do que podes dar. Choram com as tuas lágrimas, sorriem com as tuas alegrias, ajudam-te sempre na dificuldade ou no triunfo.
Os que te detestam fazem-se mais adversos quer os esclareças ou não. Utilizando um argumento justo crerão que és vivaz; aplicando uma evasiva te chamarão hipócrita; sacrificado, dirão que te exibes nas roupas da falsa humildade; tranqüilo, zombarão, nomeando-te como explorador irresponsável.
Intentar mudar a face das coisas a golpes de precipitação seria como pretender avançar no futuro, anulando a sabedoria que os minutos assinalam.
Produze preocupado com o objetivo de fazer o melhor ao teu alcance e, na certeza de que agradar a todos é positivamente ambição descabida, não pretendas realizá-la.
Retornando aos sítios queridos de Cafarnaum, depois de realizar os mais sublimes labores e sucessos junto aos corações humanos em desalinho, o Mestre foi inquirido ardilosamente por aqueles que desejavam “surpreendê-lo nalguma palavra”, para terem meios de O aniquilar.
“É lícito pagar o tributo a César, ou não?”
“Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse:
Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo”.
“E eles lhe apresentaram um dinheiro.”
—“De quem é esta efígie e esta inscrição?”— Indagou o Senhor.
— ‘‘De César.’’ — responderam.
— “Dai, pois, a César — retrucou o Rabi — o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (1)
Sem retoque no ensino que há vinte séculos rutila como advertência insofismável, dá a tua quota de amor, abnegação e trabalho a Deus, na seara onde hoje serves sob os auspícios do Espiritismo e demora-te sereno, porqüanto os aficionados de César terão sempre meios para te perturbarem, desejosos de dificultarem tuas aspirações superiores com o Pai.
(1) Mateus 22 - 17 a 21.
(*) A Gênese — Capítulo 6º — Ítem 2. - Notas da Autora espiritual.
56
OTIMISMO
“Cada Espírito é sempre o mesmo eu antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas, uma fase de sua existência.”
A GÊNESE — Capítulo 11º — Item 22.
Desalentado, deixas-te envolver pelos vapores perigosos do pessimismo, como se a mensagem da vida valiosa em toda parte tivesse calado sua voz.
Como te encontras, enfermarás indubitavelmente. Nos redutos sombrios proliferam mais abundantemente aracnídeos e vermes perigosos.
Pessimismo é mortalha característica para quem se compraz nas trevas da ignorância da vida.
Antolho, limita a visão, impossibilitando o conhecimento e a bênção da paisagem.
É preciso combater a depressão que se origina nas fibras dilaceradas da amargura, madre onde se desenvolvem muitos males.
O pessimista contamina aqueles com quem vive e empedernece os sentimentos, demorando-se indiferente a tudo.
Deprecia e combate as aspirações alheias e as alheias realizações.
Ególatra, imobiliza-se, e, circunscrito ao que pensa, quase sempre erradamente, espalha os miasmas que o vencem, disseminando dor e suspeita.
Se te encontras no pórtico sombrio da inquietação sob a ameaça do descrédito, pára a meditar na grandeza do Pai Criador.
Segundo alguns concepcionistas modernos, se se retirassem da Terra os espaços vazios de que se constitui, esta ficaria reduzida a uma esfera com apenas oitocentos metros de raio! E se a mesma operação fosse feita num homem que pesasse setenta quilos, este ficaria reduzido a uma partícula invisível a olho nu, pesando, porém, setenta quilos!...
Os fisiologistas calculam que para o milagre da digestão o estômago dispõe de aproximadamente trinta e cinco milhões de glândulas!.
Os embriologistas esclarecem que “se se pudessem reunir todos os genes como os cromossomos que os seguem e que deram origem à população do Globo” — cerca de três bilhões de pessoas — num só vasilhame, estes não encheriam um dedal dos que se utilizam os costureiros! Merece, no entanto, considerar que em cada um desses genes ultra-microscópicos se encontram o caráter moral, a hereditariedade, as linhas da personalidade, a estrutura óssea, a massa orgânica”, aparência e todos os sinais que identificarão o ser adulto, mais tarde, por estarem impulsionados pelo espírito imortal, embora saibamos que não é exatamente assim... (*)
Os astrônomos informam que no Universo imenso e nosso Sistema Solar é humilde e desconsiderado cortejo de astros. E citam Alfa de Hércules, que se fosse colocada no lugar do nosso Sol, conseguiria com o seu volume engolfar o Astro-Rei, Mercúrio, Vênus, Terra e ultrapassar a órbita de Marte!...
Os entomologistas crêem que há no Orbe terrestre aproximadamente 700.000 espécies de insetos, já devidamente classificados!...
Tudo nos fala uma excelente linguagem: vida estuante!
Uma alegria radiosa invade o pensamento de quem procura ver e busca entender.
Em todas as coisas há um apelo veemente ao espírito humano no que diz respeito ao otimismo.
Revelam-se os panoramas da Natureza inundada de luz, de atividade, vestidos do amor. Harmonias extasiam!
Faz-se necessário romper as amarras do cepticismo e da tristeza para avançar.
Otimismo é também confiança e respeito a Deus, nosso Excelso Pai.
Na Obra com que a Divindade nos enseja longos vôos para o pensamento, a linguagem da força do bem vencedor vibra sem interrupção.
Não confines tuas aspirações aos primeiros insucessos, nem te limites aos fracassos iniciais.
Segue mais além, em novas tentativas, considerando que nenhum triunfo precede ao labor e se tal acontecesse, não seria um louro de vitória legítima mas uma concessão de glória indébita.
No labor a que te afervoras, esfacela a rotina das tuas tarefas e dá da tua própria pessoa entusiasmo e alegria aos teus quefazeres.
Recondiciona conceitos e situações às realidades do momento em que vives, dilata os recursos da ação edificante e, otimista, opera. Se temeres por não concluir o serviço, recorda a lição da vida e deixa-te conduzir pela certeza de que o teu dever é este: fazer a tua parte, e os resultados no amanhã a Deus pertencem como direito d’Ele.
(*) “O desenvolvimento orgânico está sempre em relação com o desenvolvimento do princípio intelectual. O organismo se completa àmedida que se multiplicam as faculdades da alma. A escala orgânica acompanha constantemente em todos os seres, a progressão da inteligência, desde o pólipo até o homem; e não podia ser de outro modo, pois que a alma precisa de um instrumento apropriado à importância das funções que lhe competia desempenhar”. A GÊNESE capítulo 7º — item 7. - (Nota da Autora espiritual).
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ANTE O SEXO E O AMOR
“À medida que progride moralmente, o Espírito se desmaterializa, isto é, depura-se, com o subtrair-se à influência da matéria; sua vida se espiritualiza, suas faculdades e percepções se ampliam; sua felicidade se torna proporcional ao progresso realizado. Entretanto, como atua em virtude do seu livre arbítrio, pode ele por negligência ou má vontade, retardar o seu avanço; prolongar, conseguintemente, a duração de suas encarnações materiais, que, então, se lhe tornam uma punição, pois que, por falta sua, ele permanece nas categorias inferiores, obrigado a recomeçar a mesma tarefa. Depende, pois, do Espírito abreviar, pelo trabalho de depreciação executado sobre si mesmo, a extensão do período das encarnações.”
A GÊNESE Capítulo 11º — Item 26.
Como o fogo que necessita ser disciplinado para ser útil, o sexo deve ser dirigido pelo amor a fim de preencher a sua finalidade santificante.
A chama que a fornalha retém, aproveitando-lhe o calor, quando se movimenta a esmo alastra-se em incêndio destruidor.
O sexo, que perpetua a vida humana nos misteres procriativos quando bem conduzido, é o mesmo elemento que escraviza a alma quando transborda desgovernado.
Se te encontras em tormentos íntimos, açoitado pelo látego dos desejos infrenes, recorda o amor no seu roteiro disciplinante e corrige o desequilíbrio, imolando-o ao dever.
Não acredites que a emoção atendida nas fontes turbadas possa oferecer-te a tranqüilidade que almejas. Amanhã, retomarás, voraz, novamente vencido. E enquanto não a submetas ao crivo rigoroso do teu comando, serás conduzido de forma impiedosa e aniquiladora.
Busca, assim, a linfa pura do amor, e, sacrificando o impulso momentâneo, lava as impurezas emocionais que te maculam.
Educa o pensamento por onde veiculam os primeiros gritos da emotividade desequilibrada.
Todo pensamento que se cultiva, transforma-se em ação que se aguarda.
Compreende que as exigências do desejo de agora nasceram ontem, no abuso da função sexual, quando o amor delinqüiu contigo, favorecendo os excessos prejudiciais.
Enquanto te inclinas sedento sobre as largas faixas do gozo animalizante, procurando as fácilidades que conduzem à lassidão e à morte, outros corações, marcados por sinais indefiníveis, arrastam os delitos do passado em alucinantes punições no presente, chorando em segredo, ao sorverem a taça de fel da correção expiatória.
Não convertas as sublimes experiências da continência sexual em favores degradantes que conduzem à loucura e ao crime.
Ausculta o coração dos favorecidos pelas concessões do impulso desgovernado e compreenderás o quanto são infelizes e insaciados.
Procura sondar a própria alma em rigorosa disciplina produtiva, fiel ao roteiro do dever mantenedor da vida, e, se encontrares ardência íntima, constatarás que ela prenuncia libertação consoladora que logo advirá. Por essa razão, a vitória sobre a carne não pode ser protelada com pretexto de “falta de forças”. Se na condição de amo não consegues dirigir, na posição subalterna mais difícil será a tua ordenação.
Os que atravessaram os portais do além-túmulo, vencidos pela lascívia e pelos desvios da função genésica, permanecem doentes pela emoção atormentada, transformados em párias sociais. Encontrá-los-ás no caminho das criaturas, envergando roupagens masculinas e femininas, retidos em invólucros teratogênicos, quais presidiários em cárceres estreitos e disciplinantes, em longos processos de reeducação.
Ama, portanto, embora não recebas a retribuição.
Ama o dever idealista, inspirado pelas Forças Superiores, oferecendo tuas energias à produção do bem que libertará o homem de todos os males.
Desenvolve a fraternidade no coração, deixando-a espraiar-se como bênção lenificadora, consoante nos amou Jesus Cristo, corrigindo a inclinação da mente em relação àqueles com quem podes privar da intimidade, libertando o espírito e enriquecendo os sentimentos.
Trabalha em favor dos outros, mesmo que estejas transformado em brasa viva, e vencerás a aflição, recebendo as moedas de luz qual salário em forma de serenidade.
No entanto, se apesar dos melhores esforços não conseguires a desejada paz, continuando aflito, não creias que, sorvendo a taça embriagadora, amainarás a tempestade. Logo cessando o efeito entorpecente, a sede devoradora retornará, agravando o processo liberativo.
O problema do sexo é do espírito e não do corpo, e só pelo espírito será solucionado.
Procura, antes de novos débitos, o amantíssimo coração de nosso Pai, através da oração confiante, entregando-te a Ele, para que a sua inefável bondade, que nos criou e dirige, nos dê o indispensável vigor de conduzir o nosso sexo em direção do amor sublime que nos proporcionará a legítima felicidade.
58
MELANCOLIA
“Pululam em torno da Terra os maus Espíritos em conseqüência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo.
A GÊNESE — Capítulo 14º — Item 45.
Expulsa a melancolia da tua alma, essa hóspede teimosa que te envolve no dossel de mil amarguras, segredando desânimo e desassossego.
Ninguém está a sós na sua dor.
Melancolia é também enfermidade ou síndrome de obsessão.
Olhos vigilantes contemplam tua aflição; ouvidos discretos registram os apelos da tua soledade.
Há muitos que, acompanhados, caminham em indescritível solidão e há solitários que, seguindo, recebem a contribuição de acompanhantes afervorados.
Não suponhas que as lágrimas estanques em teus olhos afoguem todas as tuas esperanças, considerando que muitos olhos incapazes de filtrar o raio luminoso se apagaram, experimentando nas lágrimas o doce banho de refazimento.
Sai do casulo do “eu” e analisa as chagas expostas da humanidade em desalinho e não te atrevas a desconsiderar a misericórdia divina, que coloca bálsamo nas feridas ocultas do teu coração.
Estuga o passo na desabalada jornada do desespero.
Detém o corcel das tuas aflições e faze a viagem de volta ao oásis da confiança divina.
Além de ti, na véspera ensolarada, o lírio medra esguio e solitário, embalsamando o ar para sofrer o colibri aligeirado que lhe rouba néctar e conduz o pólen que o reproduz adiante!
Longe da tua dor há dores salmodiando sinfonias inarticuladas de resignação.
Se não podes submeter-te ao imperioso testemunho que te vergasta, dobra-te sobre o assoalho da paciência e aguarda a madrugada do porvir.
A noite que faz dormir os seareiros operosos, desperta vigilantes para as tarefas noctívagas.
Há esplendor em toda a parte para quem deseja descobrir tesouros nas estrelas fulgurantes no crepe noturno.
Espera mais, alenta o bom ânimo!
A característica da fraqueza é a fragilidade de forças no ponto vulnerável do sofrimento.
Rogaste, antes do mergulho carnal, a alta concessão do testemunho em soledade, em abandono, sem parentes.
Agora, lembra-te de Jesus, e em todas as tuas horas reparte da mesa rica das aflições as pequenas quotas dos teus rápidos sorrisos com aqueles cuja boca se entorpeceu na inanição e não na podem abrir para entoar melodias de alegre esperança.
Esparze a quota do teu suor, enxugando suores que não encontram sequer uma toalha gentil em mãos compassivas para lhes coletar as bagas.
Se desejas sucumbir, porém, ao peso egoísta da inflamação dos teus desencantos doa-te ao Mártir Galileu e torna a tua vida, considerada morta, um verdadeiro sendeiro sublimante para aqueles que desejam viver e sobreviver e não possuem combustível que lhes alimente a chama da jornada carnal.
Enxuga as tuas lágrimas e busca aquele Consolador preconizado por Jesus, que viria restabelecer a verdade na Terra, e ficaria, em Seu nome, ao lado dos homens até a consumação dos evos.
Abraçado a esse sublime consolo da Doutrina Espírita, que te amplia, além dos horizontes da vida, as perspectivas da eternidade, sonha com o teu amanhã ridente e confia no reencontro mais tarde, depois que as sombras da morte se abatam sobre tuas células cansadas e o sol glorioso da vida te aponte o céu sem fim da felicidade.
59
IMPRESSÕES DE OTIMISMO
“É de notar-se que em todas as épocas da História, às grandes crises sociais se seguiu uma era de progresso.”
A GÊNESE — Capítulo 18º — Item 33.
Rememorando as excelentes mensagens do Evangelho, constatarás que de todos os ensinos do Senhor ressumbram sempre otimismo, alegria e esperança.
Toda a Boa Nova é um hino de louvor à vida.
Elegendo a Natureza policromada para cenário Jesus, sob a abóbada celeste e sobre a barca levemente balançante, bordou de bênçãos suas palavras, assinalando com vigor os conceitos de alevantamento moral e coragem.
Diante de enfermos e oprimidos fêz-se saúde e bálsamo; ante a alacridade infantil abriu os braços e agasalhou os pequeninos; aos lamentos dos pecadores respondeu com as dádivas da compreensão; defrontando o moço afortunado acenou-lhe com eterna herança; perante a falsa justiça dos poderosos da Terra sentenciou pelo exemplo da serenidade.
E assim o Evangelho é a mais profunda e perfeita afirmação de alegria e paz que se conhece.
Não te deixes acabrunhar nem entristecer, em momento algum da vida.
Acabrunhamento é sentença fatal e tristeza é sombra na sombra do problema.
Retempera o ânimo no ardor da luta e renova o entusiasmo.
O ferro, para resistir à umidade, suporta altas temperaturas e o diamante espera milhões de anos sob incalculável pressão para formar-se.
Recupera a coragem na forja das transformações que a vida diária te impõe, mas acima de todas as circunstâncias vitaliza a alegria.
Quem serve e sofre com destemor sem os reflexos deprimentes estampados na face produz mais e realiza com melhores resultados.
Alegria é saúde.
Não se faz preciso que o teu júbilo provoque algaravia nem que a tua satisfação espalhe balbúrdia.
A alegria pura contamina os que estão em volta. Semelha-se à saúde, conseguindo projetar equilíbrio naqueles que estão ao lado.
Os modernos tratados de Higiene Mental prescrevem a descompressão moral e mental pelo espairecimento, pelos esportes, pela mudança de atividades.
Muito se tem escrito sobre as fórmulas proveitosas dos “pensamentos positivos” elaborando resultados eficientes, imediatos.
A Psicologia ao estudar mais profundamente a psiquê humana, através da Psicanálise constata que todas as impressões conscientes ou não se arquivam na inconsciência, de cujos depósitos transitam, retornando à consciência, a seu tempo.
Ora, enviando-se mensagens constantes e positivas aos arquivos da mente, oportunamente estas aflorarão realizando o mister a que se destinam.
Pouco importa que as impressões remetidas sejam acreditadas ou não, O essencial é que sejam enviadas ininterruptamente, de tal modo que consigam expulsar aquelas que criaram o clima de pessimismo em que habitas.
Já o Apóstolo Paulo na sua primeira série de Epístolas aos tessalonicenseS, no capítulo cinco e versículo dezessete, ensinava a necessidade de “orar sem cessar”...
Muitos cristãos e também espíritas procuram justificar-se dizendo não saberem orar.
Naturalmente que àqueles que consideram as coisas possíveis, possíveis estas se fazem.
Todavia, a fixação da possibilidade obedece ao mesmo mecanismo de registro, que o tempo consegue dominar com ou sem aceitação consciente disso.
Dize diariamente e muitas vezes “sou feliz, lutarei, pois, contra as minhas imperfeições, consoante os ditames cristãos”.
Criarás um hábito, empolgar-te-ás com ele, conseguirás a prática das virtudes evangélicas, a princípio por automatismo psicológico, depois por entusiasmo racional.
Começa a considerar todas as pessoas como sendo bondosas e amigas; refere-te às suas qualidades superiores, mínimas que sejam, sem azedume, e descobrirás, surpreso, em breve, que todos são realmente bons nos seus valores afirmativos. .
Também te impregnarás de bondade e cantarás, sem que o percebas, a mesma alegria do Senhor e dos Seus discípulos, começando novos tempos para a própria vida na Terra, sereno e realmente ditoso.
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ANTE O NATAL
“625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?”
“Jesus”.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Considerando a alta significação do Natal em tua vida, podes ouvir e atender os apelos dos pequeninos esquecidos no grabato da orfandade ou relegados às palhas da miséria, em meória de Jesus quando menino; consegues comprender as dificuldades dos que caminham pela via da amargura, experimentando opróbrio e humilhação e dás-lhes a mão em gesto de solidariedade humana, recordando Jesus nos constantes testemunhos; abres os braços em socorro aos enfermos, estendendo-lhes o medicamento salutar ou o penso balsamizante, desejando diminuir a intensidade da dor, evocando Jesus entre os doentes que O buscavam, inf elizes; ofereces entendimento aos que malograram moralmente e se escondem nos recantos do desprezo social, procurando-os para os levantar, reverenciando Jesus que jamais se furtou à misericórdia para os que os foram colhidos nas malhas da criminalidade, muitas vezes sob o jugo de obsessões cruéis; preparas a mesa, decoras o lar, inundas a família de alegrias e cercas os amigos de mimos e carinho pensando em Jesus, o Excelente Amigo de todos...
Tudo isto é Natal sem dúvida, como mensagem festiva que derrama bênçãos de consolo e amparo, espalhando na Terra as promessas de um Mundo Melhor, nos padrões estabelecidos por Jesus através das linhas mestras do amor.
Há, todavia, muitos outros corações junto aos quais deverias celebrar o Natal, firmando novos propósitos em homenagem a Jesus.
Companheiros que te dilaceraram a honra e se afastaram; amigos que se voltaram contra a tua afeição e se fizeram adversários; conhecidos caprichosos que exigiram alto tributo de amizade e avinagraram tuas alegrias; irmãos na fé que mudaram o conceito a teu respeito e atiraram espinhos por onde segues; colaboradores do teu ideal, que sem motivo se levantaram contra teu devotamento, criando dissensão e rebeldia ao teu lado; inimigos de ontem que se demoram inimigos hoje; difamadores que sempre constituíram dura provação. Todos eles são oportunidade para a celebração do Natal pelo teu sentimento cristão e espírita.
Esquece os males que te fizeram e pede-lhes te perdoem as dificuldades que certamente também lhes impuseste.
Dirige-lhes um cartão colorido para esmaecer o negrume da aversão que os manteve em silêncio e à distância nos quais, talvez, inconscientemente te comprazes.
Provavelmente alguns até gostariam de reatar liames... Dá-lhes esta oportunidade por amor a Jesus, que a todo instante, embora conhecendo os inimigos os amou sem cansaço, oferecendo-lhes ensejos de recuperação.
O Natal é dádiva do Céu à Terra como ocasião de refazer e recomeçar.
Detém-te a contemplar as criaturas que passam apressadas. Se tiveres olhos de ver percebê-las-ás tristes, sucumbidas, como se carregassem pesados fardos, apesar de exibirem tecidos custosos e aparência cuidada. Explodem fácilmente, transfigurando a face e deixando-se consumir pela cólera que as vence implacavelmente.
Todas desejam compreensão e amor, entendimento e perdão, sem coragem de ser quem compreenda ou ame, entenda ou perdoe.
Espalha uma nova claridade neste Natal, na senda por onde avanças na busca da Vida.
Engrandece-te nas pequenas doações, crescendo nos deveres que poucos se propõem executar.
Desde que já podes dar os valores amoedados e as contribuições do entendimento moral, distribui, também, as jóias sublimes do perdão aos que te fizeram ou fazem sofrer.
Sentirás que Jesus, escolhendo um humílimo refúgio para viver entre os homens semeando alegrias incomparáveis, nasce, agora, no teu coração como a informar-te que todo dia é natal para quem o ama e deseja transformar-se em carta-viva para anunciá-lo às criaturas desatentas e sofredoras do mundo.
Somente assim ouvirás no imo d’alma e entenderás a saudação inesquecível dos anjos, na noite excelsa:
“Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade, para com os homens” — vivendo um perene natal de bênçãos por amor a Jesus.
Fim