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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fatos Espíritas–William Crookes

 

Índice

Sobre o autor dessa obra

William Crookes (Londres, 17 de junho de 1832 — Londres, 4 de abril de 1919). Físico e químico inglês. clip_image002[4]


Em 1861, descobriu um elemento químico ao qual deu o nome de tálio. Posteriormente identificou a primeira amostra conhecida de hélio, em 1895. inventor do radiômetro de Crookes. Bem como desenvolveu os tubos de Crookes, investigando os raios canal. Foi um pioneiro na construção e no uso de tubos de vácuo para estudar os fenômenos físicos. Igualmente um dos primeiros cientistas a pesquisar o que hoje é chamado de plasmas. Desenvolveu um dos primeiros instrumentos para estudar a radioatividade nuclear, o que acabou denominado de espintariscópio. No ano de 1870, Crookes concluiu que a ciência tinha o dever de estudar os fenômenos associados com o Espiritualismo. Sua forma de condução de sua investigação sempre foi de forma imparcial e descreveu as condições que ele impunha aos médiuns da seguinte forma: "Deve ser na minha própria casa e com minha própria seleção de amigos e espectadores, sob minhas próprias condições e podendo eu fazer o que achar melhor quanto a dispositivos" (Doyle, 1926: volume 1, 177). Entre os médiuns que ele estudou estavam Florence Cook e Kate Fox.
William Crookes, através de seus pareceres favoráveis aos fatos espiritualistas, chegou ao ponto de ter o seu nome cancelado da filiação à Royal Society. Apenas não o sendo, pois, tornou-se mais cauteloso. Uma vez que a sociedade científica da época não concordava com as suas afirmações, que comprovavam o espiritualismo. Razão de seu silêncio. Mas, no ano de 1898, em seu discurso de posse na presidência da British Association for the Advacement of Science (Associação Britânica pelo Avanço da Ciência), abordou sobre o assunto: "Já se passaram trinta anos desde que publiquei um relatório dos experimentos tendentes a mostrar que fora de nosso conhecimento científico existe uma Força utilizada por inteligências que diferem da comum inteligência dos mortais ... Nada tenho a me retratar. Confirmo minhas declarações já publicadas. Na verdade, muito teria que acrescentar a isto". (Crookes, 1898).

 

WILLIAM CROOKES

FATOS ESPÍRITAS

Índice

- Prefácio

- Introdução

- Fenômenos espíritas

- Movimento de corpos pesados, com contato mas sem es­forço mecânico.

- Fenômeno de percussão e outros sons da mesma na­tureza.

- Movimentos de objetos pesados colocados a certa distancia do médium.

- Mesas e cadeiras elevadas do chão sem ninguém lhes tocar.

- Elevação de corpos humanos.

- Movimento de diversos objetos sem contato.

- Aparições luminosas.

- Aparições de mãos, luminosas por si mesmas, ou visíveis à luz ordinária.

- Escrita direta.

- Formas e figuras de fantasmas.

- Casos particulares parecendo indicar a ação de uma inteligência exterior.

- Manifestações diversas de caráter complexo

- Teorias expostas para explicarem os fenômenos obser­vados

- Mediunidade da Srta. Florence Cook

- Formas de Espíritos

- Ultima aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica

- Extrato do jornal The Spiritualist de 29 de Maio de 1874

- O Espírito Katie King materializa-se nas sessões do sábio Aksakof, antes de se manifestar ao Doutor William Crookes.

- Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psí­quicos

- Fenômenos observados à luz

- Pancadas e reproduções de sons na mesa

- Fenômenos observados na escuridão

- Os fenômenos precedentemente observados, na escuri­dão, são obtidos, enfim, à luz, com a médium à vista.

- Conclusão

- Conclusões de Charles Richet

- Moldes dos pés de Espíritos materializados com o au­xilio da parafina

- O agente está visível, o médium está isolado

- Espíritos de parentes de dois dos assistentes materia­lizam-se em uma sessão do médium Eglington e são reconhecidos

- Narrativa sobre o fenômeno de materialização, pelo Senhor Bodisco, camarista de S. M. o Czar da Rússia

- Materialização de diversos Espíritos, que são reconhecidos

- Narração de uma experiência científica feita por Crookes e Varlery, em uma das sessões de mate­rialização do Espírito Katie King

- O que dizem os sábios - O Senhor Alfred Russel Wallace, da Sociedade Real de Londres

- O Coronel de Rochas

- O Sr César Lombroso ao Senhor Ernesto de Nápoles

- O Senhor William Crookes, da Sociedade Real de Londres

- O Doutor Ermácora

- O Professor Myers, da Sociedade Real de Londres

- O Doutor Ashburner

- O Doutor Giuseppe Masucci

- O Engenheiro Cromwel Varley, da Sociedade Real de Londres

- O Doutor Ochorowicz

- O Doutor Lodge, da Sociedade Real de Londres

- O Doutor Richard Hodgson

- Sessão de materialização em Paris, em 1900

- Uma manifestação interessante

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Préfacio

Publicando este livro temos em vista tão so­mente tornarem conhecidos, às pessoas que não sabem inglês nem francês, os fatos espíritas examinados rigorosamente à luz da ciência por um das mais eminentes sábios do século - William Crookes. Deixamos de apresentar os rigorosos processos científicos adotados pelo ilustre experimentador, porque temos certeza de que as pessoas que os dese­jarem, conhecer irão lê-los na obra original.

Esses admiráveis fenômenos devem encher de jubilo os espiritualistas e entristecer profundamente todos quantos só acreditavam na fôrça e na matéria.

Os fenômenos espíritas têm sido objeto de atenção do dos sábios mais ilustres do mundo, tais como Crookes, Gully, Elliotson, Lodge, Challis, Morgan, Wallaee, Varley, Lombroso, Zoellner, Carl du Prel, Charles Richet, Aksakof, Rochas e muitos outros.

Como vemos, são os mais distintos físicos, químicos, matemáticos, astrônomos, fisiologistas, cri­minalistas, etc., os homens que atestam a realidade dos fatos do Espiritismo.

E, a nosso ver, essa atestação é um golpe mor­tal vibrado na escola materialista.

A existência da alma, que era apresentada como um dogma de fé por todas as religiões e que a filo­sofia nos mostrava por palavras, é hoje, graças ao Espiritismo, uma verdade científica. Atualmente os sábios dizem que a alma existe porque a vêem e tocam, conversam com ela e lhe tiram o retrato.

A prova científica da existência da alma e da sua comunicação conosco ë o legado mais brilhante que o presente século vai deixar ao vindouro.

INTRODUÇÃO

Antes de apresentar os fatos espíritas observardos rigorosamente à luz da ciência por William Crookes, julgamos necessário fazer o leitor conhe­cer quem é este eminente sábio, que, estudando o Espiritismo para saber de que lado se achava a ver­dade, se com os espiritualistas ou com os materialistas, não temeu, achando-a com os primeiros, tor­nar públicas as suas conclusões.

Para isso traduzimos resumidamente as seguin­tes palavras do Doutor Paul Gibier (1).

Aos 20 anos, Crookes publicava interessantes memórias sobre a luz polarizada; depois, foi um dos primeiros, na Inglaterra, a estudar, com o auxílio do espectroscópio, as propriedades dos espectros solar e terrestre. Deve-se a ele sérios trabalhos sobre a medida da intensidade da luz, e engenhosos instrumentos: o fotômetro de polarização e o microscópico espectral, por exemplo. Os seus escritos sobre a química geral foram muito apreciados desde o momento em que apareceram.

E ele o autor de um tratado de análises quími­cas (Méthodes Choisies), hoje clássico. Deve-se-lhe numerosas pesquisas em Astronomia e principal­mente sobre a fotografia celeste. Em 1855-56, as Sociedades Reais de Londres, que o admitiu no núme­ro de seus membros ativos - em primeira vo­tação - decretou-lhe um auxílio monetário para prosseguir em seus trabalhos sobre a fotografia da Lua. O governo da Rainha o enviou ultimamente a Orara para observar um eclipse.

Acrescentamos que ele, além disso, se ocupou de medicina e de higiene, do que dão testemunho os seus trabalhos sobre a peste bovina, etc. Mas, duas descobertas têm sobretudo classificado Crookes entre os mestres da ciência moderna: o ilustre sábio era já distinto pela sua descoberta de um processo de amalgamação com o auxílio do sódio, processo que é empregado hoje na Austrália, na Califórnia e na América do Sul pela indústria metalúrgica do ouro, quando fez conhecer um nôvo corpo simples metálico: o Tálio. Aprecia-se o valor de semelhante descoberta. quando se sabe que o número de corpos simples conhecidos na série dos metais se elevava à cerca de cinqüenta. Ele foi conduzido a essa pre­ciosa descoberta pelos seus trabalhos sobre a aná­lise espectral. Foi assim, de fato, que foram insu­lados o césio, o rubidio e o índio.

A segunda descoberta, de Crookes vem corro­borar o que avançamos; queremos falar da matéria radiante.

A matéria aparece aos nossos sentidos sob três estados bem diferentes: sólido, líquido e gasoso. Existe, provavelmente, uma infinidade de estados da matéria, mas não conhecemos senão três. Crookes nos fez entrever um quarto.

Por uma série de experiências, feitas com rara exatidão, o demonstraram os estados entrevistam por Faraday, denominando-a matéria radiante.

Não queremos fazer o histórico dessas experiências tão importantes sob o ponto de vista filosófico da Química, da Física e do estudo da matéria em geral: em resumo resulta disso que a matéria, em sua essência, deve ser una e que os corpos va­riados que caem sob os nossos sentidos imperfeitos não são senão um agrupamento, uma estrutura mo­lecular especial da matéria, segundo a opinião do celebre químico Boutlerow, de S. Petersburgo, que, dizemo-lo incidentemente, confirmou o que pôde ve­rificar das experiências do Crookes sobre a fôrça psíquica.

Crookes repetiu as suas experiências sobre a matéria radiante em 1879 (setembro), no Congresso da Associação Britânica para o adiantamento das ciências, e em 1880, na Escola de Medicina de Paris e no observatório, a convite do Professor Würtz e do Almirante Mouchez.

Os efeitos produzidos pela matéria nesse estado foram os mais surpreendentes e de uma fôrça for­midável, valendo um grande êxito para Crookes.

As poucas linhas que precedem darão, segundo esperamos, uma idéia do alto valor científico do homem que não temeu enfrentar o estudo dos fenômenos espíritas.

Por isso, quando o ilustre membro da Sociedade Real anunciou no Quartely Journal que se ia ocupar dos fenômenos chamados espíritas, foi um grito geral: Enfim! vamos pois saber como havemos de pensar. Mas desde os primeiros arti­gos, quando se viu Crookes admitir a realidade dos fenômenos e declarar que os tinha observado, pesa­do, medido, registrado, etc., o caso mudou de figura. Houve, sem dúvida, grande número de pessoas que tinham o assunto como julgado; mas nem todo o mundo quis render-se, e palavras de reprovação mais ou menos sinceras se fizeram ouvir. Não será esses uns dos incidentes menos curiosos da história do Espiritismo.

Crookes tinha, entretanto, mostrado a maior severidade na série das suas pesquisas; mas as pessoas que se achavam desconcertadas no momento da digestão tranqüila dos seus conhecimentos adquiri­dos, ficaram irritadas por ver pronunciar-se contra elas um juiz do qual tinham antecipadamente aceito as conclusões, mas com a condição, implicitamente formulada, de que seriam conformes com as suas idéias.

Ver-se-á, entretanto, que essas pesquisas foram empreendidas com espírito verdadeiramente cien­tífico

O espiritualista, diz Crookes, fala de corpos pesando 50 ou 100 libras, que se elevam ao ar sem a intervenção de fôrça conhecida; mas o químico está habituado a fazer uso de uma balança sensível a um peso tão pequeno que seriam necessários 10.000 deles para perfazer um grão. Ele tem base para pedir a esses poder, que se diz guiado por uma inteligência que suspende ao teto um corpo pesado, que faça mover, sob condições determinadas, a sua ba­lança tão delicadamente equilibrada.

O espiritualista fala de pancadas que se pro­duzem nas diferentes partes de um quarto, quando duas ou mais pessoas estão tranqüilamente senta­das ao redor de uma mesa. O experimentador científico tem o direito de pedir que essas pancadas se produzam sobre a membrana esticada de seu fo­nautógrafo.

O espiritualista fala de quartos e de casas sa­cudidas por um poder sobre-humano, mesmo até a ponto de ficarem danificadas. O homem de ciência pede simplesmente que um pêndulo colocado sob uma campânula de vidro e repousando em sólida alvenaria seja pôsto em vibração.

O espiritualista fala de pesados trastes em mo­vimento de um aposento a outro sem ação do homem. Mas o sábio construiu instrumentos que divi­dem uma polegada em um milhão de partes; e tem portanto o direito de duvidar da exatidão das obser­vações efetuadas se a mesma fôrça é impotente para fazer mover de um simples grau o indicador de seu instrumento.

O espiritualista fala de flôres molhadas pelo orvalho fresco, de frutos, mesmo de seres vivos, tra­zidos através de janelas fechadas e mesmo através de sólidas muralhas de tijolo. O investigador cientí­fico pede, naturalmente, que um peso adicional (ainda que não tenha mais que a milésima parte de um grão) seja depositado em uma das conchas da sua balança quando a caixa estiver fechada à chave. E o químico pede que se introduza a milésima parte de um grão de arsênico através das paredes de um tubo de vidro, no qual está água pura hermeticamente fechada.

O espiritualista fala das manifestações de uma fôrça equivalente a milhares de libras e que se pro­duz sem causa conhecida. O homem de ciência, que crê firmemente na conservação da fôrça e que pensa que ela nunca se produz sem um esgotamento correspondente de alguma coisa para substituí-Ia, pede que as ditas manifestações se produzam no seu labo­ratório, onde ele as poderá pesar, medir, e submeter a seus próprios ensaios.

Foi com estes sentimentos que Crookes enfren­tou o estudo dos fenômenos cujo exame, no seu en­tender, se impunha à ciência, sem que ela pudesse protelar por mais tempo.

Logo depois de ter feito esta espécie de profis­são de fé científica, o autor acrescenta, em uma nota, a observação seguinte:

Para ser justo a esse respeito, devo estabele­cer que, expondo estes intentos a vários espiritua­listas eminentes e a médiuns entre os mais dignos de confiança da Inglaterra, eles manifestaram per­feita confiança nos êxitos da pesquisa, se fosse leal­mente prosseguida do modo por que indiquei aqui, oferecendo-se para me ajudar com todo o poder ao seu alcance e pondo à minha disposição as suas fa­culdades particulares. Até ao ponto aonde cheguei, posso acrescentar que as experiências preliminares têm sido satisfatórias.

Fenômenos espíritas

OBSERVADOS POR

William Crookes

DURANTE OS ANOS DE 1870-73 E PUBLICADOS PELA PRIMEIRA VEZ NO «QUARTELY JOUR­NAL OF SCIENCE» DE JANEIRO DE 1874

Assim como um viajante que explora um país longínquo, cujas maravilhas não fossem até então conhecidas senão por notícias e contos de caráter vago e pouco exato, assim, desde quatro anos pro­cedo assiduamente a pesquisas em uma região das ciências naturais que oferece ao homem de ciência um solo quase virgem.

Do mesmo modo que o viajante percebe nos fenômenos naturais de que pode ser testemunha a ação das fôrças governadas por leis naturais, onde outros não vêem senão a intervenção caprichosa de deuses ofendidos, assim me esforçou por esboçar a operação das leis e das fôrças da natureza onde outros não têm visto mais que a ação de seres sobrenaturais, sem dependência de qualquer lei e sem obediência a qualquer fôrça senão a da sua livre vontade.

O viajante, nas suas excursões longínquas, de­pende inteiramente da boa vontade e da proteção dos chefes e dos que exercem a medicina no meio das tribos entre as quais pára; igualmente, nas minhas pesquisas, não somente recebi em grau assi­nalado o auxílio dos que possuíam os poderes espe­ciais, que eu procurava examinar, mas ainda contraí sólidas e sérias amizades com muitos homens, reputados diretores de opinião, e deles recebi a hospitalidade.

Como o viajante envia a seu país, quando acha ocasião para isso, uma narração concisa dos seus progressos, narração que é recebida muita vêzes com a incredulidade ou a zombaria, porque necessariamente essa narração não tem nenhuma ligação com tudo o que lhe pôde dar origem; também, em duas ocasiões, reuni e publiquei fatos que me pare­ciam admiráveis e precisos, mas tendo deixado de descrever as suas fases preliminares - o que teria sido necessário para conduzir o espírito público à apreciação do fenômeno e para mostrar que ele se ligava a outros fatos observados - esses fatos tam­bém não somente encontraram a incredulidade, mas ainda deram origem a muitas apreciações malévolas.

E, enfim, como o viajante que, tendo terminado as suas explorações, volta aos seus antigos colabo­radores, e reúnem todas as suas notas, classifica-as, e as põe em ordem a fim de dar ao público uma nar­ração encadeada, assim, chegando ao termo desta investigação, classifiquei e reuni todas as minhas observações espalhadas, para as apresentar ao pú­blico sob a forma de um volume.

Os diversos fenômenos que venho atestar são tão extraordinários e tão inteiramente opostos aos mais enraizados pontos do credo científico entre outros a universal e invariável ação da fôrça de gravitação que mesmo agora, recordando-me dos detalhes de que fui testemunha, há antagonismo em meu espírito entre minha razão, que diz ser isso cientificamente impossível, e o testemunho de meus sentidos da vista e do tato, testemunho corrobo­rado pelos sentidos de todas as pessoas presentes - que me dizem não serem testemunhos mentirosos visto que eles depõem contra as minhas idéias preconcebidas (2).

Supor que uma espécie de loucura ou de ilusão vem dominar subitamente um grupo de pessoas inte­ligentes e sensatas, que estão de acordo sobre as menores particularidades e detalhes dos fatos de que são testemunhas, parece-me mais incrível do que os próprios fatos que eles atestam.

O assunto é muito mais difícil e mais vasto do que parece.

Há cerca de quatro anos tive a intenção de consagrar um ou dois meses somente ao trabalho de certificar-me se certos fatos maravilhosos, dos quais eu tinha ouvido falar, poderiam sustentar a prova de um exame rigoroso.

Mas tendo logo chegado à mesma conclusão, como todo pesquisador imparcial, isto é, que havia alguma coisa aí, não podia mais, eu, estudante das leis da natureza, recusar-me a continuar nessas pesquisas qualquer que fosse o ponto a que elas me têm sem conduzir.

Foi assim que alguns meses se tornaram em alguns anos, e, se eu pudesse dispor de todo o meu tempo, é possível que as experiências ainda prosseguissem

Mas outros assuntos de interesses científico e prático reclamam agora a minha atenção; e como não posso consagrar a tais pesquisas o tempo que seria preciso e que mereceriam; como tenho plena confiança que daqui a alguns anos os homens de ciência estudarão esses assunto; como as ocasiões que possuo não são tão propícias quanto o era há algum tempo, porque então o Senhor D. D. Home gozava boa saúde, a Srta. Kate Fox (agora a Senhora Jencken ) não estava absorvida pelas suas ocupações domés­ticas e maternas; por todos esses motivos, vejo-me obrigado a suspender, neste momento, as minhas investigações.

Para obter franco acesso junto às pessoas ple­namente dotadas da faculdade sobre as quais se baseiam as minhas experiências, era preciso um crédito maior do que aquele de que um investigador científico pode dispor.

Para os seus adeptos mais convencidos, o Espiritismo é uma religião. Os médiuns, em muitos casos, membros da família, são guardados com grande cuidado, o que só com dificuldade um estranho com­preenderia. Crendo seriamente e conscienciosamente na verdade de certas doutrinas que repousam sobre o que se lhes afigura como manifestações miraculosas, esses adeptos parecem acreditar que a presença de um investigador científico é uma profanação do santuário. Por favor pessoal, fui admitido mais de uma vez a assistir a reuniões que ofereciam antes o aspecto de uma cerimônia religiosa do que de uma sessão de Espiritismo.

Mas ser admitido, por favor, uma ou duas vezes, como um estranho teria sido autorizado a assistir aos mistérios d'Elêusis, ou um pagão a contemplar o santo dos santos, não é o meio de confirmar os fatos e descobrir-lhes as leis. - Satisfazer a curiosi­dade é bem diferente do proceder a uma busca siste­mática. - Quanto a mim, procuro sempre a verdade.

Em algumas ocasiões me permitiram, é certo, fazer verificações e impor condições; mas somente uma ou duas vezes me foi possível fazer sair à sa­cerdotisa do seu santuário, e, em minha própria casa, rodeado de amigos, aproveitar a ocasião de pôr à prova os fenômenos dos quais fui testemunha em outros lugares, em condições menos concludentes (3).

As minhas observações a esse respeito aparem­cerão na obra que publicarei.

Seguindo o plano que adotei em outras circuns­tâncias - plano que, embora contrariando muitas as idéias preconcebidas de certos críticos, me parecia, por boas razões, aceitável aos leitores do Quartely Journal of Science, - tinha eu a intenção de apre­sentar os resultados de meu trabalho sob a forma de um ou dois artigos para esse jornal. Mas, reven­do as minhas notas, achei tal riqueza de fatos, tal superabundância de provas, tão esmagadora massa de testemunhos, que, para as pôr todas em ordem, era preciso encher vários números do Quartely.

É mister, pois, que atualmente me limite a dar um esboço dos meus trabalhos, reservando para outra ocasião as provas e os detalhes mais amplos.

O meu fim principal será, pois, fazer conhecer a série das manifestações que se produziram em minha casa, em presença de testemunhas dignas de fé, e sob as condições dos mais severos exames que pude imaginar. Demais, cada fato que observei é corroborado por pessoas independentes, que o obser­varam em outros tempos e em outros lugares.

Ver-se-á que todos esses fatos têm o caráter mais surpreendente, e que parecem inteiramente inconciliáveis com todas as teorias conhecidas da ciência moderna.

Tendo-me assegurado da sua realidade, seria uma covardia moral negar-lhes o meu testemunho, só porque as minhas publicações precedentes foram ridicularizadas por críticos e outras pessoas que nada em absoluto conheciam do assunto, e que ti­nham bastante critério para ver e julgar por si mesmas se esses fenômenos eram ou não verdadeiros.

Direi simplesmente tudo o que vi e o que me foi provado por experiências repetidas e verificadas, e tenho ainda necessidade de que me demonstrem não ser razoável esforçar-se uma pessoa por desco­brir as causas de fenômenos inexplicados.

Primeiro que tudo deve retificar um ou dois erros que se acham implantados profundamente no espírito público. Um, o de ser a escuridão essencial à produção dos fenômenos. Isso não é exato. Exceto alguns casos nos quais a escuridão tem sido uma condição indispensável, como, por exemplo, nos fenômeno de aparições luminosas e em alguns outros, tudo o que narro produziu-se à luz..

Nos poucos casos em que os fenômenos descri­tos foram produzidos na escuridão, tive muito cuida­do de os mencionar; demais, quando alguma razão particular exigia a extinção da luz, os resultados que se manifestaram estiveram em condições de controle tão perfeitos que a supressão de um dos nossos sentidos não pôde realmente enfraquecer a prova fornecida.

Outro erro corrente consiste em crer que as manifestações só se podem produzir a certas horas e em certos lugares - em casa do médium, ou em horas combinadas previamente - e partindo dessa suposição errônea têm-se estabelecido uma analogia entre os fenômenos chamados espíritas e os passes dos prestidigitadores e mágicos que operam nos teatros, os quais se cerca de tudo o que pertence à sua arte.

Para fazer ver quanto tudo isso está longe de ser verdadeiro, não tenho necessidade senão de dizer que, afora algumas raras exceções, as centenas de fatos que me preparo para atestar, para serem imi­tados pelos meios físicos ou mecânicos conhecidos, desafiariam a habilidade de um Houdin, de um Bosco, de um Anderson, protegida por todos os re­cursos de máquinas engenhosas e da sua prática de longos anos. Essas centenas de fatos, produziram-se na minha própria casa, nas épocas por mim designa­das, e em circunstâncias que excluiam absolutamen­te o emprêgo e o auxílio do mais simples instrumento.

Um terceiro erro é este : que o médium deve escolher a sua roda de amigos e companheiros que podem assistir à sessão; que esses amigos devem crer firmemente na verdade da doutrina, seja qual fôr, que o médium enunciar; que se imponham às pessoas de espírito investigador condições tais que impeçam completamente toda observação cuidadosa e facilitem a superstição e a fraude.

A isso posso responder afirmando que a exce­ssão de alguns casos mui pouco numerosos de que se tratou em um parágrafo precedente (ver a nota n.° 2), caso que os motivos de exclusão, quaisquer que fossem, não serviam certamente de véu para o embuste, compus eu mesmo a minha roda de ami­gos, introduzi todos os incrédulos que me convie­ram, e geralmente impus condições escolhidas com cuidado por mim mesmo, para evitar toda possibi­lidade de fraude.

Tendo-me assenhoreado pouco a pouco de algu­mas condições que facilitavam a produção dos fenômenos, as minhas pesquisas foram geralmente coroadas de igual êxito, e mesmo, em muitos casos, tive êxito superior ao que foi obtido em outras oca­siões, onde, em virtude de falsas idéias sobre a im­portância de algumas práticas insignificantes, as condições impostas podiam tornar menos fácil a des­coberta da fraude.

Eu disse que a escuridão não é essencial. Entre­tanto, é fato bem conhecido que, quando a fôrça é fraca, a luz muito viva exerce uma ação que contra­ria alguns fenômenos.

A fôrça do Senhor Home é bastante forte para subjugar essa influência contrária; assim, ele não admite escuridão nas suas sessões.

Afirmo que, exceto duas vêzes em que, para algumas experiências, a luz foi suprimida, tudo que testemunhei foi produzido por ele em plena claridade.

Tive diversas ocasiões de experimentar a ação da luz provinda de diferentes fontes e de côres va­riadas: - a luz do Sol, luz difusa, luar, gás, lâm­pada, vela, luz elétrica, luz amarela, homogênea, etc.

Os raios que contrariam as manifestações pa­rece serem os da extremidade do espectro.

Vou, agora, proceder à classificação dos fenômenos que observei, indo dos mais simples aos mais complexos, e dando rapidamente, em cada capitulo, uma exposição sumária de alguns dos fatos que vou expor.

Os meus leitores deverão bem se lembrar que, à exceção dos casos especialmente designados, as manifestações se realizavam em minha casa, à luz, e somente em presença de amigos meus e do médium.

No volume, que eu tenho em projeto, propo­nho-me a dar com minúcias todas as verificações que fiz, todas as precauções que tomei em cada ocasião, e os nomes de todas as testemunhas. Nesta memória tratarei delas superficialmente.

MOVIMENTO DE CORPOS PESADOS COM CON­TATO MAS SEM ESFORÇO MECANICO

Eis uma das formas mais simples dos fenômenos que observei. Ela varia em grau, desde o tremor de um aposento e do seu conteúdo, até a elevação ao ar de um corpo pesado, quando a mão está colo­cada em cima. Pode-se objetar que, ao se tocar uma coisa que está em movimento, é possível empurrá-la, atraí-Ia, ou levantá-la; provei, por experiência, que em casos numerosos isso não se verifica; mas, a título de provas, ligo pouca importância a esta classe de fenômenos, e só os menciono como preliminares de outros movimentos do mesmo gênero, produzidos, porém, sem contato.

Esses movimentos, podem mesmo dizer, os fenômenos da mesma natureza, são geralmente precedi­dos de um resfriamento do ar, todo especial, que chega, algumas vêzes, a tornar-se um vento bem pronunciado. Sob a sua influência vi folhas de papel elevarem-se, e o termômetro baixar de vários graus. Em outras ocasiões, das quais mais tarde darei pormenores, não notei nenhum movimento real de ar, mas o frio foi tão intenso que só posso compará-lo ao que se sente quando se tem a mão a algumas polegadas do mercúrio gelado.

FENÔMENO DE PERCUSSÃO E OUTROS SONS DA MESMA NATUREZA

O nome popular de pancadas dá uma idéia muito falsa desses gêneros de fenômenos.

Por diferentes vêzes, durante as minhas experiências, ouvi pancadas delicadas, como produzidas pela ponta de um alfinete; uma cascata de sons pe­netrantes como os de qualquer máquina de indução em plena atividade; detonações no ar, ligeiros ruídos metálicos agudos; estalidos como os que se ouvem quando uma máquina de fricção está em atividade; sons que pareciam arranhadelas; gorjeios como os de um pássaro, etc.

Esses ruídos, que verifiquei com quase todos os médiuns, têm cada um sua particularidade especial.

Com o Senhor Home, são mais variados; mas, quan­to a fôrça e regularidade, não encontrei absoluta­mente ninguém que pudesse aproximar-se da Senho­ra Kate Fox.

Durante vários meses, tive o prazer de em inú­meras ocasiões verificar os fenômenos variados que se produziam em presença desta senhora, e foram esses ruídos que especialmente estudei.

E geralmente necessário, com os outros mé­diuns, para uma sessão regular, que todos fiquem sentados e em silêncio, mas com a Senhora. Fox pare­ce-lhe simplesmente necessário colocar a mão sobre qualquer parte, para que sons ruidosos ai se façam ouvir, como que triplo choque, e algumas vêzes, com bastante fôrça para serem ouvidos através de vários aposentos.

Ouvi-os assim produzir-se em uma árvore, num grande quadro de vidro, em um arame esticado, numa membrana distendida, em um tamboril, sobre a cobertura de uma carruagem, e no tablado de um teatro. Ainda mais, o contato imediato nem sempre é necessário; ouvi esses ruídos saírem do soalho, das paredes, etc., quando a médium tinha as mãos e os pés ligados, quando estava em pé sobre uma cadeira, quando se achava em uma balança suspensa do teto, quando estava encerrada em uma gaiola de ferro, e quando em _letargia numa poltrona. Ouvi-os sobre os vidros de uma harmônica, senti-os sobre os meus próprios ombros e sob as minhas mãos. Ouvi-os sobre uma folha de papel segura entre os meus dedos, por uma extremidade de fio passado num canto dessa folha.

Com pleno conhecimento das numerosas teorias que foram apresentadas antes, sobretudo na Amé­rica, para explicar esses sons, experimentei-os de todas as maneiras que pude imaginar, até não mais ser possível furtar-me à convicção de que eram bem reais e que não se produziam pela fraude ou por meios mecânicos.

Uma questão importante impõe-se à nossa aten­ção: esse movimentos e esse ruídos são governa­dos por uma inteligência? Desde o comêço das mi­nhas pesquisas, verifiquei que o poder que produzia esse fenômenos não era simplesmente uma fôrça cega, mas que uma inteligência os dirigia, ou pelo menos lhes estava associada; assim os ruídos de que acabo de falar foram repetidos em número determi­nado; tornaram-se fortes ou fracos, e, a meu pe­dido, ressoaram em diferentes lugares; por um vo­cabulário de sinais, convencionados previamente, foram respondidas perguntas e dadas comunicações com maior ou menor exatidão.

A inteligência que governa esse fenômenos é algumas vêzes manifestamente inferior à do mé­dium, e está muitas vêzes em oposição direta aos seus desejos. Quando se tomava a determinação de fazer alguma coisa, que não podia ser considerada muito razoável, contínuas comunicações eram dadas para, induzir a refletir de novo.

Essa inteligência é, algumas vêzes, de tal cará­ter, que nos vemos forçados a crer não provenha de nenhuma das pessoas presentes.

Eu poderia dar vários exemplos, como prova dessas alegações, porém, mais tarde, quando tratar da origem dessa inteligência, o assunto será dis­cutido mais a fundo.

MOVIMENTOS DE OBJETOS PESADOS COLOCADOS A CERTA DISTANCIA DO MÉDIUM

Os exemplos em que os corpos pesados, tais como mesas, cadeiras, canapés, se põem todos em movimento, sem o contato do médium, são muito numerosos.

Indicarei resumidamente alguns dEles, dos mais surpreendentes.

A minha própria cadeira descreveu em parte um circulo, não estando os meus pés repousados no soalho. .

Sob as vistas de todos os assistentes, uma ca­deira veio lentamente de um canto, distante da sala, o que todas as pessoas presentes confirmaram; em certa ocasião, uma poltrona chegou até ao lugar em que nos achávamos sentados, e, a meu pedido, retrocedeu lentamente, à distância de cerca de três pés.

Durante três sessões consecutivas, uma peque­na mesa moveu-se lentamente pelo meio da sala, nas condições que eu tinha expressamente preparado, a fim de responder a qualquer objeção que se pudesse levantar contra esses fatos.

Obtive, várias vêzes, a repetição de uma experiência, que a comissão da Sociedade Dialética con­siderou como concludente, a saber: o movimento de uma pesada mesa em plena luz, quando as costas das cadeiras estavam voltadas para a mesa, e as pessoas ajoelhadas em suas cadeiras, com as mãos apoiadas nas costas, e sem tocar a mesa.

Uma vez, esses fatos produziram-se durante o tempo em que eu ia e voltava, procurando ver como cada um estava colocado.

MESAS E CADEIRAS ELEVADAS DO CHÃO SEM NINGUÉM LHES TOCAR

Quando manifestações desses gêneros são expos­tas, faz-se geralmente esta consideração

Por que são somente as mesas e as cadeiras que produzem tais efeitos?

Por que essa propriedade é particular aos móveis?

Poderei responder que só faço observar e nar­rar os fatos e que não entro nos porquês - mas é claro que, se em uma sala de jantar comum, um corpo pesado, inanimado, deve elevar-se acima do soalho, não pode ser outro senão uma mesa ou uma cadeira.

Tenho numerosas provas de que essa proprie­dade não é particular somente aos móveis; mas, como para as outras demonstrações experimentais, a inteligência ou a fôrça, qualquer que seja, que produz esses fenômenos, só pode servir-se dos obje­tos que acham apropriados ao fim.

Em cinco ocasiões diferentes, uma pesada, mesa de sala de jantar elevou-se de algumas polegadas a um pé e meio acima. do soalho, e em condições especiais que tornavam a fraude impossível.

Em outra ocasião, uma pesada mesa elevou-se acima do soalho, em plena luz, enquanto eu segurava os pés e as mãos do médium.

Ainda outra vez, a mesa elevou-se do solo, não somente sem que lhe tocassem, mas ainda nas con­dições que eu tinha previamente preparado, de ma­neira a pôr fora de dúvida a prova desses fatos.

ELEVAÇÃO DE CORPOS HUMANOS

Estes fatos produziram-se quatro vêzes em mi­nha presença, na escuridão.

A, fiscalização sob a qual se realizaram foi in­teiramente satisfatória, ao menos tanto quanto se pode julgar; mas a demonstração pela vista, de um fato igual, é tão necessária para destruírem as nossas idéias preconcebidas sobre o que é naturalmente possível ou não, que só mencionarei aqui os casos em que as deduções da razão foram confirmadas pelo sentido da visão.

Certa vez, vi uma cadeira, na qual uma senhora se achava sentada, elevar-se a várias polegadas do solo. Uma outra vez, para afastar toda suposição de que essa elevação era produzida pela própria se­nhora, ela ajoelhou-se sobre a cadeira, de tal modo que os quatro pés desta eram visíveis para nós, e a cadeira elevou-se cerca de três polegadas, ficou suspensa durante dez segundos, mais ou menos, e em seguida desceu lentamente. Uns outra vez ainda, dois meninos, em duas ocasiões diferentes, eleva­ram-se do chão com as suas cadeiras, em pleno dia e sob as mais satisfatórias condições, pois eu estava de joelhos e não perdia de vista os pés da cadeira, observando que ninguém podia tocá-los.

Os casos mais notáveis de elevação de que fui testemunha realizaram-se com o Senhor Home.

Em três ocasiões diferentes, vi-o elevar-se completamente acima do soalho da sala.

A primeira vez, estava ele sentado em um ca­napé; a segunda, de joelhos sobre uma cadeira, e a terceira, de pé.

De cada vez, tive toda a liberdade possível para observar o fato, no momento em que ele se produzia.

Há, pelo menos, cem casos bem verificados de elevação do Senhor Home, produzidos em presença de muitas pessoas diferentes; e ouvi mesmo da boca de três testemunhas: o conde de Dunraven, lord Lindsay e o capitão C. Wynne, a narração dos casos mais notáveis desses gêneros, acompanhados dos me­nores incidentes.

Rejeitar a evidência dessas manifestações, equi­vale a rejeitar todo o testemunho humano, qualquer que seja, pois que não há fato, na história sagrada ou na profana, que se apóie sobre provas mais de­cisivas.

O número de testemunhas que confirmam as elevações do Senhor Home é enorme.

Seria muito para louvar que alguém, cujo teste­munho fosse reconhecido como concludente pelo mundo científico (se é que existe alguém cujo tes­temunho em favor de semelhantes fenômenos possa ser admitido), quisesse, séria e pacientemente, es­tudar esses gênero de fatos.

Muitas testemunhas oculares dessas elevações vivem ainda, e não recusariam, certamente, ates­tá-las. Mas daqui a alguns anos será muito difícil, senão impossível, obter diretamente essas provas.

MOVIMENTO DE DIVERSOS OBJETOS SEM CONTATO

Sob este título, proponho-me descrever alguns fenômenos especiais de que fui testemunha. Só posso indicar aqui alguns fatos dos mais salientes, de que todos se lembrem bem, produzidos em condições tais que qualquer artifício se tornava impossível. Atri­buir esse resultados à fraude é absurdo, pois lem­brarei ainda aos meus leitores que o que refiro não foi executado em casa do médium, mas em minha própria casa, onde era inteiramente impossível pre­parar-se antecipadamente qualquer truque.

Um médium, circulando em minha sala de jan­tar, não podia, estando eu sentado em outra parte da sala, com várias pessoas que o observávamos atentamente, fazer tocar, por fraude, uma harmô­nica, que eu segurava em minha mão, com as teclas para baixo, ou fazer flutuar essa mesma harmônica aqui e ali na sala, enquanto ela tocava durante todo o tempo.

Não podia trazer consigo um aparelho para agitar as cortinas das janelas, ou elevar as venezia­nas até oito pés de altura; dar nó em um lenço e colocá-lo em um canto distante da sala; vibrar notas, à distância, em um piano; projetar uma porta-carta através do aposento; levantar uma garrafa e um cá­lice acima da mesa; fazer erguer-se um colar de coral numa das extremidades; fazer mover um leque e abanar os assistentes, ou ainda pôr em movimento um pêndulo encerrado em uma vitrina, solidamente presa à parede.

APARIÇÕES LUMINOSAS

Estas manifestações, sendo um tanto fracas, exigem, em geral, que o aposento não esteja ilu­minado.

Tenho apenas necessidade de lembrar aos meus leitores que, em iguais condições, tomei todas as precauções convenientes para evitar que lançassem a tão de óleo fosforado, ou de outros meios.

Demais, muitas dessas luzes eram de natureza tal,que não pude chegar a imitá-las por meios ar­tificiais.

Sob as mais rigorosas condições de exame, vi uns corpos sólidos, luminosos por si mesmo, pouco mais ou menos do volume e da forma de um ôvo de perua, flutuar, sem ruído, pelo meio do aposento, elevar-se, por momentos, mais alto do que poderia fazer qual­quer dos assistentes que se apoiasse sobre a ponta dos pés, e depois descer, vagarosamente, para o soalho.

Esse objeto foi visível durante mais de dez mi­nutos, e, antes de desaparecer, bateu três vêzes na mesa, com ruído semelhante ao de um corpo duro e sólido.

Durante esses tempo o médium estava prostrado em um canapé e parecia inteiramente insensível.

Vi pontos luminosos saltarem de um e outro lado e repousarem sobre a cabeça de diferentes pes­soas; tive resposta a questões que havia formulado, por meio de clarões de luz brilhante, que se produ­ziram diante do meu rosto, e em certo número de vêzes por mim prefixado.

Vi centelhas arremessarem-se da mesa ao teto e em seguida recaírem sobre a mesa com ruído muito distinguível.

Obtive uma comunicação alfabética por meio de clarões luminosos que se produziam no ar, diante de mim, e no meio dos quais eu passava a mão.

Vi uma nuvem luminosa flutuar em cima de um quadro. Sempre sob as mais rigorosas condições de exame, aconteceu-me mais de uma vez que um corpo sólido, fosforescente, cristalino, fosse posto em mi­nha mão por outra que não pertencia a nenhuma das pessoas presentes.

Em plena luz, vi uma nuvem luminosa pairar sobre um heliotrópio colocado em cima de uma mesa, ao nosso lado, quebrar-lhe um galho, e trazê-lo a uma senhora, e, em algumas ocasiões, percebi uma nuvem semelhante condensar-se sob nossos olhos, tomando uma forma de mão e transportar pequenos objetos. Mas isso pertence antes à classe dos fenômenos que se seguem.

APARIÇÕES DE MÃOS, LUMINOSAS POR SI MESMAS, OU VISIVEIS A LUZ ORDINARIA

Sentem-se muitas vêzes contatos de mãos du­rante as sessões às escuras, ou em condições em que não é possível vê-Ias. Raramente tenho visto essas mãos.

Não darei aqui exemplos em que os fenômenos são produzidos na escuridão, escolherei porém alguns dos casos numerosos em que vi essas mãos em plena luz.

Pequena mão de muito bela forma elevou-se de uma mesa da sala de jantar e deu-me uma flor; apareceu e depois desapareceu três vezes, o que me convenceu de que essa aparição era tão real quanto a mia própria mão.

Isto se passou à luz, em minha própria sala, es­tando os pés e as mãos do médium seguros por mim, durante esses tempo.

Em outra ocasião, uma pequena mão e um pe­queno braço, iguais aos de uma criança, apareceram agitando-se sobre uma senhora que estava sentada perto de mim.

Depois, a aparição veio a mim, bateu-me no braço, e puxou várias vêzes o meu paletó.

Outra vez, um indicador e um polegar foram vistos arrancando as pétalas de uma flor que estava na botoeira do Senhor Home, e depositou-as diante de várias pessoas, sentadas perto dele.

Várias vêzes, eu mesmo e outras pessoas obser­vamos mão estranha comprimindo as teclas de uma harmônica, ao passo que, no mesmo momento, vía­mos as mãos do médium, que algumas vêzes eram seguras pelas pessoas que se achavam perto dele. As mãos e os dedos não me pareceram sempre sólidos e de pessoa viva.

Algumas vêzes, é preciso dizer, ofereciam antes a aparência de nuvem vaporosa, condensada em Peste, sob a forma de mão.

Todos os que se achavam presentes não a per­cebiam igualmente bem. Por exemplo, quando se vê mover uma flor ou qualquer outro pequeno objeto, um dos assistentes notará um vapor luminoso pairar em cima; um outro descobrirá uma mão de aparência nebulosa, enquanto outro apenas verão a flor em movimento.

Vi mais de uma vez, primeiro, um objeto mo­ver-se, depois uma nuvem luminosa que parecia formar-se ao redor dele, e, enfim, a nuvem conden­sar-se, tomar forma e transformar-se em mão, per­feitamente acabada. Nesse momento, todas as pes­soas presentes podiam ver essa mão. Nem sempre ela é uma simples forma, pois algumas vêzes parece perfeitamente animada e graciosa: os dedos mo­vem-se e a carne parece ser tão humana quanto à de qualquer das pessoas presentes.

No punho e nos braços torna-se vaporosa e per­de-se em uma nuvem luminosa.

Ao contato, essas mãos parecem algumas vêzes frias como o gelo, e mortas; outras vêzes me pare­ceram quentes e vivas, e apertaram a minha mão com a firmeza de um velho amigo.

Retive uma dessas mãos, bem resolvido a não deixá-la escapar. Nenhuma tentativa, nenhum esforço foi feito para fazer-me largar a presa, mas pouco a pouco essa mão pareceu dissolver-se em vapor, e foi assim que ela se libertou da prisão.

ESCRITA DIRETA

E esta a expressão empregada para designar a escrita que não é produzida por nenhuma das pes­soas presentes.

Obtive várias vêzes palavras e comunicações escritas em papel marcado com o meu sinete parti­cular e, sob as mais rigorosas condições de controle, ouvi na escuridão o ranger do lápis a mover-se sobre o papel.

As precauções, previamente tomadas por mim, eram tão grandes que eu estava perfeitamente con­vencido como se eu houvesse visto os caracteres se formarem. Mas, como o espaço não me permite entrar . em todas as minúcias, limitar-me-ei a citar os casos nos quais meus olhos, tão bem quanto os meus ouvidos, foram testemunhas da operação.

O primeiro fato, que citarei, produziu-se, é certo, em uma sessão às escuras, mas o seu resultado não foi menos satisfatório.

Eu estava sentado perto da médium, a Senhora. Fox; não havia outras pessoas presentes, além de minha mulher e uma senhora nossa parenta, e eu segurava as mãos da médium com uma das minhas, enquanto que seus pés estavam sobre os meus.

Diante de nós, sobre a mesa, havia papel, e a minha mão livre segurava o lápis.

Mão luminosa desceu do teto da sala e, depois de ter pairado perto de mim durante alguns segun­dos, tomou-me o lápis, escreveu rapidamente numa folha de papel, abandonou o lápis e, em seguida, elevou-se acima das nossas cabeças, perdendo-se pouco a pouco na escuridão.

O meu segundo exemplo pode ser considerado um insucesso.

Um grande revés ensina muitas vêzes mais do que a experiência mais bem sucedida.

Essa manifestação se realizou à luz, em minha própria sala, e somente em presença do Senhor Home e de alguns amigos íntimos.

Várias circunstâncias, das quais é inútil fazer a narração, me tinham mostrado que o poder do Senhor Home era muito forte essa noite. Exprimi, pois, o desejo de ser testemunha, nesse momento, da pro­dução de uma comunicação escrita, do modo por que antes eu tinha ouvido narrar por um dos meus amigos.

Imediatamente nos deram a seguinte comuni­cação alfabética: Experimentaremos.

Colocamos algumas folhas de papel e um lápis no meio da mesa, e, então, o lápis ergueu-se apoian­do-se sobre a ponta, avançou para o papel com saltos mal seguros, e caiu. Depois, tornou a levantar-se e a cair ainda. Uma terceira vez se esforçou, mas sem obter melhor resultado.

Depois dessas três tentativas infrutíferas, uma pequena régua, que se achava ao lado sobre a mesa, resvalou para o lápis e elevou-se a algumas polega­das acima da mesa, o lápis levantou-se de novo, apoiou-se na régua, e ambos fizeram esforço para escrever no papel. Depois de terem experimentado três vêzes, a régua abandonou o lápis e voltou ao seu lugar; o lápis tornou a cair sobre o papel, e uma comunicação alfabética nos disse: Experimentarmos satisfazer o vosso pedido, porém está acima do nosso poder.

FORMAS E FIGURAS DE FANTASMAS

Esses fenômenos são os mais raros de todos os de que fui testemunha. As condições necessárias à sua aparição dir-se-iam tão delicadas, e é preciso tão pouca coisa para contrariar a manifestação, que só tive raríssimas ocasiões de os ver em condições satisfatórias. Mencionarei dois desses casos.

Ao cair do dia, durante uma sessão do Senhor Home, em minha casa, vi agitarem-se as cortinas de uma janela que estava cerca de oito pés de distância do Senhor Home.

Uma forma sombria, obscura, meio transpa­rente, semelhante a uma forma humana, foi vista por todos os assistentes, em pé, perto da janela da sacada, e essa forma agitava a cortina com a mão. Enquanto a olhávamos, desapareceu, e as cortinas deixaram de se mover.

O caso que se segue é ainda mais surpreenden­te. Como no caso anterior, o Senhor Home era o mé­dium. Uma forma de fantasma avançou de um canto da sala, foi tomar uma harmônica, e em seguida deslizou ligeira pela sala, tocando esses instrumento.

Essa forma foi visível, durante vários minutos, por todas as pessoas presentes, ao mesmo tempo em que se via também o Senhor Home. O fantasma aproximou-se de uma senhora que estava sentada a certa distancia dos demais assistentes, e, a um pequeno grito dessa senhora, desapareceu.

CASOS PARTICULARES PARECENDO IN­DICAR A AÇÃO DE UMA INTELIGÊNCIA EXTERIOR

Ficou já provado que esses fenômenos são go­vernados por uma inteligência. É muito importante conhecer a fonte dessa inteligência.

É do médium, de uma das pessoas presentes que estão no aposento, ou antes essa inteligência estará fora deles? Sem querer, presentemente, pronun­ciar-me de modo positivo sobre esses pontos, posso dizer que, ao verificar que em muitos casos a von­tade e a inteligência do médium parece terem muita ação sobre os fenômenos, observei também vários casos que parece mostrarem, de maneira concluden­te, a ação de uma inteligência exterior e estranha a todas as pessoas presentes (4).

O espaço não me permite dar aqui todos os argumentos que se podem apresentar para provar essas asserções, mas entre grande número de fatos mencionarei resumidamente um ou dois.

Em minha presença vários fenômenos se pro­duziram ao mesmo tempo, sendo que a médium não os conhecia todos. Cheguei a ver a Senhora. Fox escre­ver automàticamente uma comunicação para um dos assistentes, enquanto uma outra comunicação sobre outro assunto lhe era dada para uma outra pessoa por meio do alfabeto e por pancadas. Durante todo esses tempo à médium conversava com uma ter­ceira pessoa, sem o menor embaraço, sobre assunto completamente diferente dos outros dois.

Caso, talvez, mais surpreendente, é o seguinte: durante uma sessão com o Senhor Home, a pequena régua, de que já falei, atravessou a mesa para vir a mim, em plena luz, e deu-me uma comunicação, batendo-me em uma das mãos.

Eu soletrava o alfabeto e a régua batia nas letras necessárias; a outra extremidade da régua repousava na mesa, a certa distância das mãos do Senhor Home.

As pancadas eram tão claras e tão precisas, e a régua estava tão evidentemente sob a influência de um poder invisível que lhe dirigia os movimen­tos, que eu disse: A inteligência que dirige os mo­vimentos desta, régua pode mudar o caráter dos seus movimentos, e dar-me por meio de pancadas, em minha mão, uma comunicação telegráfica com ò alfabeto Morse?

Tenho todos os motivos para crer que o alfa­beto Morse era inteiramente desconhecido das pes­soas presentes, e eu mesmo não o conhecia perfei­tamente. Mal acabava de pronunciar aquelas pala­vras, o caráter das pancadas mudou; mas a comu­nicação continuou da maneira que eu tinha pedido. As letras foram-me dadas rapidamente, de modo que não pude apanhar senão uma ou outra palavra, e, por conseguinte, essa comunicação se perdeu; mas, eu tinha visto o bastante para convencer-me de que na outra extremidade da régua havia um bom ope­rador de Morse, qualquer que ele fosse.

Ainda outro exemplo: uma senhora escrevia automaticamente por meio da prancheta; experi­mentei descobrir o meio de provar que o que ela escrevia não era devido à ação inconsciente do cérebro. A prancheta, como o fazia sempre, afirmava que, ainda que fosse posta em movimento pela mão e pelo braço dessa senhora, a inteligência que a di­rigia era a de um ser invisível, que se servia do cérebro da senhora como de um instrumento de musica, e fazia, assim, mover-lhe os músculos.

Disse eu, então, a essa inteligência: Vê o que há neste aposento? - Sim, escreveu a prancheta. - Vês este jornal e podes lê-lo? acrescentei, colocando o dedo sobre um número do Times que estava em uma mesa atrás de mim, mas sem olhá-lo. - Sim, respondeu a prancheta. - Bem, disse eu, se podes vê-lo, escreve a palavra que está agora coberta por meu dedo, e dar-te-ei crédito. A prancheta come­çou a mover-se lentamente, e com alguma dificulda­de escreveu a palavra however. Voltei-me e vi que a palavra however estava coberta pela extremidade do meu dedo.

Quando fiz essa experiência, tinha evitado, de propósito, olhar para o jornal, sendo impossível à senhora, embora o tentasse, ver uma só das palavras impressas, porque estava assentada perto de uma mesa, além de que o jornal estava sobre outra, que se achava atrás de mim, e o meu corpo inter­ceptava-lhe a vista.

MANIFESTAÇOES DIVERSAS DE CARÁTER COMPLEXO

Sob este título me proponho fazer conhecer algumas das manifestações que, por causa do seu caráter complexo, não podem ser classificadas dife­rentemente. Entre mais de doze fatos, escolherei dois. O primeiro produziu-se em presença da Senho­ra Kate Fox, é para torná-lo inteligível é preciso que entre em alguns pormenores.

A Senhora. Fox tinha-me prometido dar uma sessão em minha casa, numa noite de primavera do ano passado; enquanto eu a esperava, uma senhora nossa parenta, e os meus dois filhos mais velhos, um de catorze anos e o outro de onze, achavam-se na sala de jantar, onde as sessões sempre se realizavam, e eu mesmo me achava só na minha biblioteca, ocupado em escrever. Ouvindo uma carruagem parar e a campainha tocar, abri a porta à Senhora. Fox, e condu­zi-a logo para a sala de jantar, porque me disse ela que, não podendo demorar-se muito, não subiria; colocaram numa cadeira o seu chapéu e o chale. Diri­gindo-me então para a porta da sala de jantar, mandei que meus dois filhos fossem para a biblioteca estudar as suas lições; fechei a porta, dei volta à chave, e conforme meu hábito, durante as sessões, meti a chave no bolso.

Sentamo-nos. A Senhora. Fox ficou à minha direita e a outra senhora, à esquerda. Recebemos logo uma comunicação alfabética convidando-nos a apagar o gás; apagamo-lo, ficando em escuridão completa e durante a qual mantive, em uma das minhas, as mãos da Senhora. Fox. Quase no mesmo instante uma comunicação nos foi dada nestes termos: Vamos produzir um fenômeno que vos dará a prova do nosso poder, e, quase imediatamente depois, ouvi­mos todos o tilintar de uma companhia, não esta­cionária, mas que ia e vinha de todos os lados, na sala: ora perto da parede, ora outra vez em um canto distante; ora me tocava na cabeça, em segui­da batia no soalho; depois de ter assim soado, na sala, durante pelo menos cinco minutos, a campai­nha caiu sobre a mesa, muito perto das minhas mãos.

Enquanto durou o fenômeno, ninguém se mo­veu e as mãos da Senhora. Fox ficaram perfeitamente imóveis. Eu pensava que não podia ser a minha campainha que tocava,. pois a tinha deixado em mi­nha biblioteca. (Pouco tempo antes de a Senhora. Fox chegar, tive necessidade de um livro, que se achava no canto de uma prateleira; a campainha estava sobre o livro e eu a tinha posto de lado para poder retirá-lo. Este pequeno incidente me assegurava que a campainha estava na biblioteca). O gás iluminava vivamente o corredor para o qual dava a porta da sala de jantar, de tal maneira que esta porta não podia abrir-se sem deixar a luz penetrar na sala onde nos achávamos; demais, para abri-la, havia só uma chave, e eu a tinha no bolso.

Acendi uma vela.

Não havia dúvida; era realmente uma campai­nha que estava sobre a mesa, diante de mim. Fui direto à biblioteca; de um relance vi que a cam­painha não estava mais onde devia achar-se.

Perguntei, então, a meu filho mais velho: Sa­bes onde está minha campainha? - Sim, papai, res­pondeu-me, ei-la: e apontava o lugar onde eu a tinha deixado. Pronunciando estas palavras,ele levantou os olhos e continuou assim: - Não, ela não está ali, mas estava há bem pouco tempo. - Que queres dizer? Que alguém veio buscá-la? - Não,-disse ele, ninguém entrou; mas tenho certeza de que ela es­tava ali, porque logo que nos fizestes sair da sala 'de jantar, a fim de virmos para aqui, J. . . (o mais moço de meus filhos) começou a tocá-la com tanta fôrça que eu não podia estudar minhas lições, e lhe disse que parasse. J. , confirmou estas palavras e acrescentou que depois de ter tocado a campainha a tinha colocado no mesmo lugar.

O segundo caso, que vou narrar, verificou-se à luz, em um domingo à noite, em presença do Senhor Home e de alguns membros de minha família, so­mente. Minha mulher e eu tínhamos passado o dia no campo, e trouxemos de lá algumas flores que havíamos colhido. Chegando a casa, entregamo-las à criada para pô-las na água. O Senhor Home chegou logo depois, e todos nos dirigimos para a sala de jantar. Quando nos sentamos, a criada trouxe as flores que tinha posto em um vaso; coloquei-as no meio da mesa, cuja toalha tinha sido retirada: era a primeira vez que o Senhor Home via estas flores.

Depois de obtidas muitas manifestações, a con­versa veio cair sobre certos fatos que pareciam não se poderem explicar senão admitindo que a matéria podia realmente passar através de uma substância sólida. A esses propósitos a comunicação, que segue, nos foi dada alfabeticamente: É impossível a matéria passar através da matéria, mas vamos mostrar o que podemos fazer.

Esperamos em silêncio; uma aparição luminosa foi logo vista pairando sobre o ramalhete de flores; depois, à vista de todos, uma haste de erva da China, de 15 polegadas de comprimento, que ornamentava o centro do ramalhete, elevou-se lentamente do meio das outras flores e, em seguida, desceu à mesa de­fronte do vaso, entre este e o Senhor Home; chegando à mesa, esta, haste não se demorou, mas atraves­sou-a em linha reta, e todos a vêm muita bem até passar por completo.

Logo depois da desaparição da erva, minha mulher, que estava sentada ao lado do Senhor Home, viu, entre ela e ele, mão estranha que vinha de debaixo da mesa e que segurava a haste da erva com a qual lhe bateu duas ou três vêzes sobre os ombros, com um ruído que todos ouviram; depois depositou a erva no soalho e desapareceu. Só duas pessoas viram­ a mão, porém, todos os assistentes perceberam o movimento da erva. Enquanto isso se passava, podiam todos ver as mãos do Senhor Home colocadas tranqüilamente sobre a mesa, que estava diante dele. O lugar em que a erva desapareceu ficava a 18 polegadas daquele em que estavam as suas mãos; a mesa era. uma das de sala de jantar, com molas, abrindo-se por meio de um parafuso: não era elástica, e a reunião das duas partes formava uma es­treita fenda no meio; foi através desta fenda que a erva passara; medi-a e achei que tinha apenas 1/8 de polegada de largura. A haste da erva era dema­siadamente grossa para que pudesse passar através desta fenda sem se quebrar; entretanto, todos a tínhamos visto passar por ali, sem dificuldade, do­cemente, e, examinando-a em seguida, vimos que ela não oferecia a mais ligeira marca de pressão ou de arranhão.

TEORIAS EXPOSTAS PARA EXPLICAREM OS FENÔMENOS OBSERVADOS

Primeira teoria. - Os fenômenos são todos re­sultantes de fraudes, de hábeis disposições mecânica ou de prestidigitação; os médiuns são impos­tores e os assistentes são imbecis.

E evidente que esta teoria não pode explicar senão muito pequeno número de fatos observados. Admito de boa vontade que, entre os médiuns que têm aparecido diante do público, existam muitos impostores consumados, que se aproveitam do gosto do público para as sessões espíritas, a fim de encher a bolsa de dinheiro, ganho sem dificuldade que haja outros que, não tendo para enganar nenhum interesse pecuniário sejam levados à fraude pelo único desejo, parece, de adquirir notoriedade.

Achei-me em presença de vários desse embus­tes: alguns eram muito engenhosos; os outros eram tão grosseiros, que não há uma pessoa testemunha de fenômenos reais que se deixasse enganar.

Um investigador desses gêneros de fatos, que no começo de suas pesquisas encontra uma dessas bur­las, desgosta-se, e é natural que, ou em particular, ou pela voz da imprensa, emita suas opiniões, e englobe na mesma condenação toda espécie de médiuns.

Com um médium verdadeiro, acontece que os primeiros fenômenos, que se observam, parecem ge­ralmente provenientes de ligeiros movimentos da mesa e de fracas pancadas sob os pés ou as mãos do médium; esse efeito, concorda, são muito fá­ceis de imitar pelo médium ou por qualquer outra pessoa sentada à mesa. Se, como acontece algumas ,vez não se produz nada, o observador céptico re­tira-se firmemente convencido de que, já tendo com a sua penetração sem igual descoberto que o médium enganava, este tem receio de praticar outras frau­des em sua presença.

Escreverá, pois, aos jornais; explicará a frau­de, e, provavelmente, expandir-se-á em sentimentos de comiseração à vista do triste espetáculo de pes­soas que, inteligentes em aparência, se deixam levar pelo erro aquele descobriu ao primeiro golpe de vista.

Há enorme diferença entre as sortes de um es­camoteador de profissão que, cercado de aparelhos, auxiliado por certo número de pessoas ocultas e de comparsas, iludem pela destreza e ligeireza de mãos, em seu próprio teatro, e os fenômenos que se pro­duzem em presença do Senhor Home, em plena luz, num aposento particular que, até ao começo da sessão, foi ocupado sem interrupção por mim e por meus amigos, que não somente não teriam favorecido a menor fraude, mas ainda observavam de parte tudo o que se passava. Ainda mais: o Senhor Home foi mui­tas vêzes examinado antes e depois das sessões, a seu próprio pedido. Durante as manifestações mais notáveis eu lhe segurava por vêzes as mãos e colocava os meus pés sobre os seus; não propus uma só vez modificar as disposições para tornar a fraude menos possível, sem que ele não consentisse ime­diatamente, e, muitas vêzes mesmo, chamou a aten­ção para os meios de controle que se podiam em­pregar.

Falo sobretudo do Senhor Home, porque tem muito mais fôrça que os outros médiuns com os quais fiz experiências; mas, com todos, tomei precauções su­ficientes para que a fraude fosse riscada da lista das explicações possíveis.

Que se não esqueça que uma explicação, para ser admissível, deve satisfazer a todas as condições do problema; não é lógico, pois, que uma pessoa, que talvez só tenha visto alguns fenômenos inferio­res, diga: suponho que tudo isso é burla, ou mais: tenho visto como essas peloticas podem ser exe­cutadas.

Segunda teoria. - As pessoas, que assistem a uma sessão, são vítimas de uma espécie de loucura ou de ilusão e se persuadem de que se produzem fenômenos que não existem realmente.

Terceira teoria. - Tudo isso é o resultado da ação consciente e inconsciente do cérebro.

Estas duas teorias só podem evidentemente abraçar uma muito pequena parte dos fenômenos, e elas mesmas não os explicam senão de maneira improvável: elas podem ser refutadas em poucas palavras.

Chego agora às teorias espirituais. É pre­ciso lembrar que a palavra espírito é empregada ecoa um sentido muito vago pelo maior número de pessoas

Quarta teoria. - Os fenômenos produzidos são resultantes do espírito do médium, que se associa talvez ao espírito de todas as pessoas presentes ou de algumas somente.

Quinta teoria. - São devidos à ação dos maus espíritos, ou demônios, que se manifestam como que­rem e da maneira como lhes apraz, a fim de des­truírem o Cristianismo e de perderem as almas dos homens.

Sexta teoria. - São produzidos por certa classe de seres que vivem na Terra, mas imateriais, invi­síveis aos nossos olhos, e todavia capazes, em certos casos, de manifestarem a sua presença. Em todos os países e em todas as épocas, têm sido conhecidos sob o nome de gênios (o que não quer dizer que sejam necessariamente maus), gnomos, fadas, duen­des, diabretes, anões, etc.

Sétima teoria. - As manifestações são devidas à intervenção dos mortos: é a teoria espiritual por excelência.

Oitava teoria. - A da fôrça psíquica que é antes um complemento das teorias 4, 5, 6 e 7 do que uma teoria por si mesma.

Segundo ela, supõe-se que o médium ou o círculo das pessoas reunidas para formar um todo, possui uma fôrça, um poder, uma influência, uma virtude ou um dom, por meio dos quais seres inteligentes podem produzir os fenômenos observados. Quanto ao que podem ser esse seres inteligentes, é matéria para outras teorias.

O que há de certo, é que um médium possui uma, qualquer coisa que um ser comum não possui. Dai um nome a essa qualquer coisa; chamai-lhe X, se quiserdes, embora o Senhor Serjeant Cox a denomine fôrça psíquica. Esses assuntos têm sido tão mal compreendidos que julgo acertado dar a explicação se­guinte, servindo-me das próprias palavras do Se­nhor Serjeant Cox:

A teoria da fôrça psíquica nada mais é do que a simples verificação do fato quase indiscutível atualmente: o de que, em certas condições, ainda imperfeitamente fixadas, e a certa distância ainda indeterminada, promana do corpo de certas pessoas, dotadas de uma organização nervosa especial, uma fôrça que, sem o contato dos músculos ou do que a eles se ligue, exerce uma ação à distância, produz visivelmente o movimento de corpos sólidos e neles faz vibrar sons. Como a presença de uma tal orga­nização é necessária à produção dos fenômenos, é razoável concluir que essa fôrça procede desta or­ganização por um meio ainda desconhecido. Assim como o próprio organismo é movido e dirigido inte­riormente por uma fôrça que é a alma, ou é gover­nado pela Alma, Espírito ou Inteligência (dai-lhe o nome que quiserdes) que constitui o ser individual a que chamamos homem; também é razoável con­cluir que a fôrça que produz o movimento, além dos limites do corpo, é a mesma que o executa dentro dos seus limites. E, assim como se vêem muitas vêzes a fôrça exterior dirigida por uma inteligência, tam­bém é razoável concluir que a inteligência que dirige a fôrça exterior é a mesma que a governa interiormente. E a esta fôrça que dei o nome de fôrça psí­quica, porque este nome define bem a energia que, em minha opinião, tem sua fonte na Alma ou Inte­ligência do homem.

Quase inteiramente de acordo com aqueles que adotam esta teoria da fôrça psíquica, como sendo o agente pelo qual os fenômenos se produzem,, eu não pretendo afirmar que tal fôrça não possa ser algumas vêzes captada e dirigida por alguma outra Inteligência que não seja a da fôrça psíquica.

Os mais fervorosos espiritualistas admitem em realidade a existência da fôrça psíquica sob o nome de todo impróprio de magnetismo, com o qual ela não tem a menor relação, pois eles afirmam que os espíritos dos mortos não podem executar os atos que se lhes atribui senão por meio da fôrça magnética do médium, isto é, dessa fôrça psíquica.

A diferença entre os partidários da fôrça psí­quica e a do espiritualismo consiste nisso: - que sustentam aqueles não se ter ainda provado senão de maneira insuficiente que existe um outro agente de direção que não a inteligência do médium, e que se trata dos espíritos dos mortos; ao passo que os espiritualistas aceitam como artigo de fé, sem pedir mais provas, que são os espíritos dos mortos os únicos agentes da produção de todos os fenômenos.

Assim, a controvérsia, se reduz a uma pura questão de fato, que não se poderá resolver senão por laboriosa série de experiências e pela reunião de grande número de fatos psicológicos: serão esses os primeiros dever que terá a cumprir a Sociedade de Psicologia atualmente em organização.

Mediunidade da Srta. Florence Cook

As cartas seguintes apareceram nos jornais espiritualistas, nas datas que trazem, e formam a conclusão natural desta série de memórias.

Senhor:

Esforcei-me o mais que pude para evitar toda controvérsia, escrevendo ou falando sobre assunto tão apaixonável quanto os fenômenos chamados espíritas. A não ser em muito pequeno número de casos, onde a eminente posição dos meus adversá­rios poderia emprestar ao meu silêncio outros mo­tivos que não os verdadeiros, não repliquei jamais os ataques e as falsas interpretações que a minha ligação a essa causa ocasionou contra mim.

O caso é outro, entretanto, quando algumas linhas de minha parte puderem, talvez, afastar uma injusta suspeita atirada sobre alguém; e quando esse alguém é uma mulher, moça, sensível e ino­cente, cumpre-me o dever especial de empregar a autoridade do meu testemunho em favor dela, que creio injustamente acusada.

Entre todos os argumentos apresentados de um e outro lado, relativamente aos fenômenos obti­dos pela mediunidade da Srta. Cook, vejo poucos fatos estabelecidos de maneira a conduzir o leitor desprevenido a dizer, no caso que possa ter con­fiança no critério e na veracidade do narrador Enfim, eis uma prova absoluta!

Vejo muito fortes asserções, muita exagera­ção não intencional, conjeturas e suposições sem fim, não poucas insinuações de fraude, um pouco de gracejo vulgar, mas não vejo ninguém apresen­tar-se com as afirmações positivas, baseadas na evi­dência dos seus próprios sentidos, de que, quando a forma que se denomina Kátie está na sala, o corpo da Srta. Cook está nesse momento no gabi­nete, ou por outra, não está.

Assim, parece-me que toda a questão está es­tritamente limitada.

Que se prove como fato uma ou outra das alternativas precedentes, e todas as outras questões subsidiárias serão afastadas.

Mas a prova deve ser absoluta: não deve ser baseada. num raciocínio por indução ou aceita à vista, da integridade suposta dos selos, dos nós ou das costuras, pois tenho razão para estar certo de que o poder em atividade nesses fenômenos é como o amor, que zomba das fechaduras.

Eu tinha esperança de que alguns dos amigos da Srta. Cook, que acompanharam as suas sessões quase desde o começo, e que parece terem sido alta­mente favorecidos nas provas que receberam, tives­sem dado, antes de mim, testemunhos em seu favor. Mas, na falta das testemunhas que seguiram esses fenômenos desde o seu começo, há cerca de três anos, seja-me permitido, a mim que não fui admi­tido senão muito tarde, expor um fato verificado em uma sessão para que eu fora convidado, a pe­dido da Srta. Cook, e que se realizou alguns dias depois do desagradável acontecimento que deu ori­gem a esta controvérsia.

A sessão realizava-se na casa do Senhor Luxmore, e o gabinete era uma sala afastada, separada por uma cortina da sala da frente onde se achavam os assistentes.

Tendo sido preenchida a formalidade ordinária de examinar a sala e as fechaduras, a Srta. Cook penetrou o gabinete.

Pouco tempo depois, a forma de Katie apa­receu ao lado da cortina, mas retirou-se logo, di­zendo que o fazia porque haveria perigo em se afastar do seu médium visto que este não se achava bem e não poderia ser lançado em sono suficiente­mente profundo.

Eu estava colocado a alguns pés da cortina, atrás da qual a Srta. Cook se achava sentada, to­cando-a quase, e podia freqüentemente ouvirem os seus gemidos e suspiros, como se ela sofresse. Esse mal­-estar continuou por intervalos, durante quase toda a sessão, e uma vez, quando a forma de Kátie es­tava diante de mim, na sala, ouviu distintamente o som de um suspiro doloroso, idêntico aos que a Srta. Cook tinha feito ouvir, por intervalos, durante todo o tempo da sessão e que vinha de trás da cor­tina onde ela devia estar sentada.

Confesso que a figura era surpreendente na sua aparência de vida e de realidade, e tanto quanto eu podia ver, à luz um pouco fraca, os seus traços assemelhavam-se aos da Srta. Cook; mas, entretan­to, a prova positiva, dada por um dos meus senti­dos, pois que o suspiro vinha da Srta. Cook, no gabinete, enquanto a figura estava fora dele, esta prova é muito forte para ser destruída por simples suposição do contrário, mesmo bem sustentada.

Os leitores conhecem-me, e naturalmente cre­rão, espero, que não adotarei precipitadamente uma opinião, nem que lhes pedirei para estarem de acordo comigo, apresentando eu uma prova insuficiente. É talvez muita ousadia pensar que o pequeno incidente que mencionei tenha para eles o mesmo valor que teve para mim; entretanto, pedirei isto: «Que aqueles que se inclinam a julgar severamente a Srta. Cook suspendam o seu juizo até que eu apre­sente uma prova cabal que, acredito, será suficiente para resolver a questão.

Presentemente, a Srta. Cook consagra-se ex­clusivamente a uma série de sessões particulares, às quais não assistem senão um ou dois dos meus ami­gos e eu; essas sessões se prolongarão provavelmente durante alguns meses, e tenho a promessa de que toda prova, que eu desejar, me será dada. Essas sessões não se vêm realizando senão há algumas semanas, mas já as houve suficientes para me con­vencerem plenamente da sinceridade e da honesti­dade perfeita da Srta. Cook, e para me darem todo o fundamento de acreditar que as promessas que Kátie tem feito, tão livremente, serão cumpridas.

Agora, o que peço é que os leitores não presu­mam. precipitadamente que tudo o que à primeira vista parece duvidoso importe necessariamente numa decepção, e que suspendam o seu juízo até que eu lhes fale de novo a respeito desses fenômenos.

Sou, etc. William Crookes 20, Mornington Road, London, 3 de fevereiro de 1874.

Formas de Espíritos

Em carta que escrevi a esses jornais no começo de fevereiro último, falei dos fenômenos de formas de Espíritos que se tinham manifestado pela mediu­nidade da Srta. Cook, e dizia que aqueles que se inclinassem a julgar severamente a Srta. Cook suspendessem o seu juízo até que eu apresentasse uma prova cabal, que acreditava suficiente para resolver a questão.

Neste momento a Srta. Cook consagra-se exclu­sivamente a uma série de sessões particulares, às quais não assistem senão um ou dois dos meus ami­gos e eu... Vi o bastante para me convencer plena­mente da sinceridade e da honestidade perfeitas da Srta. Cook, e para crer, com todo o fundamento, que as promessas que Katie me fez, tão livremente, serão cumpridas.

Nessa carta descrevi um incidente que, em mi­nha opinião, era muito próprio para me convencer de que Katie e a Srta. Cook eram dois seres mate­riais distintos. Quando Katie estava fora do gabi­nete, em pé, diante de mim, ouvi um gemido vindo da Srta. Cook, que se achava no gabinete. Consi­dero-me feliz por dizer que obtive, enfim, a prova cabal de que falava na carta supramencionada.

Por enquanto não me referirei à maior parte das provas que Katie me forneceu nas inúmeras ocasiões em que a Srta. Cook me favoreceu com as suas ses­sões em minha casa, e só descreverei uma ou duas das que se realizaram recentemente. Desde algum tempo fazia eu experiências com uma lâmpada fosforescente, que consistia em uma garrafa de 6 ou 8 onças que continha um pouco de óleo fosforado, e que estava solidamente arrolhada. Eu tinha razões para esperar que, à luz dessa lâmpada, alguns doa misteriosos fenômenos do gabinete pudessem tor­nar-se visíveis, e Katie também esperava obter o mesmo resultado.

A 12 de março, durante ume, sessão em minha casa, e depois de Katie ter andado entre nós, e de ter falado, durante algum tempo, retirou-se para trás da cortina que separava o meu laboratório, onde os assistentes estavam sentados, da minha bi­blioteca, que, temporariamente. serviu de gabinete.

Um momento depois ela reapareceu à cortina e cha­mou-me, dizendo: Entre no aposento e levante a cabeça da médium: ela escorregou para o chão. Katie estava então em pé, diante de mim, trajada com seu vestido branco habitual e trazia um tur­bante.

Imediatamente dirigi-me à biblioteca para le­vantar a Srta. Cook, e Kátie deram alguns passos de lado para me deixar passar. Com efeito, a Srta. Cook tinha escorregado um pouco de cima do canapé, e a sua cabeça pendia em posição muito penosa. Tor­nei a pô-la no canapé, e fazendo isso tive, apesar da escuridão, a viva satisfação de verificar que a Senhorita Cook não estava trajada com o vestuário de Katie, mas que trazia a sua vestimenta ordinária de veludo preto e se achava em profunda letar­gia. Não decorreu mais que três segundos entre o momento em que vi Katie de vestido branco diante de mim, e o em que coloquei a Srta. Cook no canapé, tirando-a da posição em que se achava.

Voltando ao meu posto de observação, Katie apareceu de, novo e disse que pensava poder mos­trar-se a mim ao mesmo tempo em que a sua médium. Abaixou-se. o gás e ela me pediu a lâmpada fosforescente. Depois de ter-se mostrado à claridade du­rante alguns segundos, restituiu, dizendo agora, entre e venha ver a minha médium. Acompanhei-a de perto à minha biblioteca e, à claridade da lâmpada, vi a Srta. Cook estendida no canapé, exatamente como eu a tinha deixado; olhei em torno de mim para ver Katie, porém ela tinha desapare­cido. Chamei-a, mas não recebi resposta. Voltei ao meu lugar; Katie tornou a aparecer logo, e me disse que durante todo o tempo tinha estado em pé, perto da Srta. Cook; e perguntou então se ela própria não poderia tentar uma experiência, e, tomando das mi­nhas mãos a lâmpada fosforescente, passou para trás da cortina, pedindo não olhasse para o gabinete.

No fim de alguns minutos, restituiu-me a lâmpada, dizendo que não tinha podido sair-se bem, que havia esgotado todo o fluido da médium, mas que tornaria a experimentar em outra ocasião. Meu filho mais velho, rapaz de 14 anos, que estava sentado à minha frente, em posição que podia ver o que se pas­sava por trás da cortina, disse-me que tinha visto distintamente a lâmpada fosforescente, que parecia plainar no espaço acima da Srta. Cook, iluminando-a durante o tempo em que ela estivera estendida e imóvel no canapé, mas que não tinha podido ver nin­guém segurar a lâmpada.

Passo agora à sessão que se realizou, ontem, à noite, em Hackney. Katie nunca apareceu com tão grande perfeição. Durante perto de duas horas pas­seou na sala, conversando familiarmente com os que estavam presentes. Várias vêzes tomou-me o braço, andando, e a impressão sentida por mim era a de uma mulher viva que se achava a meu lado, e não de um visitante do outro mundo; essa impressão foi tão forte, que a tentação de repetir uma nova e curiosa, experiência tornou-se-me quase irresistivel.

Pensando, pois, que eu não tinha um espirito perto de mim, mas sim uma senhora, pedi-lhe per­missão de tomá-la nos meus braços, a fim de poder verificar as interessantes observações que um expe­rimentador ousado fizera recentemente, de maneira tão sumária. Essa permissão foi-me graciosamente dada, e, por conseqüência, utilizei-me dela, convenientemente, como qualquer homem bem educado o teria feito nessas circunstâncias. O Senhor Volckman ficará satisfeito ao saber que posso corroborar a sua asserção, de que o fantasma (que, afinal, não fez nenhuma resistência) era um ser tão material quan­to a própria Srta. Cook. Mas o que vai seguir mos­trará quão pouco fundamento tem um experimentador, por maior cuidado que tenha nas suas observa­ções, em aventurar-se a formular uma importante conclusão quando as provas não existem em quan­tidade suficiente.

Katie disse então que, dessa vez, se julgava capaz de mostrar-se ao mesmo tempo em que a Senho­rita Cook. Abaixei o gás, e, em seguida, com a minha lâmpada fosforescente penetrei o aposento que servia de gabinete.

Mas eu tinha pedido previamente a um dos meus amigos, que é hábil estenógrafo, para notar toda observação que eu fizesse, enquanto estivesse no gabinete, porque bem conhecia eu a importância que se liga às primeiras impressões, e não queria confiar à minha memória mais do que fosse necessário: as suas notas acham-se neste momento diante de mim.

Entrei no aposento com precaução: estava es­curo, e foi pelo tato que procurei a Srta. Cook; en­contrei-a de cócoras, no soalho.

Ajoelhando-me, deixei o ar entrar na lâmpada, e, à sua claridade, vi essa moça vestida de veludo preto, como se achava no começo da sessão, e com toda a aparência de estar completamente insensível. Não se moveu quando lhe tomei a mão; conservei a lâmpada muito perto do seu rosto, mas continuou a respirar tranqüilamente.

Elevando a lâmpada, olhei em torno de mim e vi Katie, que se achava em pé, muito perto da Srta. Cook e por trás dela. Katie estava vestida com uma roupa branca, flutuante, como já a tínhamos visto durante a sessão. Segurando uma das mãos da Srta. Cook na minha e ajoelhando-me ainda, ele­vei e abaixei a lâmpada, tanto para alumiar a figura inteira de Katie, como para plenamente convencer-me de que eu via, sem a menor dúvida, a verdadeira Katie, que tinha apertado nos meus braços alguns minutos antes, e não o fantasma de um cérebro doen­tio. Ela não falou, mas moveu a cabeça, em sinal de reconhecimento. Três vêzes examinei cuidadosamen­te a Srta. Coók, de cócoras, diante de mim, para ter a certeza de que a mão que eu segurava era de fato a de uma mulher viva, e três vêzes voltei à lâmpada para Katie, a fim de a examinar com segurança e atenção, até não ter a menor dúvida de que ela es­tava diante de mim. Por fim, a Srta. Cook fez um ligeiro movimento e imediatamente Katie deu um sinal para que me fosse embora. Retirei-me para outra parte do gabinete e deixei então de ver Katie, mas só abandonei o aposento depois que a Srta. Cook acordou e que dois dos assistentes entrassem com luz.

Antes de terminar este artigo, desejo salientar algumas diferenças que observei entre a Srta. Cook e Katie. A estatura de Katie era variável: em minha casa a vi maior 6 polegadas do que a Srta. Cook. Ontem à noite, tendo os pés descalços e não se apoiando na ponta dos pés, ela era maior 4 polega­das e meia do que a Srta. Cook, e tinha o pescoço descoberto; a pele era perfeitamente macia ao tato e à vista, enquanto a Srta. Cook tem no pescoço uma cicatriz que, em circunstâncias semelhantes, se vê distintamente, sendo áspera ao tato. As orelhas de Katie não são furadas, enquanto as da Srta. Cook trazem ordinariamente brincos. A cor de Katie é muito branca, enquanto a da Srta. Cook é muito morena. Os dedos de Katie são muito mais longos que os da Srta. Cook, e seu rosto é também maior. Nas formas e maneiras de se exprimir há também diferenças assinaladas.

A saúde da Srta. Cook não é assaz boa para lhe permitir dar, antes de algumas semanas, outras sessões experimentais como essas, e em conseqüência disso insistimos fortemente para que ela tivesse um repouso completo antes de recomeçar a campa­nha de experiências de que dei uma exposição sumaria, e, em próximo tempo, espero poder fazer conhecer os resultados.

ULTIMA APARIÇÃO DE KATIE KING, SUA FOTOGRAFIA COM O AUXILIO DA LUZ ELÉTRICA

Tendo eu tomado parte muito ativa nas ultimas sessões da Srta. Cook, e obtido muito bom êxito na produção de numerosas fotografias de Katie King, com o auxílio da luz elétrica, julguei que a publi­cação de alguns detalhes seria interessante para os espiritualistas.

Durante a semana que precedeu a partida de Katie, ela deu sessões em minha casa, quase todas as noites, a fim de me permitir fotografa-la à luz artificial. Cinco aparelhos completos de fotografia foram pois preparados para esses efeitos. Eles consis­tiam em cinco câmaras escuras, uma do tamanho de placa inteira, uma de meia placa, uma de quarta, e de duas câmaras estereoscópicas binoculares, que deviam todas ser dirigidas sobre Katie ao mesmo tempo, cada vez que ela ficasse em posição de se lhe obter o retrato. Cinco banhos sensibilizadores e fi­xadores foram empregados, e grande números de placas foram preparadas previamente, prontas a servir, a fim de que não houvesse nem hesitação nem demora durante as operações fotográficas, que eu mesmo executei, assistido por um ajudante.

A minha biblioteca serviu de câmara escura ela possuía uma porta. De dois batentes que se abria para o laboratório; um desses batentes foi levantado dos seus gonzos, e uma cortina, colocada em seu lugar, para permitir a Katie entrar e sair facilmente. Os nossos amigos, que se achavam presentes, estavam sentados no laboratório, em frente a corti­na, e as câmaras escuras ficaram colocadas um pouco atrás deles, prontas a fotografar Katie quan­do ela saísse, e a tomar igualmente o interior do gabinete todas as vêzes que a cortina fosse levan­tada para esses fins.

Cada noite, havia 3 ou 4 exposições de placas nas 5 câmaras escuras, o que dava pelo menos 15 provas por sessão. Algumas se estragaram no de­senvolvimento, outras ao regular a luz; apesar de tudo, tenho 44 negativos, uns medíocres, alguns nem bons nem maus e outros excelentes.

Katie recomendou a todos os assistentes que ficassem sentados e observassem essa exigência; somente eu não fui compreendido na medida; depois de algum tempo permitiu-me fazer o que eu dese­jasse, toca-la, entrar no gabinete e dele sair, quase todas as vezes que eu quisesse.

Acompanhei-a muitas vêzes ao gabinete e algu­mas vêzes vi Katie e a médium, ao mesmo tempo; geralmente, pois, eu só encontrava a médium em letargia, e deitada no soalho; Katie, com o seu vestuário branco, tinha instantaneamente desaparecido.

Durante esse seis últimos meses, a Srta. Cook fez-nos numerosas visitas e demorava-se algumas vêzes uma semana em nossa casa; só trazia consigo pequena mala de mão, que não fechava à chave; durante o dia estava em companhia da Senhora. Crookes, na minha ou na de algum outro membro da minha família; não dormia só, não tinha ocasião de prepa­rar algo, mesmo de caráter menos aperfeiçoado, que fosse apto para representar o papel de Katie King.

Eu mesmo preparei e dispus a minha biblioteca, assim como a câmara escura, e, como de costume, depois que a Srta. Cook jantava e conversava co­nosco, ela se dirigia logo ao gabinete; a seu pedido eu fechava à chave a segunda porta, guardando a chave comigo durante toda a sessão; então, abai­xava-se o gás e deixava-se a Srta. Cook na escuridão.

Entrando no gabinete, a Srta. Cook deitava-se no soalho, repousando a cabeça num travesseiro, e logo depois caía em letargia. Durante as sessões fotográficas, Katie envolvia a cabeça da médium com um chalé, para impedir que a luz lhe caísse sobre o rosto.

Várias vêzes levantei um lado da cortina, quan­do Katie estava em pé, muito perto, e então não era raro que as 7 ou 8 pessoas que estavam no labora­tório pudessem ver, ao mesmo tempo, a Srta. Cook e Katie, à plena claridade da luz elétrica. Não podíamos então perceber o rosto da médium, por causa do chalé, mas notávamos as suas mãos e pés; vimo-la mover-se, penosamente, sob a influência desta luz intensa, e, por momentos, ouvíamos-lhe os gemidos.

Tenho uma prova de Katie e da médium foto­grafadas juntamente; mas Katie está colocada diante da cabeça da Srta. Cook.

Enquanto eu tomava parte ativa nessas sessões, a confiança que em mim tinha Katie aumentava gradualmente, a ponto de ela não querer mais pres­tar-se à sessão, sem que eu me encarregasse das dis­posições a tomar, dizendo que queria sempre me ter perto dela e perto do gabinete. Desde que essa con­fiança ficou estabelecida, e quando ela teve a satis­fação de estar certa de que eu cumpriria as promes­sas que lhe fazia, os fenômenos aumentaram muito em fôrça e foram-me dadas provas que me seriam impossíveis obter se me tivesse aproximado da médium de maneira diferente.

Katie me interrogava muitas vêzes a respeito ,das pessoas presentes às sessões e sobre o modo de serem colocadas, pois nos últimos tempos se tinha tornado muito nervosa, em conseqüência de certas sugestões imprudentes, que aconselhavam empregar a fôrça, para tornar as pesquisas mais científicas.

Uma das fotografias mais interessantes é aquela em que estou em pé, ao lado de Katie, tendo ela o ,pé descalço sobre determinado ponto do soalho. Ves­tiu-se em seguida a Srta. Cook como Katie; ela e eu nos colocamos exatamente na mesma posição, e fomos fotografar pelas mesmas objetivas coloca­das perfeitamente como na outra experiência, e alu­miados pela mesma luz. Quando os dois esboços fo­ram postos um sobre o outro, as minhas duas foto­grafias coincidiram perfeitamente quanto ao porte, etc., mas Katie é maior meia cabeça do que a Senho­rita Cook, e, perto dela, parece uma mulher gorda. Em muitas provas, o tamanho do seu rosto e a esta­tura do seu corpo diferem essencialmente da médium, e as fotografias fazem ver vários outros pon­tos de dessemelhança.

Mas a fotografia é tão impotente para repre­sentar à beleza perfeita do rosto de Katie, quanto às próprias palavras o são para descrever o encanto de suas maneiras. A fotografia pode, é verdade, dar um desenho do seu porte; mas como poderá ela re­produzir a pureza brilhante de sua tez ou a expres­são sempre cambiante dos seus traços, tão móveis, ora velados pela tristeza, quando narra algum acon­tecimento doloroso da sua vida passada, ora sorri­dente, com toda a inocência de uma menina, quando reúne os` meus filhos ao redor de si, e os diverte contando-lhes episódios das suas aventuras na índia?

Vi tão bem Katie, recentemente, quando estava alumiada pela luz elétrica, que me é possível acres­centar alguns traços às diferenças que, em prece­dente artigo, estabeleci entre ela e a médium.

Tenho a mais absoluta certeza de que a Senho­ríta. Cook e Katie são duas individualidades distintas, pelo menos no que diz respeito aos seus corpos. Vários pequenos sinais, que se acham no rosto da Srta Cook, não existem no de Katie. A cabeleira da Srta. Cook é de um castanho tão forte que pa­rece quase preto ; um cacho da cabeleira de Katie, que tenho à vista, e que ela me permitira cortar de suas tranças luxuriantes, depois de ter seguido com os meus próprios dedos até ao alto da sua cabeça e de haver convencido de que ali nascera, é de um rico castanho dourado.

Uma noite, contei as pulsações de Katie; o pulso batia regularmente 75, enquanto o da Srta Cook, poucos instantes depois atingia a 90, seu número habitual. Auscultando o peito de Katie, eu ouvia um coração bater no interior, e as suas pulsações eram ainda mais regulares. que as do coração da Senho­rita Cook, quando, depois da sessão, ela me permitia igual verificação.

Examinados da mesma forma, os pulmões de Katie mostraram-se mais sãos que os da médium, pois, no momento em que fiz a experiência, a Senho­rita Cook seguia tratamento médico por motivo de grave bronquite.

Os leitores acharão, sem dúvida, interessante que as suas narrações e as do Senhor Ross Church, acerca da aparição de Katie, venham reunir-se às minhas, pelo menos as que posso publicar.

Quando chegou o momento de Katie nos deixar, pedi-lhe o obséquio de ser eu o último a vê-1a. Chamou ela a si cada pessoa da sociedade e lhes disse algumas palavras em particular, deu instruções ge­rais sobre nossa direção futura e sobre a proteção a dispensar a Srta. Cook. Dessas instruções, que foram estenografadas, cito o seguinte: O Senhor Crookes sempre agiu muito bem, e é cone a maior con­fiança que deixo Florence em suas mãos, perfeita­mente convicta de que não faltará à confiança que ­tenho nele. Em todas as circunstâncias imprevistas, o Senhor Crookes poderá agir melhor do que eu porque tem mais força.

Tendo terminado suas instruções, Katie convi­dou-me a entrar no gabinete com ela, e permitiu-me ficar nele até o fim. Depois de fechada a cortina, conversou comigo durante algum tempo, em seguida atravessou o quarto para ir até a Srta. Cook, que jazia inanimada no soalho; inclinando-se para ela, Katie tocou-a e disse-lhe: Acorda, Florente, acor­da! É preciso que eu te deixe agora!

A Srta. Cook acordou e, em lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda: Minha cara, não posso; a minha missão está cumprida; Deus te abençoe! respondeu Katie, e continuou a falar a Srta. Cook. Durante alguns minutos conver­saram juntas, até que enfim as lágrimas da Senho­rita Cook a impediram de falar. Seguindo as instru­ções de Kátie, precipitei-me para suster Cook, que ia cair sobre o soalho e que soluçava convulsivamen­te. Olhei ao redor de mim, mas Katie, com o seu vestido branco, tinha desaparecido. Logo que a Se­nhorita Cook ficou bastantemente calma, trouxeram luz, e a conduzi para fora do gabinete.

As sessões, quase diárias, com que a Srta. Cook me favoreceu ultimamente, muito esgotaram as suas forças, e desejo patentear, o mais possível, os obsé­quios que lhe devo pelo seu empenho em me ajudar nas experiências.

A qualquer prova que eu propusesse, concor­dava ela em submeter-se com a maior boa vontade; a sua palavra é franca e viva e vai diretamente ao assunto. Nunca vi a menor coisa que pudesse asse­melhar-se a mais ligeira aparência do desejo de en­ganar. Na verdade, não creio que ela pudesse levar uma fraude a bom fim, porque, se o tentasse, seria prontamente descoberta, por ser completamente es­tranho à sua natureza tal modo de proceder.

E quanto a imaginar que uma inocente colegial de 15 anos tenha sido capaz de conceber e de pôr em prática durante três anos, com grande êxito, tão gigantesca impostura como esta, e que durante esses tempo se tenha submetido a todas as condições que dela se exigiram, que tenha suportado as pesquisas mais minuciosas, que tenha consentido em ser exa­minada a cada momento, fosse antes, fosse depois das sessões; que tenha obtido ainda mais êxito na minha própria casa do que na casa de seus pais, sabendo que ia para ali, expressamente com o fim de se submeter a rigorosos ensaios científicos, quanto a imaginar que a Katie King dos três últimos anos é o resultado de uma impostura, isso faz mais violência à razão e ao bom senso, do que crer que Katie King é o que ela própria afirma ser.

Não me seria conveniente concluir este artigo sem agradecer igualmente ao Senhor e à Senhora. Cook as grandes facilidades que me proporcionaram para poder prosseguir nas minhas observações e experiências. Os meus agradecimentos e os de todos os espiritualistas são também devidos ao Senhor Charles Blackburn, pela .sua generosidade que permitiu a Srta. Cook consagrar todo o seu tempo ao desenvol­vimento dessas manifestações, e, em último lugar, ao seu exame científico.

Extrato do jornal «The Spiritualist» de 29 de Maio de 1874

Desde o começo da mediunidade da Srta. Cook, o Espírito Katie King ou Annie Morgan, que tinha produzido a maior parte das manifestações físicas, havia anunciado que não tinha.o poder de ficar perto da sua médium senão durante três anos, e que depois desse tempo despedir-se-ia para sempre.

O fim deste período expirou 5 feira última, mas antes de deixar a médium concedeu aos seus amigos ainda três sessões de despedida.

A última realizou-se 5 feira, 21 de maio de 1874: Katie expressamente fizera observar que não dava esta sessão senão aos poucos amigos conven­cidos, experimentados, que se achavam ainda. presentes em Londres, os quais, durante muito tempo, pugnaram pela médium contra o público, e, apesar de numerosas e instantes solicitações, só fez uma exceção, convidando os Srs. M. Florence, Marryat e Ross Church. Entre os espectadores estavam o Senhor William Crookes e a criada Maria...

Às 7 horas e 23 minutos da noite,. o Senhor Crookes conduziu a Srta. Cook à câmara escura, onde ela se estendeu no soalho, apoiando a cabeça num tra­vesseiro. Às 7 horas e 28 minutos, Katie falou pela primeira vez, e, às 7 horas e 30 minutos, mostrou-se fora da cortina e em toda a sua forma; estava ves­tida de branco, com as mangas curtas, e decotada; tinha longos cabelos castanhos claros, de cor dou­rada, caindo-lhe em cachos dos dois lados da cabeça e ao longo das costas, até à cintura; trazia um grande véu branco que não foi abaixado senão uma ou duas vêzes sobre o seu rosto, durante a sessão.

A médium tinha um vestido azul-claro, de me­rinó. Durante quase toda a sessão Katie ficou em pé diante de nós; a cortina do gabinete estava afas­tada e todos podíamos ver distintamente a médium adormecida com o rosto coberto com um chale en­carnado, para o resguardar da luz. Ela não deixara a sua primitiva posição desde o começo da sessão, durante a qual se derramava viva claridade pelo aposento. Katie falou da sua próxima partida e acei­tou um ramalhete que o Senhor Tapp trouxera, assim como alguns lírios oferecidos pelo Senhor Crookes; convidou, em seguida o Senhor Tapp a desamarrar o rama­lhete e colocar as flores diante dela, sobre o soalho; sentou-se, então, à maneira turca e pediu-nos para fazer a mesma coisa, ao seu derredor. Depois, divi­diu as flores e deu a cada um de nós um pequeno ramo, que amarrou com uma fita azul.

Escreveu também cartas de despedida a alguns dos seus amigos, assinando-se Ànnie Owen Mor­gan e dizendo que fora este o seu verdadeiro nome durante sua vida terrestre. Escreveu, igualmente, uma carta à médium e escolheu para ela um botão de rosa, como presente de despedida. Pediu, então, a tesoura, cortou pedaços dos seus cabelos e deu a todos nós uma grande parte, e, tomando em seguida o braço do Senhor Crookes, fez uma volta pela sala e apertou a mão de cada um; sentou-se de novo, cor­tou vários pedaços do seu vestido e do véu e nos presenteou com eles.

Vendo-se-lhe grande orifício no vestido, quando ela se achava sentaria entre o Senhor Crookes e o Se­nhor Tapp, perguntaram-lhe se poderia restaurar o dano, assim como o tinha feito em outras ocasiões. Kátie apresentou a parte cortada à claridade da luz, deu uma pancada em cima, e instantaneamente esta parte ficou tão completa e tão nítida como dantes. As pessoas que se lhe achavam perto lhe examinaram o pano, tocando-o com a sua permissão, e afirma­ram que não existia nem orifício, nem costura, nem nenhum tecido sobreposto, onde instantes antes tinham visto buracos de várias polegadas de diâmetro. Kátie deu em seguida as suas últimas instru­ções ao Senhor Crookes e aos outros amigos, sobre a conduta ,a manter relativamente às manifestações ulteriores, que havia prometido por intermédio da médium. Estas instruções foram anotadas com cuida­do e entregues ao Senhor Crookes. Ela pareceu então fatigada e dizia tristemente que desejava ir-se em­bora, porque a sua fôrça desaparecia; reiterou a todos as suas despedidas da maneira mais afetuosa. Os assistentes agradeceram-lhe as manifestações maravilhosas que lhes tinha concedido.

Finalmente, dirigiu aos seus amigos um último olhar grave e pensativo, deixou cair à cortina e tor­nou-se invisível. Ouviu-se que a médium acordava e lhe pedia, derramando lágrimas, que ficasse ainda um pouco mais; mas Kátie lhe respondeu: Minha cara, não posso; a, minha missão está cumprida; Deus te abençoe. E ouvimos o som de um beijo de despedida. A médium apresentou-se, então, entre nós, inteiramente desfalecida e profundamente cons­ternada.

Kátie dizia que não podia, para o futuro, falar nem se tornar visível; que, executando durante três anos essas manifestações físicas, tinha passado uma vida bem penosa, para expiar as suas faltas; que estava resolvida a elevar-se a um grau superior da vida espiritual; que só a longos intervalos poderia corresponder-se, por escrito, com a sua médium, mas que poderia sempre vê-Ia por meio da lucidez mag­nética.

O Espírito Kátie King materializa-se nas sessões do sábio Aksakof, antes de se manifestar ao Doutor William Crookes

Diz Aksakof na sua obra. (5) : farei aqui uma breve digressão, narrando a minha entrevista com Katie King, entrevista que ainda não foi publicada pela imprensa estrangeira.

Em 1873, já o Senhor Crookes tinha publicado os seus artigos sobre a força psíquica, porém, não acre­ditava ainda nas materializações e dizia que só acreditaria nelas quando visse ao mesmo tempo o médium e a forma materializada.

Achando-me em Londres, nessa época, desejei naturalmente ver esses fenômenos, único então. Ten­do-me relacionado com a família da Srta. Cook, fui graciosamente convidado para assistir à sessão que devia realizar-se a 22 de outubro.

Reunimo-nos em um pequeno aposento que ser­via de sala de jantar.

A médium, a Srta. Florente Cook, sentou-se em uma cadeira, no canto formado pelo fogão e a pa­rede; atrás havia uma cortina corrediça; o Senhor Lux­moore, que dirigia a sessão, exigiu que eu exami­nasse bem o lugar e as ligaduras da médium, pois pensava ser esta última precaução sempre indispen­sável. Em primeiro lugar ligou ele cada uma das mãos da médium, separadamente, com uma fita de linho, selou os nós, depois, reunindo as mãos por trás das costas, ligou-as conjuntamente com as ex­tremidades da mesma fita e, de novo, selou os nós; depois, ligou-as ainda com uma longa fita, que fez passar por fora da cortina, por baixo de um gancho de cobre, que foi preso à mesa perto da qual ele estava sentado; deste modo à médium não podia mover-se sem imprimir um movimento à fita.

O aposento estava iluminado por pequena lâmpada, colocada atrás de um livro.

Ainda não havia decorrido um quarto de hora e a cortina foi afastada suficientemente, para deixar ver uma forma humana, em pé, vestida completa­mente de branco, com o rosto descoberto, mas tendo os cabelos envolvidos em um véu branco e as mãos e os braços completamente nus - era Katie.

Na mão direita ela segurava um objeto, que en­tregou ao Senhor Luxmoore, dizendo-lhe: É para o .Senhor Aksakof; eu lho ofereço.

Ela me oferecia um pote de doce! e a entrega desses presentes provocou um riso geral.

Como se vê, a nossa primeira entrevista não teve nada de místico.

Tive a curiosidade de perguntar donde vinha este pote de doce e Katie deu-me esta resposta, não menos prosaica que o presente: Da cozinha.

Durante toda essa sessão, . ela conversou com as pessoas presentes; a sua voz era abafada; só se percebia um ligeiro cochicho; repetia a todo o ins­tante: - Façam-me perguntas; perguntas sensa­tos ; então, perguntei-lhe: não poderá, mostrar-me a sua, médium? Ela me respondeu: Sim, venha ligeiro e olhe.

Imediatamente afastei as cortinas das quais eu estava apenas afastado 5 passos; a forma branca tinha desaparecido, e, diante de mim, em um canto escuro, avistei a médium, sempre sentada na cadei­ra; trajava vestido de seda preta e, assim, não pude vê-Ia distintamente na escuridão. Logo que voltei ao meu lugar, Katie tornou a aparecer perto da cor­tina e perguntou-me: - Viu bem? Não muito bem, respondi; estava escuro atrás da cortina. En­tão segure a lâmpada e olhe depressa, respondeu-me Kátie.

Em menos de um segundo, coloquei-me atrás da cortina, com a lâmpada na mão; todo vestígio de Kátie tinha desaparecido e eu me achava em presença da médium, que estava sentada na cadeira., com as mãos ligadas por trás e mergulhada em profundo sono.

A luz da minha lâmpada, caindo sobre o seu rosto, produziu o seguinte efeito: a médium gemeu, fazendo esforços para acordar; um interessante co­lóquio travou-se, atrás da cortina, entre a, médium, que queria acordar completamente, e Kátie que que­ria adormecê-la ainda; ela, porém, teve de ceder; Kátie despediu-se dos assistentes, e fez-se silêncio; a sessão estava terminada.

O Senhor Luxmoore convidou-me a examinar bem as ligaduras, nós e selos: tudo estava intacto; quan­do tive de cortar os laços, senti grande dificuldade para introduzir a tesoura sob as fitas, tão forte­mente tinham sido atados os punhos.

Examinei de novo o gabinete, logo que a Senho­rita Cook o deixou... Para mim, era evidente que não fôramos joguete de mistificação por parte da Srta. Cook.

Mas, então, donde tinha vindo e por onde havia desaparecido essas formas brancas, vivas, falantes - uma verdadeira personalidade humana?

Lembro-me muito bem da impressão que experi­mentei nesse dia.

Eu estava certamente preparado para ver essas coisas, entretanto, custaram-me a acreditar nos meus olhos.

O testemunho dos sentidos, a lógica mesmo, me forçava a crer, enquanto a razão a isso se opu­nha, tanto é verdade que a fôrça do hábito subjuga os nossos .raciocínios. Quando estamos habituados a uma, coisa, supomos compreendê-la.

Um observador superficial suporá, natural­mente, que o papel de Kátie foi representado por uma pessoa qualquer, introduzindo-se por uma abertura habilmente dissimulada.

Mas não nos esqueçamos de que as sessões nem sempre eram realizadas na casa ocupada pela fa­milia Cook. ;

Assim, tive ocasião, a 28 de outubro, de tornar a ver Kátie em uma sessão organizada na residên­cia do Senhor Luxmoore - um homem rico - antigo juiz de paz.

Os convidados eram em número de quinze. En­quanto esperávamos a Srta. Florence Cook, exa­minamos o compartimento que devia servir de câmara escura e que se abria para a sala; achava-se nele uma segunda porta, que o Senhor Dumphey (reda­tor do Morning-Post) fechou à chave, guardando-a no bolso.

Logo depois chegou a Srta. Florence, acompa­nhada de seus pais; foi colocada em uma cadeira perto da porta que dava para a sala, e o Senhor Lux­moore amarrou-a, mas não da mesma forma por que o tinha feito na sessão precedente: o busto e os braços foram ligados separadamente, a fita que cingia o busto foi ainda esta vez passada por baixo de um gancho de cobre, fixado no soalho perto da cadeira em que se achava a Srta. Cook, e, em se­guida, conduzida para a sala; os nós da fita foram selados como da primeira vez pelo Senhor Luxmoore. Todos os convidados assistiram a essa operação, depois da qual passamos para a sala...

As cortinas foram corridas, e nós nos coloca­mos diante, em meio círculo.

O aposento estava suficientemente iluminado.

Dentro em pouco, a cortina afastou-se cerca de um pé e a forma de Katie apareceu na porta, ves­tida como de ordinário, e fazia os seus discursos habituais. A fita que repousava no soalho não se movia..

Katie insistiu de novo para que se lhe apre­sentassem perguntas sensatas.

Exprimi-lhe o desejo de se aproximar mais de nós, de avançar no aposento ainda que fosse um só passo, como já o tinha feito em outras sessões; ela, porém, me respondeu que não podia fazê-lo essa noite.

Katie desapareceu por um instante e tornou a aparecer segurando um grande vaso japonês que estava no aposento onde se achava a Srta. Cook, mas, a grande distância da cadeira onde estava amarrada. O vaso foi retirado das mãos de Katie e esta volteou três vêzes sobre o lugar. Por esses movimentos, queria evidentemente demonstrar-nos que seu corpo e suas mãos estavam livres de obstáculos, e, por conseqüência, que não era a médium que se mostrava.

A sessão foi quase de uma hora, durante a qual Katie apareceu e desapareceu repetidas vêzes. Enfim, a Srta. Cook acordou; teve ainda uma conversa com Katie e a sessão terminou como pre­cedentemente.

Um dos assistentes examinou os selos e os nós, cortou as fitas e levou-as.

Entre as minhas notas encontro esta notícia, que se relaciona com a época das experiências em questão: - Confesso que as sessões da Srta. Cook me impressionaram vivamente; de um lado eu he­sitava em crer nos meus olhos; entretanto, a evidencias dos fatos, as condições em que se produzi­ram, obrigaram-me a aceitá-los...

Katie cumpriu a sua promessa de deixar-se fotografar.

Ninguém suporia, nessa época, que essas experiências fotográficas fossem feitas pelo Senhor Crookes, descrente ainda dos fenômenos de materialização

Durante a conversa que tive com Crookes, após as sessões relatadas, pediu ele a minha opinião sobre essas manifestações. Respondi-lhe que me via forçado a considerá-las autênticas.

E ele observou: - Nenhuma ligadura me fará crer nesse fenômeno; a meu ver, a ligadura não oferece embaraços a fôrça que age; não me darei por convencido enquanto não vir, ao mesmo tempo, a médium e a figura materializada. (6)

RELATORIO DA COMISSÃO DOS SÁBIOS QUE SE REUNIRAM EM MILÃO, EM 1892, PARA O ESTUDO DOS FENÔMENOS PSIQUICOS.

Tomando em consideração o testemunho do Professor César Lombroso sobre os fenômenos me­diúnicos que se produzem pôr intermédio da Senho­ra Eusápia Paladino, os abaixo assinados reuni­ram-se em Milão para fazer com ela uma série de estudos tendentes a verificar esse fenômenos, sub­metendo-a a experiências e a observações tão rigo­rosas quanto possíveis.

Houve ao todo dezessete sessões, que se reali­zaram na residência do Senhor Finzi, (Rua do Mont de Ptiété), das 9 horas à meia-noite. .

A médium, convidada para essas sessões pelo Senhor Aksakof, foi apresentada pelo Cavalheiro Chiaia, que assistiu somente a terça parte delas, e quase unicamente as primeiras e menos importantes.

A vista do ruído produzido na imprensa e das diversas apreciações feitas a respeito da Senhora. Eusá­pia e do Cavalheiro Chiaia, resolvemos publicar, sem demora, esses resumido relatório de todas as nossas observações e experiências.

Antes de começar, notaremos que os resulta­dos obtidos nem sempre correspondem à nossa expectativa, não porque não tenhamos, em grande quantidade, fatos, em aparência ou realmente im­portantes e maravilhosos; mas, na maioria deles, não pudemos aplicar as regras da arte experimen­tal, que, em outros campos de observação, são con­sideradas necessárias para chegar a resultados cer­tos e incontestáveis.

A mais importante dessas regras consiste em mudar um por um os modos de experimentação, de maneira a descobrir a verdadeira causa, ou, pelo menos, as verdadeiras condições de todos os fatos.

Ora, é precisamente sob este ponto de vista que as nossas experiências parecem ainda incompletas. É verdade que muitas vêzes a médium, para provar a sua boa fé, propôs espontaneamente mudar algu­ma particularidade de uma ou de outra experiência e, muitas vêzes, ela mesma tomou a iniciativa dessas mudanças.

Mas isso se relacionava sobretudo com circunstancia indiferentes em aparência, a nosso ver.

As mudanças, ao contrário, que nos pareciam necessárias para pôr fora de dúvida o verdadeiro caráter dos resultados, ou não foram aceitas como possíveis pela médium, ou, se foram realizadas, apenas serviram para tornar quase sempre a experiência nula, ou pelo menos produziram resultados obscuros.

Não temos o direito de explicar esses fatos com o auxílio dessas suposições injuriosas, que muitos consideram ainda as mais simples e das quais os jornais se têm constituído campeões.

Pensamos, ao contrário, que se trata aqui de fenômenos de natureza desconhecida, e confessamos ignorar as condições necessárias para que eles se produzam.

Querer fixar essas condições por nós mesmos, seria, pois, tão extravagante como pretender fazer a experiência do barômetro de Torricelli, com um tubo fechado em baixo, ou experiências electrostáti­cas, em uma atmosfera saturada de humidade, ou ainda fotografar, expondo a placa sensível à plena luz, antes de colocá-la na câmara escura.

Entretanto, admitindo tudo isso (de que ne­nhuma pessoa sensata pode duvidar), não é menos verdadeiro que a impossibilidade bem assinalada de variar as experiências, à nossa vontade, diminuiu singularmente o valor e o interesse dos resultados obtidos, tirando-lhes, em muitos casos, esses rigor de demonstração que se tem o direito de exigir para fatos dessa natureza, ou, antes, ao qual se deve aspirar.

Por essas razões, entre as inumeráveis experiências efetuadas, não mencionaremos, ou o fare­mos rapidamente, as que nos parecerem pouco pro­váveis e a respeito das quais as conclusões puderam facilmente variar entre os diversos experimentado­res. Mencionaremos, ao contrário, com mais deta­lhes, as ocasiões nas quais, apesar do obstáculo que acabamos de indicar, nos parece terem atingido um grau suficiente de probabilidade.

I - Fenômenos observadas a luz

MOVIMENTOS DE OBJETOS A DISTÂNCIA SEM CONTATO

a) - Movimentos espontâneos de objetos.

Esses fenômenos foram observados vários vêzes durante as nossas sessões; freqüentemente uma ca­deira, colocada para esses fins, não distante da mesa, entre a médium e um dos seus vizinhos, começou a mover-se e, algumas vêzes, se aproximou da mesa. Um exemplo notável deu-se na segunda sessão, sempre em plena luz: uma pesada cadeira (10 qui­logramas), que se achava a um metro da mesa e por trás da médium, aproximou-se do Senhor Schiaparelli, que estava sentado perto da médium;ele le­vantou-se para tornar a colocá-la no lugar; mas, apenas tinha sentado, a cadeira veio de novo colo­car-se junto dEle.

b) Movimento da mesa sem contacto

Desejávamos obter esses fenômenos.

Para isso, a mesa foi colocada sobre roldanas, os pés da médium foram vigiados e todos os assis­tentes fizeram uma cadeia com as mãos, inclusive a médium. Quando a mesa começou a mover-se, le­vantamos todos as mãos, sem romper a cadeia, e a mesa, assim isolada, fez vários movimentos. Esta experiência foi repetidas várias vezes.

c) - Movimento da alavanca de uma balan­ça. Esta experiência foi feita, pela primeira vez, na sessão de 21 de setembro.

Depois de ter sido verificada a influência que o corpo da médium exercia sobre a balança, enquan­to nela estava sentada, quisemos observar se essa experiência poderia ter bom êxito, á distância. Para isso, a balança foi colocada por trás da médium sentada à mesa, de tal modo que a plataforma esti­vesse a 10 centímetros da sua cadeira.

Pôs-se, em primeiro lugar, a barra do seu ves­tido em contato com a plataforma; a alavanca co­meçou a mover-se. Então, o Senhor Broffério deitou-se no chão e, segurando a barra do vestido, verificou que ela não estava perfeitamente direita; depois voltou ao seu lugar.

Continuando os movimentos com bastante força, o Senhor Aksakof deitou-se no chão, por trás da médium, isolou completamente a plataforma da barra do vestido, dobrou este por baixo da cadeira e certificou-se com a mão de que o espaço estava perfeitamente livre entre a plataforma e a cadeira.

Enquanto ele estava nesta posição, a alavanca continuava a mover-se e a bater de encontro à barra de descanso, o que todos nós vimos e ouvimos. Uma segunda vez, realizou-se a mesma experiência na sessão de 27 de setembro, em presença do Professor Richet. Quando, depois de certa espera, o movimen­to da alavanca se produziu à vista de todos, batendo no descanso, o Senhor Richet deixou o seu lugar, perto da médium, e, passando a mão no ar e pelo chão entre a médium e a plataforma, certificou-se de que esses espaços estavam livres de qualquer comunicação. fio ou cordel.

PANCADAS E REPRODUÇÃO DE SONS NA MESA

Essas pancadas sempre se produziram durante as nossas sessões, para exprimir sim ou não; algu­mas vêzes eram fortes e nítidas e pareciam ressoar na madeira da mesa; mas, como se notou, a locali­zação do som não é coisa fácil, e não pudemos fazer, a esse respeito, nenhuma experiência, à exceção de pancadas ritmadas ou diversas arranhadelas que produzíamos na mesa, e que pareciam reproduzir-se, em seguida, no interior da madeira, mas, fracamente.

II - Fenômenos observados na escuridão

Os fenômenos observados na escuridão completa produziram-se enquanto estávamos todos sentados ao redor da mesa, fazendo a cadeia (pelo menos du­rante os primeiros minutos). As mãos e os pés da médium estavam seguros pelos seus dois vizinhos. Estando as coisas deste modo, verificaram-se logo depois os fatos mais variados e singulares, que, sem dúvida, não obteríamos em plena luz, pois a escuri­dão aumentava evidentemente a facilidade dessas manifestações, que podem ser classificadas do se­guinte modo:

1 - Pancadas na mesa, sensivelmente mais for­tes que as que se ouviam, em plena luz; em baixo ou em cima dela, ruídos semelhantes ao de um murro ou de uma palmada.

2 - Choque e pancadas nas cadeiras dos vizi­nhos da médium, por vêzes bastante fortes para fazerem voltar a cadeira com a pessoa. Algumas vêzes, quando esta pessoa se levantava, a cadeira era retirada.

3 - Transporte, para cima da mesa, de objetos diversos, tais corro cadeiras, vestuários, e outras coisas, distanciadas de vários metros e pesando -vários quilos

4 - Transporte, no ar, de objetos diversos, de instrumentos de música, por exemplo; percussões e sons produzidos por esses objetos.

5 - Transporte, para cima da mesa, da médium com a cadeira em que se achava sentada.

6 - Aparição de pontos fosforescentes de muito pouca duração (uma fração de segundo) e de clari­dades, notadamente de discos luminosos, que mui­tas vêzes se desdobravam, de duração igualmente muito curta.

7 - Ruído de duas mãos que se batiam no ar, uma na outra.

8 - Sopros sensíveis, como uma ligeira aragem, limitada a um pequeno espaço.

9 - Toques produzidos por mão misteriosa, ora nas partes vestidas do nosso corpo, ora nas partes descobertas (rosto e mãos), e, nesse último caso, experimentava-se exatamente a sensação de contato e de calor que produz a mico humana. Por vêzes per­cebem-se realmente esse toques, com um ruído correspondente.

10 - Visão de uma ou duas mãos projetadas num papel fosforescente ou uma janela fracamente iluminada.

11 - Diversos trabalhos efetuados por essas mãos: nós feitos e desfeitos, traços de lápis (con­forme tôda a aparência) deixados sobre uma folha de papel ou outro lugar. Impressões dessas mãos numa folha de papel enegrecida.

12 - Contato das nossas mãos com uma figura misteriosa, que não é certamente a da médium.

Todos os que negam a possibilidade dos fenômenos mediúnicos tentam explicar esse fatos su­pondo que a médium tem a faculdade (declarada impossível pelo Professor Richet) de ver na escuri­dão completa onde se faziam as experiências, e que por hábil artifício, agitando-se de mil maneiras na escuridão, acaba por fazer segurar uma das mãos pelos seus dois vizinhos, tornando a outra livre, para produzir os toques. Aqueles dentre nós que tiveram ocasião de vigiar as mãos de Eusápia são obrigados a confessar que esta não se prestava cer­tamente a facilitar a sua vigilância.

No momento em que se ia produzir algum fenô­meno importante, ela começava a agitar-se, torcen­do-se e tentando libertar as mãos, sobretudo a di­reita, como de um contato penoso.

Para tornar a vigilância contínua, os seus vizi­nhos eram obrigados a seguir todos os movimentos da mão fugitiva, o que ocasionava perder-se, por limitados instantes, o seu contato, exatamente na ocasião em que mais se desejava tê-la presa.

Nem sempre era fácil saber se segurava à mão direita ou à esquerda da médium.

Por essa razão, muita das manifestações, observadas na escuridão, foram consideradas como de valor demonstrativo insuficiente, posto que, em realidade, provável: assim, não mencionaremos estas, expondo somente alguns casos sobre os quais não se pode ter nenhuma dúvida, seja por causa da cer­teza do exame feito, seja pela impossibilidade manifesta de terem eles sido obra da médium.

a) - Transporte de diferentes objetos en­quanto às mãos e os pés da médium estavam amar­rados aos dos seus vizinhos.

Para nos certificar de que não éramos vítimas de uma ilusão, ligamos as mãos da médium às dos seus dois vizinhos, por meio de cordel de três milímetros de diâmetro, de maneira que os movimentos das quatro mãos se verificassem reciprocamente. A ligação foi feita da maneira seguinte: ao re­dor de cada punho da médium deram-se três voltas bem justas com o cordel, apertadas a ponto de doer, e em seguida deu-se duas vêzes um nó simples.

Isso feito, foi colocada uma campainha sobre uma cadeira, à direita da médium.

Estabeleceu-se a cadeia, e as mãos e os pés da médium foram, além disso, seguros como de costume. Fez-se escuridão e exprimimos o desejo de que a campainha tocasse sem demora. Imediatamente ouvimos a cadeira virar, descrever uma curva no soalho, aproximar-se da mesa e logo se colocar sobre ela. A campainha tocou; depois foi atirada sobre a mesa.

Tendo-se feito bruscamente luz, verificou-se que os nós estavam perfeitos.

É claro que o transporte da cadeira não foi produzido pelas mãos da médium, durante esta expe­riência, que durou, no máximo, 10 minutos.

b) - Impressão de dedos obtidos num papel enfumaçado.

Para termos certeza de que realmente estava em jogo uma mão humana, fixamos na mesa, do lado oposto ao da médium, uma folha de papel ene­grecida com fumaça, exprimindo o desejo de que a mão deixasse nele uma impressão, que a mão da médium ficasse limpa, e que o preto da fumaça fosse transportado para uma das nossas mãos.

As mãos da médium estavam seguras pelas dos Srs. Schiaparelli e Du-Prel.

Feita a cadeia e a escuridão, ouvem logo mão estranha bater fracamente na mesa, e, na mesma ocasião, o Senhor Du-Prel anunciar que a sua mão es­querda, que segurava a direita do Senhor Fínzi, sentia dedos que a esfregavam.

Feita a luz, achamos no papel várias impres­sões de dedos e as costas da mão do Senhor Du-Prel enegrecidas: as mãos da médium estavam perfeita­mente limpas.

Esta experiência foi repetida três vêzes, insis­tindo-se para se ter uma impressão completa; numa segunda folha obtiveram-se cinco dedos, e, numa terceira, a impressão de uma mão esquerda quase inteira. Depois disso, as costas da mão do Senhor Du­-Prel estavam completamente enegrecidas, e as mãos da médium, perfeitamente limpas.

C) - Aparição de mãos sobre um fundo ligei­ramente iluminado.

Colocamos na mesa um cartão embebido de substância fosforescente (sulfureto de cálcio) e outros sobre cadeiras, em diferentes pontos da sala.

Nessas condições, vimos muito bem um perfil de mão que descansava sobre o cartão da mesa e sobre o fundo formado pelos outros cartões; vimos -a sombra da mão passar e perpassar ao redor de nós.

Na noite de 21 de setembro, um de nós viu, várias vêzes, não uma, porém, duas mãos ao mesmo tempo projetarem-se sobre a fraca luz de uma ja­nela fechada somente com caixilhos (fora era noite, mas a escuridão não era absoluta), as mãos agitavam-se com rapidez, não tanto, todavia, que não pudéssemos distinguir nitidamente o perfil.

Eram completamente opacas e projetava-se sobre a janela, em sombras absolutamente negras. Não foi possível ajuizar-se sobre os braços, aos quais estavam ligadas, porque somente pequena parte desses braços, junta ao punho, se interpunha à fraca claridade da janela, no lugar em que era possível observá-la.

Esses fenômenos de aparição simultânea de duas mãos são muito significativos, porque não podem ser explicados pela hipótese de fraude da médium, que não teria conseguido, de nenhum modo, tornar livre senão uma das suas, graças à vigilância dos seus vizinhos.

A mesma conclusão se aplica ao bater de duas mãos, uma contra outra, o que foi ouvido várias vêzes no ar, durante o curso das nossas experiências.

d) - Elevação da médium sobre a mesa.

Colocamos entre os fatos mais importantes e mais significativos essa elevação, que foi efetuada duas vêzes, em 23 de setembro e 3 de outubro: a médium que estava sentado à cabeceira da mesa, soltando fortes gemidos, foi levantada com a cadei­ra e colocada com ela sobre a mesa, sentada na mesma posição, tendo sempre as mãos seguras e acompanhadas pelos seus vizinhos.

Na noite de 28 de setembro, a mesma médium, enquanto as suas mãos estavam seguras pelos Se­nhores Richet e Lombroso, queixava-se de mãos que a seguravam por baixo dos braços. Depois, em transe, disse com voz mudada, muito comum nesse estado: Agora vou levar a médium para cima da mesa. - Ao cabo de 2 ou 3 segundos, a cadeira, com a médium que nela se achava sentada, foi, não atirada, mas levantada sem precaução e colocada em cima da mesa, enquanto os Srs. Richet e Lom­broso asseveravam não ter ajudado em nada essa ascensão com os seus esforços.

Depois de ter falado, sempre em estado de transe, a médium anunciou a sua descida. Nessa ocasião, o Senhor Fínzi substituía o Senhor Lombroso. A médium foi depositada no chão com inteira segu­rança e precisão, e os Srs. Richet e Fínzi acompa­nhavam, sem a ajudar em nada, os movimentos das mãos e do corpo e interrogavam-se a cada instante sobre a posição das mãos.

Além disso, durante a descida, ambos sentiram, por vêzes repetidas, mão estranha tocá-los leve­mente na cabeça.

Na noite de 3 de outubro, o mesmo fenômeno se repetiu, em circunstâncias bastante semelhantes, estando os Srs. Du-Prel e Fínzi colocados ao lado da médium.

e) - Contatos.

Alguns merecem notados, particularmente, por causa de uma circunstância capaz de fornecer algu­ma noção interessante sobre a sua possível origem; e, antes de tudo, é preciso notar os contatos que foram sentidos pelas pessoas colocadas fora do alcance das mãos da médium.

Assim, a 6 de outubro, o Senhor Gerosa, que se achava à distância de cerca de um metro da médium, tendo elevado a mão para que ela fosse tocada, sentiu várias vêzes uma outra que batia na sua para abaixá-la, e, como ele persistia, foi tocado com uma trombeta, que pouco antes tinha produzido sons no ar...

Depois, é preciso notar os contatos que cons­tituem operações delicadas, que não podem ser exe­cutadas na escuridade com a precisão que lhes temos notado.

Duas vêzes (16 e 21 de setembro), os óculos do Senhor Schiaparelli foram tirados e colocados sobre a mesa, diante de outra pessoa. Esses óculos esta­vam fixados às orelhas por meio de duas molas, e é preciso certa atenção para os tirar, mesmo para quem opera em plena claridade. Foram, no entanto, tirados na escuridão completa, com tanta delicadeza e prontidão, que o ilustre sábio só percebeu quando não mais sentiu o contato habitual dEles sobre o nariz, fontes e orelhas, e foi necessário apalpar-se para ter certeza da realidade do fato.

Efeitos análogos resultaram de muitos outros contatos, executados com excessiva delicadeza, por exemplo, quando um dos assistentes sentiu acari­ciarem-lhe os cabelos e a barba. Em todas as inu­meráveis manobras executadas por mãos misterio­sas, jamais houve uma negligência ou um choque, o que é ordinariamente inevitável com quem opera na escuridão.

f) - Contatos com uma figura humana.

Tendo um de nós manifestado o desejo de ser beijado, sentiu diante da própria boca o estalido rápido de um beijo, mas não acompanhado de con­tato de lábios: isso se produziu duas vêzes (21 de setembro e 1.° de outubro). Em três ocasiões dife­rentes aconteceu a um dos assistentes pôr a mão em uma figura humana que tinha cabelos e barba. 0 contato da pele era absolutamente o do rosto de um homem vivo, os cabelos eram muito mais ásperos e arrepiados do que os da médium, e a barba, ao contrário, parecia muito fina (1.°, 5 e 6 de outubro).

G) - Experiências de Zoëllner sobre a pene­tração de um sólido através de outro sólido.

Ensaiamos sucessivamente três das experiências de Zoëllner, a saber

1.° O entrecruzamento de dois anéis sólidos (de madeira ou papelão), antes separados;

2.° A formação de um nó simples numa corda sem fim;

3.° A penetração de um objeto sólido numa caixa fechada, estando a chave guardada. Nenhuma dessas tentativas foi bem sucedida, dando-se o mesmo com outra experiência que teria sido não menos convincente - a do molde da mão misteriosa na parafina derretida (7).

III - Os fenômenos precedentemente observados, na escuridão, são obtidos, enfim, à luz, com a médium à vista

Restava-nos, para chegar à inteira convicção, experimentar obter os fenômenos importantes na escuridão, sem entretanto perder de vista a médium.

Pois que a escuridão é, ao que parece, bastante favorável à manifestação, era preciso deixar a es­curidão aos fenômenos e manter a luz para nós e para a médium. Para isso, eis como procedemos na sessão de 6 de outubro: uma parte de um quarto foi separada da outra por uma cortina, para que ela ficasse na escuridão, e a médium foi colocada sentada em uma cadeira diante da abertura da cor­tina, com as costas para a parte escura: os braços, mãos, rosto e pés na parte clara do quarto.

Atrás da cortina colocou-se uma pequena ca­deira, com uma campainha, a meio metro pouco mais ou menos da cadeira da médium, e sobre outra mais afastada foi colocado um vaso cheio de argila úmida, perfeitamente lisa na superfície.

Na parte clara fizemos círculo ao redor da mesa, que foi colocada diante da médium, tendo esta às mãos sempre seguras pelos seus vizinhos, os Srs. Schiaparelli e Du-Prel.

O aposento estava iluminado por uma lanterna de vidros encarnados colocada sobre outra mesa. Era a primeira vez que a médium se submetia a estas condições.

Imediatamente os fenômenos começaram. En­tão, à luz de uma vela, sem vidros encarnados, vi­mos a cortina enfunar-se para o nosso lado; os vizinhos da médium, empurrando-a, sentiram resis­tência; a cadeira de um deles foi puxada com vio­lência, sendo nela vibradas cinco pancadas, o que significava a necessidade de diminuir a luz. Acendemos, então, a lanterna encarnada, sem retirá-la do lugar, cobrindo-a, além disso, em parte com um pára-luz; pouco depois, porém, tiramos a pára-luz, tendo sido antes a lanterna colocada na mesa, em frente à médium.

As bordas do orifício da cortina foram fixadas aos ângulos da mesa e, a pedido da médium, redo­bradas por baixo da sua cabeça e presas com alfi­netes; então, sob a cabeça da médium começou algu­ma coisa a aparecer, repetidas vêzes. O Doutor Aksakof levantou-se, colocou a mão na abertura da cortina, por cima da cabeça da médium, e comunicou logo que dedos o tocavam repetidamente; depois a sua mão foi puxada através da cortina e por fim sentiu que lhe entregavam alguma coisa; era a pequena cadeira, que ele segurou e que foi de novo tomada, caindo por derradeiro no chão. Todos os assistentes puseram a mão na abertura e sentiram o contato de mãos.

No fundo escuro desta abertura, por cima da cabeça da médium, os clarões azulados habituais apareceram vários vêzes; o Senhor Schiaparelli foi to­cado fortemente, através da cortina, nas costas e ao lado; a sua cabeça foi coberta e puxada para a parte escura, enquanto com a mão esquerda segu­rava sempre à direita da médium, e, com a mão direita, à esquerda do Senhor Fínzi.

Nessa posição, sentiu-se tocado por dedos quen­tes, viu clarões descreverem curvas no ar e ilumi­nando um pouco a mão ou o corpo a que perten­ciam, Depois, voltando do seu lugar, viu que mão estranha começou a aparecer mais distintamente na abertura, isto é, sem ser retirada com tanta rapidez.

Como a médium jamais houvesse visto seme­lhante coisa, levantou a cabeça para olhar e ime­diatamente a mão lhe tocou o rosto. O Senhor Du-Prel, sem deixar a mão da médium, passou a cabeça na abertura, por cima dela, e logo se sentiu tocado for­temente em diferentes partes e por vários dedos. Entre as duas cabeças, a mão se mostrou ainda. O Senhor Du-Prel voltou ao seu lugar e o Senhor Aksakof apresentou um lápis na abertura; o lápis foi toma­do pela mão e não caiu; pouco depois foi lançado através da abertura sobre a mesa.

Uma vez apareceu um punho fechado sobre a cabeça da médium; pouco depois, a mão se abriu lentamente, ficando com os dedos separados.

É impossível contar o número de vezes que essa mão apareceu e foi por nós tocada; basta dizer que nenhuma dúvida se tornava possível:

Era uma verdadeira mão humana e viva que víamos e tocávamos, ao passo que na mesma ocasião o busto e os braços da médium ficavam visí­veis e as suas mãos estavam seguras pelos seus dois vizinhos.

No fim da sessão, o Senhor Du-Prel foi o primeiro a penetrar na parte escura e anunciou uma impressão na argila.

Com efeito, verificamos que a argila estava deformada por profunda depressão de cinco dedos pertencentes à mão direita (o que explicou o fato de um pedaço de argila ter sido atirado sobre a mesa, através do orifício da cortina, no fim da sessão) prova evidente de que não estávamos alu­cinados.

Estes fatos se repetiram várias vêzes, sob a mesma forma ou sob forma muito pouco diferente, nas sessões de 9, 13, 15, 17 e 18 de outubro.

CONCLUSÃO:

Assim, pois, todos os fenômenos maravilhosos que observamos na escuridão completa, ou quase completa, obtivemo-los também sem perder de vista a médium, nem um instante. Por isso, a sessão de 6 de outubro foi para nós à prova evidente e abso­luta da exatidão das nossas observações anteriores na escuridade; foi a prova incontestável de que, para explicar os fenômenos na completa escuridão, não é absolutamente necessário supor uma fraude da médium, nem uma ilusão nossa; foi para nós a prova de que esses fenômenos podem resultar de uma causa idêntica à que os produz, quando a mé­dium está visível, com uma luz suficiente para se lhe verificar a posição e os movimentos.

Publicando este curto e incompleto relatório das nossas experiências, temos também o dever de dizer que as nossas convicções são as seguintes

1.° Que, nas circunstâncias dadas, nenhum dos fenômenos obtidos à luz mais ou menos intensa se poderia produzir com o auxílio de um artifício qualquer;

2.° Que a mesma opinião pode ser mantida em grande parte para os fenômenos da escuridão com­pleta.

Apenas para alguns destes podíamos admitir, a rigor, a possibilidade de os imitar, por meio de qualquer hábil artifício da médium; todavia, segun­do o que dissemos, é evidente que esta hipótese seria, não somente improvável, mas ainda inútil, no caso atual, pois que, mesmo admitindo-a, o conjunto dos fatos nitidamente provados não seria absoluta­mente atingido por ela.

Reconhecemos aliás que, sob o ponto de vista da ciência exata, as nossas experiências deixam ainda a desejar, porquanto foram empreendidas sem que pudéssemos saber do que tínhamos necessidade, e os diversos aparelhos que empregamos foram pre­parados e improvisados sob os cuidados dos Senho­res Fínzi, Gerosa e Ermácora.

Todavia, o que vimos e verificamos basta, a nosso ver, para provar que esses fenômenos são bem dignos da atenção dos sábios.

Consideramo-nos no dever de exprimir publicamente o nosso reconhecimento ao Senhor Dom Ércole Chiaia, que prosseguiu durante longos anos com tanto zelo e paciência, a despeito dos clamores e difamações, no desenvolvimento da faculdade mediúnica dessa médium notável, chamando para ela a atenção dos homens de estudo e não tendo em vista senão Um único fim: - a vitória de uma verdade impopular.

Alexandre Aksakof, Diretor do jornal Os Es­tudos Psíquicos, em Leipzig, Conselheiro de Estado de S. M. o Imperador da Rússia.

Giovanni Schiarparelli, Diretor do Observatório Astronômico de Milão.

Carl Du-Prel, Doutor em Filosofia, de Munique.

Angelo Brofferio, Professor de Filosofia.

Giuseppe Gerosa, Professor de Física da Es­cola Real Superior de Agricultura de Portici.

G. B. Ermácora, Doutor em Física.

Giorgio Fínzi, Doutor em Física.

Charles Richet, Professor da Faculdade de Me­dicina de Paris, Diretor da Revista Científica.

César Lombroso, Professor da Faculdade de Medicina de Turim.

CONCLUSÕES DE CHARLES RICHET

E agora, que se pode concluir? - diz o sábio professor, depois de ter narrado minuciosamente as principais experiências. - Pois não basta enume­rar as experiências, é preciso tirar-lhes as conse­qüências.

Se, como não é absoluto, tivéssemos obtido um resultado inteiramente decisivo, eu não hesitaria um instante em proclamar publicamente a minha opinião, pouca me incomodando com o desfavor publico, pois não seria a primeira vez que me achasse em desacordo com a maioria, mesmo quase com a unanimidade dos meus colegas; as dúvidas, que não temo confessar, são pois dúvidas reais, não dúvidas de timidez ou de hesitação em meu pensamento.

Certamente, se tratasse de provar algum fato simples e natural, quase evidente a priori, ou não contradizendo os dados científicos vulgares, eu estaria plenamente satisfeito: as provas seriam lar­gamente satisfatórias e me pareceria quase inútil continuar, tão brilhantes e conclusivos parecem ser os fatos acumulados nessas sessões; mas trata-se de demonstrar fenômenos verdadeiramente absur­dos, contrários a tudo o que os homens, o vulgo e ,os sábios têm admitido há milhares de anos.

É um desmoronamento completo de todo o pen­samento humano, de todas as suas experiências; é um mundo novo que se abre diante de nós, e, por conseqüência, não é possível ser muito reservado na afirmação desses estranhos e assombrosos fenômenos...

Por minha parte admito que, se Eusápia enga­na, o faz, não propositadamente, mas sim sem o saber... pois há na produção desses fenômenos, mesmo quando não fossem sinceros, uma parte bas­tante grande de inconsciência...

Quanto à opinião das pessoas que acompanha­ram Eusápia durante muito tempo, seria de grande valor se tratasse de fenômenos vulgares e ordinários; mas os fatos de que se trata são surpreen­dentes demais para que a crença de uma pessoa, não habituada à experimentação, determine a minha própria crença.

Estou bem certo da boa fé do Senhor Chiaia e de outros homens distintos que têm, durante meses e anos, observado Eusápia, mas a sua perspicácia não me está demonstrada e posso falar assim sem os magoar, pois desconfio da minha própria...

É preciso, antes de tudo, afastar a hipótese de um comparsa... e, se há fraude, é Eusápia, só, quem a executa, sem ser ajudada por ninguém e sem que ninguém perceba.

Demais, se essa fraude existe, é feita sem apa­relho, por meios muito simples, quase infantis. Eusápia não traz nenhum objeto consigo.

Resta então a única hipótese possível, a de Eusápia enganar, remexendo os objetos com os seus pés ou com as mãos, depois de ter desprendido as mãos e pés das mãos e pés dos seus vizinhos.

Se esta hipótese não explica, é racional crer-se na realidade dos fenômenos.

Pois bem, confesso, essa explicação por movi­mentos dos seus pés e mãos não me satisfaz. Em algumas experiências... por exemplo, a da cadeira que veio detrás da cortina colocar-se sobre o braço do Senhor Finzi, em meia escuridão... não posso con­ceber como a mão de Eusápia pôde desprender-se, e como, estando desprendida, pôde executar esses movimentos. Declaro-me incapaz de compreender.

Mas, por outro lado, trata-se de fatos tão absurdos que é bom não se satisfazer rapidamente. As provas dadas seriam bem suficientes para uma experiência de Química; para uma experiência de Espiritismo não bastam...

Em definitivo: por mais absurdas e ineptas que sejam as experiências feitas por Eusápia, parece-me bem difícil atribuir os fenômenos produzidos à frau­de consciente, ou inconsciente, ou a uma série de fraudes. Todavia, a prova formal, irrecusável, de que não é uma fraude de Eusápia e uma ilusão nossa, não na temos. É preciso, pois, continuar de novo até obtermos uma prova irrecusável.

Charles Richet

MOLDES DOS PÉS DE ESPIRITOS MATE­RIALIZADOS COM O AUXILIO DA PARAFINA

Eis o que nos diz a esses respeito o Senhor Aksakof, na sua já citada obra:

Essas experiências podem ser divididas em quatro categorias, segundo as condições em que se produzem

I - O médium está isolado; o agente oculto fica invisível.

II - O médium está em evidência, o agente oculto está invisível.

III - O médium está isolado; o agente oculto aparece.

IV - O agente e o médium são simultaneamente visíveis aos espectadores.

Neste nosso trabalho, iremos apresentar ape­nas o 3ª caso.

- O agente está visível, o médium está isolado

Na experiência realizada em Belper (Ingla­terra) o Senhor W. P. Adshead empregou uma gaiola, construída especialmente para nela ser encerrada a médium, durante as sessões de materialização, a fim de resolver definitivamente esta questão: a fi­gura materializada é ou não uma pessoa distinta da médium?

Esta questão foi resolvida afirmativamente.

A médium, a Srta. Wood, foi colocada em uma gaiola, cuja porta se fechou com parafusos. Foi gessas condições que se viu aparecerem dois fan­tasmas: o de uma mulher conhecida pelo nome de Meggie, e o de um homem chamado Benny.

Ambos saíram do gabinete; em seguida mate­rializaram-se e desmaterializaram-se diante dos as­sistentes e, enfim, procederam sucessivamente à moldagem de um dos seus pés, na parafina.

Foi Meggie quem primeiramente tentou a ope­ração. Saindo do gabinete, ela aproximou-se do Se­nhor Smedley e colocou a mão nas costas da cadeira por ele ocupada. O Senhor Smedley perguntou se o es­pírito precisava da cadeira; Meggie fez com a ca­beça um sinal afirmativo.

Ele levantou-se e colocou a cadeira diante de dois baldes, em um dos quais havia água quente com uma camada de parafina derretida na super­fície, e, no outro, água fria.

Meggie sentou-se, ergueu seus longos vestidos e começou a mergulhar o pé esquerdo alternativa­mente na parafina derretida e na água fria, conti­nuando esse movimento até que o molde ficasse concluído.

O fantasma estava tão bem encoberto pelas suas vestimentas, que não nos foi mais possível re­conhecer o operador. Um dos assistentes, iludido pela vivacidade dos movimentos, exclamou: É Ben­ny. Então a aparição colocou a mão sobre a do Senhor Smedley, como para lhe dizer: Toque para saber quem sou. É Meggie, que acaba de me estender a sua pequena mão, proferiu o Senhor Smedley.

Quando a camada de parafina adquiriu espes­sura desejada, Meggie descansou o pé esquerdo sobre o joelho direito e ficou nessa posição cerca de dois minutos; depois elevou o molde, segurou-o algum tempo no ar e deu-lhe uma pancada, de maneira que todos os presentes pudessem vê-lo e ouvir as pancadas; depois,. a meu pedido, mo entre­gou, e eu o depositei em um lugar seguro.

Meggie tentou em seguida a mesma experiên­cia com o pé direito, mas, depois de o ter molhado duas ou três vêzes, levantou-se, provavelmente em conseqüência do esgotamento das suas forças, reti­rou-se para o gabiente e não mais voltou.

A parafina que tinha aderido a seu pé direito foi em seguida achada sobre o soalho do gabinete.

Chegou então a vez de Benny, que fez um cumprimento geral, e, segundo seu hábito, descan­sou sua grande mão sobre a cabeça do Senhor Smedley; tomou a cadeira que se lhe dava e colocou-a diante dos baldes; sentou-se, e neles começou a mergulhar o pé esquerdo alternadamente, como o tinha feito Meggie, mas com muito mais agilidade.

A rapidez dos seus movimentos dava-lhe a aparência de uma pequena máquina a vapor, con­forme a comparação de um dos assistentes.

A fim de dar aos leitores uma idéia exata das condições favoráveis em que se achavam os assis­tentes, para seguir as operações, direi que, durante a moldagem do pé de Benny, o Senhor Smedley estava sentado imediatamente à direita do fantasma, de sorte que este pôde descansar a mão sobre a sua cabeça e acariciar-lhe a face.

Eu estava à esquerda de Benny e, tão pró­ximo, que pude tomar o molde que ele me entre­gava, sem deixar o meu lugar; as pessoas que ocupavam a primeira fila de cadeiras estavam dis­tanciadas dos dois baldes, cerca de três metros.

Todos podiam acompanhar muito bem a ope­ração, desde a primeira imersão do pé até a termi­nação do molde; o fenômeno é para nós um fato tão verdadeiro quanto a claridade do Sol ou a queda da neve.

Se alguém de entre nós tivesse suspeitado que a médium empregava qualquer artifício sutil, para nos oferecer o molde do seu próprio pé, que é pequeno, a suspeita teria desaparecido infalivel­mente, à vista do molde do pé esquerdo de Benny e que, por este, me foi entregue logo depois de tê-lo tirado, em presença de todos os assistentes. Não pude então reter a exclamação: Que diferença!

Quando Benny acabou a moldagem, colocou a cadeira em seu lugar e aproximaram-se dos espec­tadores, apertando-lhes as mãos e conversando com eles.

De repente,ele lembrou-se de que, a seu pe­dido, a porta da gaiola tinha ficado entreaberta e, querendo provar-nos que apesar dessa circunstância a médium não tinha intervido em nada na expe­riência, encostou a mesa na porta da gaiola, depois de a ter fechado, segurou o meu braço com as duas mãos, apertou-o com fôrça sobre a mesa, como se quisesse dizer-me que eu não devia deixá-la deslo­car-se nem uma polegada; em seguida, inclinou-se para apanhar uma caixa de música, que encostou à gaiola, em posição inclinada, com uma aresta apoiada contra a porta da gaiola, a outra repou­sada no soalho, de sorte que ao abrir-se a porta infalivelmente derribaria a caixa. Nesse meio tempo Benny despediu-se e desapareceu.

Resta-me assegurar que a mesa não se mexeu; que depois da sessão, a caixa de música foi achada encostada à gaiola, no mesmo lugar, e que a mé­dium estava dentro dela, amarrada à cadeira, e em estado de letargia

De tudo o que precede é preciso concluir que os moldes em parafina foram obtidos em condições tão conclusivas, como se a porta da gaiola tivesse sido fechada com parafusos.

Admitindo mesmo que a experiência com a gaiola deixasse a desejar, os resultados adquiridos não exigem menos uma explicação.

Em primeiro lugar, um indivíduo não tem se­não um único pé esquerdo, ao passo que os moldes, por nós obtidos, pertencem a dois pés esquerdos, dessemelhantes pelas suas dimensões e conforma­ção: o pé de Benny tinha 9 polegadas de compri­mento e 4 de largura, e o pé de Meggie, 8 de com­primento e 2 1/4 de largura. Além disso, o gabi­nete estava tão cuidadosamente vigiado que nenhum ser humano poderia nele penetrar, sem ser imediatamente descoberto.

Então, se os moldes em questão não foram tirados dos pés da médium - o que parece provado de maneira absoluta - quais foram pois os pés que serviram de modelo? (Psychische Studien, de­zembro de 1878, págs. 545 a 548; Médium, 1877, pág. 195.)

ESPIRITOS DE PARENTES DE DOIS DOS ASSISTENTES MATERIALIZAM-SE EM UMA SESSÃO DO MÊDIUM EGLINGTON E SÃO RECONHECIDOS

Eis a narração da Srta. Glyn, tomada da bio­grafia de Eglington por J. Farmer:

Tenho assistido, diz ela, a diversas sessões de materialização, em casa de amigos, mas não fiquei realmente convencida, senão depois de rea­lizar em minha casa uma sessão, à qual só assisti­ram meu pai, meu irmão e um amigo; nenhum deles era espírita.

Abaixei a luz, mas de maneira que pudéssemos ver uns aos outros.

Eglington, que se achava no meio deles, caiu logo em letargia, e cinco ou seis minutos depois fi­camos muito impressionados, vendo uma forma de nuvem passar entre mim e o Senhor Eglington.

Meu pai reconheceu nessa forma a sua falecida mãe e exclamou: Sois vós? Sim, respondeu a forma.

Enquanto a olhávamos, uma outra forma menor veio colocar-se entre mim e a primeira e, por di­versas provas características e intimas, reconheci que era um irmão meu que havia falecido doze ou treze anos antes.

Vendo essas duas formas e ao mesmo tempo o Senhor Eglington, que se achava junto a mim e cujas mãos estavam presas, era-me impassível não ficar convencida da realidade do fenômeno.

As formas desapareceram lentamente e como se tornassem em fumaça no ar.

NARRATIVA SOBRE O FENÔMENO DE MATE­RIALIZAÇÃO, PELO SENHOR BODISCO, CAMA­RISTA DE S. M. O CZAR DA RUSSIA

Na Rússia, Aksakof tem obtido moldes das mãos de Espíritos materializados, com a parafina derretida, o que é uma das provas mais esmagado­ras da realidade do fenômeno.

Eis a narrativa das experiências de materiali­zação com a médium, a Srta. K. publicada pelo Senhor Bodisco, no Initiation de fevereiro de 1893:

Não hesito, diz ele, em declarar que o corpo astral ou psíquico é o mais importante de todos os corpos da natureza, apesar de as ciências experi­mentais o ignorarem.

Ésse corpo é governado por leis cujo estudo trará luz a muitos corações, consolando-se com uma prova real da vida futura.

Esse corpo constitui a única parte material do corpo humano, que é imperecível. É o éter, ma­téria primordial ou fôrça vital.

Quatro fotografias foram tiradas pelo Senhor Bo­disco, as quais mostram os diversos graus de mate­rialização, desde a aparição do fluido astral ou psí­quico, circundando o corpo da médium, até a con­densação de uma forma, da qual não se vê senão a cabeça, pois o resto do corpo parece vestido com uma espécie de gaze.

Ao lado da forma, vê-se a médium em letargia, na poltrona.

As fotografias oferecem os mesmos aspectos dos três desenhos do Senhor Keulemans, pintor inglês que muito tem estudado a materialização.

Ele fez muitos desenhos, durante e após as sessões; o primeiro representa a médium em letar­gia, com todo o peito circundado de uma substância nebulosa.

Ao cabo de pouco tempo, diz o Senhor Keulemans, vê-se (as sessões têm sido realizadas a meia-luz), a girar, um objeto sombrio, com um ponto lumi­noso no meio. O segundo desenho mostra o ponto luminoso aumentando, assim como a parte nebulo­sa,. O terceiro apresenta a forma materializada diante da médium, que está de pé com os olhos fechados; um dos assistentes parece sustê-la.

Um laço fluídico, como uma cadeia de estrelas luminosas, liga a forma materializada à médium.

O Senhor Keulemans desenhou também diferentes luzes, que aparecem nessas sessões de materializa­ção. A temperatura das luzes encarnadas é a do sangue humano quente; são espécies de discos bri­lhantes, que são muitas vêzes seguros por mãos luminosas. Certas partes desse discos asseme­lham-se exatamente à matéria cinzenta do cérebro; seu poder radiante é mais ou menos notável. Pode supor-se que esses discos sejam a, matéria radiante ou a matéria ódica de Reichenbach, mas a mão luminosa que os segura torna a questão mais complexa.

Algumas vêzes, diz o Senhor Keulemans, essas luzes tomam a forma de uma cruz.

MATERIALIZAÇÃO DE DIVERSOS ESPÍRITOS, QUE SÃO RECONHECIDOS

Havendo em São Francisco uma excelente mé­dium, a Senhora. Moore, tratou o Senhor H. J. Brown, com ela, uma sessão particular, à qual só a sua família assistiria.

A Senhora. Moore fez que fosse examinado o quarto e o lugar onde ela se devia localizar.

Os pais do Senhor H. J. Brown materializaram-se e foram reconhecidos. A governanta dos seus filhos, a Senhora. Réa, viu e reconheceu vários parentes, po­rém, o mais curioso fenômeno foi à aparição de um sacerdote, que a Senhora. Réa havia conhecido;ele apontou para a garganta, como se não pudesse falar, depois desapareceu.

Nessa época, a Senhora. Réa não sabia que esse sacerdote tinha morrido, soube mais tarde, chegan­do a Nova Iorque, que ele havia falecido de um cancro doloroso na garganta.

O lado característico desta sessão é que os assistentes acreditavam que, apontando para a gar­ganta, a forma materializada do sacerdote queria dar a entender que não podia falar, ao passo que seu fim era indicar que ela tinha sido afetada na garganta.

Os dois fatos, reunidos, completam-se de ma­neira admirável.

Em outra sessão, com as mesmas pessoas, houve uma materialização não menos interessante.

Um mecânico chamado Charlie, que trabalhava com o Senhor Brown, na Austrália, acidentando-se por imprudência, foi conduzido moribundo para Mel­bourne, e não pôde pronunciar senão alguma pala­vras; o Senhor Brown compreendeu que ele lhe reco­mendava a sua mulher, que, graças a uma subscri­ção, pôde manter uma pequena loja para não cair na miséria. Empreguei tantos operários, diz o Senhor Brown, que certamente não podia pensar no que me aparecia materializado. Assim, quando a sua forma materializada apareceu diante de mim, não a reconheci. De repente, minha mulher, que a tinha examinado, exclamou: Mas este é o homem aci­dentado em nosso estabelecimento!

A forma materializada mostrou um semblante satisfeito e fez sinal afirmativo com a cabeça; depois, aproximando-se, disse em voz baixa: Obrigado, obrigado. O que há de mais curioso nesse fato é que a aparição não se produziu na Austrália, após o incidente, mas muito tempo depois, na Amé­rica, durante uma viagem, e quando esse detalhes estavam esquecidos.

NARRAÇÃO DE UMA EXPERIÊNCIA CIENTÍFICA FEITA POR CROOKES E VARLEY, EM UMA DAS SESSÕES DE MATERIALIZAÇÃO DO ESPIRITO DE KATIE KING

O Senhor Aksakof assim se exprime na sua bela obra:

Para ter certeza de que a Srta. Cook estava no interior do gabinete, durante o tempo em que Kátie se apresentava diante dos assistentes, fora dela, o Senhor Varley (8) concebeu a idéia de fazer atravessar o corpo da médium por uma fraca corrente elétrica, durante todo o tempo em que a forma materiali­zada estivesse visível, e de fiscalizar os resultados, assim obtidos, por meio de um galvanômetro colo­cado no mesmo aposento, fora do gabinete...

A experiência realizou-se na residência do Se­nhor Luxmoore.

O compartimento do fundo, que devia servir de câmara escura, foi separado do da frente, por meio de uma cortina, para impedir a entrada da luz.

Antes da sessão, a câmara escura foi exami­nada cuidadosamente e as portas foram fechadas à chave.

O compartimento da frente estava iluminado por uma lâmpada de parafina, com um pára-luz que peneirava a luz.

O galvanômetro foi colocado sobre o fogão, à distância de 11 pés da cortina.

Os assistentes eram os Srs. Luxmoore, Crookes, a Senhora. Crookes e a Senhora. Cook com a filha; os Srs. Tapp, Harrison e eu (Varley).

A Srta. Cook ocupava uma poltrona no apo­sento do fundo.

Fixou-se, com borracha, a cada um dos seus braços, um pouco acima dos punhos, uma moeda de ouro, à qual estava soldada uma extremidade de fio de platina. Às moedas estavam separados da pele por três fôlhas de papel mata-borrões brancos, de forte espessura, umedecido com uma solução de cloridrato de amônio. Os fios de platina passavam ao longo dos braços até às espáduas e foram atados por meio de cordões, de maneira a deixar aos braços a liberdade dos movimentos. As extremidades exte­riores dos fios de platina foram reunidas a fios de cobre, envoltos em algodão, e que chegavam até ao quarto iluminado onde se achavam os experimenta­dores. Os fios condutores foram ligados a dois ele­mentos Daniel e a um aparelho de verificação.

Quando tudo estava preparado, fecharam-se as cortinas, deixando assim a médium (a Srta. Cook) na escuridão. A corrente elétrica atravessou o corpo da médium, durante toda a sessão.

Essa corrente, começando nos dois elementos, passava pelo galvanômetro, sobre os elementos de resistência, pelo corpo da Srta. Cook e voltava em seguida à bateria.

Antes da introdução da Srta. Cook na corrente e enquanto as duas moedas, que formavam os pólos da bateria, estavam reunidas, o galvanômetro mar­cava uma declinação de 300°.

Depois da introdução da Srta. Cook, as moedas de ouro foram colocadas nos seus braços, um pouco acima do punho, e o galvanômetro não marcou mais de 220°.

Assim, pois, o corpo da médium, introduzido na corrente, oferecia uma resistência à corrente elétrica equivalente a 80 divisões da escala.

O fim principal dessas experiências era precisamente conhecer a resistência que o corpo da médium podia oferecer à corrente elétrica.

O menor deslocamento dos pólos da bateria, que estavam fixados aos braços da Srta. Cook, por borrachas, teria inevitavelmente produzido uma mudança na fôrça de resistência oferecida pelo corpo da médium.

Ora, foi nessas condições que a figura de Kátie apareceram várias vêzes na abertura da cortina, mos­trou as mãos e os braços, depois pediu papel, lápis e escreveu à vista dos assistentes.

Se as moedas e o papel mata-borrão tivessem sido deslocados para as espáduas, de maneira à fi­carem libertados os braços da médium, o trajeto percorrido pela corrente elétrica, no corpo dela, teria sido diminuído pelo menos de metade, e, por conseqüência, a resistência oferecida pelo corpo da médium teria também diminuído de metade, seja de 40 °, e a agulha do galvometro se elevaria de 220° a 260°.

Entretanto, deu-se o contrário: desde o começo da. sessão, não somente não houve nenhum aumento no desvio, mas ainda constante e gradualmente di­minuiu até ao fim da experiência, sob a influência do dessecamento do papel molhado, circunstância essa que aumentou a resistência à corrente elétrica e diminuiu o desvio de 220° a 146°.

É certo que se uma dessas moedas de ouro ti­vesse sido deslocada, ainda que fosse de uma pole­gada, a declinação teria aumentado e a fraude da médium teria sido desmascarada; mas, como se disse, o galvanômetro não deixou de abaixar.

Ficou, pois, absolutamente demonstrado que as chapas de ouro, aplicadas nos braços da médium, não se deslocaram nem de um milímetro, que os braços que apareceram e que escreveram não eram os da médium e que, por conseqüência, o emprego da cadeia galvânica, para demonstrar a presença da médium atrás da cortina, deve ser considerado como garantia suficiente.

As variações das condições, às quais a corren­te elétrica estava submetida, passando pelo corpo da médium, eram indicadas pelo galvanômetro re­fletor, instrumento tão sensível que registraria a mais fraca corrente elétrica transmitida a 3.000 milhas por um cabo submarino.

Portanto, é claro que o menor movimento da médium teria provocado oscilações do aparelho; e teve-se a prova disso antes da experiência, como mostra o seguinte extrato de um artigo do Senhor Var­ley, onde todos os movimentos do galvanômetro são minuciosamente consignados, minuto por minuto

Antes que a médium caísse em transe (em le­targia), pediu-se-lhe que fizesse movimentos com os braços; a mudança da superfície metálica, posta em contato real com o papel e o corpo, produziu um desvio, elevando-se de 15 a 20 divisões, ou mesmo mais, algumas vêzes ; por conseguinte, se, durante a sessão, a médium fizesse o menor movi­mento com as mãos, o galvanômetro tê-lo-ia infalivelmente indicado.

A Srta. Cook, na ocasião, representava um cabo telegráfico. (Fsych. Stud, 1874, pág. 344.)

As moedas e o papel umedecido não podiam ser elevados ou retirado para trás, sem a médium se dirigir para o espectador, pois, para isso acontecer e ela mostrar os braços descobertos, era obri­gada a arregaçar, até às espáduas, as mangas do seu vestido, com as moedas, as borrachas, as aplica­ções de papel, os fios de platina, os laços que os mantinham nos braços e a fazer essa operação, pri­meiro em um braço, depois no outro; tudo isso não somente sem interromper durante um só instante a corrente elétrica (se a corrente tivesse sido inter­rompida ainda que por um décimo de segundo, o galvanômetro teria feito uma oscilação pelo menos de 290 divisões), como, também, sem provocar outras declinações além das resultantes do simples movimento das mãos.

Finalmente, teria de colocar em seu lugar, antes do fim da sessão, as mangas do vestido conservan­do os aparelhos sobre os braços.

Vimos, entretanto, que às 7 horas e 45' Kátie repetia ainda a experiência da escrita, tendo intei­ramente o braço fora da cortina, e que às 7 horas e 48' apertava a mão do Senhor Varley, e a sessão ter­minava.

Durante esse três minutos, o galvanômetro só registrou oscilações insignificantes, compreendidas entre 140° e 150°; era pois impossível à médium fazer os movimentos necessários para restabelecer o status quo ante.

Katie só aparecia com um pano branco sobre a cabeça e o corpo.

Nessa sessão, ela levantou a cortina e mos­trou-se várias vêzes, em seu trajo habitual.

Se fosse a médium que se apresentasse, tor­nar-se-ia necessário mudar de roupa, o que não era possível, por causa dos fios de cobre que estavam enrolados aos fios de platina e que terminavam no quarto iluminado.

Qualquer discussão, sobre isso, torna-se supér­flua, uma vez que o princípio físico no qual se ba­seava a experiência (a apreciação da soma da resistência oferecida pelo corpo da médium à corrente elétrica) seja bem compreendido, e que se consi­dere que o algarismo que representava essa fôrça de resistência nunca diminuiu.

Mas há, ainda, o fenômeno que se relaciona com a categoria de experiências do Senhor Crookes a médium é introduzida na corrente, mas, apesar disso, Katie sai inteiramente de trás da cortina. Eis a passagem do Psychische Studien, que narra este incidente:

Na segunda sessão, foi o Senhor Crookes, só, quem dirigiu a experiência, na ausência do Senhor Varley, e obteve resultados semelhantes, tendo tomado a precaução de só deixar aos fios de cobre o comprimen­to necessário para permitir à médium mostrar-se na abertura da cortina, no caso em que ela saísse do lugar.

Entretanto, Katie avançou além da cortina, cerca de 6 a 8 pés, sem estar presa por nenhum fio, e a observação do galvanômetro não fez verificar nada de anormal, em nenhum momento.

Além disso, Katie, a pedido do Senhor Crookes, mergulhou as mãos em recipiente que continha iode­to de potássio, sem que resultasse a menor oscilação da agulha do galvanômetro.

Se os fios condutores tivessem estado em co­municação com a sua pessoa, a corrente se teria dirigido pelo caminho mais curto que lhe oferecia o líquido, o que teria ocasionado um mais forte desvio da agulha. (Psych. Stud, 1877, pág. 342.)

M. Harrison, editor do Spiritualist, que assis­tiu à experiência e publicou no seu jornal a nar­ração citada, fez aparecer no Médium a seguinte notícia, com a aprovação dos Srs. Crookes e Varley:

Senhor Diretor

Em conseqüência da minha presença a várias sessões recentes, durante as quais os Srs. Crookes e Varley dirigiram uma fraca corrente elétrica através do corpo da Srta. Cook, durante todo o tempo em que ela se achava no gabinete, ao mesmo tempo em que Katie estava fora dele, algumas pessoas, que fizeram parte da sessão, pediram-me comunicas­se-lhe os resultados obtidos nessas experiências, no desejo de que este artigo tenha por efeito proteger uma médium leal e honesta contra indignos ataques.

Quando Katie saiu do gabinete nenhum fio metálico aderia à sua pessoa, e durante todo o tempo em que ela se manteve no aposento, fora do gabinete, a corrente elétrica não sofreu nenhuma interrupção, o que teria inevitàvelmente acontecido se os fios tivessem sido desenrolados dos braços da Srta. Cook, sem que as suas extremidades fôssem imediatamente postam em contato.

Admitindo mesmo que se tivesse dado esse fato, a diminuição da resistência teria sido logo posta em evidência pela agulha do galvanômetro. Nas experiências de que se trata, ficou demonstrado que a Srta. Cook esteve no gabinete, durante o tempo em que Katie se exibia cá fora.

As sessões realizaram-se nas casas dos Senho­res Crookes e Luxmoore.

Antes de vos dirigir a presente carta, foi ela lida e aprovada pelos Srs. Crookes e Varley. - 11 Ave Maria Lane, 17 de março de 1874.

WILLIAM H. HARRISON.

A propósito dessas experiências com a corren­te galvânica, devo mencionar ainda um meio de verificar a materialização e, por conseqüência, a realidade objetiva de uma aparição.

Este método, que tinha sido sugerido ao Se­nhor Crookes pelo Senhor Varley, foi posto em execução pelo primeiro dos dois sábios.

Infelizmente, só possuímos sobre esses assuntos às explicações seguintes do Senhor Harrison

Os pólos opostos de uma bateria foram postos em comunicação com dois vasos cheios de mercúrio. O galvanômetro e a médium foram em seguida introduzidos no circuito. Quando Katie King mergulhou os dedos nesses vasos, a resistência elé­trica não diminuiu e a corrente não aumentou de fôrça; mas quando a Srta. Cook saiu do gabinete e umedeceu os dedos no mercúrio, a agulha do galvanômetro indicou uma declinação considerável. Katie King apresentava à corrente uma resistência cinco vêzes maior que a Srta. Cook. (The Spiri­tualist, 1877, pág. 176.)

Desta experiência podemos concluir que a con­dutibilidade elétrica do corpo humano é cinco vêzes maior que a de um corpo materializado

O que dizem os sábios

O SENHOR ALFRED RUSSEL WALLACE, DA SOCIEDADE REAL DE LONDRES

Eu era, diz Wallace, um materialista tão con­vencido, que não admitia absolutamente a existência espiritual, nem qualquer outro agente do Universo além da fôrça e da matéria. Os fatos, entre­tanto, são coisas pertinazes.

A minha curiosidade foi primeira excitada por alguns fenômenos ligeiros, mas inexplicáveis, que se produziam em uma familia amiga; o desejo de saber e o amor da verdade forçaram-me a prosseguir nas pesquisas.

Os fatos tornaram-se cada vez mais certos, cada vez mais variados, cada vez mais afastados de tudo quanto à ciência moderna ensina e de todas as especulações da filosofia dos nossos dias, e, afi­nal, venceram-me. Eles me forçaram a aceitá-los corno fatos, muito antes de eu admitir a sua expli­cação espiritual não havia nesse tempo, em meu cérebro, lugar para esta concepção pouco a pou­co, um lugar se fez, não por opiniões preconcebidas ou teóricas, mas pela ação contínua de fatos sobre fatos, dos quais ninguém se podia desembaraçar de outra maneira (9).

O Espiritismo está tão bem demonstrado quan­to a lei de gravitação (10).

O CORONEL DE ROCHAS

Tais são as questões que me proponho a estu­dar em um próximo livro intitulado Fantômes des vivants, onde exporei a teoria do corpo fluídico, teoria que, admitida pelos filósofos do Oriente e pelos padres da Igreja, parece hoje se confirmar por provas objetivas.

Mas não é a ciência por excelência, a ciência para a qual tendem todos os que, ousando levar as suas investigações sobre forças cada vez mais sutis, começam a entrever o momento em que o homem, con­vencido por provas experimentais de que, de seu cor­po, pode destacar-se durante a vida alguma coisa que pensa e sente, concluirá que essa alguma coisa pode sobreviver à destruição da carne, e então substi­tuirá por uma convicção inabalável o ato de fé va­cilante que lhe pedem todas as religiões para regular a sua vida presente, em vista de uma vida futura? (11)

O SENHOR CESAR LOMBROSO AO SENHOR ERNESTO CIOLF, NÁPOLES

Caro Senhor:

Os dois relatórios que me enviou são da mais completa exatidão. Acrescento que antes de se ter visto a farinha derramada, a médium tinha anun­ciado que pulverizaria com ela o rosto de seus vizi­nhos; e tudo leva a crer que era essa a sua inten­ção, o que não pôde realizar senão em parte, nova prova, a meu ver, da perfeita sinceridade da mé­dium, reunida ao seu estado de semi-inconsciência.

Sinto-me envergonhado e pesaroso de ter com­batido com tanta insistência a possibilidade dos fatos espíritas, digo fatos, porque ainda fico oposto à teoria.

Queira saudar, em meu nome, ao Senhor E. Chiaia, e fazer examinar, se possível, pelo Senhor Àlbini, o campo visual e o fundo dos olhos da médium, sobre os quais desejo orientar-me.

Turim, 25 de junho de 1891.

Seu bem devotado

C. LOMBROSO.

Em janeiro de 1897 escrevemos ao eminente sábio sobre assunto espírita;ele dignou-se en­viar-nos a seguinte carta:

Caro Senhor:

Respondo a V. S. o mesmo que já tenho res­pondido a muitos outros: que sem dúvida os fenômenos espíritas são verdadeiro uma interpretação.

A ciência fisiológica é absolutamente impoten­te para isso; mas a ciência humana tem limites bastante restritos.

Quem se não riria a poucos anos dos fenômenos que hoje todos verificam: os raios Roentgen!

Turim, 26 de fevereiro de 1897.

Seu devotado

C. LOMBROSO.

Como vemos, o ilustre sábio diz que a Ciência, em razão dos seus limites assaz restritos, negava a realidade dos fatos espíritas, como a poucos anos qualquer pessoa se riria de quem tentasse fotogra­far através de corpos opacos, mas que atualmente considera verdadeiros tanto aqueles fatos como os raios Roentgen (12).

O SENHOR WILLIAM CROOKES

Da Sociedade Real de Londres

No discurso que o ilustre sábio fez em setem­bro de 1898, no Congresso da Associação Britânica, disse (13)

Trinta anos se passaram desde que publiquei as atas das experiências tendentes a mostrar que fora dos nossos conhecimentos científicos existe uma fôrça posta em atividade, por uma inteligência diferente da inteligência comum a todos os mortais. Nada tenho que retratar dessas experiências e man­tenho as minhas verificações já publicadas, poden­do mesmo a elas acrescentar muita coisa.

Na obra No Invisível, de Léon Denis, encon­tram-se as seguintes palavras, pronunciadas pelo mesmo sábio: O Espiritismo está cientificamente demonstrado.

O Senhor Alfredo Erny, na obra O Psiquismo Expe­rimental, diz que escreveu ao Senhor Crookes, em 1892, perguntando-lhe se Kátie King lhe fez algumas re­velações sobre o outro mundo, e que recebeu do ilustre químico a seguinte resposta

Tive muitas conversações com Kátie King, e naturalmente lhe fiz várias perguntas a respeito do outro mundo. As respostas não satisfizeram. Geralmente ela dizia que estava proibida de dar essas informações.

O DOUTOR ERMACORA

Poucos sábios têm sido tão incrédulos quanto eu a respeito dos fenômenos espíritas; aqueles que duvidarem disso poderão reportar-se aos meus dois livros Pazzi e Anomali e Studi sull'Ipnotismo, nos quais eu quase injuriei os espíritas (14).

O PROFESSOR MYERS

Da Sociedade Real de Londres

O Senhor Myers na sua comunicação ao Congresso Oficial de Psicologia de Paris (15), depois de ter enumerado os fenômenos obtidos na estado de transe pelas Senhoras. Piper r Thompson conclui dessa maneira:

A Maior parte dos fatos enunciados sugerem o caráter e a memória de certas pessoas mortas.

Estou convencido de que essa substituição de personalidade ou possessão e um progresso sensível na evolução da raça.

Pelas minhas experiências convenci-me de que os pretendidos mortos podem se comunicar conosco e penso que para o futuro eles poderão fazê-lo de um modo mais completo.Graças a essa nova ciência os nosso amados sairão do tumulo(16)

O DOUTOR ASHBURNER

Presenciei, muitas vêzes, manifestações mediúnicas, e, embora eu quisesse, não poderia repudiar as provas que tive diante dos olhos. Sinto-me feliz em dizer que atualmente há milhares de pessoas que, como eu, não podem duvidar do que viram (17).

O DOUTOR GIUSEPPE MASUCCI

Este eminente professor, depois de ter assis­tido às sessões da médium Eusápia Paladino, disse:

Fui obrigado a demolir todo o edifício das mi­nhas convicções filosóficas, às quais eu tinha con­sagrado parte da minha vida (18).

O ENGENHEIRO CROMWEL VARLEY

Da Sociedade Real de Londres

No Antigo e no Novo Mundo, não conheço exemplo de um homem de bom senso que, tendo estudado com cuidado os fenômenos espíritas, não se tenha rendido à evidência (19).

O DOUTOR OCHOROWICZ

Quando me lembro de que, em uma certa época, eu admirava a coragem de Crookes em sus­tentar a realidade dos fenômenos mediúnicos; quan­do reflito, sobretudo, que li as suas obras com o sorriso estúpido que iluminava o rosto dos seus colegas, ao mais leve enunciado dessas coisas, co­ro-me de vergonha por mim e pelos outros (20).

O DOUTOR LODGE

Da Sociedade Real de Londres

A barreira que separa os dois mundos espi­ritual e material pode cair gradualmente, como muitas outras barreiras, e chegaremos a uma per­cepção mais elevada da unidade da Natureza... (21). No discurso pronunciado na Sociedade Real de Londres, em 31 de janeiro de 1902, assim se expri­me ele (22) : Uma máquina elaborada, como o são os nossos corpos, pode ser empregada, no caso de transe, não somente pela inteligência que o formou, por assim dizer, mas também por outras inteligências, às quais se permite fazer uso dela. Naturalmente, isso só se realizaria por um certo tempo e com bastante dificuldade (23).

O DOUTOR RICHARD HODGSON

Há doze anos que estudo a mediunidade da Senhora. Piper. No começo, eu só queria descobrir nela a fraude e o embuste. Entrei em sua casa profundamente materialista, com o intuito de descascara-la; hoje, digo simplesmente: Eu creio! ... A de­monstração me foi feita de modo a afastar a possi­bilidade da menor dúvida (24).

SESSAO DE- MATERIALIZAÇAO EM PARIS, EM 1900

A Revue Spirite, de Allan Kardec, de 1900, traz a descrição de várias sessões de materialização realizadas naquele ano, em Paris, com o concurso da Senhora. Corner, a Elebre Florente Cook de William Crookes (25). Por falta de espaço, traduzimos ape­nas uma delas.

No domingo, 22 de julho de 1900, às 9 horas da noite, reuniram-se em um hotel o Príncipe Wisz­niewsky, a Princesa Wiszniewsky, o Senhor Doutor Bécour, as Senhoras. Bécour e Leymarie, o Senhor e Senhora. Béra, o Senhor Côte, e o Senhor Martins Velho.

Às 9 1/4 horas da noite, os convidados diri­giram-se para a sala das sessões.

O gabinete era formado, no ângulo da única porta da sala, por duas cortinas de pano espesso e preto, caindo do teto ao soalho.

No interior do gabinete apenas havia uma ca­deira, pregada no soalho; nessa cadeira é que a médium se sentava.

A Senhora. Corner é uma mulher de cerca de qua­renta anos de idade, morena, de cabelos muito pretos, de porte baixo, mas forte.

Ela senta-se na cadeira; está com um vestido escuro, decotado, tem as mangas curtas, com renda branca flutuante. Amarram-se-lhe as mãos com uma fita que aperta, primeiro, cada punho, fortemente; depois, as mãos são reunidas, deixando-se entre elas um intervalo de cerca de dez centímetros. O corpo é amarrado por uma outra fita presa às costas da cadeira; por fim, a fita dos punhos é amarrada à do corpo. Todas as extremidades livres das fitas são seladas com um cartão. Nessa situa­ção, a médium não pode levantar-se nem se servir das mãos a mais de dez centímetros do corpo; tem todavia a liberdade de se abanar, em vista do calor sufocante do gabinete.

Em seguida,, apagam-se as luzes, exceto a que é produzida por uma lanterna guarnecida de papel vermelho. A claridade é suficiente para que nin­guém possa deixar o lugar em que está, sem ser per­cebido por todos. Os assistentes estão sentados em semicírculo, formando à cadeia diante das cortinas.

Depois de dez minutos de espera, ouve-se a voz do capitão; é uma voz rouca e pouco natural. Ele só se exprime em inglês.

O capitão repreende asperamente a médium por agitar o leque, e lhe diz que esses movimentos embaraçam o trabalho. Uma curta discussão se trava entre ele e a Senhora. Corner, terminando pela queda do leque, violentamente projetado pela abertura das cortinas, em direção aos assistentes: o mesmo acontece com o colar da médium. Em seguida, um gran­de braço branco e descoberto aparece. Alguns ins­tantes depois, Maria mostra-se na abertura das cortinas.

Maria, mais alta que a médium, traz um comprido vestido branco; está decotada e têm des­cobertos os braços, que parecem muito bem feito.

Ela cochicha em francês correto, mas diferente sensivelmente do francês da médium.

O Senhor Côte entregou a Maria uma caixa de jóias e esta foi levá-la ao Príncipe W..., que disse ter podido tocar as suas mãos, seu rosto e seu peito; uma vez ele sentiu o contato de mão de ho­mem, que supõe ser do capitão. Como sobre a mesa estivesse um papelão luminoso, Maria o tomou e o aproximou do rosto do Senhor Côte, depois ela apanhou um lápis e um papel que estavam na mesa, e, com um ruído seco, automático e com os movimentos bruscos e mal regrado, conhecidos por todas as pessoas que têm assistido à escrita mecânica por médiuns, traçou rapidamente algumas palavras de despedida.

Nesse momento, ouve-se a voz de Su-Su, que deseja aparecer; depois de ligeira discussão, o ca­pitão permite que ele apareça. Finalmente, um homem baixo e moreno é percebido, não muito bem, ao lado das cortinas; sua presença parece perturbar as manifestações, que se enfraquecem cada vez mais, apesar da recomendação feita aos assistentes de sustentarem uma conversação animada. O pa­pelão luminoso é restituído pela abertura da cor­tinas e, logo, nesse lugar do gabinete, produzem-se fogos fátuos, que volteiam. Depois de longo repou­so, o capitão anuncia o fim da sessão, recomenda os cuidados a ter com a médium e despede-se.

Clareia-se a sala é os assistentes verificam que a médium está sentada e ligada à cadeira, como no começo da sessão, estando intactos os nós e o lacre.

UMA MANIFESTAÇÃO INTERESSANTE

O extraordinário médium D. D. Home narra o seguinte caso, na sua obra Lif e and Mission Quando eu residia em Springfield, tive uma grave moléstia que me reteve ao leito durante algum tempo. Um dia, na ocasião em que o médico se reti­rava, um Espírito me deu esta comunicação: tomai o trem da tarde para Hartford, pois se trata de um negócio importante para o progresso da causa; não repliqueis, fazei simplesmente o que vos dizemos.

Dei conhecimento à minha família dessa extraordinária ordem, e, apesar do meu estado de fra­queza, tomei o trem, ignorando completamente o que eu ia fazer e o fim de tal viagem.

Ao chegar a Hartford, veio ao meu encontro um estrangeiro, que me disse: Só tive ocasião de vos ver uma única vez, mais creio que falo com o Senhor Home. Respondi-lhe afirmativamente, acres­tando que eu chegava a Hartford sem nenhuma idéia do que se queria da minha pessoa. É engraçado! replicou o meu interlocutor, eu vinha exa­tamente tomar o trem para vos ir procurar em Springfield. Explicou-me ele, então, que uma família influente, bem conhecida, me pedia para eu fazer-lhe uma visita e prestar o meu concurso às investigações que ela desejava fazer sobre o Espi­ritismo. O fim da viagem começava pois a dese­nhar-se, mas o mistério permanecia ainda velado.

Agradável trajeto em carruagem conduziu-nos logo ao nosso destino. O dono da casa, o Senhor Ward Cheney, que veio receber-me à porta, saudou-me, dizendo que não esperava que eu chegasse senão no dia seguinte pela manhã.

Logo que entrei no vestíbulo, a minha atenção foi atraída por um ruído semelhante ao farfalhar de um pesado vestido de seda. Olhei ao redor de mim e fiquei surpreendido de não ver ninguém; pas­samos, então, a uma das salas e não me preocupei mais com esses incidente.

Pouco depois, vi no vestíbulo uma velha baixa, com pesado vestido de seda escura, a qual parecia muito preocupada. Aí estava. a explicação desses mistérios; eu tinha ouvido, sem ver, essa pessoa que ia e vinha pela casa.

Repetindo-se o farfalhar do vestido, o Senhor Che­ney, que o tinha ouvido ao mesmo tempo em que eu, perguntou-me de onde vinha esse ruído. Ora esta! respondi, é do vestido de seda escura dessa velha que vejo no vestíbulo. Quem seria essa pessoa? A aparição era, efetivamente, tão perfeita que eu não duvidava que fosse uma criatura em carne e osso. Como o resto da família chegasse naquele instante, as apresentações impediram o Senhor Cheney de me responder, e, naquele momento, eu não tive mais ocasião de obter informações.

Tendo sido servido o jantar, fiquei admirado de não ver, à mesa, a senhora do vestido de seda; esses fatos despertaram a minha curiosidade e essa se­nhora tornou-se logo para mim um objeto de preo­cupação.

Quando todos deixaram a sala de jantar, ouvi de novo o farfalhar do vestido de seda e, também, uma voz disse: eu estou aborrecida porque colo­caram um caixão sobre o meu; não quero que ele fique ali.

Tendo eu dado parte dessa comunicação ao dono da casa e à sua mulher, eles se olharam com admiração, e, depois, o Senhor Cheney, rompendo o silencio, me disse que reconhecia perfeitamente esse vestido, a sua cor e mesmo seu gênero de seda espessa, mas que o fato do caixão colocado sobre o dela era um absurdo. Essa resposta me tornou perplexo; eu não sabia mais o que dizer.

Uma hora depois, ouvi de repente a mesma voz pronunciar exatamente idênticas palavras, porém acrescentando o seguinte: Além disso, Seth não tinha o direito de cortar essa árvore. Tendo nar­rado ao dono da casa essa nova comunicação, ele ficou muito inquieto. Há, em tudo isso, disse-me ele, alguma coisa bem extraordinária. Meu irmão Seth cortou uma árvore que embaraçava a vista, e dissemos-lhe que, se a pessoa que ora pretende falar-vos fosse viva, não consentiria no corte dessa árvore. Quanto ao resto da comunicação afir­mo que não tem nada de racional.

A mesma comunicação me foi dada à noite pela terceira vez, e me expus de novo a um des­mentido formal. Eu estava sob o golpe de uma impressão muito penosa, quando me recolhi ao quarto, pois nunca tinha recebido comunicação mentirosa, e mesmo, admitindo o bom senso do seu agravo, semelhante insistência, da parte de um Espírito de­sencarnado de não querer que um outro caixão fosse colocado sobre o seu, me parecia absoluta­mente ridícula.

Pela manhã, manifestei ao dono da casa o meu profundo desapontamento, respondendo-me que também estava muito sentido, mas ia provar-me que esses Espíritos se realmente era aquele que dizia ser - estava perfeitamente enganado. Va­mos até ao jazigo de minha família, acrescentou, e vereis que, embora tivéssemos querido, não fora possível colocar um outro caixão em cima do dela.

Logo que chegamos ao cemitério, fomos pro­curar o coveiro, que guardava a chave do jazigo. Na ocasião em que ele ia abrir. a porta, pareceu refletir e disse com um ar um tanto embaraçado, voltando-se para o Senhor Cheney : Devo participar a V.S. que, como restava justamente um pequeno espaço em cima do caixão da Senhora. X, coloquei ali o caixãozinho do filho de L... Penso que isso não tem importância, mas talvez fora melhor que eu vos tivesse prevenido disso. Ele está lá desde ontem apenas.

Nunca me hei de esquecer do olhar que me lan­çou o Senhor Cheney, quando me disse, voltando-se para mim: Meu Deus, é pois uma verdade!

À noite, o Espírito manifestou-se de novo e disse-nos: Não acrediteis que eu ligue a menor importância ao caixão colocado sobre o meu; pode ser colocada até uma pilha de caixões, com isso não me incomodo. O meu único fim era dar, de uma vez para sempre, prova da minha identidade, de vos levar à convicção absoluta de que sou sempre um ser vivo e racional, a mesma E ... que sempre fui.

fim

NOTAS DE RODAPÉ

(1) O Espiritismo (Faquirismo Ocidental) tradução portuguesa. Edição da Federação Espírita Brasileira.

(2) As considerações seguintes são de tal modo importan­tes que não posso abster-me de as citar.

Acha-se em carta particular de um velho amigo, a quem enviei uma exposição de alguns desses fatos.

A alta posição que ele ocupa no mundo sábio duplica o valor da opinião que exprime no tocante à tendência dos cientistas.

“Não posso, diz ele, encontrar resposta razoável aos fatos que me expondes”.

“E é coisa curiosa que mesmo eu, qualquer que seja a tendência e o desejo que tenha de crer no Espiritualismo, qualquer que seja a minha fé no vosso poder de observação e na vossa perfeita sinceridade, experimento como uma necessidade de ver por mim mesmo, e me é de todo penoso pensar que tenho ne­cessidade de muitas provas”.

“Digo penoso, porque vejo que não há razão que possa con­vencer um homem, a menos que o fato se repita tão frequente­mente, que então a impressão pareça tornar-se um hábito de espirito, um velho conhecimento, uma coisa conhecida desde tão longo tempo que se não possa mais duvidar dela”.

E um dos lados curiosos do espírito humano, e os homens de ciência o possuem em alto grau - mais que os outros, creio eu.

“E por isso que não devemos dizer sempre que um homem é desleal só porque resiste por muito tempo ã evidência”.

"A velha muralha das crenças deve ser abatida à força de golpes."

(3) Nesta memória não dou exemplos desses casos excep­cionais e não tiro deles nenhum argumento.

Sem esta explicação poder-se-ia crer que a maior parte dos fatos que acumulei, foram sobretudo obtidos nas poucas ocasiões das quais aqui trato, e, naturalmente, se objetaria que há insuficiência de exame por falta de tempo.

(4) Desejo que se compreenda bem o sentido das minhas palavras: não quero dizer que à vontade e a inteligência do médium se empreguem ativamente de uma maneira consciente ou desleal à produção dos fenômenos, mas que acontece algumas vezes que as suas faculdades parece agirem de maneira Inconsciente.

(5) Animismo e Espiritismo, por Alexandre Aksakof, lente da Academia de Leipzig, diretor da Psychische Studien e Conse­lheiro particular de S.M. o Imperador da Rússia.

(6) Crookes convenceu-se, pois obteve essa prova. "Tenho a certeza mais absoluta, diz o ilustre sábio, de que a Srta. Cook e Kátie são duas individualidades distintas"

(7) Cada médium só pode produzir certos e determinados fenômenos, pois isso parece depender da natureza dos fluidos que possui, com os quais a inteligência invisível maneja.

O sábio astrônomo Zoëllner fez suas experiências com o médium Slade, obtendo não só os fenômenos que Eusápia não pôde produzir, como outros verdadeiramente maravilhosos.

Slade foi quem convenceu o Dr. Paul Gibier, que proclamou com todas as suas forças a realidade dos fatos espíritas.

Com outros médiuns tem sido obtido o molde de mãos e pés de Espíritos materializados, na parafina derretida, à vista dos assistentes. (Vide Trabalho dos Mortos, de Nogueira de Faria e pág. 122 desta obra.)

(8) M. Varley é uns distintos físicos inglês, especialistas de nomeada em colocação de cabos telegráficos, membro da Socie­dade Real de Londres.

(9) Miracles and Modern Spiritualism - Alfred Russel Wallace.

(10) No Invisível, por Leon Denis, pág. 342. - Edição da Federação Espírita Brasileira.

(11) L'Exteriorisation de Ia Motricité, pelo Coronel A. de Rochas, membro honorário da Comissão dos trabalhos histó­ricos científicos, junto ao Ministério da Instrução Pública, ex-Administrador da Escola Politécnica de Paris.

(12) Posteriormente, em 1909, Lombroso publicou um exce­lente livro - Hipnotismo e Espiritismo.

(13) Revue Spirite, de A. Kardec, de fevereiro de 1899 e No Invisível, por Leon Denis, pág. 310.

(14) Alfred Erny - Le Psychisme Expérimental.

(15) No Invisível, por Leon Denis.

(16) Alfred Erny - Le Psychisme Expérimental.

(17) Ibid.

(18) Ibid.

(19) Alfred Erny - o Psiquismo Experimental.

(20) Ibid.

(21) Ibid.

(22) Leon Denis - No Invisível.

(23) Leon Denis - No Invisível.

(24) Idem, Idem.

(25) Falecida em abril de 1904.