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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Artigos Evangelização Infantil-DIJ – CELAP

 

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A Criança

Walter Oliveira Alves

Compreendemos, pois, que a criança é o Espírito eterno que ora reinicia a sua aprendizagem no mundo, trazendo consigo ao renascer uma bagagem de experiências multi-milenares, mas carregando também em si mesma, o germe de seu aperfeiçoamento.

Seu objetivo na Terra: EVOLUIR, desenvolver sua potencialidade interior, compreender a sim mesma e ao mundo que a cerca, corrigir os erros cometidos no passado, superar os próprios defeitos, desenvolvendo assim, gradativamente, o germe da perfeição que carrega em sim mesma, como herança Divina.

"Ó espíritas! compreendei hoje o grande papel da Humanidade; compreendei que quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus:" (O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. XIV.9)

Em o Livro dos Espíritos, questão 132, observamos o mesmo ensinamento:

"Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? R: - Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição. Para alguns é uma expiação, para outros é uma missão. Todavia, para alcançarem essa perfeição, devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal; nisto é que está a expiação (...)"

" A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo, mas Deus, em sua sabedoria, quis que, por essa mesma ação, eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximarem dele. É assim que, por uma lei admirável de sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza."

Vejamos, pois, os ensinamentos que a Doutrina Espírita nos oferece, de forma segura e clara, através das obras de Kardec, sobre o espírito em sua nova fase evolutiva, ao reencarnar.

Os Espíritos nos ensinam que a união da alma ao corpo se inicia no momento da concepção, mas apenas se completa no nascimento.

"Em que momento a alma se une ao corpo? - A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para habitar tal corpo, a ele se liga por um laço fluídico que vai se apertando, cada vez mais, até que a criança nasça; o grito que se escapa, então da criança, anuncia que ela se encontra entre os vivos e servidores de Deus." (O livro dos Espíritos - pgta. 344)

Os Espíritos nos ensinam também que desde o berço a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior:

" Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar; todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho; espreitai, pois, os menores sinais que revelem os germes desses vícios, e emprenhai-vos em combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas; (...)" (O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. XIV.9)

Aprendemos também que as faculdades inerentes ao Espírito reencarnante somente se manifestam gradualmente, de acordo com o desenvolvimento dos órgãos.

"Ao nascer, o Espírito recobra imediatamente a plenitude de suas faculdades? R.- Não, elas se desenvolvem gradualmente, de acordo com o desenvolvimento dos órgãos. É para ele uma nova existência e é necessário que aprenda a se servir dos seus instrumento. As idéias lhe tornam pouco a pouco, como um homem que sai do sono e se encontra em posição diferente da que tinha na véspera." (O Livro dos Espíritos - pgta.352)

O mesmo ensinamento observamos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VIII.4:

"A partir do nascimento, suas idéias retomam gradualmente impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos; de onde se pode dizer que, durante os primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente criança, porque as idéias que formam o fundo do seu caráter estão ainda adormecidas. Durante o tempo em que seus instintos dormitam ele é mais flexível e, por isso mesmo, mais acessível às impressões que podem modificar sua natureza e fazê-lo progredir, o que torna mais fácil a tarefa imposta aos pais."

A manifestação do Espírito necessita ser proporcional à fragilidade do corpinho infantil, como percebemos neste trecho:

"Seria preciso, aliás, que a atividade do princípio inteligente fosse proporcional à fraqueza do corpo que não poderia resistir a uma atividade muito grande do Espírito, assim como se vê entre as crianças muito precoces." (O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. VIII-4)

Uma criança, pois, embora sendo um Espírito eterno, reencarnado, tem a manifestação de sua inteligência limitada, não possuindo a mesma intuição de um adulto.

Á medida em que os órgãos se desenvolvem, gradualmente sua bagagem interior começa a se manifestar.

"Quando ele é criança, é natural que os órgãos da inteligência, não estando desenvolvidos, não podem dar-lhe a intuição de um adulto. Ele tem, com efeito, a inteligência muito limitada enquanto a idade faz amadurecer sua razão. A perturbação que acompanha a reencarnação não cessa subitamente no momento de nascer; ela não se dissipa senão gradualmente com o desenvolvimento dos órgãos." (O Livro dos Espíritos - pgta.380)

Kardec reforça a assertiva dos Espíritos com o comentário: "Uma observação vem em apoio desta resposta: é que os sonhos, em uma criança, não têm caráter dos de um adulto; seu objeto é quase sempre pueril, o que é indício da natureza das preocupações do Espírito."

O objetivo do Espírito ao reencarnar é se aperfeiçoar e a fase infantil é a mais propícia à ação educativa.

" O Espírito se encarnando para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante esse período, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual, devem contribuir aqueles que estão encarregados da sua educação." (O Livro dos Espíritos - pgta. 383)

Os ensinamentos dos Espíritos são claros:

  • O homem é um ser perfectível, carregando em si o germe de seu aperfeiçoamento.

  • O Espírito reencarna para se aperfeiçoar, evoluir.

  • A união da alma e do corpo se inicia na concepção e se completa no nascimento.

  • Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior.

  • A partir do nascimento, suas idéias retomam gradualmente impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos.

  • As faculdades do Espírito somente se manifestam gradativamente, de acordo com o desenvolvimento dos órgãos.

  • O Espírito se encarnado para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante esse período, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados da sua educação.

Do livro Educação do Espírito. Introdução à Pedagogia Espírita.


A Criança Evangelizada é a Maior Esperança do Mundo

Profª. Selma Vasconcelos

“Se desejas teu caminho Repleto de paz e luz
Traze o amor de teu filhinho
Ao santo amor de Jesus”
(João de Deus/ F.C.X.)

“Não olvides que a criança,
No caminho, vida afora,
Vai devolver-te mais tarde,
O que lhe deres agora.”
(Casimiro Cunha/ F.C.X.)

Todos os nobres e grandes exemplos de edificação começam impreterivelmente por Jesus Cristo. Ninguém conseguiu, como Ele, ser o exemplo fiel do Pai e ao mesmo tempo traçar um modelo de sabedoria e humildade para o mundo. Quando o chamaram de Bom, não aceitou o título, proclamando que bom era só o Pai que estava no Céu, mas aceitou o título de Mestre. E o foi por excelência.

Conduziu os seus seguidores e os conduz ainda hoje, através dos ensinamentos que legou para a humanidade. Não orientou, entretanto, apenas os grandes, ou adultos. Valorizou a capacidade da criança na apreensão e fixação do conhecimento superior quando se apresentou aos doze (12) anos para os doutores do templo e quando solicitou aos apóstolos que deixassem ir ter com ele os pequeninos. Mostrou, com isso, a necessidade de se cuidar muito cedo, na infância, da educação espiritual do homem, pois é nessa fase que a conquista do Reino de Deus (através da evolução para a felicidade futura) vai favorecer o espírito reencarnado, com a recepção de novos valores educativos, cujas bases e essências estão todas no Evangelho do Cristo.

Hoje, quando repassamos o Novo Testamento da Bíblia, observamos a preocupação que Jesus teve em ensinar, em difundir a Boa Nova, em valorizar a reforma moral e a prática do bem. Observamos que todos os chamados prodígios de Jesus Cristo foram realizados após suas pregações.

O que está acontecendo nos centros espíritas

Atualmente vemos ocorrer um fenômeno singular nos Centros Espíritas. As pessoas não querem, estão cansadas demais, ou simplesmente não acham importante aprender a mudar os seus destinos e caminhar com segurança rumo à paz, à saúde, ao equilíbrio e à felicidade. Reclamam das palestras, porque o passe está demorando,

como se Doutrina Espírita fosse apenas isso. E muitos expositores, também, (preferimos essa expressão a de oradores ou tribunos) se perdem em longas exposições ou bombásticos discursos onde predomina o palavrório cheio de intelectualismo, sem quase nada que console os aflitos ou edifique os corações para a fé em Deus e a confiança em Jesus, o nosso único guia para a reforma do caráter e a prática do bem. Kardec os fustigou no ítem 09, capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, quando os comparou à figueira estéril - “... os oradores que mais brilho têm do que solidez, cujas palavras trazem superficial verniz, de sorte que agradam aos ouvidos, sem que, entretanto, revelem algo de substancial para os corações”.

As crianças, por sua vez, estão relegadas ao mais cruel abandono.

É comum ouvirmos de pais, que se dizem espíritas e freqüentam as reuniões, a seguinte falsa justificativa: “meus filhos ainda são muito novos para entenderem a complexidade da Doutrina e quando crescerem eles escolhem o caminho que quiserem seguir”.

E agora, quem educa os nossos filhos? A rua? A televisão? Os seguidores de outras religiões com os quais infalivelmente conviverão e muitas delas, com base nas teologias humanas e que são verdadeiras fábricas de ateus e materialistas? Assim agindo podemos nos comparar a um pai ou a uma mãe que se deliciam com um manjar saboroso e relegam aos filhos um detestável angu de caroço; ou em uma alusão ao Cristo, enxergamos a luz e deixamos nossos filhos nas trevas ou serem conduzidos pelos cegos do mundo. E se um cego guiar outro cego onde os dois irão parar?

Emmanuel, na questão 109 do livro O Consolador, nos ensina que até aos sete anos uma criança é passível de ser educada (podemos observar suas tendências negativas e modificá-las), mas que depois desse período apenas as duras provas do mundo corrigirão os desvios dos seus caminhos.

Não nos falta tempo para o restaurante, para o barzinho, para o clube, para os passeios de toda ordem e quando falamos em fazer o culto do Evangelho no lar ou levar nossas crianças para a Evangelização, estamos muito cansados, precisamos dormir mais, temos muitos compromissos inadiáveis.

Esquecemo-nos de que nos será perguntado, mais cedo ou mais tarde, o que fizemos dos Espíritos confiados à nossa guarda, na jornada evolutiva.

Não devemos esperar as provações chegarem para buscarmos a luz, assim como não podemos deixar que os nossos filhos percam mais esta oportunidade que estão tendo de não precisar sofrer para aprender.

Quantos pais choram nas campas de filhos adolescentes, ou já na idade adulta, que partiram, precipitadamente, perdidos nos descaminhos da droga, da bebida, da insânia da velocidade, do suicídio, do homicídio, das doenças graves, súbitas, ou de loucuras outras que poderiam ser evitadas pelo conhecimento precoce das Leis Morais, da Lei da Evolução, da Lei da Reencarnação, da Lei da Causa e Efeito, da Lei de Amor ou Comutação das Penas (o amor cobre a multidão de pecados), bem como pelo conhecimento da obsessão, a prática e, conseqüentemente, a proteção da prece e de todos os princípios de ordem moral e social que a Doutrina Espírita ensina. Não disse Jesus em João XVI, 8? "... Quando o Espírito da Verdade, o Paráclito, vier, ele irá convencer (pela educação) o mundo de pecado, de justiça e de juízo"?

Ideal seria que o processo educativo prosseguisse na juventude, na idade adulta e na velhice, uma vez que somos Espíritos em evolução para a felicidade eterna e não robôs programados para as ilusões da carne mortal.

André Luiz nos lembra que já vivemos séculos incontáveis e estamos diante de milênios sem fim e isso nos faz lembrar que nossas crianças são espíritos com grande experiência, nem sempre positiva, e muitas vezes de doloroso resgate e que esse resgate só não se fará mediante a reforma íntima, a mudança de atitudes, a troca das tendências inferiores por aprendizagem de amor e prática do bem, desde a mais tenra idade.

Encerramos nossas reflexões com Emmanuel, um dos maiores educadores cristãos de todos os tempos, na sua página magistral, extraída do livro Fonte Viva, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

CRIANÇAS

Vede, não desprezeis alguns desses pequeninos...”
Jesus ( Matheus, 18:10)

Quando Jesus nos recomendou não desprezar os pequeninos, esperava de nós não somente medidas providenciais alusivas ao pão e à vestimenta.

Não basta alimentar minúsculas bocas famintas ou agasalhar corpinhos enregelados. É imprescindível o abrigo moral que assegure ao espírito renascente o clima de trabalho necessário à sua sublimação.

Muitos pais garantem o conforto material dos filhinhos, mas lhes relegam a alma a lamentável abandono.

A vadiagem na rua fabrica delinqüentes que acabam situados no cárcere ou no hospício, mas o relaxamento espiritual no reduto doméstico gera demônios sociais de perversidade e loucura que, em muitas ocasiões, amparados pelos postos de evidências, atravessam largas faixas do século, espalhando miséria e sofrimento, sombra e ruína, com deplorável impunidade frente à justiça terrestre.

Não desprezes, pois, a criança, entregando-a aos impulsos da natureza animalizada.

Recorda que todos nos achamos em processo de educação e reeducação, diante do Divino Mestre.

O prato de refeição é importante no desenvolvimento da criatura, todavia, não podemos esquecer “que nem só de pão vive o homem”.

Lembremo-nos da nutrição dos meninos, através de nossas atitudes e exemplos, avisos e correções, em tempo oportuno, de vez que desamparar moralmente a criança, nas tarefas de hoje, será condená-la ao menosprezo de si mesma, nos serviços de que se responsabilizará amanhã.

Deixai vir a mim as crianças e não embaraceis, porque destas tais é o Reino de Deus"- Jesus em Marcos 10:14

 

A Evangelização é de Longo Curso

Roma (espírito)

Saudamos os companheiros que fazem deste recinto humilde a santuário do amor fraterno, rogando que a Sublime Luz os envolva.

As coisas simples quase sempre produzem milagres.

Um grupo singelo e sincero, envolto na luz da prece, poderá refletir a grande estrela que anunciou a vinda do nossa Divino Mestre.

Participando esta noite dos trabalhos em curso, queremos dizer, com doce emoção, que acompanhamos os vossos passos na estrada luminosa da fraternidade e estabelecemos, em bases firmes, a objetivo a ser alcançado.

Correram os séculos; o tempo em sua vertiginosa carreira deu ensejo ao advento do Cristianismo ofertando ao mundo as lições do céu.

Doou, de acorda com o Espírito de Verdade, o Consolador aos homens, rasgando os véus dos templos para fazer surgir um novo horizonte na manhã festiva da Humanidade.

De longo curso, a evangelização dos Espíritos no mundo terrestre alcança atualmente o ponto culminante que comoverá os corações incautos, por traduzirem as verdades nunca antes vistas ou pressentidas.

Caravaneiros do Amor Divino, os homens que se consagram à benção da tarefa cristã, junto aos povos necessitados, mantêm entre si liames tão fortes, que a união permanente se fará, fortalecendo os elos que constituirão, um dia, a própria Humanidade irmanada nos grandes ideais.

Possuis, como os apóstolos do Cristo, a chave da felicidade para todas as criaturas.

Entretanto, estudando o Divino Amigo, sabemos que, embora antevendo os sofrimentos crudelíssimos a que seria submetido, não hesitou em oferecer, pelo sacrifício da cruz, a mais rica lição que até hoje assombra o mundo.

Caminhai, pois, destemidos; o espinheiro vive ainda no planeta Terra, como planta agressiva, todavia, nos jardins terrestres a rosa desmancha-se em perfume e cor, suavizando a vida e enaltecendo a tolerância.

Busquemos servir sem a mágoa que fere; escute- mos a Voz do Alto que ressoa em amorável convite:

– Tomai o meu jugo. Eis que vos chamo. Filhos bem-amados, esta é a hora de atitudes definidas e definitivas. É o momento de decidir. Seguiremos o Cristo em espírito e verdade, doando-nos totalmente ao seu Amor, ou permaneceremos sobre os próprios passos, numa rodaviva, sem proveito e com intensos e mais dolorosos sofrimentos.

A Tenda de Ismael é o foco divino de divinas irradiações.

Permanecer nas tarefas a ele pertencentes é servir ao Cristianismo e, conseqüentemente, à Humanidade.

Neste santuário sublimo de orientações, preces e meditações estabelece-se o contato maior da Terra com o Plano Superior, fazendo, de instante a instante, descer sobro o coração humano a bênção da luz que o reconforta e reanima.

Seguiremos o Caminho envoltos na doce esperança do porvir, banhando-nos na aura sagrada do Grande e Divino Mestre.

Deus vos fortaleça e abençoe. Não temais.

Cristo vai à frente como Estrela Divina guiando-nos para o Eterno Amor.

(Mensagem recebida pela médium Maria Cecília Paiva, na noite de 12 de janeiro de 1978, na Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro-RJ.)
Reformador N° 1806 de Setembro de 1979

A Evangelização em nossas vidas

A Nova Era

EDITORIAL

Na agitação do dia-a-dia nos vemos envolvidos em nossas atividades cotidianas e raramente nos damos conta do que vem acontecendo ao nosso derredor, e não raro não percebemos sequer o que acontece dentro de nossa própria casa.

É nessa circunstância que nos surpreendemos com a presença de problemas enormes que, quando descobrimos, verificamos que sua existência não é recente, pois só os verificamos quando já tomam conotações gigantes, com as causas mais variadas, mas sempre ligadas à nossa falta de atenção ou a atitudes menos felizes em algum lugar do nosso passado.

É assim que encontramos pais atormentados com a presença da droga minando seus lares em decorrência de sua ausência, filhos rebeldes e revoltados porque não encontraram um amigo com quem dialogar quando crianças, entre tantas outras mazelas que tornam nossos lares verdadeiros infernos.

Remediar nestes casos é tarefa, invariavelmente, muito árdua e que sempre deixa seqüelas que perdurarão pelo resto de nossas vidas, com conseqüências que terão reflexos para além do portal do túmulo, a complicar nossas vidas de relação com nossos entes mais queridos.

Jamais cogitamos na possibilidade de que tudo isso pode acontecer conosco. Achamos que isso só pode estar presente na casa do vizinho, mas nunca na nossa...

“É preferível prevenir que remediar”. Esta frase é incontestavelmente verdadeira sempre.

Acontece, porém, que estamos habituados, por pura comodidade, a reagir e não a agir, e nem vemos que isso é sempre mais difícil. “Só aprendemos a nadar quando a água chega no nariz!”

A Evangelização constitui o mais eficiente instrumento profilático contra estas tormentas de nossa jornada evolutiva na Terra.

Ela, a um só tempo, proporciona a união entre os membros do grupo familiar, aponta a melhor solução para as provas que devemos suportar, nos torna resignados às expiações e ainda previne contra novas quedas e dissabores em nossas atitudes.

Deve começar no aconchego de nosso lar, fazendo deste o verdadeiro templo à cultura do amor, na prática sistemática do Culto do Evangelho no Lar, a exemplo do próprio Cristo, há quase dois mil anos na casa de Pedro.

Com essa prática metódica abrimos as portas ao diálogo, reforçamos os laços que nos unem, e angariamos conhecimentos que se tornam nossos guias seguros.

Pode também, e deve, se estender para além das quatro paredes de nossa casa, nos grupos de estudo sério da Doutrina Espírita, consagrados à Evangelização de espíritos.

É na troca de experiências e conhecimentos com outros grupos que ampliamos nossos limites para além de nossas restrições particulares, pois encontramos assim a oportunidade de conhecer outros pontos de vista e opiniões que vêm sempre somar ao nosso sempre pequeno cabedal de conhecimento da Doutrina.

É também aí que encontramos muitas oportunidades para a prática destes preceitos e conhecimento no exercício da caridade, Instrumento fixador que nos faz ser aquilo que sabemos, pois sempre sabemos mais do que somos.

Setembro de 2000

A Oratória na Evangelização Espírita

Andrey Cechelero

Como utilizar a Oratória na Evangelização Espírita? Bem, de algumas maneiras.

Em primeiro lugar, toda vez que estivermos, como evangelizadores, coordenadores de grupos de estudo e palestrantes, trazendo o Espiritismo para um público, estaremos nos utilizando, de certa forma, da Oratória. Dizemos "de certa forma", pois na grande maioria não somos "oradores", mas somos divulgadores das lições, das verdades, e por isso a Oratória se faz muito necessária. Assim sendo, todo aperfeiçoamento pessoal nesta área será bem-vindo, desde a melhoria do conhecimento de nossa própria língua, até os treinamentos envolvendo didática, postura e técnicas.

Mas aqui também se encaixa uma outra modalidade de Oratória, a Oratória Dramática, ou melhor, o Teatro.

A dramatização de histórias, ensinamentos, casos, é outra grande aliada do evangelizador, pois traz para a realidade, para mais próximo dos evangelizandos, o que se deseja ensinar.

"O verdadeiro mérito, quer do escritor, quer do orador, consiste em fazer pensar, em provocar nas almas os nobres e santos entusiasmos, em elevá-las a alturas radiosas, onde elas percebem as vibrações do pensamento divino em uma suprema comunhão."

Léon Denis _ A Arte e o Espiritismo

O Teatro, como todas as outras expressões de Arte, deve extrapolar as esferas do simples entretenimento, ou do divertimento; deve alcançar os sentimentos, purificando-os, educando-os e servindo como ânimo para sua elevação.

A matéria-prima das peças teatrais terá sempre uma riquíssima fonte na literatura espírita, que narra histórias maravilhosas de esforço, dedicação e amor _ exemplos que devem inundar o espírito que deseja crescer rumo à perfeição.

Eis o exemplo de algumas obras que já foram adaptadas para os palcos:

  • O Abismo e a Estrela, do livro "Primícias do Reino" (Amélia Rodrigues), contando a história evangélica de Maria de Magdala;

  • Ontem, Hoje, Amanhã, das obras: "O Cavaleiro de Numiers", "O Drama da Bretanha", e "Nas Voragens do Pecado" (Yvonne Pereira);

  • Uma Pequena Chama, da obra "A Esquina de Pedra"(Wallace Leal Rodrigues);

  • Flor do Ar, do livro "Amor e Ódio"(Ivonne Pereira); e

  • Entre o Céu e o Coração, da obra "Redenção" (Vitor Hugo).

A Relação Jovem/Evangelizador

3º Encontro Espírita de Evangelizadores

Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
e pelo Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Palestrante: Elizabeth Operti
Rio de Janeiro
11/07/1999

Organizadores da palestra:

Moderador: "Brab" (nick: <[Moderador]>)

"Médium digitador": Marcelo Soutinho (nick: Elizabeth_Operti)

Oração Inicial:

<[Moderador]> Senhor Deus, de bondade, de justiça e de amor. Estamos aqui reunidos em Teu Nome para tentar penetrar os meandros das relações humanas de aprendizado e troca que nos permitiste entrar pela sagrada tarefa da evangelização, tendo como modelo instrutor amoroso e puro nosso mestre Jesus. Que as tarefas de ensino e evangelização que nos chamam na vida sejam sempre baseadas nesse modelo: tolerância, paciência, firmeza limpeza de ação e de pensamento, para que saibamos doar de nós mais que conteúdos intelectuais, mas nosso tempo e nosso amor, que sensibilizarão o espírito para que possa ele também dar um fim útil a tudo quanto absorva em sua existência, porque só com Jesus, Senhor, divinizaremos os nossos conteúdos pedagógicos, fazendo deles formadores de homens de bem, que construirão o nosso futuro. Sê conosco, Senhor, hoje e sempre, e ampara-nos pelas mãos desses instrutores amigos que já se encontram a postos. Que assim seja!

Apresentação do palestrante:

<Elizabeth_Operti> Em primeiro lugar, bom dia a todos. Eu espero que a nossa conversa seja proveitosa. Eu sou Coordenadora do trabalho de evangelização infanto-juvenil do CELD, e estou neste trabalho há 25 anos. (t)

Considerações iniciais do palestrante:

<Elizabeth_Operti> Qual a razão de nos preocuparmos num Encontro de Evangelizadores com a relação entre o evangelizador e o jovem? É que temos nos deparado, ao longo desses anos, com o fato de que muitos jovens vêm à casa espírita por imposição dos pais e, ao participarem dos trabalhos, se colocam em oposição aos conceitos trazidos pelo evangelizador. Além disso, sabemos que os conceitos trazidos pela Doutrina Espírita, muitas vezes entram em choque com os conceitos vigentes em muitas camadas da sociedade e, principalmente, os que são veiculados nos meios de comunicação. Isso faz com que o evangelizador precise ter muita habilidade para conduzir o trabalho da evangelização, contornando as dificuldades decorrentes desses fatores.(t)

Perguntas/Respostas:

<[[Moderador]]> [1] <Jayme> Em muitas tarefas dedicadas ao Bem, basta que exista boa vontade, sentimento de amor ao próximo. Isto aplica-se à evangelização também?

<Elizabeth_Operti> Não se pode prescindir da boa vontade e do amor ao próximo, mas, não só na evangelização, como em todas as demais tarefas no Centro Espírita, é necessário que se tenha organização, planejamento, uma preparação, por mais simples que seja.(t)

<[[Moderador]]> [2] <Brab> Qual deve ser a postura do evangelizador perante o jovem que expõe mediunidade ostensiva, descontrolada, fora de sua vontade consciente, nos trabalhos de mocidade espírita?

<Elizabeth_Operti> Encaminhar ao Departamento Mediúnico do Centro, já que o trabalho de evangelização não abrange o exercício das faculdades mediúnicas.(t)

<[[Moderador]]> [3] <Brab> O adolescente e o jovem, dentro do centro espírita, que não se sentir à vontade em reuniões de mocidade espírita e desejar participar de outros trabalhos do centro espírita, Que postura deve o evangelizador adotar perante essa criatura? Tratamos aqui de um desânimo natural, não um caso de repulsa. O centro espírita deve abrigá-lo em outras atividades?

<Elizabeth_Operti> Penso que esse jovem deve ser estimulado a participar das atividades que são dirigidas especificamente à sua faixa etária, em razão do proveito que isso pode ter para o seu desenvolvimento e crescimento espiritual. No entanto, nada impede que este jovem participe de outras atividades na Casa Espírita. Considero até desejável essa participação e, para isso, o trabalho da evangelização deve se organizar, programando atividades de integração do jovem nos trabalhos da Casa. Em alguns casos, essa "fuga" do jovem se deve ao fato de não querer se expor nas reuniões dedicadas ao jovem, onde se deve promover a troca de experiências entre os participantes. Tudo depende da circunstância, e cada caso é um caso. Também se deve levar em conta a idade desse jovem. Em algumas mocidades espíritas, encontramos jovens de mais de 20 anos, que já deveriam realmente estar atuando nas atividades regulares da Casa.(t)

<[[Moderador]]> [4] <Brab> O jovem está, hoje, num ambiente onde procura explicações lógicas e racionais para seus problemas. Além disso, convive com todo tipo de transviação moral no dia-a-dia, a saber: drogas, sexo desvairado, álcool, como coisas naturais. Como o evangelizador de juventude deve tratar questões polêmicas como essas dentro do centro espírita? A partir de que idade?

<Elizabeth_Operti> Aqui, no CELD, nosso programa prevê a abordagem destas questões a partir de 11 anos. O evangelizador precisa aliar o conhecimento do problema com a orientação da Doutrina Espírita e não perder de vista que o nosso objetivo, na evangelização, é mostrar que se pode ser feliz de uma forma saudável. Essa abordagem deve ser franca, sem preconceitos, mas com absoluta convicção da orientação da Doutrina Espírita. (t)

<[[Moderador]]> [5] <Jayme> Como o plano espiritual se posiciona em relação à evangelização de crianças e jovens?

<Elizabeth_Operti> Se entendemos "plano espiritual" como os espíritos orientadores do trabalho da casa espírita, podemos dizer que são incansáveis em nos alertar quanto à necessidade de, o mais cedo possível, levar a orientação da Doutrina Espírita para as crianças e os jovens.(t)

<[[Moderador]]> [6] <Brab> Muitos templos religiosos, hoje em dia, fazem da reunião de jovens um verdadeiro "point social", onde os jovens vão muito mais para encontrar pessoas, "paqueras", do que propriamente para estudar e se aperfeiçoar. Tanto é que em muitos locais roupas atraentes e caras são utilizadas nessas reuniões, como se freqüentassem ali um bar ou uma festa. Esse ambiente "social" é saudável dentro de um centro espírita? Se não, o que fazer para evitá-lo?

<Elizabeth_Operti> Penso que, não só nas reuniões de mocidade, mas em qualquer reunião de estudos ou práticas espíritas, o que deve atrair as pessoas é a mensagem que a Doutrina Espírita tem para a criatura. Lembramos ainda que a Doutrina Espírita não é proselitista, e se dirige àqueles que estão nela interessados. Assim, o jovem espírita, como qualquer freqüentador da casa espírita, deve ser atraído pelo caráter esclarecedor, consolador, orientador da Doutrina. Cabe, no entanto, aos dirigentes e evangelizadores de mocidades espíritas tornar claros e atraentes essas características da Doutrina Espírita para o jovem, aplicando o estudo à realidade e à vivência desses jovens, mostrando que a Doutrina Espírita tem respostas para os questionamentos e ansiedades que todos nós temos no momento atual. Além disso, o desenvolvimento de um programa complementar de atividades de integração do jovem no grupo, na casa espírita, e até no movimento espírita, de forma planejada será de molde a substituir esses "apelos".(t)

<[[Moderador]]> [7] <Brab> Temos visto em reuniões de mocidade espírita que os jovens chegam naturalmente com dúvidas sobre mediunidade e fenômenos que lhes interessam que, normalmente, não são sanadas de imediato pelos estudos ali feitos. Como o centro espírita pode ajudar nesse dinamismo e nessa necessidade veemente de respostas rápidas e direcionadas que o jovem pede, como, por exemplo, em relação à mediunidade?

<Elizabeth_Operti> Em nosso programa de evangelização temos um módulo especificamente dedicado ao estudo da mediunidade. Além disso, a mediunidade é tratada naturalmente, sempre que surge a oportunidade de se relacionar esse tema com situações do cotidiano, e dúvidas mais complexas podem ser atendidas em conversa em horário diferenciado, desde que seja do interesse do jovem. Também costumamos encaminhar o jovem que tenha um interesse mais profundo pelo assunto para o curso de "O Livro dos Médiuns", nos Estudos Sistematizados das Obras Básicas.(t)

<[[Moderador]]> [8] <lflavio> Como levar a mensagem espírita de maneira a manter o jovem na casa espírita?

<Elizabeth_Operti> Acredito que seja uma conjugação de alguns fatores: planejamento (um curso planejado para atender as necessidades do jovem) e habilidade do evangelizador em apresentar as aulas e lidar com o grupo. Conta também o fato de se ter um programa de atividades complementares, envolvendo atividades de convivência e de integração nas atividades do Centro.(t)

<[[Moderador]]> [9] <Regina_De_Agostini> Qual o perfil ideal do evangelizador para as diversas faixas etárias?

<Elizabeth_Operti> Habilidade específica para lidar com cada uma das faixas etárias. Exemplo : quem não consegue se fazer entender por jovens na faixa de 11, 12 anos, não pode atuar nessa faixa. Quem não é capaz de aceitar o jovem como ele é, não pode trabalhar com jovens, e assim por diante.(t)

<[[Moderador]]> [10] <lflavio> Como fazer com que aqueles jovens mais introvertidos se aproximem do grupo?

<Elizabeth_Operti> Normalmente, temos observado que a aproximação desses jovens se dá por intermédio de outros jovens. Ou seja, jovens do grupo que têm uma natural habilidade para se relacionar com outros jovens servem de ponte entre jovem introvertido/grupo/evangelizador.(t)

Considerações finais do palestrante:

<Elizabeth_Operti> Agradeço a atenção e desejo que os interessados procurem refletir nas necessidades do movimento espírita de evangelização de jovens, pois as transformações por que o mundo passa são imensas e o movimento espírita não pode correr o risco de ficar parado no tempo. (t)

Considerações sobre a Evangelização Espírita da Criança e do Jovem das Camadas Populares

Gustavo Filizola

"Que responsabilidade assumem os que recusam instrução às classes pobres da sociedade! Acreditam que com polícia e soldados se previnem crimes . Que grande erro!" Jacques Latour –O Céu e o Inferno –2ª parte Cap.VI.

O trabalho de evangelização espírita tem o objetivo preciso de despertar a condição Divina no Homem , tornando este um SER FELIZ na medida em que se conscientiza das Leis Divinas (Morais e Físicas) criando sentidos para o seu existir , tornando os conhecimentos Espíritas úteis (de forma imediata) para sua Vida .Assim , faz-se necessário que meditemos sobre o papel do trabalho de Evangelização em nossas Casas Espíritas em relação as crianças e jovens que nelas aportam.

Nós que militamos no Movimento Espírita Brasileiro e em especial Pernambucano, temos uma grande responsabilidade diante dessa parcela da sociedade que clama por respeito , dignidade e cidadania . Segundo informações trazidas pela imprensa do nosso Estado temos: " Nordeste tem maior mortalidade infantil e menor expectativa de vida" – Diário de Pernambuco 11/03/1999; "...levantamento feito pelo Jornal do Commercio junto aos arquivos do Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife revela que 319 menores foram assassinados no ano passado" – Jornal do Commercio 20/06/1999.

Não podemos ficar cegos , mudos e surdos diante deste quadro tão triste que ao nosso ver cresce a cada ano , e pergunto para mim mesmo: O que o Movimento Espírita Pernambucano tem feito para reduzir esse quadro negativo da nossa sociedade ? Gostaria de ouvir respostas concretas e não apenas um discurso através de palavras douradas e promessas futuristas, pois estas crianças e jovens estão morrendo sem terem a oportunidade sequer de aprenderem a ler e a escrever o próprio nome.

Com muita sabedoria e propriedade o Espírito de Benedita Fernandes através da psicografia de Divaldo Pereira Franco , na mensagem "Emergência para a criança" nos alerta : "Esse problema de emergência - o menor abandonado - deve ser atendido por todas as pessoas criteriosas , visando-se a solucioná-lo com urgência."

Nós que vivemos no Brasil , que é considerado um país que tem a missão de ser "o coração do mundo e a pátria do evangelho" temos uma grande responsabilidade diante dessa parcela da sociedade que clama não apenas por alimento espiritual mas também pelo pão que venha matar sua fome , casa , roupa , escola ,etc. Um grande trabalho , que é de urgência , surge a frente dos dirigentes e trabalhadores da causa espírita no Brasil , que é de colaborar na valorização da vida dessas crianças e jovens enquadrados nas camadas populares.

Ressaltamos sobre a importância do Evangelizador-Educador se capacitar permanentemente , para que as crianças e os jovens ao chegarem nas salas de aula não sejam proibidas de trazerem à escola sua maneira de falar , suas experiências de "família" e cultura do bairro em que moram ,pois uma vez proibidos , podemos gerar neles uma recusa pela escola , um mudismo em sala de aula , uma sensação de fracasso na vida e desinteresse pela trabalho evadindo-se.

Importante é que o evangelizador , no trabalho de Educação Espírita , perceba da necessidade de sua AUTONOMIA na escolha e definições dos conteúdos de ensino que mais se adequem a sua realidade e de seus alunos.

Com isto , acreditamos que estaremos realizando um trabalho efetivo junto a estas crianças e jovens quando resgatamos a auto-estima dessas crianças , mostrando que elas são filhas de Deus , iguais a nós , e por isso mesmo possuem o direito de serem felizes. Quando o nosso objetivo principal não seja a transmissão de conteúdos doutrinários e acumulo dos mesmos por parte do aprendiz , mas o contato dele com o tesouro chamado Doutrina Espírita , doutrina esta relacionada com a própria VIDA , fazendo com que ele desenvolva um olhar crítico que lhe permita desviar-se das "armadilhas" do caminho , reconhecendo no meio delas as verdadeiras estradas que o conduzem ao conhecimento e a fraternidade de irmãos.

Eis o grande desafio do Movimento de Evangelização-Educação Espírita Brasileiro : ENSINAR A VIVER a esta população que enfrenta em seu dia-a-dia problemas de discriminação social e racial , a violência dentro e fora de casa , a prostituição e a maternidade precoce , o trabalho explorador , os problemas de alimentação , saúde e moradia .É preciso garantir a esses espíritos reencarnados o pleno sucesso de suas existências terrenas.

Com estas reflexões não temos a pretensão de querer ser o "salvador da pátria" nem tão pouco ser um normalizador , porém , acreditamos que é na reflexão permanente e conjunta que poderemos construir alternativas para que essas crianças e jovens possam ter ao menos uma VIDA mais digna e FELIZ.

- Gustavo Filizola ( PE )
E-mail: gjf@elogica.com.br

Criança, espírito em evolução

Walter Oliveira Alves

Indo além das pesquisas da pedagogia tradicional e da psicologia educacional, a Doutrina Espírita nos revela, principalmente nos livros de André Luiz, o imenso trabalho do Mundo Espiritual na preparação de uma nova encarnação. Iluminando a pedagogia e a psicologia, a Doutrina Espírita nos revela que a criança é o Espírito que retorna, trazendo necessidades individuais e um programa de vida estabelecido durante sua preparação para reencarnar. Essencialmente, podemos afirmar que o Espírito se prepara tendo em vista suas necessidades básicas evolutivas, levando-se em conta:

  • Sua bagagem evolutiva conquistada nos milênios anteriores, até o momento presente.

  • O potencial futuro, passível de ser desenvolvido na próxima encarnação, a partir das conquistas atuais.

Da bagagem do passado, destacam-se as qualidades apreciáveis conquistadas pelo Espírito, bem como os defeitos, erros e viciações amealhadas em seu livre-arbítrio.

Todo o seu passado servirá de base para as conquistas futuras.

As conquistas anteriores, as tendências nobres, as qualidades superiores, servirão de ponto de partida para novas conquistas no campo intelectual e afetivo.

Temos, pois, na criança, um Espírito que reencarnou com um programa de vida, elaborado no Mundo Espiritual, que prevê as necessidades básicas evolutivas do reencarnante. É fácil perceber que as necessidades variam imensamente de Espírito para Espírito.

Cada espírito, pois, renasce no meio mais propício ao seu desenvolvimento interior, com um programa de vida traçado no Mundo Espiritual.

Isso não inclui a ação educativa em absolutamente nenhum caso. Por mais revel seja o Espírito, tenha ele renascido no antro mais profundo de inferioridade, abandonado pelos pais, nas piores condições, será ele o que mais necessitará da ação educativa, que fornecerá ao Espírito que reencarnou para evoluir, a energia e a força interior para vencer as provas necessárias ao seu aprimoramento. Por mais fundo tenha entrado nos liames da inferioridade, o Espírito recomeçará daí sua escalada evolutiva. A evolução é determinista. Variam as formas e os meios, mas todos os seres, filhos de Deus, evoluem incessantemente, alguns mais rapidamente, outros muito lentamente, conforme o próprio livre-arbítrio, mas todos caminham para frente e para cima, embora possa parecer aos olhos dos menos avisados que a Humanidade possa regredir.

Um dos grandes exemplos de fé na educação, nos deu Pestalozzi, quando, em Stans, na Suíça, arrebanhava as crianças abandonadas nas piores condições possíveis, albergando-as no orfanato que dirigia. A ação educativa de Pestalozzi, embasada no amor e na fé, reconduzia o Espírito aos canais superiores da evolução. Transformava crianças rebeldes em homens de bem. O educador sabe amar seu discípulo e ver nele o Espírito eterno, filho de Deus que renasceu para evoluir, seja qual seja a sua situação atual.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI-9, encontramos o seguinte trecho esclarecedor:

"Os efeitos da lei de amor são o aperfeiçoamento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais viciosos deverão se reformar quando virem os benefícios produzidos por esta prática: Não façais aos outros o que não quereríeis que vos fosse feito, mas fazei-lhe, ao contrário, todo o bem que está em vosso poder fazer-lhes."

"Não creiais na esterilidade e no endurecimento do coração humano; ele cede, a seu malgrado, ao amor verdadeiro; é um imã ao qual não pode resistir, e o contato desse amor vivifica e fecunda os germes dessa virtude que está nos vossos corações em estado latente. A Terra, morada de prova e de exílio, será então purificada por esse fogo sagrado, e verá praticar a caridade, a humildade, a paciência, o devotamento, a abnegação, a resignação, o sacrifício, virtudes todas filhas do amor."

Do livro Educação do Espírito. Introdução à Pedagogia Espírita.