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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Caravana de amor-Francisco Cândido Xavier

Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.

CARO AMIGO:

Se você gostou deste livro e tem condições de comprá-lo, faça-o pois assim estarás ajudando a diversas instituições de caridade.
Que Jesus o abençoe.
Muita Paz

CARAVANA DE AMOR

HÉRCIO MARCO C. ARANTES

ESPÍRITOS DIVERSOS

PSICOGRAFIA: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.

TEMAS DE ESTUDOS DOUTRINÁRIOS.(relacionados neste Apêndice os temas abordados nas cartas mediúnicas que compõem este livro, de maior interesse para os estudiosos da Doutrina Espírita, indicando, à frente dos mesmos, os Capítulos correspondentes – Nota do Organizador).

“CARAVANA DE AMOR”

Leitor amigo.

Quantos corações encontrem neste livro constituem uma caravana – a

caravana de amor que vence a morte.

*

Aqui identificamos entes amados que alinham notícias da renovação

diferente que foram chamados a viver; almas abençoadas que volvem de longe,

consolando aos que ficaram no mundo físico; seres inesquecíveis que ressurgem do

nevoeiro da Grande Mudança, evidenciado a continuidade de suas aspirações e ideais

na Vida Maior; espíritos abnegados que desenvolvem notas e instruções para os

familiares, que aguardarão, um dia, no Mais Além, entre a saudade e a esperança...

Observam, prezado leitor, os companheiros que desfilam neste volume

despretensioso e reconhecerás que nos achamos à frente de uma caravana de viajores

queridos, movida pela fé em Jesus, que retorna ao campo físico para reafirmar que o

amor nunca morre e que a alma é imortal.

EMMANUEL

Uberaba, 08 de junho de 1985.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 1

DESENHOS E AFIRMATIVAS

PREMONITÓRIAS

MARCELO ANTÔNIO LA SERRA – CAMPINAS-SP.

A desencarnação prematura do jovem Marcelo Antônio foi predita por ele

mesmo, em muitas ocasiões, anos antes do fato.

Seus pais nunca valorizaram as palavras dele, nesse sentido, e só agora,

após o acidente fatal de moto, vitimado Marcelo aos 16 anos, é que eles fazem,

atendendo nosso pedido, uma análise retrospectiva da questão:

1 – Ele sempre dizia que até 18 anos estaria morto, chegando a afirmar

4 vezes, em épocas diferentes: “Com 18 anos já estarei enterrado”.

2 – Poucos meses antes do acidente, tirou o valor de sua Poupança para

enfeitar a moto, alegando: “Quero aproveitar hoje. Amanhã não sei...”.

3 – Criador de pássaros desde sete anos de idade, época em que se

inscreveu na Associação de Canários, Marcelo afirmou pouco tempo antes do acidente,

para surpresa da família: “Eu vou dar os meus pássaros para papai”.

4 – Na festa de aniversário da priminha Karen, um mês antes do

acidente, ao ser repreendido pela sua mãe por tomar cerveja com o tio Romualdo,

Marcelo exclamou: “Tio, vamos beber porque vamos morrer mesmo!”. Romualdo La

Serra desencarnou em Campinas-SP, a 16 de julho de 1983, de acidente vascular

cerebral, dois dias após o passamento do sobrinho.

*

A motivação desta análise nasceu do encontro de dois desenhos, feitos

por Marcelo, num caderno escolar, provavelmente pouco tempo antes de sua

desencarnação. Encontrados por sua mãe, meses após o grave acidente de moto, eles

caracterizam clara premonição, pois mostram duas urnas funerárias com os

respectivos nomes de Marcelo e de seu tio Romualdo.

Como vemos, o jovem motoqueiro foi beneficiado pela Misericórdia

Divina, ao receber a bênção de pressentimentos corretos e valiosos, que também

auxiliaram os progenitores, preparando seus corações para tudo aquilo que estava

programado pelo Mais Alto, que é sempre o melhor para nós, com vistas à Evolução

Espiritual.

Eis as elucidativas cartas de Marcelo:

Mãezinha Enide e querido papai Udine, não esperem uma cantiga de

lamentações. Tudo se passou naturalmente.

A moto e eu não tivemos tanta sorte como de outras vezes e a minha

perícia enfim furada. Foi só isso.

Choque de cabeça, queda, contusões, escoriações e outros contratempos

ficaram no corpo que um dia, afinal de contas, atingiria a própria limitação.

Decerto, que eu queria viver, mas isso não conta; nunca se faz tudo

quanto se quer. Embora as minhas gabolices de menino; aprendi isso tudo muito cedo.

E, por isso me adaptei.

Podem dizer ao Udine Júnior que não há motivos para receios e

frustrações. Estou vivo, talvez mais vivo do que aí. Por isso, não desejo ver meu irmão

e meu companheiro exposto a crises de nervosismo que eu, por mim próprio, nunca

soube o que seja.

Imagino-me em casa, sempre para chegar a cada noite, mas corajoso e

mais feliz, para abraçar as obrigações nossas.

E peço, mãe, para que ninguém culpe a moto, que sempre fez o que eu

quis. É uma ingratidão ouvir tanta gente reprovando um veículo precioso, sem a menor

idéia de lhe enumerarem os seus benefícios.

Vim para cá, para a Vida Espiritual, como um estudante se afasta,

simplesmente porque recebera a papeleta de saída, assim como anotação de colégio

para que a gente regresse a casa.

Não estou muito bem, porque cheguei sem nenhuma preparação, mas

também não estou mal, porque não me faltam bons amigos para o desdobramento do

trabalho que é nosso.

Planos ainda não tenho, porque não sei o que há esperando por mim, e

não me apresso a tomar conhecimento disso. Os Instrutores sabem o que se fará,

assim como sucedem aos capitães de barcos que conhecem as minúcias da rota de

embarcação que comandam, enquanto resta aos marinheiros a satisfação de

cumprirem os encargos recebidos.

De qualquer modo, estejam todos certos na família, especialmente as

minhas irmãs, de que estive aí em curto prazo e que prossigo desejando ser honesto

com os encargos que assumo.

Não queria escrever-lhes uma carta de lágrimas. Choro por choro, já

tivemos o maior no dia em que a gente se despediu, e os choros menores devem ser

extintos no nascedouro, para que a paz nos acompanhe na união geral, que será o

maior acontecimento para o futuro.

Esperemos o melhor, fazendo da vida um cântico à grandeza de Deus,

que tudo nos concede em tamanho-família; sol transbordante, chuvas quase de

incalculável dimensão, mar grande e variado, rios imensos, árvores que resistem a

todas as espoliações para se nos mostrarem na condição de escravas de nossos

desejos. Digo isso para que ninguém me venha falar de crise.

Deus é bondade perfeita; de nossa parte, somos maus receptores,

porque a nossa inércia no mundo não nos consente os grandes saques honestos de

forças da natureza. Respiramos o mínimo de ar, quando nos seria lícito sorver os

manjares aéreos a longos hautos.

E assim, vamos vendo. Bastar-nos-á querer e com algum trabalho, para

não cairmos na moleza total, pois Deus já nos concede o supersuficiente para sermos

felizes.

Queridos pais, é só isso,. Penso, porém, que minhas pobres palavras,

servirão para qualquer um.

Dizem-me que devo encerrar esta carta, o que faço agora, desejando a

todos muita saúde e felicidades. Um grande abraço de filho, irmão, companheiros e

colega, sempre grato.

Marcelo Antônio.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 – Carta psicografada pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião pública de

GEP, Uberaba, MG, a 06/4/1974.

2 – Mãezinha Enide e papai Udine – Udine La Serra e Enide Loureiro La Serra,

residentes em Campinas, SP, à avenida Monte Castelo, no. 10; Bairro Jardim Proença.

3 – Nunca se faz tudo quanto se quer. Embora as minhas gabolices de menino;

aprendi isso tudo muito cedo. E, por isso me adaptei. – Segundo seus pais, Marcelo

Antônio sempre se revelou um “espírito maduro”, muito compreensivo, pois, “tudo

estava bem para ele”.

4 – Udine Júnior – Udine La Serra Júnior, irmão.

5 – Vim para cá, para a Vida Espiritual, (...), simplesmente porque recebera a

papeleta de saída (...) estive aí em curto prazo – Trechos que confirmam suas

premonições quando em vida material.

6 – Minhas irmãs – Márcia e Andréa.

7 – Respiramos o mínimo de ar, quando nos seria lícito sorver os manjares

aéreos a longos haustos. – É oportuno lembrar que André Luiz também nos alerta

sobre o valor do ar livre, em algumas de suas obras, tais como, Conduta Espírita, W.

Vieira, FEB, Caps. 32 e 34; Os Mensageiros, F.C.Xavier, FEB, Cap. 41; Obreiros da Vida

Eterna, F.C.avier, FEB, Cap. 5.

8 – Marcelo Antônio – Marcelo Antônio La Serra, nascido a 04/3/1967,

desencarnou a 14/7/1983, em acidente de moto, na cidade de Campinas, SP. Cursava

a 7a. Série do Supletivo, no Ateneu Paulista.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

SEGUNDA CARTA

Querida mãezinha Enide e querido papai Udine; peço-lhes a bênção.

Quero dizer-lhes que a vovó Maria Dorigon vem me auxiliando como

preciso e já me vi uni ao tio Romualdo para enfrentarmos, juntos, o caminho que nos

aguardava efetivamente.

E os meus desenhos nasciam de minhas intuições que eu mesmo não

sabia compreender; sentia, sem querer, que o tio Romualdo e eu estávamos renteando

com a desencarnação; por isso é que tentei aquelas figuras que ficaram em meus

cadernos.

A moto nada teve com isso, porque a minha máquina não se introduziria

em meus pensamentos.

Aí está porque vão encontrando, aos poucos, os meus desenhos quase

infantis, desenhos que me exteriorizavam as preocupações.

Muitas lembranças ao nosso Udine Júnior e às queridas irmãs Márcia e

Andréa.

Para os meus queridos pais Udine e Enide, todo o coração do filho

sempre grato.

Marcelo

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

9 – Psicografia de F.C. Xavier, em reunião pública do GEP, Uberaba, a

13/10/1984.

10 – Vovó Maria Dorigon; – Bisavó materna, desencarnada em

Campinas, SP, a 21/7/1971.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 2

EM CRUZADA CONTRA OS TÓXICOS

JOSÉ ROGÉRIO SILVA FREIRE – São Luiz - MA.

Localizado na Praia Grande, aprazível recanto da capital maranhense, o

Bar do Rosa, nos fins-de-semana, era uma dos mais conhecidos pontos de encontro de

estudantes.

Na noite de 13 de abril de 1984, uma sexta-feira, lá estava Rogério

Freire, quintoanista de medicina, com seus amigos, após uma semana de árduos

estudos.

Noitada feliz... Mas, ao acertarem a conta com o garçom houve um sério

desentendimento em torno do preço das despesas, nascendo daí uma briga que

envolveu outras pessoas. Um comissário de polícia, presente no recinto, para surpresa

de todos disparou a arma para o alto e, em seguida, atirou em Rogério, atingindo-o na

cabeça. O jovem tombou e, duas horas depois o início da madrugada de 14, veio a

falecer no Hospital Presidente Dutra.

A desencarnação de Rogério abalou a opinião pública de São Luiz, em

face da violência do fato. Mais de duzentos universitários chegaram a fazer uma

passeata de protesto. E, segundo a imprensa, as investigações chegaram à conclusão

de que o policial usava drogas, única explicação para tal atitude.

*

Noite de 28 de junho de 1984... Uma nova noitada inesquecível para D.

Maria José, mãe de Rogério, agora de paz, consolo e esclarecimento. A viagem tão

longa do Maranhão a Uberaba, Minas, foi recompensada. Chegara o momento do

reencontro com seu filho amado, passados três meses de ausência forçada...

Pelo lápis mediúnico de Chico Xavier, em reunião pública do Grupo

Espírita da Prece, o jovem universitário voltou a dialogar com seus entes queridos,

revelando admirável capacidade de adaptação à Vida Nova e já alimentando forte

desejo de continuar seus estudos médicos, a fim de socorrer, na Terra, as vítimas dos

tóxicos.

Eis a carta-mensagem:

Querida mãezinha Maria José, abraço-a com a nossa Telma Maria,

representando a nossa família querida.

É muito difícil transmitir-lhe o que sinto. O seu coração de mãe chora o

filho que foi arrancado do corpo físico pela ação inconsciente de um moço dementado

pelos venenos que hoje se adquire em qualquer lugar, sob os mais diversos nomes.

Quase terminando os meus estudos de Medicina, sempre soube das contradições entre

rótulos e conteúdos.

É verdade que tombei sob a agressão que não devemos considerar nessa

base, porque um doente mental precisa muito mais de assistência que de castigos. Tão

logo me vi liberto do torpor de que me via acometido, o que a meu ver perdurou por

muito tempo, vi meu pai José Freire e a minha avó Elisa que me dispensavam cuidados

especiais.

Não tive dificuldade em compreender que a morte do corpo pesado

passava por mim, arrebatando-me a cobertura física. Ouvira diversos amigos em São

Luiz, debatendo teses em torno da sobrevivência do Espírito, já que muitos deles se

interessavam pelo assunto, e, por isso, o encontro com meu pai foi o suficiente para

que me visse dispensado de ensinamentos que sobejam por aqui, em socorro aos

recém-desencarnados. Não quero exibir saberabça de rapaz sem maior experiência,

mas sim me expresso com os recursos que buscava assimilar com seriedade de

conversações construtivas.

Compreendi tudo. Os ferimentos de que fui vítima reclamaram

tratamento e encontrei em minha vó Elisa a mais eficiente das enfermeiras.

Não posso dizer que me rejubilei com o sucedido à porta de um bar,

freqüentado por gente distinta. Não era forte, a ponto de agradecer ao meu agressor

enfermo aquilo que me fizera, mas quando despertei, fazendo-me lúcido, tive mais

compaixão do infeliz do que qualquer introdução à censura.

Mãe querida, eu sei tudo o que tem sofrido em sua viuvez correta e

laboriosa. Lembro-me de quanto trabalhou para que seus filhos estudassem e se

fizessem pessoas úteis. Eu mesmo lhe devo todos os meus esforços até o quinto ano

de Medicina, mas, a sua felicidade vencendo obstáculos, quase sozinha, conquanto a

proteção de Deus, foi sempre muito grande. Com exceção do nosso Lula que ainda nos

exige atenção, todos nós, os seus filhos; encontramos na cultura da inteligência um

lugar destacado para viver. Meus irmãos confirmarão o que digo.

Mãezinha, por que não perdoar a um rapaz doente que não teve a mãe

valorosa que tivemos? Por que esquecer as bênçãos que desfrutamos, quando aquele

pobre companheiro se fez marginal infeliz? Pense nisso e perdoe.

Estou vivo e continuarei meus estudos. Serei médico na Espiritualidade e

agora escolhi a minha especialidade: a toxicologia profundamente estudada, a fim de

auxiliar aos rapazes e moças que tiveram a desventura de cair nas ciladas dos

alucinógenos, que merecem muito mais a consideração médica do que as aventuras

de caráter popular. Fique tranqüila a meu respeito.

A saudade é nossa; no entanto, imagine-me trabalhando numa colônia

de serviço, à distância de São Luiz, obedecendo aos desígnios das Leis Divinas, para

ser o que deve ser.

Não perca a sua fé. Não brigue com Jesus e com Deus. Mãe querida

pense nos episódios difíceis que o seu coração superou desde o desprendimento de

meu pai e aceitemos as nossas saudades mútuas por necessidade de preparação para

o futuro melhor.

Sigamos em frente buscando o melhor e esqueça a hora sombria que

atravessamos.

Estarei presente em seu caminho. Não abandone as suas orações e

sejamos fortes. Ninguém morre e a vida, seja onde for, reclama fé e confiança em

Deus e em nós mesmos.

E na nossa Telma Maria, abraço o Renato e todos os caros irmãos, flores

de seu amor em nossa casa feliz. E abençoe a seu filho que venceu a morte e lhe vem

beijar as mãos.

José Rogério

José Rogério Silva Freire.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 – Maria José – Maria José Silva Freire, progenitora.

2 – Telma Maria – Dra. Telma Maria silva Freire, médica, irmã de Rogério,

residente em São Luiz, Maranhão.

3 – José Freire – José Fernandes Freire, progenitor, desencarnado a 03/5/1967.

4 – Avó Elisa – Elisa Freire, avó, desencarnada em 1966.

5 – Ouvira diversos amigos em São Luiz, debatendo teses em torno da

sobrevivência do Espírito – Aqui vemos a importância do estudo espírita em torno da

Vida no Além.

6 – Os ferimentos de que fui vítima reclamaram tratamento – Como vemos, há

reflexos de lesões físicas na região correspondente do corpo espiritual (ou perispírito),

mesmo após a desencarnação. (Ver Nota 8 da Mensagem: Imprudência e Destino

de Cândido Luiz Cintra).

7 – Lula; – Apelido de seu irmão Dr. José Luis Silva Freire, já formado em

Medicina.

8 – Renato – Seu irmão Dr. José Renato Silva Freire, médico.

9 – E todos os caros irmãos – Além dos três irmãos já citados, ele deixou na

Terra outros; os médicos Drs. Fernando José e Maria Márcia; a advogada Dra. Mércia

Maria e o acadêmico José Roberto.

10 – José Rogério Silva Freire – Nascido a 04/12/1959, cursa o 5o. Ano de

Medicina na Faculdade Federal do Maranhão. Seus colegas prestaram0lhe expressiva

homenagem dando seu nome ao Diretório Acadêmico de Medicina.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

SEGUNDA CARTA

Se contamos no mundo com tantas cruzadas contra o

câncer, contra a hanseníase, contra a tuberculose e contra

as febres de etiologia obscura, por que não formar um

grupo de espíritos dedicados aos companheiros que os

tóxicos dominam?”.

Querida irmã Telma Maria e querida mãe Luzia; Deus nos abençoe.

Vocês vieram de São Luiz querendo notícias minhas, sou grato por isso,

mas peço que não se preocupem por mim.

Aproveito a oportunidade para transmitir à querida mãezinha Maria José

o meu pedido de otimismo e fé em Deus. Peço-lhe digam que o nosso caro José Luís, o

nosso Lula, precisa de todos os irmãos, mas especialmente dela, e que não a desejo

doente de saudades, imaginando que eu não merecia o projétil com que fui brindado

no bar.

Digam a mamãe que não parei para pensar em meu caso. De imediato,

amparado por meu pai José Freire e por vovó Elisa, passei a meditar nos meios de ser

útil às vítimas dos tóxicos que sofrem e fazem sofrer, como se estudaram os recursos

para isolar o bacilo de Hansen. Por que não auxiliar as pessoas tisnadas por

substâncias nocivas que os levam a delinquência, ao suicídio e à morte prematura?

Comecei em meus novos estudos, porque toda a realização começa de

bases simples e, como disseram os antigos chineses: “Toda viagem começa de um

passeio”. Não me demorei a curtir sofrimentos desnecessários. Se um rapaz me

alvejou impensadamente, em estado tóxico que lhe enevoou a cabeça; não seria justo

imobilizar-me em reclamações e lamentos inúteis.

Estou fazendo curso de conhecimento alusivo ao assunto e espero,

mesmo desencarnado, desenvolver um trabalho sério e fraternal em socorro da tantos

rapazes e tantas meninas que se utilizam drogas inadequadas para eles, de modo a

realizar algo que os afaste do perigo. Para isso é preciso que me uma a muita gente e

não descansarei nesse sentido.

Há muitos amigos aqui com tempo disponível. Se não estão integrados

em algum Ministério de amparo ao próximo, é por falta de quem os convide a

trabalhar. A vida aqui na espiritualidade guarda muita semelhança coma nossa

existência aí no Plano Físico. Existe muita gente parada, não por preguiça, mas por

ausência de inspiração e companhia.

Faremos, com a permissão de Jesus, a começar pelo Maranhão, uma

cadeia de serviços aos nossos irmãos detidos da dependência dos alucinógenos, que

lhes estragam a existência. Se contarmos no mundo com tantas cruzadas contra o

câncer, contra a hanseníase, contra a tuberculose e contra as febres de etiologia

obscura, por que não formar um grupo de espíritos dedicados aos companheiros e

companheiras que os tóxicos dominam?

Peçam a mãezinha Maria José para que levante em espírito, da tristeza e

do banzo em que a vejo espiritualmente detida... E ore conosco pelos companheiros da

Terra que os tóxicos infelicitam. Nada de lamentos perdidos porque um projétil

aniquilou o corpo do filho que sou eu e que continua tão vivo ou talvez mais vivo que

antes.

Telma; faça isso por mim. Não deixe nossa mãe isolada no desespero

silencioso. Vamos trabalhar e esquecer os males do mundo. A vida é de Deus, e Deus

por Jesus nos pede para que nos amemos uns aos outros, ainda mesmo que entre

esses outros estejam aqueles que carregam o nome de malfeitores.

Quantos outros jovens terão caído, sob os projéteis de criatura que os

tóxicos enlouqueceram? Que Mãezinha Maria José pense nisso e forme conosco na

legião dos que desejam socorrer infelizes que se deixaram seduzir pelo fanatismo da

dependência desventurada a remédios que eles mesmos não conhecem.

Mamãe Luzia, muito obrigado por ter vindo. Sei que não poderia fazer

uma viagem tão comprida, como a de São Luiz até aqui, sem grandes sacrifícios. Você,

minha boa mãe de criação, queria saber se, em verdade, sou eu mesmo quem

escreve...

Pois saiba que sim. Ninguém morre e, Graças a Deus, não perdi a minha

vocação de agir para servir.

Querida irmã e querida mãe Luzia Frassinetti, à mamãe e a todos os

meus irmãos o meu abraço fraterno e saudoso; e para vocês ambas; muito carinho e

reconhecimento do irmão e servidor.

Rogério

José Rogério Silva Freire.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

11 – Carta psicografada pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião pública

do GEP, Uberaba, MG, a 13/1/1984.

12 – Mãe Luzia; – Luzia Frassinetti Mendes da Silva, tia materna e mãe de

criação.

13 – Banzo; – Palavra sempre usada por Rogério em seu vocabulário, querendo

expressar tristeza ou abatimento.

14 – Você, minha boa mãe de criação, queria saber se, em verdade, sou eu

mesmo quem escreve... – Em verdade. Da. Luzia duvidava, sem nada comentar a

ninguém.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CÁPITULO 3

ENFERMIDADE E RESGATE

RENATO RODRIGUES –SÃO PAULO – SP.

Renatinho, inteligente e forte garoto de 10 anos, apresentou, repentinamente,

sinais de graves enfermidades no cérebro. Após vários exames especializados, os

médicos chegaram à conclusão de que se tratava de tumor, e a única esperança de

cura fundamentava-se numa cirurgia.

Os pais, naturalmente, de início, titubearam diante da decisão: concordar ou

não com a programada operação. Mas, consultas a outros especialistas deram-lhes

forças para autorizarem a cirurgia.

Realizada a delicada intervenção, o pós-operatório não evoluiu bem. Renatinho

permaneceu em coma por cinco dias, até a sua desencarnação, em 5 de outubro de

1980.

Como agravante da perda do filho querido, o casal passou a cultivar um

doloroso sentimento de culpa por ter autorizado a cirurgia, que só foi desfeito após o

recebimento de notícias do próprio Renatinho, Espírito, conforme nos relatou o casal,

neste trecho de atenciosa carta:

“Ficou em nós um sentimento de culpa por termos autorizados a cirurgia.

Fizemos bem ou não? Ficamos quase enlouquecidos. É por isso que ele escreveu esta

frase:” Peço ao papai Luiz não se impressionar, como se fosse ele o autor da decisão

da medicina ““.

A carta de Renato nos deu muito conforto, porque tivemos a confirmação de

que nosso filho continuava vivo no Plano Espiritual.

*

Outro ponto relevante da Primeira Carta do garotinho foi a explicação de sua

enfermidade, com base na Lei de Causa e Efeito ou Cármica, dizendo claramente, com

base em informações de seus avós, que resgatou uma dívida de existência anterior.

A seguir, suas consoladoras palavras:

Querida mãezinha Daisy e querido papai Luiz; abençoem-me.

Sou trazido pelo meu avô Pnciano para reafirmar-lhe que estou melhorando.

Não quero vê-los amargurado como se me houvessem perdido. Tudo aconteceu

conforme as determinações de Deus.

Mãezinha; lembre-se de quando você me ensinava a fitar o retrato de Jesus e

me pedia repetir o nome santo. Não poderemos esquecer as nossas orações de mãos

postas. Desde o tratamento difícil refletia em Jesus, e na vontade de Jesus.

Peço ao papai Luiz não se impressionar, como se fosse ele o autor da decisão

da medicina. Quem nos obrigou a aceitar as providências em que nos envolvemos foi a

minha doença que estou aprendendo aqui, com o vovô Luiz e com o vovô Ponciano, a

receber como sendo a minha dívida. Por enquanto não sei onde a fiz, mas muita gente

perde a memória para recupera-la depois, e devo ser uma dessas pessoas que não se

recordam de muitos acontecimentos que estão trancados na retaguarda.

Peço dizerem à nossa Tati que não morri e que espero aprender muito do que

vejo em nosso campo de moradia, a fim de auxilia-la mais tarde.

Querida mamãe Daisy e querido papai Luiz; chegou o momento de traçar o

ponto final. O avô Ponciano me convida a encerrar esta carta de saudades e é com

muito amor que os revejo ao meu lado e que lhes posso repetir aqui nesta folha de

papel que sou o filho que os ama cada vez mais.

Renatinho

Renato Rodrigues.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 – Carta psicografada pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião pública do

GEP, Uberaba, a 23/10/1981.

2 – Mãezinha Daisy e papai Luiz – Daisy Ramos Rodrigues e Luiz Rodrigues,

seus pais, residentes em São Paulo, Capital.

3 – Avô Ponciano – Ponciano Cláudio, bisavô, desencarnado em 1968.

4 Mãezinha, lembre-se de quando você me ensinava a fitar o retrato de Jesus

– “Dois dias antes da cirurgia, meu filho pediu-me para leva-lo à igreja, pois ele queria

acender uma lamparina para Jesus e N. Senhora Aparecida. Levei-o e ao sair disse-me

sentir aliviado com a oração”. (Informação de D. Daisy, em sua carta).

5 Não poderemos esquecer as nossas orações de mãos postas. – “Depois de

seu falecimento sentia-me revoltada e sem fé. Creio que por isso ele menciona que

não devemos esquecer nossas orações”. Esclareceu-nos D. Daisy.

6 –Vovô Luiz – Luiz Ramos, bisavô, desencarnado.

7 – Tati – Tatiana Rodrigues, irmã.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

SEGUNDA CARTA

Observando o corpo diferente, mas igual ao que usara no mundo físico, fiz

várias perguntas à minha avó que passou a me transmitir às informações

necessárias”.

Querida Mãezinha Daisy; associo meu pai ao pedido de bênção que lhe

endereço.

Tenho recebido os seus apelos. Queria alguma notícia, alguma informação

acerca do Renato... Ouço-a dizer e a redizer isso muitas vezes.

Mãezinha Daisy; minha anotação melhor é a de que a dor alucinante na cabeça

passou por completo. Para mim não foi tão fácil desvencilhar-me da casa e dos entes

queridos.

Sofria muito no corpo; entretanto, a idéia da morte não quadrava com qualquer

desejo, no sentido de alcançar as melhoras precisas. Compreendia o trabalho que lhes

dei, com aquele mundo de indagações sobre exames e instruções para que meu

cérebro se descartasse do mal que me oprimia. Os dias e as noites par anos eram

muito longas, como são longas as expectativas dos desesperados...

Gradativamente, um grande cansaço me tomou todas as forças. Sem querer,

aceitei a idéia de libertação do corpo fustigado de dores. E me lembro claramente da

neblina que se fez sobre mim, a ponto de enxergar pessoas e cousas com grande

dificuldade. Em dado momento, um rosto sorridente emergia daquela névoa grossa e

ouvi a voz de alguém, induzindo-me a erguer-me. Entretanto, não me seria fácil

pensar nisso. A mina prostração era absoluta, mas aquela face maternal me falava

com tamanho vigor de fé que me esforcei, de leve, e levantei-me, ignorando que me

desligava do corpo pesado e doente.

Nesse mesmo instante, pude transpor a neblina e receber o abraço de uma

senhora, a senhora que me fitava com bondade e otimismo. Explicou-me que era a

minha avó Antonieta a cooperar no meu afastamento do corpo que não apresentava

utilidade alguma para mim. Achava-me, de todo, à criatura abençoada que me vinha

socorrer espontaneamente.

Estava de minha parte muito sofrido e acabrunhado para refletir sobre o

fenômeno da morte e deixei-me conduzir ao entorpecimento que me posseava todos

os sentidos. Dormi descuidadosamente, sem a possibilidade de precisar, até agora,

quanto tempo gastei nessa condição de alienado mental, totalmente entregue a sonhos

e pesadelos.

Quando despertei, a mesma senhora se acomodara junto de mim,

demonstrando dedicação invulgar. Lutei bastante para recuperar a fala, porque os

meus nervos jaziam silenciosos e petrificados, no meu entender. Depois de muitos

exercícios é que reconquistei o dom de falar com segurança. Observando o corpo

diferente, mas igual ao que usara no mundo físico, fiz várias perguntas à minha avó

que passou a me transmitir às informações necessárias.

Não mais sentia dores e explicava ela que isso se devia a ausência do tumor

que me incomodava tanto... Creia, porém, mãezinha Daisy, que chorei muito ao

reconhecer que me encontrava noutro ângulo da vida, a Vida Espiritual, que ninguém

na Terra conhece inteiramente, sem haver passado pela desencarnação. As

lembranças da casa me doíam por dento e as lágrimas me caíam do coração, através

dos olhos, mas a avó Antonieta me esclareceu que me observava, satisfeita, as

melhoras positivas.

Aquilo era um estímulo a que prosseguisse no esforço da liberação do Plano

Físico e aderi aos propósitos de minha avó que me queria vigoroso e alegre para iniciar

vida nova.

Assim se passam meus dias de restauração na Vida Maior e espero que Jesus

nos proteja.

Agradeço a todos quanto fizeram por mim e peço-lhe; mãezinha, para

interpretar-me o reconhecimento junto de quanto me auxiliaram.

Hoje venho pedir-lhe conformação e fé em Deus e a certeza de que um dia nos

encontraremos na Espiritualidade Maior. Reconheço a minha pequenez, mas me

esforçarei para vencer o tempo e ganhar as possibilidades de estar mais perto do seu

carinho e do pai Luis, que está sempre em minhas lembranças.

Muito carinho à nossa Tatiana, e abraçando-a com o papai e com os nossos em

minhas lembranças, sou, como sempre, o filho reconhecido.

Renato

Renato Rodrigues

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

8 –Psicografia de Francisco C. Xavier, em reunião pública do GEP, Uberaba, a

15/2/1985.

9 Tenho recebido os seus apelos (...) Ouço-a dizer e a redizer isso muitas

vezes – A morte física não impede que as criaturas que se amam permaneçam ligadas

pela força do pensamento. O fluído universal que envolve a todos – encarnados e

desencarnados – permite a sintonia mental (telepática) das almas afins.

10 – Avó Antonieta; - Bisavó materna.

11 Lutei bastante para recuperar a fala, porque os meus nervos jaziam

silenciosos e petrificados, no meu entender. Depois de muitos exercícios é que

reconquistei o dom de falar com segurança. – Observa-se que o cérebro do corpo

espiritual (ou perispírito) de Renatinho – corpo que ele considera “diferente, mas igual

ao que usava no mundo físico” – sofreu reflexos da doença que o acometeu em vida

física. (Ver nota 5 na Mensagem: Via meu Próprio Corpo e me Espantei com

Semelhante Dualidade - de Alexandre Augusto Pandolfelli ).

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 4

ENTENDIMENTO E PERDÃO

MÁRCIO AGNALDO DERMÍNIO CAMPOS – FRANCA – SP.

D. Mariluci Dermínio Campos, residente na cidade paulista de Franca, ao dirigirse

a Uberaba, Minas, em busca de notícias mediúnicas do filho querido, desencarnado

em acidente de moto, oito meses antes, sentia-se revoltada com os fatos que

envolveram a tragédia, especialmente contra o motorista considerado culpado.

Justamente na semana em que fui a Uberaba” – escreveu-nos D. Mariluci, em

carta datada de 04 de abril de 1985 – estava muito revoltada, e na viagem comentei

só com meu esposo e minha amiga, acompanhante, que desejava defesa para meu

filho. Antes não havíamos cogitado de procurar advogado para tal fim ““.

E a carta do jovem Márcio Agnaldo veio na noite daquele mesmo dia, 1o, de

junho de 1984, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, trazendo muito

conforto e orientação aos familiares, e abordando, especialmente, a questão da

culpabilidade do motorista.

A mensagem, - um bálsamo para nós – surpreendeu-nos ao relatar detalhes

da vida do motorista que acidentou nosso filho, porquanto nada conhecíamos a

respeito. No meu coração só havia revolta; hoje, só perdão a esse senhor”. –

esclareceu ainda Da. Mariluci, na carta referida.

Ouçamos as palavras de Márcio Agnaldo, psicografadas por Chico

Xavier:

Querida mãezinha Mariluci e querido papai; venho dizer-lhes que estou sempre

melhor.

As saudades não faltam. Débora, a companheira que me proporcionou tantas

felicidades, e as queridas irmãs Maristela, Mariângela e Marília permanecem dentro de

mim.

O acidente já passou, e justamente sobre isso, estabeleço o nosso contato

pedindo aos queridos pais não fazerem carga contra o motorista, injustamente

apontado na condição de culpado, por haver tomado um trago de bebida que lhe

acrescentasse disposição de trabalhar.

Pais queridos; muitas vezes fitamos um homem de serviço, sem lhe considerar

a retaguarda. Acontece algum erro, um companheiro desses está envolvido e ainda

não vi ninguém perguntando pelas horas contínuas a que terá servido na máquina sem

substituição; de outras vezes, a imaginação se lhe toldou por momentos, em

recordando um filhinho gravemente enfermo ou a esposa hospitalizada em vasta

enfermaria com a necessidade de horários marcados para que esse mesmo homem lhe

veja o rosto.

Papai e mãezinha Mariluci, e se fosse eu a pessoa no lugar desses amigos aos

quais me reporto?

E se eu não tivesse o papai Paulo e mãezinha Mariluci, e fosse entregue, em

criança, à ventania da noite, com fome e frio, por falta de um lar?

E se crescesse de face trancada para o mundo e para a vida, aceitando, por

necessidade de obter o pão de cada dia, o lugar de um ajudante desvalioso na boléia

de um caminhão?

Creio que a minha mãe, decerto, na Vida Espiritual, agradeceria às pessoas que

me estendessem auxílio.

Pois é nesse quadro que me baseio para solicitar-lhes uma atitude de reserva e

compaixão para com o motorista que me arredou do corpo físico, buscando não lhe

piorar as condições perante a opinião pública.

Agradeço as preces de Anair em meu benefício e quero dizer à Débora que

posso muito pouco ou nada posso ainda,; entretanto, pedirei a Deus que ela seja feliz.

Sem sempre realizamos as nossas projetadas uniões no mundo, mas, que força

haverá maior que a do amor que liga os corações que se amam, no bronze do para

sempre? Débora é uma nobre menina que Deus protegerá.

Às queridas irmãs, o meu abraço e, por favor, queiram os meus queridos pais

receber o coração mutilado pela saudade e animado pelas melhores esperanças, do

filho que tudo lhes devo no que já consegue realizar e em tudo aquilo que poderá ser

no futuro.

Muito carinho e reconhecimento do filho que lhes pertence perante Deus.

Márcio Agnaldo Dermínio Campos.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 –Papai, - Sr. Paulo Campos de Souza, que reside com sua família em Franca,

SP.

2 –Débora; - Namorada.

3 –Maristela, Mariângela e Marília – irmãs.

4 –O motorista – “Trata-se de um senhor de 54 anos de idade, que sempre

trabalhou em fazendas, como fiscal. Tem problemas com os filhos e com a esposa,

sempre internada em hospital psiquiátrico”. (Informação de D. Mariluci).

5 –Márcio Agnaldo Dermínio Campos – Nascido em 09/4/1965, desencarnou em

Franca, SP, a 06/10/1983, quando cursava o 1o, Colegial. Embora jovem e de família

católica, interessava-se por questões do outro lado da vida, buscando sempre e

espontaneamente esclarecimentos junto ao Sr. Antonio Bonafin, amigo da família e

antigo presidente do Centro Espírita “Francisco Borassi”. Ultimamente, lia livros

espíritas, que devem te-lo ajudado em sua feliz adaptação no Mundo Maior.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 5

ESCOLA JESUS CRISTO –

NA TERRA E NO ALÉM

CLÓVIS TAVARES – CAMPOS – RJ.

Acometido de mal súbito, Clóvis Tavares, valoroso batalhador da seara espírita,

foi conduzido com urgência à Santa Casa de Misericórdia da cidade fluminense de

Campos. Lá chegando, após consulta clínica inicial, o encaminharam ao Serviço de RX,

onde, ao ser colocado à mesa de exame, sofreu parada cardíaca irreversível. Eram 17

horas e 50 minutos, do dia 13 de abril de 1984.

O nosso estimado confrade, além de Professor de História e de Direito

internacional Público, destacou-se como jornalista e Escritor de grandes méritos.

Com perseverança admirável, atuou no setor assistencial, sendo fundados da

Escola Jesus Cristo (Instituição Espírita de Cultura e Caridade), de Campos, e seu

diretor doutrinário desde a fundação, em 1935; no jornalismo, colaborou sempre com

vários periódicos espíritas; e na literatura, nos deixou obras preciosas, tais como “Vida

de Allan Kardec para as Crianças”, “Amor e Sabedoria de Emmanuel”, “Trinta Anos

com Chico Xavier”.

Agora, sete meses após sua desencarnação, temos Clóvis Tavares de volta.

Sim, pela psicografia de Chico Xavier, seu dileto amigo, ele escreveu longa carta aos

entes queridos, na qual destacamos alguns pontos altos, tais como: sua experiência na

Grande Viagem; o reencontro emocionante com o filho Carlinhos, e a visita feliz a uma

Instituição similar àquela que fundou na Terra, com o mesmo nome, localizada na

cidade do Plano Espiritual, onde se reencontrou com um grupo numeroso de queridos

companheiros, que atuaram, quando encarnados, no movimento espírita campista.

A seguir, a esclarecedora carta do Professor Clóvis:

Querida Hilda, o Senhor nos inspire e abençoe.

É uma experiência nova. Falar de uma vida para outra.

Desejo esvaziar o coração, exteriorizando as saudades que me povoam a alma

convalescente, mas as expressões me fogem da lembrança. Quero retomar a

memória; no entanto, sinto-me na condição do cego devolvido à luz, ainda hesitando

entre a sombra e a claridade. Perdoem-me se falo assim, mas não posso manifestarme

de outro modo.

Rearticulo as estruturas de minhas reminiscências do passado ainda presente,

no hoje ligado ao ontem, e noto as diferenças que se operaram adentro de mim.

Torno a ver você pálida e espantada, a receber-me em seu colo, para que a

minha cabeça repousasse. Refletia a consternação do ambiente e procurei em seus

olhos e nos olhos do Flavinho algum esclarecimento que me habilitasse a compreensão

para a realidade.

Não esperávamos que uma radiografia considerada simples pudesse estar

próxima da parada que me fibrilou o coração. Buscava em você e no Flávio algo que

me falasse, conquanto em silêncio, mas o corpo se via na condição de máquina cujo

motor esmorecera. Compreendi, na oração muda que consegui formular, que o tempo

me demitia de sua própria movimentação, entregando-me ao tempo de outro nível.

Sabia que o desamparo não existe e me rendi aos desígnios do Senhor,

conquanto no íntimo quisesse persistir na tarefa. Era o fim de uma estrada para o

reencontro de outra. Aqueles momentos breves me pareceram longas faixas de horas

que eu não saberia contar. Notei que, embora hirto, no peito, o meu coração

permanecia ligado a você e aos nossos filhos com estranha força. As lágrimas me

subiram do íntimo para os olhos, quais mensageiras de minhas primeiras notícias;

entretanto, eu não poderia escrever com elas tudo o que desejava dizer a você. Os

meus agradecimentos se confundiam com as ansiedades que me tomavam de assalto.

Conquanto sentisse, desde alguns dias, a presença de pensamentos que me

induziam a refletir no término de minha oportunidade na Terra; lutava contra a idéia

de desistência. Afinal, você e eu estávamos em plenitude de trabalho e realização,

nossos filhos iniciando a jornada no mundo e um enorme acervo de tarefas para nós

inevitáveis. Ainda assim, era preciso dobrar a cerviz e aceitar os alvitres da

Espiritualidade Maior que me chamavam a novos encargos.

Creio que não me foi cerrar os olhos que eu mantinha acessos na ânsia de

prosseguir vivendo, de modo a compartilharmos de todas as alegrias e vicissitudes que

a experiência humana me pudesse ofertar. Percebi que as suas lágrimas me

borrifavam o rosto e me conscientizei, de imediato, quanto às novas lutas que seriam

induzidos a fazer.

Meu sono foi rápido. Quando me vi em outro recinto, notei que um rapaz me

sustentava a cabeça, qual se lhe imitasse o carinho. Quando reconheci que me achava

nos braços fortes de nosso Carlinhos, agora um homem vigoroso, senti que

reencontrara não o nosso filho que aprendemos a amar tanto, e sim o aconchego de

dedicação de um pai que me houvesse retirado de sua ternura de companheira para

encaminhar-me com segurança.

O pranto me sufocou a garganta e não pude senão dize: - “Ah! Meu filho”.

Ele me colou mais extensamente ao peito viril, na idéia manifesta de fortalecerme

para a vida nova e observei que em nossa Escola querida encontráramos um novo

berço de paz e amor. Chorei intensamente, dando vazão aos meus sentimentos; no

entanto, Papai Vicente e os manos Aluízio e Nuno me ampararam, garantindo-me o

impulso de me reerguer...

Não consegui verticalizar-me naquela hora; entretanto, antes que a minha

roupa estragada pela morte fosse restituída à natureza, fui conduzido para fora do

recinto que a amizade povoara de corações amigos e entes querido... Os irmãos Aluízio

e Nuno me deram as mãos e senti-me novamente leve, à maneira de ave que ensaia

os primeiros vôos, depois de reconhecer sua própria capacidade de volitação, e um

leve torpor me induziu ao sono que senti como se estivesse à procura de pouso para o

meu espírito inquieto.

De que modo viajei ao lado de Aluízio e do Nuno, sinceramente ainda não sei,

mas a verdade é que, findo o ligeiro descanso, acha-me em companhia de meu pai e

meus irmãos, que me aguardavam o refazimento e comecei o reavivamento dos meus

conhecimentos e condições para o trabalho que se me reservasse. O abatimento que

me invadira todos os recursos do corpo dominava o campo dos meus pensamentos...

Dias passaram sobre dias, até que eu pudesse identificar-me plenamente

reintegrado em mim mesmo; no entanto, chegou o momento de revê-la, abraçar

nossos filhos queridos e distribuir o meu afeto com irmãos de jornada em nossa Escoa.

Certifiquei-me de que o nosso Rubens assumira o governo de nossa instituição

e isso me tranqüilizou.

As nossas recordações associadas umas às outras apresentavam largas somas

de lágrimas; contudo, era preciso fazer a vida e repetir por dentro de mim as

inesquecíveis palavras de Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. Um novo

caminho me buscou o espírito cansado de perguntar, e redi-me aos desígnios do

Divino Mestre que me chamava para o trabalho ativo.

Meus dias se desdobravam nessas bases – saudades e tentames de ação

edificante entre os dois mundos. Em companhia de familiares esperava as decisões

que me fossem apresentadas pelos Mentores da Espiritualidade, a que nos

subordinamos, quando agora, em outubro findo, fui convidado a visitar pela primeira

vez a Escola Jesus Cristo do Plano Espiritual, que funciona em sintonia com a nossa

Escola de Campos. Em companhia do Aluízio e do Nuno, fui à reunião pública pela

primeira vez. Tive conhecimento de que a instituição fora fundada por Nina, há

quarenta e nove anos, e que estaria crescendo em serviço na Vida Maior.

Timidamente, solicitei dos irmãos, pudesse, de minha parte, ganhar acesso à

reunião, depois que a penumbra envolvesse todos os companheiros ali presentes,

porque me sentia inadaptado e sem mérito algum para ser apresentado à pequena

comunidade que ali se reunia... Entramos, ocupando três lugares que se enfileiravam...

Com surpresa, reconheci que o nosso amigo Virgílio de Paula era o regente do

conjunto de preces que ali se dedicava às irradiações protetoras, em favor dos irmãos

em maioria ainda convalescentes, ligados à instituição e arredores. A prece de nosso

venerável irmão me tocou as fibras mais íntimas do sentimento. Ao término da

alocução plena de amor que endereçava ao Senhor Jesus, comunicou à assembléia

que, naquela noite, a Escola abrigava um novo companheiro que se vira afastado das

tarefas no Plano Físico.

Até ali tudo seguia normalmente, mas quando meu pobre nome foi

pronunciado, a luz se fez total no recinto e uma explosão de lágrimas me banhou a

face. Terminara a realização da noite e os amigos vieram ao meu encontro. Achava-me

atônito como se não estivesse perante a verdade e sim no campo dos sonhos, quando

se aproximaram de mim o nosso Virgílio, que me ofertava os braços abertos; os

nossos irmãos Marcolino Sudário do Amaral e o Dr. Alfeu Gomes, pioneiros de nossa

Doutrina no mundo abençoado de Campos; o irmão Francisco Muylaert; antigos

participantes de nossas reuniões primitivas na Rua do Mafra; amigos do Grupo João

Batista; os nossos amigos Inocêncio Noronha e Da. Maria Cesarina; os nossos

companheiros Aurino Tavares, Ceciliano, Belarmino Neves, João de Deus, que me

lançava à bênção paternal; Antônio Pedro Nolasco; nossa inesquecível Dona

Mariquinhas; Dona Petite; Amaro Costa Pinto; Auta de Souza, que me enlaçou com a

ternura das mães abençoadas de Deus; os nossos amigos Ramiro Viana, Brasilino,

Dona Maria da Conceição e até a Elzinha França, alicerce de nosso instituto, ali estava,

ao lado de muitos irmãos outros que me acolhiam comovidos; Sr. Otávio e Dr Rômulo

Joviano me enlaçaram fraternalmente e não pude mais conter o pranto do servidor que

regressava ao Grande Lar, de mãos vazias...

Este é um detalhe que transmito a você e consequentemente aos nossos filhos

queridos, Flavinho, Luisinho, Margaridinha e Celsinho, esperando em Jesus que todos

se conscientizem das nobres tarefas de que se acham investidos.

Peço ao nosso Rubens sustentar com firmeza de ânimo o nosso plano de

trabalho, sem inovações e aventuras marginais que tantas vezes abalam os serviços

doutrinários sem qualquer justificação.

A Escola Jesus Cristo é para nós uma bandeira que nos honra a existência aí no

Plano Físico e no Plano espiritual, e não podemos esquecer a afirmativa do Apóstolo

Paulo, quando nos assevera: “Jesus Cristo é o vencedor de ontem, de hoje e para

sempre”.

O mundo está agitado por lamentáveis convulsões de orgulho e vaidade que

não sabemos em que calamidades terrestres se modificarão, e carregamos conosco o

pendão do Evangelho que está muito longe de ser ultrapassado.

Querida Hildinha; sofro a nossa separação temporária, mas peço-lhe coragem e

fé imbatível na Divina Misericórdia. Saudades; tê-las-emos sempre. Aí chorava pelos

que me precederam e aqui me aflijo pelos que ficaram. Creio que a saudade é o metro

do amor, determinado os valores da evolução, já assimilados na vida de cada um de

nós, e só pelo trabalho com a oração venceremos. Unimo-nos aí para o desempenho

de missão determinada. Esta incumbência segue em meio, conhecendo quanto lhe dói

a ausência do companheiro, por vezes áspero e exigente, mas sempre leal e sincero.

Não tema. O Senhor nos guiará para os caminhos de que necessitamos.

Muitos amigos que esperava reencontrar aqui estão aí recorporificados na Terra

e por isso mesmo entendo que me cabe trabalhar mais e servir mais para merecer, de

futuro, o reencontro com seu coração querido e com todos aqueles que se nos fazem

objeto de maior afeição.

Agradeço aos companheiros que nos partilham o intercâmbio desta hora e

formulo votos a Jesus pela saúde e paz, alegria de viver e bom ânimo para servir –

dons de Deus que desejo a todos. De outros parentes e amigos traremos notícias

oportunamente.

Agradeço ao nosso Rubens e a nossa estimada Suzana quanto fizeram nas

lembranças de aniversário de nossa querida Escola. Sou grato a todos, sem especificar

nomes, pela dificuldade de memoriza-los, o que me faria cair na omissão sempre

indesejável.

A você querida Hildinha; agradeço a dedicação aos encargos da Escola.

Assiduidade e perseverança são estradas para o êxito nos empreendimentos que

venhamos a abraçar. A sua presença na Escola é a minha própria presença.

Agradeço ao Flavinho a generosidade da companhia que se dedicou a fazer-nos

e, porque não posso ser ai extenso, receba, querida Hilda, o próprio coração do seu

pobre servidor e companheiro de ideal, sempre pobre, mas sempre seu.

Clóvis

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 –Carta psicografa por Francisco C. Xavier, em reunião íntima realizada na

residência do médium, em Uberaba, MG, na noite de 29/11/1094, estando presentes:

Hilda Mussa Tavares, Rubens Fernandes Carneiro, Nely Fernandes, Suzana Maia

Mousinho, Inaiá Lacerda, Weatker Batista e Zilda Batista.

2 –Hilda, - Profa. Hilda Mussa Tavares, esposa, cooperadora na Escola Jesus

Cristo (EJC), residente em Campos, RJ,. Seu valioso depoimento sobre a mediunidade

de Chico Xavier integra o livro Luz Bendita (F.C. Xavier, Emmanuel, Testemunhos

Diversos, Rubens S. Germinhas, IDEAL, S. Paulo, SP, pp. 65-72).

3 –Flavinho, - Dr. Flávio Mussa Tavares, filho do casal, médico e cooperador na

EJC.

4 –Conquanto sentisse, desde alguns dias, a presença de pensamentos que me

induziam a refletir no término de minha oportunidade na Terra, lutava contra a idéia

de desistência. - Como vemos, dias antes da desencarnação, Benfeitores Amigos já

preparavam, com intuições premonitórias, o Espírito de Clóvis para a Grande Mudança.

5 –Carlinhos, - Carlos Vítor Mussa Tavares, primogênito do casal. Desencarnou

a 10/3/73, após 17 anos de abnegado sofrimento. Pela psicografia de Chico Xavier, já

enviou seis poesias de notável beleza e espiritualidade, sendo a primeira divulgada nos

livros Entre Duas Vidas (F.C. Xavier, Elias Barbosa, Espíritos Diversos, CEC, Uberaba) e

Tempo e Amor (F. C. Xavier, Clóvis Tavares, Espíritos Diversos, IDE, Araras, SP).

6 –Escola querida - Escola Jesus Cristo, instituição fundada por Clóvis Tavares,

sob inspiração espiritual de Nina Arueira, em 27/10/1935. Com sede própria à Rua dos

Goitacases, no. 177; em Campos, RJ, essa Instituição Espírita de Cultura e Caridade;

mantém os seguintes Departamentos e Serviços: Cenáculo de Lívia, Círculo de Oração

Felipe Uébe, Coordenadoria das Equipes de Serviço, Coral Virgílio Paula, Creche

Salvadora Assis, Culto de Assistência, Departamento de Assistência aos Necessitados,

Departamento de Ensino, Departamento Feminino, Departamento Jurídico,

Departamento Médico, Escolas Filiais (nos Bairros), Grupo Emmanuel, Livraria Cícero

Pereira, Mocidade Espírita Maria Zenith Pessanha, Museu de Circo, Serviço de

Manutenção, Reparos e Vigilância.

7 –Papai Vicente, - Vicente Vasconcelos Tavares, pai, desencarnado em

03/11/1959.

8 –Aluízio, - Aluízio Tavares, irmão, desencarnado em 22/10/1961.

9 –Nuno, - Nuno Tavares, irmão, desencarnado em 26/11/1976.

10-Rubens, -Dr. Rubens Fernandes Carneiro, advogado, Presidente da EJC e

seu atual Diretor Doutrinário.

11-Inesquecíveis palavras de Josué – Josué: 24:15, Versículo muito amado e

sempre lembrado por Clóvis, que mantinha na entrada de sua residência.

12-Escola Jesus Cristo do Plano Espiritual – Após escrever sua carta, Clóvis

explicou ao médium Chico Xavier que essa Instituição fica situada na cidade “Nosso

Lar”, quase na ponta da estrela que corresponde ao Ministério do Auxílio. Em torno da

escola existem muitas residências destinadas àqueles que nela trabalham.

Complementando este esclarecimento. Da. Hilda Tavares escreveu-nos, em atenciosa

carta: “Chico marcou para mim no mapa do plano piloto da cidade “Nosso Lar”, do

livro Cidade no Além, o lugar exato onde está localizada a Escola, revelando-nos que a

tarefa lá é muito grande, com particularidade também de educar, além de assistência

incansável a que se dedica”. (Ver Nossa Lar, F. C. Xavier, André Luiz, FEB e Cidade no

Além, F.C. Xavier, Heigorina Cunha, Espíritos André Luiz e Lucius, IDE).

13-Tive conhecimento de que a instituição fora fundada por Nina, há quarenta e

nove anos – Nina Arueira, noiva de Clóvis Tavares, desencarnou ao 19 anos, em

18/3/1935, tendo escrito uma novela inédita, Yanur, e o livro Terceiro Milênio, hoje

esgotado. Pela psicografia de Chico Xavier, já enviou belas mensagens, publicadas nos

livros: Cartas do Coração, Dicionário da Alma e Tempo e Amor. Foi a fundadora

espiritual da Escola Jesus Cristo. Observa-se que ambas as Instituições, na Terra e no

Além, foram fundadas no mesmo ano.

14-Virgílio de Paulo, - Amigo de Clóvis, 1o, Presidente da EJC, foi também um

dos maiores amigos de Nina Arueira, em cuja residência ela desencarnou. Hoje dá

nome ao Coral da Mocidade dessa Escola. Desencarnou em 07/2/1960.

15-Marcolino Sudário do Amaral, - Precursor dos estudos espíritas em Campos,

fundou, em 1880, a “Sociedade Campista de Estudos Espíritas”.

16-Dr. Alfeu Gomes, - Médico, pioneiro do Espiritismo em Campos, escreveu o

livro Amor e Verdade.

17-Francisco Muylaert, - Também pioneiro do Espiritismo em campos, foi cofundados

da “Sociedade Campista de Estudos Espíritas”.

18-Rua do Mafra, - Rua onde se localizou, primitivamente, a EJC, então Escola

Infantil Jesus Cristo, na residência de D. Didi (D. Madalena Oliveira), mãe de Nina

Arueira.

19-Grupo João Batista, - Onde Clóvis iniciou sua tarefa espírita em Campos.

Posteriormente, esse Grupo integrou-se à EJC, então recém-fundada por Clóvis

Tavares.

20-Inocêncio Noronha, -Colaborador da EFC desde a sua fundação, até a sua

desencarnação em 13/3/1968.

21-Da. Maria Cesarina, -Esposa de Inocêncio Noronha, também colaboradores

da Escola.

22-Aurino Tavares, - Aurino Tavares da silva, Guarda Municipal em Campos, foi

um dos primeiros cooperadores da EFC. Desencarnado em 06/9/1952.

23-Ceciliano, -Ceciliano de Paula Moreira, antigo companheiro da EJC.

24-Belarmino Neves, - Belarmino Gomes Neves participou do Grupo João

Batista.

25-João de Deus, -(1830 – 1896) – Renomado poeta português, é um dos

Mentores Espirituais da EJC. Pela psicografia de Chico Xavier escreveu: Jardim da

Infância (FEB) e belas páginas poéticas incluídas em vários livros, tais como: Parnaso

de Além-Túmulo (FEB), Poetas Redivivos (FEB), Tempo e Amor (IDE).

26-Antônio Pedro Nolasco, - Foi cooperador da EJC. Seus filhos militam no

Espiritismo em S. Fidélis e Niterói, cidades fluminenses.

27-Dona Mariquinhas, - Da. Maria dos Anjos, portuguesa, incansável

cooperadora da EJC foi uma das fundadoras do Serviço da sopa e da Costura dos

Pobres. Desencarnada em 11/7/1983.

28-Dona Petite, - Da. Antônia Ribeiro Bueno, inesquecível cooperadora da EJC,

desencarnou em 15/5/1969.

29-Amaro Costa Pinto, -Mais um valoroso cooperador na Escola em sua

primeira hora.

30-Auta de Souza, -(1876-1901), - Poetisa norte-riograndense, deixou um

livro, Horto, prefaciado por Olavo Bilac e Tristão de Ataíde. Pela psicografia de Chico

Xavier, seu Espírito já escreveu numerosas páginas poéticas de sublime

espiritualidade, publicadas em vários livros, sendo Auta de Souza (IDE), uma obra

praticamente antológica, organizada por Clóvis Tavares.

31-Ramiro Viana, -Ramiro Martin Viana, outro companheiro do início da EJC.

Fundou o Grupo Allan Kardec, em Campos. Desencarnou em 26/7/1981. Suas três

primeiras cartas, enviadas pelo médium Chico Xavier, integram o livro Tempo e Amor

(IDE).

32-Brasilino, - Brasilino Soares, diretor da Escola Apóstolos André, em Atafona,

RJ, filial da EJC, desencarnado em 05/7/1967.

33-Dona Maria da Conceição, - Residiu em Pedro Leopoldo, MG, berço de Chico

Xavier, visitada por Clóvis toda vez que ia a esta cidade, juntamente com Chico.

Morava num bairro pobre chamado Lapinha. (Ver Trinta Anos com Chico).

34-Elzinha França, - Este espírito é a mesma criança recém-nascida encontrada

em uma favela, pelos jovens da Mocidade Espírita de Campos (da EJC), e que veio a

desencarnar alguns dias mais tarde, apesar dos cuidados de médicos e amigos,

inclusive de Clóvis. Passou a ser a patrona das aulas de Evangelho para crianças na

Escola. Foi posteriormente identificada pela mediunidade de Chico Xavier como um

espírito de luz.

35-Sr. Otávio, -Otávio Chrisóstomo de Oliveira, companheiro e benfeitor da

EJC, desencarnado em 14/1/1965.

36-Dr. Rômulo Joviano, - Administrador da Fazenda Modelo, em Pedro

Leopoldo, onde Chico Xavier trabalhou sob sua chefia. Confrade e amigo de Clóvis.

37-Luizinho, Margaridinha e Celsinho, - Luís Alberto, médico: Margarida Maria

Tavares Gomes, arquiteta: e Celso Vicente, professor de História – todos cooperadores

da EJC.

38- “Jesus Cristo é o vencedor de ontem, de hoje e para sempre” – Hebreus,

13:8, tema de uma das últimas pregações de Clóvis.

39-Suzana, - Suzana Maia Mousinho, confreira do Rio de Janeiro, sempre

convidada pelo Clóvis para as comemorações de aniversário da Escola.

40-Clóvis, - Sebastião Clóvis Tavares, nasceu em Campos, RJ, a 20/1/1915.

Embora diplomado em advocacia, pela Faculdade Nacional de Direito, em toda sua vida

dedicou-se ao magistério, Autor dos livros: Sementeira Cristã (3 volumes), FEB; Vida

de João Batista, Ed. Do G. E. João Batista, de Campos; Os Dez Mandamentos, LAKE;

Vida de Allan Kardec para as Crianças, LAKE; Meu Livrinho de Orações, LAKE; Trinta

Anos com Chico Xavier, IDE; Amor e Sabedoria de Emmanuel, IDE; Tempo e Amor

(em co-autoria com Francisco C. Xavier e espíritos Diversos), IDE; e De Jesus para os

que Sofrem, IDE. Ainda não editados. Didática do Evangelho e Mediunidade dos

Santos; traduziu diversos livros de Pietro Ubaldi, entre os quais: Grandes Mensagens,

as Noúres, Ascese Místicas.

41-DEPOIMENTO DA FAMÍLIA – Esta carta mediúnica foi divulgada pelos

familiares do Prof. Clóvis, em impresso bem confeccionado, que apresentou notas

explicativas, nas quais, com a devida e gentil autorização deles, nos baseamos para

elaborar estes “Notas e Identificações”. Ao identificar Chico Xavier, a família prestou

este expressivo depoimento:

“Francisco Cândido Xavier, amigo íntimo de Clóvis, desde 1935,

presidente honorário da Escola Jesus Cristo, consagrado médium de nosso

país e cuja amizade a Clóvis transcende o plano físico, o tempo e alcança os

horizontes ilimitados da eternidade.

Nossos corações voltados para Deus rogam ao Senhor Supremo

que conceda ao nosso Chico as bênçãos de Seu Amor pela mediunidademissão

que vem vivendo há mais de 50 anos e pela autenticidade que, nós

familiares de Clóvis, confirmamos estar envolvendo todo o teor da mensagem

ora publicada. As palavras, a construção das frases, com propriedade e

humildade as recomendações sempre oportunas, o amor e a obediência a

Jesus e a fidelidade à Doutrina, que marcaram a existência de Clóvis,

transparentes na mensagem recebida por Chico, confirmam sua veracidade.

Os nomes históricos, as circunstâncias da desencarnação que Chico

desconhecia, os últimos momentos na Terra, tudo isso nos tocou

profundamente, como não poderia deixar de ser e a Escola Jesus Cristo hoje,

apesar da ausência de nosso orientador, se ajoelha diante do Mestre para

rogar por Chico e por Clóvis as bênçãos da alegria do dever bem cumprido.

Como Clóvis mesmo dizia: “Eu sei em quem tenho crido e guardo a certeza de

que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até o dia final”. (Paulo –II

Timóteo, 1:12).

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 6

ESTOU VIVO E VOU CRESCER

RANGEL DINIZ RODRIGUES –PEDRO LEOPOLDO – MG.

“Na manhã do dia 12 de agosto de 1983, o garoto Rangel Diniz Rodrigues

passeava de bicicleta, em frente à sua casa, numa rua tranqüila de passeios largos, em

companhia da empregada da casa. E foi assim que Tetéo, como era carinhosamente

apelidado por seus familiares, sofreu uma queda comum para um garoto de quase três

anos”.

Tetéo bateu a cabeça no chão, mas não houve nenhum ferimento grave. Os

médicos que o examinaram após o acidente não verificaram anormalidade.

Três dias depois, na manhã do dia 15 daquele agosto, o menino entrou em

convulsões e foi imediatamente levado ao hospital de Pedro Leopoldo. Seu estado era

grave e ele foi imediatamente transferido para a Santa Casa, em Belo Horizonte. Duas

horas após, Tetéo falecia sem que os médicos pudessem sequer tentar qualquer coisa.

Filho do dentista Aguinaldo Soares Rodrigues e da professora Célia Diniz

Rodrigues, pessoas muito conhecidas na cidade, pertencentes a duas famílias

tradicionais e muitos bem relacionadas na comunidade, a morte de Tetéo, em

circunstâncias inusitadas, comoveu a cidade.

Quase um ano depois, no dia 30 de junho de 1984, Chico Xavier recebia, em

Uberaba, uma impressionante mensagem “pasicográfica” assinada pelo menino.

Na mensagem, surgem nomes, apelidos, dados e referências inteiramente

desconhecidas por Chico Xavier. Mesmo sendo de família espírita, inclusive neto de

Manuel (Lico) Diniz, um líder espírita contemporâneo de Chico, o médium, ao receber a

mensagem, mac conhecia sequer os pais do menino, por estar a muitos anos afastado

de nossa cidade.

(...) E foi como “uma bênção extraordinária” que o casal recebeu a mensagem.

Mais um fenômeno espantoso na vida mediúnica de Chico. Outras mensagens como

esta originaram filmes, manchetes e livros. Esta uma mensagem particularmente rara,

mesmo para os espíritas, considerando a pouca idade do menino, que, mesmo assim,

conforme acreditam milhões de espíritas no mundo inteiro, falou do Além-Túmulo aos

seus pais, a fim de consola-los e soerguer-lhes o ânimo abatido.

Os pais de Tetéo mandaram imprimir a mensagem com uma foto do garoto e

distribuíram-na entre a população da cidade. Aqui está ela seguida das notas

explicativas e que, segundo os familiares do menino, comprovam a autenticidade de

sua autoria: (...).

Este foi o preâmbulo que antecedeu a divulgação da carta mediúnica do garoto

Rangel pelo jornal Gazeta de Pedro Leopoldo, da cidade de Pedro Leopoldo, Minas

Gerais, edição outubro/1984, no. 42, em fiel reportagem intitulada: “O caso Tetéo”.

Observa-se neste trabalho, que a pequena idade de Tetéo chamou a atenção do

redator, considerando por tal motivo, como raridade, a mensagem psicografada.

De fato, na literatura espírita, há poucos casos semelhantes. E, para

compreende-los, lembraremos que as crianças desencarnadas tendem a assumir a

condição de adulto, que é anormal, exigindo para esse crescimento uma transformação

plástica do perispírito (ou corpo espiritual), em maior ou menor tempo, dependendo do

grau evolutivo do Espírito. Isto é, quanto maior o progresso moral e intelectual do

Espírito, maior será o seu poder mental (plástico) sobre as células do próprio

perispírito. (ver Evolução em Dois Mundos, F. C. Xavier, e W. Vieira, Segunda Parte,

Cap. 4, e Entre a Terra e o Céu, F.C. Xavier, Cap. 9 e 11, ambos do Espírito de André

Luiz, Ed. FEB).

Portanto, apesar de ter desencarnado não alfabetizado. Tetéo compareceu pela

escrita, bem desenvolvido pelo pouco tempo de desencarnação – “já estou mais

adiantado do que Mariana”, diz ele, referindo-se à sua irmãzinha, na época com 5 anos

-, revelando-nos um Espírito valoroso, já preocupado em ajudar os familiares que

deixou na Terra. Embora se dizendo auxiliado pelo avô na redação da carta, dá sua

contribuição pessoal, dentro de seus recursos, transmitindo novo ânimo e muita paz

aos entes queridos, afirmando, em certo momento, categórico: “Estou vivo e vou

crescer”.

Eis as palavras de Tetéo:

Querido papai Aguinaldo e querida mamãe Célia com vovó Lia.

Sou eu, o Tetéo. Estou aqui com meu avô Lico e com minha tia Gilda.

Vovô me auxilia a escrever porque estou aprendendo.

Estou vendo tia Lê e nosso amigo Sérgio, e vovô me diz que um menino

educado não deve esquecer os amigos.

Papai Aguinaldo e mamãe Célia. Venho pedir para não chorarem tanto por mim.

Mamãe, eu já estava doente quando falava e brincava com a Cota. Depois bati

com a cabeça no chão, mas fiquei forte. Ms a cabeça ficou pesada e você lembra a

noite em que chorei com a cabeça doendo...

Vi que papai ficou assustado e depois me lembro que saí carregado do quarto.

Depois nada mais vi. Ficou tudo tão escuro; depois ouvi papai me chamar: meu filho,

meu filho! Quis responder, mas não consegui. Acho que dormi muito.

Quando acordei estava perto de mim a moça que me pedia para não chorar e

chamar a ela minha tia Gilda. Depois o vovô Lico veio ao lugar onde eu estava e

comecei a chorar pedindo a ele para me levar para casa. Ele me abraçou e me disse:

Rangel, você não é um rapaz da moleza. Não chore assim, pois estamos em casa...

Procurei obedecer, mas estava com muitas saudades de Aguinaldinho e

Mariana, do papai e da mamãe, da cota, da vovó Lia, da vovó Dite, do vovô Totone, da

Lê, do tio Neca e da tia Maria, mas não queria falar nisso porque o meu avô e a minha

tia se mostravam tão bons para mim.

Muitos dias se passaram e vovô Lico me levou lá em casa. Papai, você estava

pensando por que não me havia levado nos passeios com meus irmãozinhos e

chorava... Expliquei que era muito doente e que você e mamãe não podiam sai sempre

comigo. Não chore mais, meu pai, pensando que eu ficasse triste. Eu ficava sempre

alegre esperando.

Aqui o vovô Lico me disse que eu não fui para a nossa casa para ficar muito

tempo, e que minha cabeça não me permitia passear muito. Estou dizendo isso para o

papai e a mamãe não ficarem preocupados.

Papai Aguinaldo, o vovô Lico pede para você não desanimar com o serviço e

não deixe a tia Bete desmarcar as consultas. Papai, se eu estivesse aí, com a boca

doente, você trataria, pois os meninos e a gente grande que o procuram conforme

penso hoje, são como eu mesmo. Já vi você falando com a vovó Dite que está

desanimado, não fique assim, eu estou vivo e vou crescer.

Estou aprendendo a escrever só para dizer ao seu carinho e ao carinho da

mamãe que não morri. Vou aprender muitas coisas e muitas lições para saber escrever

melhor. Mas já estou mais adiantado do que Mariana e creio que Aguinaldinho ficará

satisfeito.

Papai e mamãe, vovó Lia e tia Lê, não posso escrever mais, porque fiquei

cansado de fazer letras. Mas, quando eu puder, voltarei. Estou com muitas saudades e

isso vovô Lico me diz que posso escrever. Muitos abraços para os meus irmãos e

digam a eles que o Tetéo não desapareceu.

Mamãe Célia; estou feliz com a fé que as suas preces me oferecem.

Papai Aguinaldo; peço para que o seu coração esteja sorrindo. Vovó Lia

abraçará a todos por mim.

E para meu pai e minha mãezinha, muitos beijos do filho que lhes pede a

bênção.

Tetéo

Rangel Diniz Rodrigues.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1-Vó Lia, - Maria Luíza Diniz, avó materna, presente à reunião pública do GEP,

em Uberaba, MG.

2-Tetéo, - Assim, Rangel Diniz Rodrigues era chamado na intimidade. Nasceu

em Pedro Leopoldo, a 24/11/1980.

3-Avô Lico, - Manuel (Lico) Diniz, avô materno, desencarnado em 08/7/1979,

foi conhecido por Tetéo apenas por fotografia. Presidiu o Centro Espírita Luiz Gonzaga

de Pedro Leopoldo, no período de 1947 a 1979.

4-Tia Gilda, - Gilda Marta Soares, tia-avó paterna, desencarnada em

05/11/1954, aos 18 anos, com quem o pai de Tetéo tinha grande afinidade.

5-Vovô me auxilia a escrever porque estou aprendendo. – Após a reunião

pública, Chico Xavier explicou aos pais de Tetéo: “Um menino risonho e feliz chegou

com o Lico, que lhe disse:” Escreve sozinho, meu filho, vai demorar mais não tem

importância “. A capacidade mental dele foi dilatada, no momento de transmitir a

mensagem, para que ele conseguisse se expressar melhor”.

6-Tia Lê –Celma Pinto Pereira, amiga da família.

7-Sérgio Sérgio Luiz Ferreira Gonçalves, amigo da Família.

8-Mamãe; eu já estava doente quando falava e brincava com a cota. (...) Aqui

vovô Lico me disse que minha cabeça não me permitia passear muito. – Cota, apelido

de Maria Sandra Alcântara, já era auxiliar da família desde o nascimento de Tetéo. O

médium Xavier também esclareceu aos pais de Tetéo, após a reunião, que o filhinho

deles trazia, ao nascer, um problema no cérebro perispiritual que se refletia no cérebro

físico, de modo imperceptível, como uma espécie de aneurisma, que se romperia com

a mais leve contusão numa data previamente marcada pelos desígnios insondáveis,

porém justos do Criador.

9-e depois me lembro que saí carregado do quarto. - Seus pais esclareceram

(como as demais Notas e Identificações desta mensagem) que o filhinho se refere ao

momento me que foi conduzido ao hospital, às 7:40 horas do dia 15/8/1983.

10-Aguinaldinho e Mariana –Irmãos de 5 e 6 anos de idade, respectivamente.

11- Vovó Dite e Vovô Totone – Edith Soares Rodrigues e Antônio Hilário

Rodrigues, avós paternos.

12-Tio Neca e Tia Maria –Cláudio Berger e Maria Vianna Mello Berger, vizinhos

e amigos da família.

13-Papai, você estava pensando por que não me havia levado nos passeios

com meus irmãozinhos e chorava... Expliquei que era muito doente e que você e

mamãe não podiam sair sempre comigo. – Observa-se como os Espíritos podem “ler”

os nossos pensamentos, como também são capazes de nos intuir idéias.

14-Tia Bete –Maria Elizabeth Rodrigues Lessa, tia paterna, secretária do

Consultório Odontológico do Dr. Aguinaldo.

15-estou vivo e vou crescer. – Alguns casos semelhantes ao de Tetéo, em que

crianças desencarnadas em tenra idade atestam, pela mediunidade, seu

desenvolvimento no Além, foram documentados em algumas obras, tais como:

Reencontros, Cap. 10, e Estamos no Além, Cap. 2, 10 e 18, ambos de Francisco C.

Xavier, Espíritos Diversos, H.M.C. Arantes, IDE; Tempo e Amor, Cap. 7 e 8, de F.C.

Xavier, Espíritos Diversos, Clóvis Tavares, IDE.

16-creio que Aguinaldinho ficará satisfeito. - Os pais de Tetéo assim explicaram

este trecho da carta: “Realmente, em meados de abril deste ano (1984), Aguinaldinho

perguntou-nos se Rangel já sabia escrever. Respondemos ser provável que sim, pois

na” Casa do Papai do Céu “o desenvolvimento é mais rápido. Vimos alegria em seu

rosto, porquanto Aguinaldinho assumia sempre um comportamento paternalista em

relação ao irmão. Mariana, participando da conversa, disse que o irmão já estava

maior do que ela, quando então dissemos que talvez ele estivesse mais adiantado, pois

ela ainda não sabia escrever”.

17-Quando a família divulgou a mensagem, foi colocado na primeira página do

impresso o seguinte DEPOIMENTO: “Tão consolador para nossos corações

quando” ver “nosso filhinho nessa mensagem, é a certeza de poder dizer um

dia” Graças a Deus reencontramos nosso filho. Aguinaldo e Célia ““.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 7

IMPRUDÊNCIA E DESTINO

CÂNDIDO LUIZ CINTRA – RIBEIRÃO PRETO – SP.

Quando, em companhia de dois amigos, assentados num galho de árvore, que

se debruçava sobre o Rio Pardo, em Ribeirão Preto, SP, o jovem Candinho resolveu

saltar de ponta-cabeça, nunca poderia imaginar que estava mudando totalmente a rota

de seu destino. Pois esse salto, mal calculado, permitiu que sua cabeça atingisse, com

violência, o fundo arenoso do rio; ocasionando fraturas na região da nuca (coluna

cervical), com conseqüente rotura completa da medula nervosa, que provocou, de

imediato, paralisia total dos braços e pernas.

A partir desse momento, no dia 21 de agosto de 1982. Candinho sofreu muito,

submetendo-se a tratamento intensivo, inclusive cirurgia, superando complicações

várias que representaram lutas dolorosas para ele e sua família.

Porém, sete meses após o acidente, surgiu outra complicação numa das pernas,

a gravíssima gangrena gasosa, que exigiu urgente amputação. Contudo, tal

providência não foi suficiente para evitar a desencarnação de Candinho, ocorrida dias

após a cirurgia, em 30 de março de 1983.

*

Apenas oito meses após a perda física do filho querido, Da. Gladys Cintra sofreu

outro impacto doloroso: a desencarnação do genro Saleh Gemha.

Foi a partir dessa época que ela começou a procurar consolo no Espiritismo,

encontrando em Uberaba, na noite de 05 de maio de 1984, a feliz oportunidade de

receber longa carta do filho inesquecível, repleta de consolo e elucidações,

reconfortando seu coração e de todos os seus familiares.

Candinho, Espírito, já refeito do final tumultuado de sua existência física, e bem

informado das Leis Divinas que regem nossos destinos, trouxe em sua carta preciosos

ensinamentos para a meditação de todos nós, como veremos a seguir:

CARTA-MENSAGEM.

Querida Mãezinha Gladys; tenho o querido papai Vino em nossa

lembrança a fim de associa-lo ao meu pedido de bênção.

Muito grato mamãe, por sua dedicação,; buscando-me longe para darlhe

notícias. Não se julgue esquecida por seu filho. Quanto se me faz possível, estou

em casa, acompanhando de perto suas saudades e seu anseio de saber... Saber onde

me encontro para que nos entendamos:

Entretanto, as dificuldades do intercâmbio são naturais e peço-lhe

perdão pela espera longa.

Rogo-lhe não aceitar a ilusória alegação de que vontade de Deus me

teria mergulhado a cabeça nas areias sólidas do rio! A lei se cumpriu.

Depois, o meu esforço laborioso para restabelecer a saúde. Os dias de

sofrimento me ensinaram que todas as experiências são degraus para a elevação a

Planos Melhores. Decerto, paguei uma dívida de existências passadas, felizmente sem

fazer outra.

Aqui, pude receber explicações que me atenderam a fome do

conhecimento.

Atirar-me ao mergulho no rio, desconhecendo que a areia poderia ter

formado determinadas cristalizações no sítio onde se efetuou o incidente com a minha

ruptura da coluna, a ponto de partir a medula, foi realmente uma temeridade, porque,

a nosso ver, poderia eu estar obedecendo a impulsos estranhos a mim próprio; e, em

seguida, foi o trabalho em que a vi se perder em empreitas quase sem fim, sem que

nos fosse possível imaginar quanto tempo despenderia num tratamento caro e difícil,

do qual não poderia, de minha parte, auferir qualquer benefício.

Confesso-lhe que vendo agravar-se a minha situação; muitas vezes solicitei à

morte me beneficiasse com o repouso. Não se nos desta a força da vida, senão quando

a determinação das Leis Divinas delibere tomar em consideração os problemas que nos

afligem...

Observa a tristeza com que papai Vino me observava e procurava ler em seus

olhos a gravidade de minha situação. Agora que o trinta de março do ano passado me

liberou do corpo físico para entender melhor todas as dificuldades necessárias aos

meus vinte e dois anos de existência física, que ardiam no ideal da formação de um lar

em que pudesse expandir todos os meus sonhos, mas aquela prisão no leito

informava-me ao coração,, que a paciência se me faria o remédio necessário e

essencial a fim de alcançar os efeitos negativos em relação `s minhas esperanças.

Agradeço o carinho que me proporcionou sempre, sem uma palavra de

lamentação ou de queixa contra os desígnios de Deus, porque o seu exemplo de fé em

Deus me transmitia coragem para suportar a realidade, já que a minha medula

estragada era um problema irreversível.

Mamãe; sou grato a todos os nossos, mas especialmente ao seu devotamente

que nunca me deixou sem a precisa orientação para o melhor a fazer.

Com os dias, os meus sonhos de rapaz tomaram rumo novo e preparei-me no

íntimo para a largada que se consumou sob o auxílio do vovô João e de outros amigos,

descerrando-me horizontes novos à própria visão...

Quando o nosso Saleh chegou ao nosso ambiente espiritual, estava eu nos

primeiros dias de melhora e pude observar quanto lhe pesaram os sofrimentos de

adaptação à vida espiritual.

Peço-lhe, porém, dizer à nossa querida Maruá Lúcia que ele presentemente está

passando melhor, com mais amplas elucidações para as convicções religiosas.

Falando nisso, querida mãezinha Gladys, rogo-lhe muita serenidade para tratar

coma nossa Maria Lúcia as questões que ainda a preocupam.

O Saleh está mais forte, porém, não tão forte quanto me acontece, de vez que

a dianteira que fui obrigado a tomar me propiciou algum fortalecimento que estou

conduzindo para frente com grandes anseios de melhoria em meu campo íntimo. Como

pode ver, Mamãe, ainda não tenho a memória integralmente refeita e é por isso que as

minhas palavras não me saem do cérebro e das mãos com a segurança precisa.

Desculpe-me se venho como estou ao seu encontro, mas não dispunha de outra

maneira para falar consigo, senão recorrendo à bondade dos amigos espirituais que

me supervisionam a existência.

Peço-lhe calma e resistência, porque a saudade vem para ficar em nós, quando

se trata de separação qual a nossa, em que o papai Vino e sua abnegação

reconheceram que me aproximava do fim da experiência física. Mãezinha, rogo-lhe

levar ao papai a certeza de que estou vivo, cada vez mais vivo para lhes ser útil um

dia.

Meu tratamento aqui na Vida maior tem sido vagaroso porque aquele mergulho

infeliz, expondo todo o crânio na areia petrificada criou muitos problemas para mim

mesmo, pois trazemos para cá os obstáculos que criamos contra nós mesmos.

Minhas idéias ainda estão funcionando com muita lentidão, motivo pelo qual

peço perdão aos amigos que me amparam com a sua presença no recinto, a fim de

que lhes escreva.

Peço-lhes dizer aos manos Antonio José, João Francisco, ao Marco Antônio e ao

Marcelo Fernando para se protegerem conta essas surpresas daqui.

Somos vítimas de acidentes determinados, mas mesmo assim respeitamos as

conseqüências. Pelo menos, rogo a eles para não saltarem sobre as águas do mar ou

de qualquer rio ou lago sem se certificarem de que existem entraves no local. Sei que

estou cumprindo os restos de uma provação que a vida me reservava, mas creio hoje

que poderia atenuar-lhe o rigor, observando primeiramente em que região estava

dirigindo o meu cérebro em saldo de parafuso.

O meu avô João tem sido aqui o meu melhor intérprete e sou agradecido a ele

por todo o bem que me faz.

Mãezinha Gladys; não posso estender-me por mais tempo. Estou ainda em

tratamento, graças a Deus, muito bem conduzido, mas o nosso Padre Euclides me

buscou para esta tentativa de carta, de modo a tranqüiliza-la e acalmar o coração

dolorido do papai.

Nada me incomoda a não ser saudades da família, mas compreendo que onde

estou a saudade é assunto de todos e não sou melhor do que meus companheiros,

pois compartilho dos esforços de minha turma constituída de rapazes acidentados.

Alguns sofrem ainda os traumas da desencarnação violente por choque de máquinas,

outros foram vítimas de quedas casuais do alto de grandes edifícios, outros foram

repentinamente arrancados à vida física em virtude de descida ao fundo de elevadores

por desatenção, e, quanto a mim, luto para refazer os centros do cérebro, que ficaram

muito comprometidos com aquele banho inoportuno, em que não me armei com a

necessária responsabilidade quanto ao lugar a que me precipitei.

Mãezinha; abençoe-me, perdoando a minha imprudência.

Aqui estão muitos amigos que me encorajam a escrever, ante a minha

indecisão pelas dificuldades com os lapsos ligeiros da memória.

Sou agradecido a todos. Um abração ao papai Vino e muito carinho a todos os

meus irmãos.

Esperando comparecer diante de seu coração para notícias com mais

desembaraço, beijo as suas mãos queridas e reafirmo-lhe que continuo a ser sempre

seu filho reconhecido e o seu Candinho de sempre, sempre a lhe dever juntamente de

meu pai, tudo o que eu poderia receber de bom e belo da vida. Estaremos sempre

juntos porque filhos e pais nunca se distanciam uns dos outros e, mais uma vez, peçolhe

endereçar-me a força de suas preces, porque sou sempre necessitado de seu

amor.

Sempre o seu filho, com todo o meu coração.

Candinho.

Cândido Luiz Cintra.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E INDENTIFICAÇÕES

1-Psicografia de Francisco C. Xavier, em reunião pública do GEP, Uberaba, MG a

05/5/1984.

2 –Mãezinha Gladys e papai Vino – Casal Gladys Bolonga Cintra e Valdivino

Cândido Cintra, residentes em Ribeirão Preto, SP.

3 –Rogo-lhe não aceitar a ilusória alegação de que a vontade de Deus me teria

mergulhado a cabeça nas areias sólidas do rio! (...) Sei que estou cumprindo os restos

de uma provação que a vida me reservava, mas creio hoje que poderia atenuar-lhe o

rigor, observando primeiramente em que região estava dirigindo o meu cérebro em

saldo de parafuso. – O confrade Carlos A Baccelli, presente à reunião na qual

Candinho se comunicou, redigiu oportuno comentário em torno das

importantes observações em epígrafe, publicada no jornal “Folha Espírita”,

julho/1984, São Paulo, SP, que a seguir transcrevemos.

CARMA E IMPRUDÊNCIA”

Sábado passado dia 5 de maio, o nosso Chico recebeu uma mensagem do

Jovem Candinho; a mãezinha, presente, emocionou-se bastante. O espírito

comunicante descreve detalhadamente o desenlace; foi mergulhar num rio e, não

tendo perfeita noção da profundidade, fraturou a medula em conseqüência do violento

choque na areia cristalizada.

Quando terminou a leitura da página mediúnica, entregando-a à respectiva

destinatária, enquanto autografava os livros o Chico comentou: “Esta mensagem

merece uma palestra. O rapaz se refere a um tema muito interessante – o carma da

imprudência; não resgatamos apenas faltas de vidas passadas, existem erros que são

resgatados imediatamente, as conseqüências são instantâneas...”.

De fato, costumamos atribuir tudo ao passado longínquo, tentando tudo

explicar baseando-nos nas pretéritas existências, nos esquecendo, porém do passado

recente, das conseqüências que sofremos hoje pelas decisões de agora... Pela

imprudência estamos no dia-a-dia também elaborando o carma correspondente. Falanos

Emmanuel em primorosa página que todo dia é oportunidade de se refazer o

destino...

A rigor, não podemos afirmar que aquele que se vitimou no trânsito, por estar

abusando da velocidade, esteja se submetendo à inevitável resgate de encarnações

anteriores – poderá estar resgatando a falta de imprudência, por não respeitar as leis

estabelecidas.

Aprendemos com o Espiritismo que a fatalidade é uma coisa muito relativa, de

vez que “o mal não carece de ser resgatado pelo mal e se o bem chegar primeiro”...

Aquilo que nos parece inevitável, não raro é fruto da invigilância. Mesmo quando

renascemos dentro de um quadro de ásperas provações, elas poderão ser suavizadas;

numa falta sempre existem atenuantes e agravantes.

Busquemos um outro exemplo. Aquele que, imprudentemente, atravessa no

meio de um tiroteio e é fulminado, foi arrastado pela fatalidade ou, no uso pleno do

seu livre-arbítrio, imaginou que não seria alvejado? Ora, a probabilidade de um projétil

nos atingir, quando passamos entre o chamado fogo cerrado é muito grande... O que

recomenda o bom sendo? Que esperemos as coisas se acalmarem.

A imprudência, sem dúvida, tem sido responsável por milhares de óbitos em

todo o mundo.

Alguém poderá indagar: onde estarão os Benfeitores Espirituais? Ora, nós não

os temos a tiracolo... Acontecimentos existem que não há margem de tempo para uma

antecipação da Espiritualidade Amiga. Cada qual tem a companhia espiritual que

merece e também que carece. Quer dizer: quanto maior a responsabilidade do

reencarnantes, maior a supervisão do Mundo Maior.

Poderíamos, então, classificar toda imprudência como suicídio? É claro que no

suicídio precisamos levar em conta a consciência do ato, a intenção. André Luiz,

conforme sabemos, foi considerado suicida na Vida Maior, única e exclusivamente por

ter abusado da saúde. Os alcoólatras inveterados, pela imprudência, em que pese as

muitas advertências que recebem de familiares, amigos e médicos, estão cometendo

suicídio. E tal é válido igualmente para os que exageram no cigarro, na alimentação,

etc.

Ao lado, portanto, do carma de ontem, existe o carma de hoje; se muitas faltas

que resgatamos parceladamente, consoante a Misericórdia Divina, existem aquelas que

já trazem em si mesmas as funestas conseqüências imediatas...

O jovem Candinho, preparando-se para saltar num trecho desconhecido do Rio

Pardo, deveria ter a preocupação de verificar os perigos existentes, porquanto não

bastava saber nadar...

Carecemos de ter mais cuidado com a vida, na deixando tudo para que a

Espiritualidade Superior providencie. Se a desencarnação chega, mesmo com toda a

prudência de nossa parte, aí então, sim: é fatalidade, ou seja, chegou a hora da

partida.

O assunto ainda nos leva a examinar os desequilíbrios emocionais que

permitimos dominar-nos. Contudo, nos impacientamos, aderimos facilmente à cólera,

fulminamos os órgãos mais sensíveis com vibrações envenenadas... Ora, com o

tempo; somados todos esses instantes de emoções incendiárias dentro de nós, vem a

complicação orgânica irreversível e, consequentemente, a desencarnação; se podíamos

viver 80 anos, vivemos apenas 50 anos... Essas pequenas imprudências diárias geram

carmas para muito tempo.

Ajuda-te e o céu de ajudará” – fala o Evangelho. Cuidemos para que não

sejamos surpreendidos pela invigilância retornando ao Mundo Espiritual,

profundamente decepcionados, como quem se prepara para atravessar um rio

caudaloso e só percebe que o barco está furado depois que largou a margem...”“.

4 –Confesso-lhe que, vendo agravar-se a minha situação, muitas vezes solicitei

à morte me beneficiasse como repouso. – Contou-nos D. Gladys: “Muitas vezes,

Candinho chorava e pedia a morte”.

5 –Vovô João – João Cândido Cintra, avô paterno, desencarnado em

19/02/1079.

6 –Quando o nosso Saleh chegou ao nosso ambiente espiritual, estava eu nos

primeiros dias de melhoras – Saleh Gemha, seu cunhado, casado com Maria Lúcia,

desencarnou em Ribeirão Preto, a 28/11/1983. Além de cunhados, eram amigos, tendo

Saleh colaborado bastante na assistência a Candinho, durante sua longa enfermidade.

7 –A Visão de Saleh.

Dois dias antes de sua desencarnação, Saleh estava hospitalizado, mas gozava

melhoras, mostrando-se lúcido e tranqüilo. Pela manhã, ao receber uma visita de sua

sogra, D. Gladys; contou-lhe que tivera visões surpreendentes naquela noite, nos

seguintes termos: “Nesta noite, Candinho e meu pai não saíram da beira de minha

cama”. Como Saleh era muito brincalhão, ela não acreditou e até mesmo o repreendeu

por envolver a memória de seu filho e do progenitor (ambos desencarnados) naquela

narrativa.

O tempo passou. Algumas vezes, D. Gladys lembrou-se do fato, cultivando

sempre grande dúvida a respeito. Mas, recentemente, a 08/3/1985, em reunião

pública do GEP, na cidade de Uberaba, em diálogo com Chico Xavier, ela recebeu a

inesperada informação:

-A senhora sabe que Saleh, antes de morrer, viu seu filho Candinho?

Foi então que D. Gladys contou a Chico Xavier o “caso” daquela visão de Saleh,

que ela não havia acreditado e, até então, totalmente desconhecido do médium...

É também digno de nota que no dia seguinte à visão, Saleh apresentou

peritonite, gravíssima complicação de seu processo infeccioso, que, em 24 horas, o

levou ao óbito. Porém, os Benfeitores Espirituais sabiam da evolução do quadro clínico

e já o preparavam, com antecedência, para a despedida do Plano Físico. Eis porque

Chico Xavier completou o recado mediúnico (naturalmente, informado por Candinho,

que naquela noite escreveu nova carta à sua mãe) dizendo:

“Naquele dia, Candinho foi ao encontro de Saleh para ajuda-lo na passagem

para a Vida Espiritual”.

8 –Meu tratamento aqui na Cida Maior tem sido vagaroso (...) porque trazemos

para cá os obstáculos que criamos contra nós mesmos. (...) Alguns sofrem ainda os

traumas da desencarnação violenta (...), luto por refazer os centros do cérebro. – O

problema maior de saúde de Candinho, conforme sua carta, é tratar do cérebro

perispiritual lesado, conseqüência do trauma sofrido em vida carnal. Os centros vitais

do cérebro são: o centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da

mente; e o centro cerebral, contíguo ao coronário, conforme nos elucida André Luiz em

seu livro Evolução em Dois Mundos (Francisco C. Xavier e W. Vieira, Ed. FEB, Cap. II,

Primeira Parte).

9 –Antônio José, João Francisco, Marco Antônio e Marcelo Fernando – Irmãos.

10 –Padre Euclides –Padre Euclides Gomes Carneiro, desencarnado em

26/1/1945, fundou em Ribeirão Preto, um asilo para velhinhos, hoje chamado “Padre

Euclides”. Esse virtuoso sacerdote também amparou, no Além. Paulo Marcelo Reis

Azevedo, segundo carta mediúnica desse jovem ribeirão-pretano, publicada no livro

Estamos no Além (Francisco C. Xavier, Espíritos Diversos, Hércio M. C. Arantes, Ed.

IDE, Cap. 16, Nota 9).

11 –Candinho – Cândido Luiz Cintra, Candinho na intimidade, nascido em

Ribeirão Preto, SP, a 10/1/1960, era estudante de Comunicação. O jornal O Diário de

sua cidade, edição no. 10.935, de 15/7/1984, p. 2, na seção Escreve o Leitor, prestoulhe

expressiva homenagem, transcrevendo, na íntegra, a sua primeira carta

mediúnica, com o seguinte preâmbulo: “MENSAGEM DO ALÉM”. O autor desta carta;

psicografada pelo médium Chico Xavier; foi funcionário deste jornal, muito jovem

ainda, iniciando em 1975 até 1982: A pedido de sua mãe, Sra. Gladys; publicamos

hoje sua mensagem, na certeza de que lá em cima ele estará feliz e sorrindo, nos

confortando e nos protegendo. Ao Candinho, um abraço de todos nós, de O Diário ““.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 8

MOTOQUEIRO LEVANTA-SE E

PASSA POR CIMA

LUCIANO DE CASTRO ALVES MACHADO – GOIÂNIA-GO.

Aqui comparece Luciano de Castro Alves Machado, vitimado em acidente de

moto, a 19 de fevereiro de 1982, portador de mensagem otimista e consoladora,

conseguindo, com o seu palavreado descontraído, brincar – brincalhão que era em vida

física – e falar sério ao mesmo tempo.

E ele conseguiu o seu objetivo: “Estou nesta carta, com todas as minhas

reservas de alegria para deslocar o pó de amargura que a minha viagem súbita tem

deixado em nosso ambiente”. – Pois seus pais, residentes na Capital Goiana, em

atenciosa missiva, nos disseram: “Na família, a repercussão da mensagem foi muito

grande, proporcionando um conforto maravilhoso para nós: pais, irmãos e tios”.

Ouçamos as palavras do destemeroso motoqueiro:

Oi, mamãe Eunice.

Estamos aqui, morte nada.

Apenas um susto leve que me atirou em barra pesada. Que a queda foi

um assunto para muitas anotações, não tenho dúvida. Mas queda de máquina quase

voadora é assim mesmo. A gente se levanta, vê um monte de poeira e passa por cima.

O certo, mãe querida, é que se eu conseguisse voltar de improviso à

nossa casa, o meu pedido de apoio para a aquisição de novas galochas em estilo

super-Honda seria aquele mesmo de quando me entendi com o papai Manoel sobre a

minha máquina favorita.

Essa história de mortes por velocidade na Terra chega a ser um tabu.

Todos os dias, que se consulta o necrológio nos jornais, é muita gente

privada do mundo e não transitava em moto alguma.

Quando a dona da separação está chegando, ela manda e não pede. E a

gente fica estimando-a do mesmo modo.

Perdoe-me se voltei para cá sem aviso. O negócio apertou na hora e não

houve tempo para simples anotações. Estou, entretanto, nesta carta, com todas as

minhas reservas de alegria para deslocar o pó de amargura que a minha viagem súbita

tem deixado em nosso ambiente.

Você, mamãe Eunice, desejará saber com razão, quem me recebeu aqui,

depois que me desfiz da roupa imprestável. Foi o vovô Cristiano, que não conheci de

pronto. Ele sorriu para mim e conquanto me tive atarantado, na ocasião me falou com

calma que, se estivesse em meu lugar, teria aproveitado o máximo, amigo nobre e

feliz. Acolheu-me com as condecorações de um parente rico sem qualquer empáfia.

Tanto me carregou nos braços, como me serviu alimentação e remédio, antes que eu

viesse a cair no sono.

Depois, quando me viu cochilando, vencido e indisposto, entregou-me à

vovó Maria Rosa para que não me faltasse uma enfermeira pra ninguém botar defeito.

Engraçado é que encontrei naturalidade em tudo. Soube que aí se

chorou muito: no entanto, em nosso meio a alegria foi geral, quando me vi refeito e

colocado de pé.

Não desejo a morte para ninguém, porque aí no mundo, a coitada é tal

mal vista e tão mal entendida que basta um elogio a ela para que qualquer ouvinte se

faça cabreiro. Mas essa infeliz carcereira da chave de abertura não consegue mostrar

às criaturas que é mensageira do bem e da paz. Em meu caso, tudo funcionou com

acerto. Figurino exato. Mas não estou prosando à maneira de menino birutado com

novidades que ainda não chegou a compreender. Falo da morte com o respeito que lhe

devemos, não só pelo socorro que nos oferece, como também pelas lágrimas que ela

provoca nas pessoas que amamos.

Não me suponha desligado da família, saudade aqui é aquela tirana que

se bebe a força, todos os dias; no entanto, creio que toda família deve possuir um

representante aqui na vida espiritual. A vivo Maria Rosa ocupava esse cargo de 1976.

Agora deve ser eu quem me incumba de nossos assuntos, embora esteja longe de

qualquer privilégio.

Estou fazendo força, qual acontece a qualquer rapaz que já sabe que não

atravessará esse ou aquele vestibular, à custa de lágrimas. Com o choro consigo

piedade e não é disso que preciso. Afirmando isso quero explicar ao seu carinho, ao

papai Manoel, ao Eduardo, ao Humberto e ao Fernando que tenho coração para sentir

e chorar, e que sou agradecido aos sentimentos de amor com que me seguiram em

meu percurso para cá, no qual a gente está com a multidão dos amigos somente

enquanto a porta de saída está visível. E já que o viajante, isto é, nos outros, os

desencarnados, estamos na mordaça do silêncio, qualquer um dos amigos que obtenho

por aqui, se pudesse, na hora do adeus estaria pronto à gratidão e ao xingatório.

Não sei, não; creio, entretanto, que muitos companheiros da família vão

ao cemitério a fim de fazer presença com interesse oculto, caindo fora, logo que

possível.

O viajante, porém, aquele que parte não tem direito e nem passagem de

volta. A viagem da morte é de mão única. Por isso mesmo, admito que tenho razão

para afirmar que tudo acatei sem mesquinharia e sem medo. Já que era preciso

mudar, e com a autoridade de outros a pensar na solução do problema, agüentei

firme.

Meu pranto de saudade dos pais queridos e dos irmãos inesquecíveis foi

cousa de estudante escondido no quarto nos primeiros tempos de internato, para

recordar o carinho de casa, e não chorar nos travesseiros inutilmente. É isso ai.

Ninguém terá o topete de afirmar que entrei na vida espiritual fugindo do

lobisomem. Encontrei meu avô Cristiano, recebi a dedicação da vovó Maria Rosa e

estou fazendo força para minimizar o trabalho da família a meu respeito.

Mãezinha Eunice; agradeço os seus parabéns e orações do dia 21

passado; os seus pensamentos de ternura e bondade, rogando a Jesus por mim, foram

os melhores brindes de aniversário que recebi até hoje.

Creio haver trazido minhas notícias no padrão desejável, nem regozijo

de ausência, nem lamentação por ordens recebidas.

Lembranças aos irmãos queridos, pensando também no carinho de

Eliomar. Para você mãezinha Eunice, e para o meu pai Manoel, um beijo de muita

saudade e muita confiança em Deus do seu filho, aliás, do seu filho de sempre.

Luciano.

Luciano de Castro Alves Machado.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 –Carta psicografada por Francisco C. Xavier em reunião pública do GEP,

Uberaba, a 03/9/1983.

2 –Mamãe Eunice e papai Manoel – Da. Eunice Castro Machado e Dr. Manoel

Alves Machado, seus pais.

3 –Vovô Cristiano –Cristiano Corra Rosa, bisavô, desencarnado em 1941.

4 –Vovó Maria Rosa – Maria Rosa de Castro, avó materna, desencarnada em

1976.

5 –a morte (...) é a mensageira do bem e da paz. Em meu caso, tudo funcionou

com acerto. Figurino exato. – à luz do Espiritismo, Luciano tem razão. O momento da

morte é determinado pelos Desígnios do Criador, que nos comandam os destinos com

Justiça e Misericórdia Perfeitas (O Livro dos Espíritos, Kardec, Questão 853), sendo ela,

portanto, a mensageira do melhor para cada um de nós. A desencarnação prematura

do jovem não foi provocada por imprudência, mas estava programada pelo Mais alto,

conforme suas palavras, agora alicerçada em compreensão mais ampla.

6 –Eduardo, Humberto e Fernando, - Irmão.

7 –Eliomar; – colega de Luciano, que também transitava em outra moto na

hora do acidente.

8 –Qualquer um dos amigos que obtenho por aqui, se pudesse, na hora do

adeus estaria pronto à gratidão e ao xingatório. (...), muitos companheiros da família

vão ao cemitério a fim de fazer presença com interesse oculto, caindo fora, logo que

possível. – Sobre a importância da caridade para com os recém-desencarnados, nos

velórios ou nos enterros, que pode ser exercida com a prece, o silêncio ou a

conversação digna, é comentada pelo Espírito de André Luiz em alguns de seus livros,

tais como: Conduta espírita (W. Vieira, Cap. 36); Obreiros da Vida Eterna (F. C.

Xavier, FEB, Cap. 14): Sexo e Destino (F. C. Xavier, W. Vieira, FEB, Segunda Parte,

Cap. 5).

9 –Luciano de Castro Alves Machado – Nascido em Goiânia, GO, a 21/8/1961,

exercia as funções de Escrivão Substituto do 2o. Cartório dos Feitos da Fazenda Pública

Municipal de Goiânia. Sempre prestativo; humilde e alegre, tornou-se um filho

exemplar. Através de Lei Municipal, datada de 28/3/1982, a Prefeitura da Capital

Goiana prestou expressiva homenagem póstuma ao jovem, dando o seu nome à rua

onde residem seus pais, antes denominada Base Aérea.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 9

NOIVOS OUTRA VEZ...

NAYÁ SIQUEIRA DE AMORIM – GOIÂNIA – GO.

Desencarnada às vésperas de completar 87 anos de idade, D. Nayá Siqueira de

Amorim, de Goiânia, GO, deixou aos seus familiares as melhores lembranças que uma

esposa; mãe e avó dedicada e virtuosa pode doar aos seus entes queridos.

Em sua longa e útil trajetória terrena também não esqueceu dos mais

necessitados de outras famílias, dos irmãos em Deus – segundo depoimento de suas

filhas Lélia e Lelé -, que principalmente quando abraçou a Doutrina espírita, que “a

lançou numa ordem de coisas tão novas e tão grandes, que modificou totalmente sua

vida, tornando-a mais desprendida, caridosa e humilde”.

D. Nayá sempre deu muito valor ao trabalho e dizia que “o vício entra pela hora

vazia”. Levantava-se muito cedo e, de manhãzinha, os vizinhos já podiam escutar o

barulho de sua máquina de costura, onde confeccionou com carinho, centenas de

roupas para os necessitados.

Na velhice, foi muito resignada, suportando os sofrimentos dos últimos anos

sem queixa e amargura, dando sempre exemplos de fé e otimismo. “Quando ainda

tinha condições de usar o telefone, utilizava-o para transmitir coragem e alegria aos

familiares e amigos. Filhos; genros e netos que também adoravam suas cartas e

chamavam-na” fortaleza “.

Como veremos a seguir, um ano após sua desencarnação, em 12 de outubro de

1984, na reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, pelo lápis mediúnico

de Chico Xavier, ela voltou a dialogar com as filhas queridas, em carta repleta do

habitual carinho maternal e rica em informações, que comoveu toda a família,

principalmente quando abordou o episódio do reencontro com o esposo, já domiciliado

no Além...”Queridas filhas, cheguei a prensar que éramos noivos outra vez e foi com

lágrimas de alegria que agradeci a Deus por todas as estradas que atravessamos no

mundo...”.

Eis a Carta:

Queridas Filhas, Lélia e Lelé.

Deus nos abençoe.

Ainda me vejo convalescente, embora com lucidez recuperada. A Mamãe

Zulmira é quem me fez a bondade de trazer-me até aqui, a fim de afirmar-lhe que as

mães nunca morrem. Desejo, entretanto, agradecer à nossa Lelé, o tempo de renúncia

total por minha causa. Presa quase ao meu leito, amparando-me a qualquer sinal que

eu fizesse,

Querida Lélia, você sabe quanto amo vocês todas. Você, Lelé, Lucíola, Laila e

Leny, tanto quanto o nosso Leônidas com a estimada Arlene; estão em meu carinho

permanente.

Perdoe-me se nos tempos últimos de minha longa semiconsciência; alguma vez

fui áspera em minhas observações. Creio que na velhice do corpo voltamos a ser

crianças, por vezes teimosas e choramingas. Aqueles meses de prostração me

serviram muito, pois aqui vim, a saber, que todo aquele tempo de inércia mental me

esperaria na vida em que hoje me encontro, caso não tivesse atravessado a prova que

me encerrava no leito.

Lelé, Deus abençoe os seus novos passos. Conheci você, com mais segurança,

quando a dor me criou imobilidade que a incomodava tanto. Eu fui a sua criança

doente, e a sua doente complicada que o seu carinho tolerava com tanta bondade. Via

em seus gestos as lembranças de São Francisco, a quem você consagrou a existência.

Filhas; não me vi liberta de um momento para outro. O meu entendimento

estava obscurecido por aquilo que eu considerava por nuvens pesadas e, por isso, não

posso precisar a hora exata em que me desligaram do corpo fatigado. Lembro-me que

me vi acordando numa outra casa com a minha Mãe Zulmira à cabeceira e coma nossa

irmã Filomena a fitar-me de frente. Já conhecia bastante as descrições de amizade,

que nos falavam da Vida Espiritual e por isso, embora surpreendida, não me espantei a

presença de minha Mãe e da nossa prezada Filomena por bênçãos de Deus.

Estava eu mesma, a sentir-me doente, mas fui informada de que estaria em

tratamento, por alguns meses, até que o Antenor pudesse me buscar. Nesse recanto,

recebi a visita de amigas que eu sempre trouxe no coração: a nossa irmã Esmeralda

Bittencourt me cercou de carinho com um grupo de irmãs que faziam comigo,

diariamente o culto do Evangelho de Jesus; a irmã Olímpia Belém; com quem muitas

vezes entrei em contato sobre as crianças que ela tutelava; a nossa estimada Dona

Gercina veio reconfortar-me, falando-me dos nossos dias de trabalho no nascimento

de Goiânia; a nossa irmã Luzia Seabra, de Rio Verde, me fortalecia com expressões de

amizade e compreensão; o Villela veio renovar-me as forças em companhia do Alvicto

e fiquei feliz ao vê-los juntos.

Tanta gente me brindava com o melhor carinho e, bafejada por essas

manifestações de bondade, atravessei tratamentos diversos, até que o Antenor

chegasse para renovar a minha felicidade.

Queridas filhas; cheguei a pensar que éramos noivos outra vez e foi com

lágrimas de alegria que agradecia a Deus por todas as estradas que atravessamos no

mundo...

Antenor me conduziu a uma residência nova, em que consegui rever minha

irmã Anita, a Madre Otávia e a Irmã Rosa Gorda, do Colégio Santana de Goiás, e

tantas alegrias me foram doadas que paro aqui para dizer-lhes, incluindo o nosso

Leônidas e as minhas filhas ausentes que, apesar de tantas concessões, as saudades

de Mãe não diminuíram.

Filhas queridas; o Antenor que me acompanha e me assiste recomenda-me

finalizar esta carta, o que faço com pesar. Saibam vocês todos; filhas queridas, que as

amarei sempre, sem me esquecer dos netos, a começar por nossa querida Simone.

Meu carinho a todos.

Querida Lelé,; tenho acompanhado a sua nova missão, e peço a Jesus abençoala

sempre.

Com muita confiança em Deus e muita esperança de sabe-las sempre unidas e

de saber também que o nosso Leônidas está feliz, reúno-as a todas as filhas queridas e

ao meu filho sempre lembrado, e no mesmo abraço em que me retenho junto de meu

coração, sou a Mamãe para sempre agradecida.

Nayá.

Nayá S. de Amorim.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 –Lélia -, Da. Lélia de Amorim Nogueira, filha, residente no Setor Sul, em

Goiânia, GO. Interessante depoimento de sua autoria, sobre a mediunidade de Chico

Xavier, integra o livro Amor e Luz (F. C. Xavier, Emmanuel, Testemunhos Diversos,

R.S. Germinhasi, IDEAL, S. Paulo, pp. 42-49).

2 –Lelé -. Assim chamada na intimidade, Da. Adelaide Siqueira de Amorim, filha

de D. Nayá.

3 –Mamãe Zulmira – Sua progenitora, desencarnada em 1940.

4 –Lucíola, Laila e Leny –Filhas.

5 –Leônidas com a estima Arlene –Filho e nora.

6 –Lelé, Deus abençoe os seus novos passos. (...) Via em seus gestos as

lembranças de São Francisco, a quem você consagrou a existência. (...), tenho

acompanhado sai nova missão – Os novos passos aqui citados referem-se às

atividades atuais de sua filha – no momento, é diretora administrativa da Maternidade

Dona Íris um dos órgãos das Legionárias do Bem Estar Social de Goiás -, depois que

abandonou o hábito religioso e tornou-se espírita. Na época desse fato houve

repercussão de sua decisão; tendo o jornal Diário da Manhã, de Goiânia, GO, em sua

edição de 31/12/1980, publicada extensa reportagem-entrevista, transcrita pelo

Anuário Espírita 1982 (IDE, Araras, SP, pp. 179-183), do qual reproduziremos alguns

tópicos:

Depois de 31 anos de vida monástica. Adelaide Siqueira de Amorim, uma freira

franciscana conhecida pelo nome de Irmã Nelly, mudou não só de hábito como

também de religião, tornando-se espírita”.

Durante muitos anos, Irmã Nelly dirigiu o Colégio Santa Clara; sendo talvez a

principal responsável pelo ótimo conceito em que esse educandário era tido até a

algum tempo, quando geralmente era apontado como um dos melhores de Goiás.

Sempre ligada ao magistério, ela tornou-se, depois, diretora do Colégio Coração

Imaculado de Maria; de Itaberaí, onde lecionava matérias como português, latim e

francês. (...). Pelo relevante trabalho educacional realizado em Itaberaí, GO, a exfreira

Adelaide recebeu os títulos de Cidadania e Benemérita do Ensino em Goiás, do

Governo Estadual.

(...) a senhora é, hoje, espírita?

-Se ser espírita kardecista – responde a ex-freira – é servir a Deus nas

criaturas, procura-Lo e vivencia-Lo nelas; ir ao encontro do Cristo que se apresenta,

velado, nos pobres mais pobres, nos corações desesperados e aflitos, nos doentes de

corpo e da alma, nos abandonados, desprezados por todos, até por si mesmos; se ser

espírita é socorrer os leprosos; se ser espírita é ser presença de Jesus, ter fé, ser

apóstolo, perdoas, receber ofensa com humildade, ver nos humildes sua própria

inferioridade, renunciar ao próprio gozo em favor do bem comum; se ser espírita é

isto, então eu estou tentando tornar-me espírita, que é o mesmo que ser cristã. A

Doutrina Espírita é o Evangelho Redivivo, porque o Espiritismo traz de novo as lições

de Jesus.

7 –Irmã Filomena a fitar-me de frente. – “Dona Filomena, desencarnada em

1968, foi a senhora que morou com meu pai, Antenor, e lhe deu cinco filhos, antes

dele se casar com mamãe. Com o casamento, criou-se uma inimizade entre Filomena e

mamãe. Mas, graças a Deus, com o tempo, essa inimizade acabou-se. Antes da

desencarnação de Filomena, mamãe sempre a visitava em Pirenópolis. A expressão: “

a fitar=me de frente” nos dá a certeza de que houve compreensão e perdão reais.

Informação de D. Lélia.

8 –Antenor. –Antenor de Amorim, esposo, desencarnado em 1948. Suas cartas

mediúnicas fazem parte do livro Enxugando Lágrimas (Francisco C. Xavier, Elias

Barbosa, Espíritos Diversos, IDE, Araras, SP).

9 –Esmeralda Bittencourt. –Profa. Esmeralda Campos Bittencourt; amiga, que

residia no Rio de Janeiro. Desencarnou em 1963. Organizou quatro livros psicografados

por Chico Xavier: Relicário de Luz; Dicionário da Alma; Cartas do Coração e Nosso

Livro, conforme depoimento de sua filha Isabel Bittencourt de Souza no livro Luz

Bendita (F. C. Xavier, Emmanuel, R. S. Germinhasi, IDEAL, S. Paulo, pp. 45-56).

Ramiro Gama, em seu livro Seareiros da Primeira Hora (Ed. ECO, Rio, pp. 70-74),

dedica várias páginas à memória da Profa. Esmeralda.

10 –A irmã Olímpia Belém. –com quem muitas vezes entrei em contato sobre

as crianças que ela tutelava; - Olímpia Gomes de Souza Belém, amiga que residia no

Rio de Janeiro. Desencarnada em 1969. Espírita dedicadíssima; fundou, na Tijuca, o

Centro Espírita Discípulos de Jesus e uma obra assistencial de amparo à menina órfã e

abandonada, hoje chamada “Olímpia Belém”. Também foi oradora e escritora, tendo

deixado quatro livros publicados, dentre eles dois romances mediúnicos: Jerusa e

Dolória. (Ver Anuário Espírita 1980, pp. 147-149; e Personagens do Espiritismo, A S

Lucena e Paulo A Godoy, Ed. FEESP, S. Paulo).

11 –Dona Gercina. –Amiga, residia em Goiânia e desencarnou em 1976.

12 –Luzia Seabra, de Rio Verde. –Amiga, desencarnada em 1964.

13 –Villela. – Dr. Villela, genro e médico, desencarnado em 1978.

14 –Alvicto. – Alvicto Osoris Nogueira, genro; foi casado com D. Lélia.

Desencarnado em 1967, já enviou carta mediúnica à esposa, que integra o livro

Enxugando Lágrimas.

15 –Irmã Anita. – Irmã, desencarnada em 1962.

16 – Madre Otávia e Irmã Rosa Gorda. – Freiras amigas do Colégio Santana, da

cidade de Goiás, desencarnadas há muitos anos.

17 – Simone. – Neta; filha do casal Alvicto e Lélia.

18 –Nayá Siqueira de Amorim. – Nascida em 11/9/1896, desencarnou em

05/9/1983.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 10

NOVAS CONFIDÊNCIAS

DE IVINHO

IVO DE BARROS CORREIA MENEZES – BELO HORIZONTE – MG.

Desde 15 de maio de 1982, quase quatro anos após sua desencarnação, o

jovem Ivinho vem mantendo interessante correspondência epistolar com a

progenitora, D. Neide, residente em Belo Horizonte, MG, através da psicografia de

Chico Xavier.

Essas cartas mediúnicas, já publicadas no Capítulo 4 do livro Retornaram

Cantando (Espíritos Diversos, Francisco C. Xavier, Hércio M C Arantes, Ed. IDE, 1a.

Edição em 1984), retratam sua grande luta interior em busca de uma adaptação no

Mundo Maior, luta essa melhor definida na sexta carta, quando ele expôs – após o

preâmbulo: “Mas, hoje, Mamãe Neide; quero falar-lhe à vontade, sem a pretensão de

me esconder”. – seus profundos anseios, quase caracterizando uma fixação mental, de

namorar, contrair matrimônio e criar filhos.

Mais recentemente, na noite de lançamento do citado livro, de sua co-autoria,

com a presença de D. Neide, Ivinho escreveu nova carta, com novas confidências,

mostrando-se mais feliz e equilibrado emocionalmente, ao encontrar a tão almejada

solução para o seu aflitivo problema, como veremos a seguir:

Carta do Ivinho:

Querida Mãezinha Neide; abençoe o seu filho melhorado.

Não podia faltar ao nosso encontro.

Venho agradecer em nome do Bernardo e em meu nome, as preces que

você e a Vovó Ciaozita fizeram em nosso benefício. Aquelas vibrações de amor

materno com que nos envolveram, carreando palavras que valeram por

abençoado ensino para nós, chegaram a tempo. Começamos a repensar sobre a

nossa situação.

Alguns que me leram as notícias, chegaram a refletir sem articular as

expressões com que nos apreciavam.

-O Ivinho e o Bernardo estão em aperto no outro mundo.

E sorriam; criando impressões superficiais sobre o assunto que debati.

Mãezinha Neide, muito grato, porque voe me compreendeu e não

encontrou motivos para reprovar-nos. Muito pelo contrário, o seu coração

passou a palpitar muito mais entranhadamente com o meu, compadecendo-se

de nós. Você nos sentiu tal qual nos achávamos, na condição de rapazes

inexperientes, desencarnados de improviso, num acidente que, afinal, foi um

desastre como tantos.

Entretanto, Bernardo e eu, embora protegidos com segurança; e

claramente doutrinados pela Vovó Celeste e pelo Vovô Mário Barros;

carregávamos conosco o que atualmente se chama na Terra: “o problema da

libido”.

Somos jovens e não vimos nada demais em descrever-lhe o tumulto de

nossas emoções. Pensávamos em casamento, namoro, noivado, satisfação

pessoal e em outras questões satélites, e fomos sinceros ao contar-lhe as

necessidades que tínhamos experimentado.

Eu, pelo menos, não achei absurdo confidenciar à minha querida mãe

quanto se passava. Não existe para mim outra pessoa mais habilitada a

entender-nos e dirigir-nos pelo melhor caminho. Ainda, assim, os poucos que

me leram as páginas, de filho confidente, se mostraram perplexos.

Eu não sei o que acontece a dois moços, quase meninos ainda, que

viajassem de inesperado, de alguma cidade brasileira para algum centro da

Europa. Será que chegariam lá, sem qualquer impulso afetivo? Atingiriam o alvo

de chegada sem pensar na companhia de alguma mulher amiga que lhes fizesse

companhia e lhes entretivesse os pensamentos sombrios, decerto saudosos da

moradia distante?

Eu não concordo que jovens dessa natureza saíssem homens do Brasil e

alcançariam a Europa na condição de santos. O amor é sublimação, mas é

também companheirismo e compreensão.

Falei com sinceridade de nossos impulsos frustrados e até o Papai

Adalberto achou aquilo esquisito, mas é porque o leito de uma carta não se

coloca no lugar de quem a escreveu e nem mentaliza o ambiente diverso em

que essa criatura se encontra.

Muitos jovens dão notícias, mas não tocam nos assuntos, condicionados

que se acham nos receios pueris de se analisarem e de se mostrarem como

são. Não creio haja feito mal rompendo a barreira do respeito necessário que o

assunto requer, mesmo porque não empreguei qualquer recurso pornográfico

para tratar de meu ideal de encontrar namoro e casamento no mundo diferente

em que estou, mesmo porque, no que me consta, se cumpriram no acidente as

Leis de Deus, mas pessoalmente não me lembro de haver pedido para ser

despojado de meu corpo, sem possibilidade de estudar as meninas de nosso

relacionamento para escolher uma que me atendesse as esperanças.

Fui franco ao contar-lhe que, a princípio, rixei com a Vovó Celeste;

declarando que eu queria casar e não ser arrancado à vida terrestre, Vovó

Celeste guarda a ternura e o entendimento que encontro em seu carinho

maternal, mas, mesmo assim, procuro explicar o meu caso à sua bondade.

Se outros não assimilaram o que eu disse, que esperem largar o corpo

para saber melhor, mas me conforta pensar que encontrei eco em sua

generosidade, as suas orações nos auxiliaram.

Uma turma de jovens desencarnados nos procurou e nos disseram das

vantagens de um grande esporte que excede a eficiência dos remos para a

exaustão de forças criativas acumuladas; o esporte do serviço aos semelhantes,

o esporte da caridade para a qual as suas preces e as preces da Vovó Ciaozita

nos encaminharam.

E a verdade é que o Bernardo e eu alcançamos melhoras positivas.

Estamos reanimados. E olhe, Mãezinha Neide, que a caridade é muito difícil de

ser praticada. A gente derrama largas doses de amor para atingir corações e

aliviar pessoas.

Estamos agindo e melhorando. O Vovô Mário nos incentiva e vamos

encontrando novos caminhos. Já possuo vários casos de grande beleza em que

conseguimos extinguir os propósitos de aborto em muitas mãezinhas

portadoras de excelentes saúdes; já recolhemos o sorriso de muitas crianças

que sorriem para nós depois de recém-nascidos, sem que os pais saibam que

elas, embora semiconscientes, estão entremostrando alegria de haver

renascido; temos visitado muitas enfermarias de companheiros chamados

indigentes, que preferem sofrer a deixar o corpo desfigurado e a caminho do

repouso final; em muitas ocasiões temos promovido alimento para viajantes

extenuados...

Mas, não estamos prosando com palavras vagas. Estamos dando as

nossas melhores notícias. Com a beneficência em ação, quase que me esqueci

de mim mesmo, porque nesse serviço, a criatura assistida fica sempre com um

pouco de nossos sentimentos e nós passamos a carregar sentimentos dessa

mesma criatura, na qualidade de cooperadores da assistência.

Creio que essas notícias alegrar-lhe-ão a alma querida, dedicado ao bem

de nós todos. Maria Ângela e Júnior observarão que a mudança benéfica nos

atingiu e que estamos sob novos padrões de vivência espiritual. Meu pai

certamente se fará mais contente, imaginando que houve uma transfiguração

muito grande em nossos espíritos. E Bernardo e eu lhe transmitimos o

agradecimento, inclusive à Vovó Ciaozita, pelo benefício das preces e das

exortações que nos enviaram em silêncio.

Mãe querida, para o seu coração os melhores pensamentos, agora

emoldurados de alegria e de paz. Muitas lembranças a todos os nossos corações

queridos e perdoe se voltei aos mesmos assuntos de afetividade, agora não

frustrada, mas remediada sem necessidade de nos doparmos em anestésicos.

Querida Mãezinha Neide; conte à Vovó quanto lhe somos agradecidos e

receba muitos beijos de seu filho que deseja recuperar a limpeza de coração

com a qual saiu de seus braços, em nome de Deus.

Com muito carinho e com muito amor de seu filho e companheiro de

sempre.

Ivinho.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 –Carta recebida pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião pública do GEP,

Uberaba, a 13/10/1984.

2 –Mãezinha Neide. –D. Neide de Barros Correia Menezes, esposa do Sr.

Adalberto Guimarães Menezes, residentes em Belo Horizonte, MG.

3 –Bernardo. – Bernardo Vieira Maciel, desencarnado a 26/11/1978, no local do

mesmo acidente automobilístico que vitimou Ivinho, seu amigo.

4 –Vovó Ciaozita. –Ciaozita Rabelo, avó materna.

5 –Vovó Celeste. – Maria Celeste de Barros Correia, bisavó, desencarnada em

1955.

6 –Vovô Mário Barros. –Avô materno, desencarnado em Recife, PE, a

19/6/1970.

7 –Carregávamos conosco o (...) “problema da libido”. (...), meu ideal de

encontrar namoro e casamento no mundo diferente em que estou. (...), perdoem se

voltei aos mesmos assuntos de afetividade, agora não frustrada, mas remediada sem

necessidade de nos doparmos em anestésicos. – O Espírito de André Luiz desenvolveu

este palpitante tema em alguns de seus livros, especialmente no: Evolução em Dois

Mundos (Cap. 10 e 11 da Segunda Parte) e; E a Vida Continua... (F. C. Xavier, FEB,

Cap. 14); bem como na entrevista concedida aos diretores do Anuário Espírita, pela

psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, e publicada às págs. 30/39 do no. 1

desse periódico, edição 1964, Ed. IDE.

8 –Maria Ângela e Júnior. – Irmãos.

9 –Ivinho. –Ivo de Barros Correia Menezes nasceu em Recife, a 01/1/1960, e

desencarnou em Belo Horizonte, a 18/11/1978, dois dias após sofrer um acidente

automobilístico. Cursava o 1o ano de Engenharia Mecânica da universidade de Minas

Gerais.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 11

SONHOS E PREMONIÇÕES DE

UM MOTOQUEIRO

PAULO ROGÉRIO SARAGOÇA – SÃO PAULO –SP.

Três meses após um acidente fatal com sua moto, o jovem Paulo Rogério

Saragoça regressou do Além, pela psicografia de Chico Xavier.

Nessa longa carta mediúnica, ao explicar com detalhes os sonhos vivenciados e

as idéias que o apossaram pouco tempo antes da desencarnação, e que lhe deram a

plena convicção de viver seus últimos dias na Terra, suas palavras não causaram

grandes surpresas aos familiares. Isso porque essa notável premonição – que confirma

uma desencarnação precoce programada pelo Mais Alto, obedecendo a ditames da

Justiça Divina – transpareceu em diálogos de Paulo Rogério com vários amigos e com

sua irmã Luzia. Ainda mais, semanas antes do acidente que vitimou o jovem

motoqueiro, sua mãe e sua irmã Luzia receberam, sem nenhum motivo aparente,

avisos de uma perda iminente de ente querido, através de intuições (numa delas,

Luzia chegou a ter crise de choro após clara intuição) e sonhos, sendo que o tema

central da maioria desses sonhos era acidente de moto, envolvendo sempre Paulo

Rogério.

Como vemos, através de avisos de Benfeitores Espirituais, refletindo a

Misericórdia Divina, essas premonições prepararam os corações de toda a família,

amortecendo o duro impacto da separação brusca.

*

Se, na primeira carta, Paulo Rogério narra seus sonhos premonitórios, na

segunda ele confirma a transmissão de um importante recado a sua mãe, por

intermédio de dois familiares, também através de sonhos, que chamaremos de reais,

isto é, com intercâmbio real entre encarnados (durante o sono físico) e desencarnados.

Eis as cartas do valoroso motoqueiro:

PRIMEIRA CARTA:

Querida Mãezinha Marlene e querido papai Francisco; peço-lhes me abençoem.

Estou aqui sob a tutela da Vovó Carmen, a benfeitora que me descerrou a visão

para a vida nova que o acidente me compeliu a encontrar...

Estou surpreendido, baratinado... Uma sala povoada de amigos que não

conheço e que, acredito, igualmente não me conhecem, me concede a oportunidade de

escrever estas notícias para a família. Não consigo explicar a mim mesmo o prodígio

de que me reconheço objeto, porque habituado à querida motolândia; não me preparei

a fim de usar papel e lápis da gentileza de outras pessoas, conquanto pessoas

simpáticas e amigas, para tratar de nossos assuntos.

Não sei muito, mas creio que devo começar por pedir-lhes não me lastimem o

regresso à Vida Espiritual, em que estou adentrando. A moto não foi a ponte para o

salto a que me entreguei, de um mundo para outro. Não me suponham, porém, capaz

de haver dado semelhante guinada por mim próprio. A verdade, é que, no íntimo,

pressentia o término de minha permanência no corpo... Aquilo era uma fixação.

Sonhava que fora transportado a mundo diferente do nosso; despertava, cada manhã,

na idéia de que trazia na cabeça vozes que me chamavam para a grande

transformação; e, pouco a pouco, a certeza de que me achava em véspera de me

desvencilhar do corpo físico, tomou conta de mim...

A moto era meu sonho realizado...

Estimava correr qual se estivesse voando e respirava ar batido pela máquina,

como quem havia encontrado caminhos sem poluição... Imaginava-me ganhando

competições amistosas, e queria o troféu dos vencedores, para mostrar que o meu

cavalo de nervos feitos de aço era o mais resistente...

Embora isso, a idéia de morrer não era paixão que possuísse.

Queria vida e mais vida; no entanto, lá no fundo de mim próprio, aquele

pressentimento me obcecava... Nos momentos que me antecederam a queda,

conversei longamente com a Marta, e falava-lhe de meus estados contraditórios e a

estimada amiguinha tentava me buscar para a realidade. Que fazer, porém, se a

presciência do meu fracasso de motoqueiro estava incrustada dentro de mim?

Preparei-me para mais um ensino competitivo com os amigos; no entanto, mal

sabia que permanecendo no caminho direito, enquanto os meus companheiros

tomavam outra pista, fui talvez por isso alcançado, de leve, por um toque do caminhão

enorme que passava por nós, acostando-se ligeiramente em mim... Bastou esse leve

tocar de máquinas e me vi arremessado à distância... Arremessado e caído numa fase

de angústia que passou em momentos... Um torpor me invadiu o cérebro, impedindome

raciocinar e o resto não me ficou na memória.

Posso, no entanto, garantir aos pais queridos que o Antônio amigo não teve

qualquer participação no acontecimento. Não estávamos assim tão juntos, no

momento de nossa arrancada, como o serviço de fofocagem quis espalhar. Antônio foi

sempre a alegria e o encorajamento de nossa turma e seria incapaz de me deslocar

fora de tempo; o problema é que deveria enfrentar a libertação de meu corpo jovem

que tanto desejaria ter conservado e havia soado para mim... “Hora última...”.

Motos, carros, ônibus de todas as modalidades, carretas, comboios, bicicletas e

veículo algum guardam a culpa do que me sucede aos respectivos usuários... Mãezinha

Marlene; auxilie-me com os seus pensamentos de conformação e de paz. Do sono

pesado em que me mostrei, fui acordado pela criatura maravilhosa que me ensinou a

chamá-la por Vovó Carmen e surpreendeu-me ao declarar que me queria e me quer

bem, tanto quanto a carregou no colo em criança; e sob o amparo desse anjo bom, em

forma de parente e mulher, vou atravessando os dias novos.

Peço aos queridos pais não se entristecerem por minha causa. Lembremo-nos

das queridas irmãs Luzia e Andréa que precisam de amor e proteção qual me

acontecia.

Espero que me perdoem se fui tão gamado com a minha moto, colocando-a

acima de qualquer garota que me oferecesse ocasião para um pedaço de sonho...

Ainda não sei por que me agarrei tanto à máquina que sempre me foi favorita, mas a

Vovó Carmen me esclarece que todo aquele entusiasmo era o anseio de conquistar o

espaço e transitar pelos céus. Creio que a minha avó tem razão, embora continue com

as minhas fantasias preso à necessidade de caminhar, chumbado à terra ou chumbado

ao chão de matéria diferente que nos sustenta aqui a paisagem.

Querida Mamãe e querido Papai Francisco; perdoe-me e queiram-me bem como

sempre. Envio um abraço às irmãs queridas, e, um alô à turma de companheiros. Na

posso escrever mais.

Ainda não disponho de força bastante para fazer o meu pensamento caminhar

no papel; entretanto, o meu coração está repleto de amor e do reconhecimento com

que os tenho comigo, lá no fundo de minhas idéias de rapaz que não chegou a ser o

filho esperado. Creiam, no entanto, que melhorarei e um dia lhes serei útil, na

disciplina necessária do filho servidor em que os pais amigos se continuam.

Pedindo-lhes o auxílio do otimismo de que necessito a fim de reviver por aqui,

sem frustrações e sem arrependimentos tardios, reúno-os num só abraço, entregandolhes

todo o carinho que sou capaz de sentir, com as muitas saudades e as muitas

esperanças do filho reconhecido.

Paulo Rogério Saragoça

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 –Psicografia de Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo

Espírita da Prece (GEP), Uberaba, MG, na noite de 17/12/1984.

2 –Marlene e Francisco. –Marlene Barchette Saragoça e Francisco Saragoça,

seus pais, residente sem São Paulo, Capital.

3 –Vovó Carmen. –Carmen Picon Rosa, bisavó materna, desencarnada em

15/12/1956.

4 –Sonhava que fora transportado a mundo diferente do nosso; - Os sonhos

são estudados com profundidade na literatura espírita, e dentro da qual destacaremos:

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Cap. 8, Segunda Parte; Evolução em Dois Mundos,

André Luiz, F. C. Xavier e W. Vieira, FEB, Cap. 17, Primeira Parte; Conduta Espírita,

André Luiz, W. Vieira, FEB, Cap. 30; O Consolador, Emmanuel, F. C. Xavier, FEB,

Parágrafo 49.

5 –Despertava, cada manhã, na idéia de que trazia na cabeça vozes que me

chamavam para a grande transformação; e, pouco a pouco, a certeza de que me

achava em véspera de me desvencilhar do corpo físico, tomou contra de mim... “Muito

frequentemente o homem tem pressentimento do seu fim (...). Esse pensamento lhe

vem dos seus Espíritos protetores que querem adverti-lo a estar pronto para partir, ou

que levantam sua coragem nos momentos em que lhe é mais necessária”. (O Livro dos

Espíritos, Allan Kardec, IDE, Questão 857).

6 –Marta. – Namorada.

7 –Posso garantir aos pais queridos que o Antônio amigo não teve qualquer

participação no acontecimento. – Explicou-nos a sua irmã Luzia: “Correu um boato que

o Antônio, um dos seus amigos, havia empurrado Rogério de sua moto, o que

provocou desespero em nossa família”. Nesse particular, portanto, a carta mediúnica

promoveu muita paz no sei da família Saragoça.

8 –Luzia e Andréa. –Irmãs.

9 –Chumbado ao chão de matéria diferente que nos sustenta aqui a paisagem.

– (...) e onde o Espírito estiver situado pela sua identidade vibratória, seja onde for

nesse vasto espaço magnético, sob seus pés terá terra firme e sobre sua cabeça céu

aberto, já que seus sentidos não estarão aptos para perceberem as esferas que lhe

estão acima”.(Cidade no Além, F. C. Xavier, Heigorina Cunha, Espíritos André Luiz e

Lucius, Salvador Gentile, IDE, 5a. Ed., p. 70).

10 –Paulo Rogério Saragoça. – Nasceu em São Paulo, a 23/10/1964, e

desencarnou nessa mesma Capital, a 19/11/1983.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

SEGUNDA CARTA

Querida Mãezinha Marlene; abençoe-me, em conjunto com meu pai que está

constantemente em meu coração.

Sei que a saudade lhe afligiu a tal ponto, que foi preciso movimentar-me para

doar, em suposto sonho, as minhas notícias à querida Guiomar e à nossa prezada

Marli, comunicando a elas o meu desejo de falar-lhe pessoalmente.

Querida Mãezinha <arlene, as saudades são nossas. Podemos gravar noticiários

numerosos e comentar as novidades do nosso plano de ação; no entanto, finda a

leitura do que escrevêssemos, as saudades permaneceriam intactas, como acontece

nesse momento.

Agora posso dizer-lhes que o Douglas é um companheiro dedicado para mim e

que o Tio Vitório chegou sem alterações à Vida Espiritual.

Estou mais afinado com os imperativos de reeducação e refazimento no recanto

em que me localizaram e já não me anima qualquer destaque para a moto que me

serviu de veículo para o retorno, porque estou em contato com aparelhos diferentes

que me tomam a atenção. Ontem foi a moto veloz e amiga, e agora são as asas

superiores às asas Deltas que me possuem o interior pelos estudos.

Peço que seja dito à Marta, a querida namoradinha, que formulou votos a Deus

para que a vejamos plenamente feliz. Não seria possível que ela se escravizasse à

minha memória, quando pode se confiar a benfazejas realizações e rogo a ela não me

considere indiferente. Acontece que ela é justamente a menina correta e nobre que

conhecemos na vida física e sou eu atualmente um residente da Vida Espiritual. Será

exigir demais que ela se entregasse a uma existência de luta e lágrimas por minha

causa, pois não é isso que sonhávamos e tenho a satisfação de sabe-la tentando

esquecer os nossos planos frustrados por minha desencarnação, buscando respirar na

direção de horizontes outros, nos quais encontrará a felicidade que faz parte merecer.

Continuo sob o patrocínio de minha avó Carmen, mas estou emplumando novos

sonhos para meu trabalho na Vida Maior.

Mãezinha; peço-lhe distribuir as minhas lembranças com as irmãs queridas,

agradecendo especialmente à nossa Andréa as lembranças e preces que me

reconforta.

Mãezinha, com meu pai; receba os meus votos de saúde e felicidade, e

incluindo todos os nossos corações amigos no cofre de meus abraços e votos fraternos

pela felicidade de todos, e confirmando-lhe ao coração materno que estou firme em

todas as nossas comemorações de aniversário, beija-lhe a fronte querida o seu filho,

que se reconhece, sempre mais seu.

Paulo Rogério Saragoça.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

11- Psicografia de Francisco C. Xavier, em reunião pública do GEP, Uberaba, a

19/10/1984.

12 –Foi preciso movimentar-me para doar, em suposto sonho, as minhas

notícias à querida Guiomar e à nossa prezada Marli, comunicando a elas e o meu

desejo de falar-lhe pessoalmente. – Guiomar Saragoça Ramos, tia paterna, Marli

Ramos, prima paterna, sonharam com Rogério, que lhes pediu transmitir o seguinte

recado à sua mãe: ele queria falar-lhe através de uma mensagem e para tal

realização, procurasse novamente o médium Chico Xavier.

13 –Douglas. – Douglas dos Santos Teço, amigo desencarnado no mesmo dia

do passamento de Paulo Rogério, 19/11/1983, também em acidente de moto.

14 –Tio Vitório. –Vitório Barchetta, tio materno, também desencarnado na

mesma data do falecimento de Paulo Rogério, de grave enfermidade.

15 –Estou em contato com aparelhos diferentes que me tomam a atenção.

Ontem foi a moto veloz e amiga, e agora são as asas superiores às asas Delta que me

possuem o interior pelos estudos. – O Espírito de André Luiz, em alguns de seus

livros, psicografados por Francisco Cândido Xavier, nos dá notícias de velozes veículos

aéreos (“aeróbus”, “máquina voadora”, “carro voador”, “automóvel de asas”), muito

utilizados nos vários planos espirituais que circundam o nosso planeta. (Ver Nosso Lar,

FEB, Cap. 10; Os Mensageiros, FEB, Cap. 13,21 e 26). Ver também Memórias de um

Suicida (Obra Mediúnica), FEB, Yvonne A Pereira, Primeira Parte, Cap. II.

16 –Tenho a satisfação de sabe-la tentando esquecer os nossos planos

frustrados (...) buscando horizontes outros, nos quais encontrará a felicidade. – De

fato, sua ex-namorada já se casou.

17 –E confirmando-lhe ao coração materno que estou firme em todas as nossas

comemorações de aniversário – Esta Segunda Carta foi redigida na data de aniversário

de sua mãe, e o natalício de Paulo Rogério seria comemorado dias depois, a 23/10.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

CAPÍTULO 12

VIA MEU PRÓPRIO CORPO E ME ESPANTEI

COM SEMELHANTE DUALDIADE

ALEXANDRE AUGUSTO PANDOLFELLI – SÃO PAULO – SP.

Quase dois anos após atravessar a “ponte que separa as duas vidas – a vida da

Terra e a vida espiritual” -, Alex transmitiu, em sua comovente carta mediúnica, muita

paz e esclarecimento aos seus familiares, residentes na Capital Paulista. A

desencarnação do jovem, aos 13 de julho de 1982, havia sido totalmente inesperada,

traumatizando toda a família, pois foi encontrado morto na rua, quando caminhava da

praia à casinha de seu pai, onde se hospedava, em Caraguatatuba-SP.

Daí ter sido levado ao necrotério da localidade, para posterior autópsia. Esses

momentos são relembrados em sua mensagem, quando contra que chegou a ver seu

próprio corpo inerte, colocado numa mesa de pedra, espantando-se com tal dualidade,

porque imaginava que era vítima de uma crise cataléptica.

Útil também para os estudiosos é a narrativa do jovem quanto ao esforço de

adaptação dispendido no uso de órgãos perispirituais, quando ainda convalescente da

desencarnação.

Eis a interessante carta de Alex:

Querido papai Jules; associo a mãezinha Elvira ao coração e peço-lhe me

abençoem.

Tenho seguido o seu caminho de saudade e de amor, que ficou sendo

igualmente o meu. Compreendo o impacto daquela retirada do meu corpo físico.

Hoje, tudo compreendo; gastei tempo para isso, porquanto não é fácil deixar o

sonho da vida física, quando a gente está sonhando com muitas realizações. Sonho da

vida física, para seu filho, agora, é tudo o que constitui a paisagem da experiência

humana, porquanto mentores amigos me esclareceram de tal modo que entendo a

realidade no reverso de todos os quadro da vida no mundo que deixe às pressas.

Quando alinho estas referências, não posso me gabar de qualquer pretensão,

porque foi muito gota a gota que o conhecimento relativo das situações humanas me

penetrou a cabeça. Primeiro; foi o pesadelo trançado em sofrimentos sem nome. Senti

o coração parar no peito, ao modo de um motor que se apaga em plena marcha do

carro. Quis reagir, recalcitrar, mas onde a energia para isso?

Minhas faculdades esmoreceram gradativamente e, por fim, o torpor no cérebro

me venceu totalmente. Ainda assim, o fato não desapareceu de maneira assim tão

rápida. Registrei o calor das mãos que me carregava e uma esperança ainda me bailou

na imaginação.

Estaria eu catalogado entre as vítimas da catalepsia?

Ouvira histórias várias de pessoas aparentemente mortas, que retornavam à

vida. Poderia eu ser um deles. No entanto, a minha ilusão se desfez ao reconhecer que

já não me achava pensando com a minha cabeça de rapaz afastado do conhecimento

comum das coisas. Via meu próprio corpo e me espantei com semelhante dualidade.

Fora acomodado num leito duro, pois p necrotério não teve para mim a feição de

qualquer ambiente em conexão com a morte. Aquela mesa, a meu ver, era um ponto

de repouso diferente dos nossos em casa.

O assombro, no entanto, me desorientava, porque não sentira qualquer dor, a

não ser uma espécie de estalo surdo na caixa torácica. E em torno de mim, via

pessoas e até mesmo conhecidos que não me viam. Dirigia-me um e outro dos

presentes, solicitando que a sua presença e a presença da mamãe Elvira viessem ao

meu encontro. Desejava medicina em São Paulo. Não desmerecia os recursos de

Caraguá, entretanto, pensava que haveria meios na capital, a fim de que meu corpo

inerte se reativasse.

Ai de mim! Os enganos do rapaz encontraram ponto final mais depressa do que

eu próprio desejara. Sem palavras para dominar a minha surpresa, a princípio

claramente amedrontado, vi uma senhora e outra que me conheceram e me dirigiram

a palavra: “Alex”, disse uma delas, “você precisa descansar”. De quem seria a frase?

De vovó Jacira?

Quis duvidar de mim mesmo; no entanto, a frase estava carregada de carinho e

valera por hipnose irresistível. Quando a outra senhora que se nomeou por Elvira, a

dizer-se amiga de minha avó, me abraçou, intensa emoção me tomou o íntimo e

comecei a chorar, até mesmo ignorando por que, de vez que não me encontrava

convencido quanto à desencarnação experimentada. E a minha comoção me abalou

tanto que, a breves momentos, eu dormia, ali mesmo, naquele espaço frio em que

diversas pessoas expressavam opiniões diferentes.

Agora, meu pai, você sabe como foi o começo de minha transformação; do que

se passou com o meu veículo inerme nada mais fiquei sabendo. A morte, ao que

parece, é cercada por leis de Compaixão Divina, porque me rendi a um sono

providencial, qual se houvesse sorvido uma taça enorme de sedativos. Quando

despertei, a palavra retornou à minha garganta e não a garganta me retomou a

palavra, porque percebi que falar, através do novo corpo que passei a usufruir;

reclamava muito esforço.

Era um convalescente estranho sem haver experimentado moléstia alguma de

que me acusasse.

Mas, fazer funcionar os meus novos órgãos de manifestação exigia muito

trabalho. Principiei balbuciando frases sem sons, qual se houvesse voltado a ser

criança. Em breve tempo um amigo, que se me deu a conhecer por vovô Adolfo, me

incentivou ao diálogo e aceitei o desafio, conquanto chorasse, porque a presença de

pessoas tão queridas, de que ouvira referências em casa, não me deixava qualquer

ilusão. Já não pertencia à existência física e a evidência disso me amargurava o

coração.

Queria ver os pais queridos, a Silmara e o nosso Jules, queria rever amigos e

desfrutar de calma junto a todos as minudências que me representavam os hábitos,

mas sabia instintivamente que isso não me seria possível.

Papai; agradeço a Deus a oportunidade que me proporcionaram no sentido de

falar-lhes destas notícias. Creia, daria tudo o que eu tivesse para ficar ao seu lado, de

modo a formarmos juntos uma dupla animada em serviço, e a idéia de haver

fracassado me abatia em todos os sentidos.

Foi meu avô quem me forneceu explicações e mais explicações, e a lógica não

me consentiam prosseguir com lágrimas, quando necessitava de resolução para me

adaptar ao novo meio e aprender a servir. Agora que estou na escola da utilidade,

buscando qualidades para ser o seu companheiro espiritual, posso dizer-lhe que s

saudades ainda são muitas.

Pai; não abandones a nossa casinha perto do mar. A Silmara Cristina e o Jules,

tanto quanto me sucedia, quererão convidar amigos para alguma estação de repouso.

Não deixe nossas músicas emudecidas, deixe que a alegria torne a morar em nosso

recanto.

Querido pai; não acham você e a mãezinha Elvira que já choramos o suficiente?

Não tenha dúvida, estou vivo, mais acordado do que no tempo em que eu

dormia no corpo pesado, e preciso de sua tranqüilidade e de sua força de pai e

companheiro a fim de complementar a minha transfiguração. Não permita que a

tristeza lhe ensombre o espírito. Lembre-me alegre e feliz. Não mentalize o meu

quadro final na experiência que passou. Esteja certo de que viveremos e de que Deus

só permite a perenidade da alegria. Todas as sombras se desfazem. Todo o sofrimento

é passagem sem ser uma condição certa. Quero transmitir-lhe a certeza do que

afirmo.

Estamos nós dois juntos como em outro tempo dentro daquela comunhão

espiritual que sempre nos identificou um com o outro. Muito teria a dizer, mas o meu

avô Adolfo é de parecer que já disse o que mais desejava.

Muito amor aos irmãos e muitas lembranças aos amigos.

Diga a mãezinha Elvira que atravessei a ponte que separa as duas vidas – a

vida da Terra e a vida espiritual, e beije-lhe a face querida por mim. E receba; querido

pai e meu maravilhoso amigo, todo o coração do seu filho.

Alex

Alexandre Augusto Pandolfelli.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES

1 –Carta psicografada por Francisco C. Xavier, em reunião pública do GEP,

Uberaba, a 03/2/1984.

2 –Papai Jules e mãezinha Elvira. – Casal Jules Verne Moreira Pandolfelli e

Elvira Carsola Pandolfelli, seus pais.

3 –Vovó Jacira. –Jacyra Moreira Pandolfelli, avó paterna, desencarnada em

03/1/1982.

4 –Elvira. – Madrinha da avó materna.

5 –Percebi que falar, através do novo corpo que passei a usufruir; reclamava

muito esforço. (...) Mas, fazer funcionar os meus novos órgãos de manifestação exigia

muito trabalho. – O novo corpo referido é o perispírito ou corpo perispiritual, que é

também formado por órgãos, pois ele é o “molde fundamental” para a formação do

corpo físico. A propósito, respondendo à pergunta: “há órgãos no corpo espiritual?,

que recebeu o no. 30, do livro O Consolador –(Francisco C. Xavier, FEB), Emmanuel

esclarece-nos: “Dentro das leis substanciais que regem a vida terrestre, extensivas `s

esferas espirituais mais próximas do planeta, já o corpo físico, excetuadas certas

alterações impostas pela prova ou tarefa a realizar, é uma exteriorização aproximada

do corpo perispiritual, exteriorização essa que se subordina aos imperativos da matéria

mais grosseira, no mecanismo das heranças celulares, as quais, por sua vez, se

enquadram nas indispensáveis provações ou testemunhos de cada indivíduo”. ( Ver

também: “O Perispírito”, Cap. VI, Roteiro, Emmanuel, Francisco C. Xavier, FEB; e

“Gênese dos órgãos psicossomáticos”, Cap. IV, Primeira Parte, Evolução em Dois

Mundos, André Luiz, F. C. Xavier e W. Vieira, FEB).

6 –Vovô Adolfo (...) de ouvira referências em casa. –Adolfo Moreira Franco,

bisavô, Alex, de fato, não o conhecera, pois ele desencarnou em 1936.

7 –Silmara e Jules. – Silmara Cristina Pandolfelli e Jules Verne Pandolfelli,

irmãos.

8 –Alex, Alexandre Augusto Pandolfelli. – Alex, assim chamado na intimidade,

nasceu a 08/6/1963. Cursava o 2o, ano Colegial, o Sr. Jules Verne contou-nos, em

entrevista fraterna, que seu filho, ao terminar de ler o livro Jovem no Além (F. C.

Xavier, Espíritos Diversos, Caio Ramacciotti, GEEM), meses antes da desencarnação,

perguntou: “Tudo isso existe?”. Hoje, vem confirmar as cartas dos jovens autores

daquele livro, trazendo também, nesta obra, sua preciosa contribuição, com palavras

confortadoras e instrutivas para todos nós.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

NINGUÉM MORRE

Emmanuel

Não reclames da Terra;

Os seres que partiram...

Olha a planta que volta;

Na semente a morrer.

Chora, de vez que o pranto

Purifica a visão.

No entanto, continua

Agindo para o bem.

Lágrimas sem revolta

É orvalho de esperança.

A morte é a própria vida;

Numa nova direção.

(Página recebida pelo Médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública

do Grupo Espírita da Prece, na noite de 10 de outubro de 1978, em Uberaba,

MG).

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir

TERMAS PARA ESTUDOS DOUTRINÁRIOS*

TEMAS CAPÍTULO

Aborto 10

Assistência espiritual durante a desencarnação 7

Caridade 10

Crescimento de crianças no Além 6

Culto ao Evangelho de Jesus 9

Desencarnação (processo de) 3; 5 e 12

Desencarnações prematuras (crianças) 6

Doença cármica 3

Enfermidade prolongada (valor da) 9

Esforço de adaptação dos desencarnados para o

Uso dos órgãos perispirituais 3 e 12

Estudo da Doutrina Espírita e adaptação no Além 2 e 9

Evangelho e sua atualidade 5

Fatalidade da desencarnação 1 e 8

Fatalidade e imprudência 7

Influência dos Espíritos nos pensamentos

Dos encarnados 6

Instinto Sexual no Além 10

Instituição assistencial na Terra e no Além 5

Perdão das ofensas 2 e 4

Planos espirituais 11

Prece (valor da) 6

Premonição (Pressentimento) 1; 5 e 11

Readaptação à vida espiritual 10

Reencarnação 3 e 5

Reencarnação e expiação 3 e 7

Sintonia mental entre encarnados e desencarnados 3

Sonhos 11

Tóxicos 2

Tratamento médico no Plano Espiritual 2 e 9

Traumatismo perispirítico após a desencarnação

Conseqüente de traumatismo físico 2 e 7

Velório 8

(*) -Relacionamos neste Apêndice os temas a abordados nas cartas

mediúnicas que compõem este livro, de maior interesse para os

estudiosos da Doutrina Espírita, indicando, à frente dos mesmos, os

Capítulos correspondentes. – NOTA DO ORGANIZADOR.

Da Obra “CARAVANA DE AMOR” – ESPÍRITOS DIVERSOS- HÉRCIO MARCOS CINTRA

ARANTES – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Digitado por: Lúcia Aydir