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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ajuda Doação Sangue/Plaqueta/Medula‏

 

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No intuito de ajudar a pequena Suelen Lorena Joslin, de dois anos. Publicamos este pedido.

Ela esta fazendo todos os tratamentos quimioterápicos e semanalmente tem feito transfusão de sangue e plaquetas, e devido a isto esta precisando de muitos doadores, tanto doadores de Sangue quanto de Plaquetas.

Além destes vários doadores, precisamos urgente encontrar um doador de medula que seja compatível a ela.
Muitas pessoas já fizeram o teste para doação da medula mas até o momento não encontramos nenhuma compatibilidade, mas temos fé e esperança que este doador possa ser um de vocês que esta lendo este e-mail ou anuncio.

Para quem puder fazer a doação de sangue e plaquetas, e também o teste para compatibilidade de medula, favor dirigir-se até o Hemobanco (endereço) com as seguintes informações.

HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE
Nome do Paciente: SUELEN LORENA JOSLIN

HEMOBANCO
Rua Capitão Souza Franco, 290 - Bigorrilho
CEP 80.730-420 - Curitiba - Paraná
Fone: 41-3023-5545      
Fax:    41-3079-5547
Horário de atendimento: Segunda a Sábado,das 08:00 as 19:00h.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A Perda Irreparável-Irmão X

 

Índice do Blog 

 

Olá Alma Irmã, nossas Fraternais Saudações!

Que esta mensagem chegue com nossas melhores vibrações de Paz e Saúde!!
Obrigado pela companhia!!!

Centro Espírita Caminhos de Luz-Pedreira-SP-Brasil

A PERDA IRREPARÁVEL

A frente dos candidatos à nova experiência na carne, o instrutor espiritual esclarecia, paternalmente :
– Não percam a tranqüilidade em momento algum, na reconstrução do destino. Em plena atividade terrestre, é imprescindível valorizar a corrigenda. O erro não pode constituir motivo para o desânimo absoluto. O desengano vale por advertência da vida e, com a certeza do Infinito Bem, que neutraliza todo mal, após aproveitar-lhe a cooperação em forma de sofrimento, o espírito pode alcançar culminâncias sublimes. O Pai somente concede a retificação aos filhos que já se apropriaram do entendimento. Usem, pois, a compreensão legítima, em face de qualquer provação mais difícil. A queda verdadeiramente perigosa é aquela que nos comprazemos, entorpecidos e estacionários. Reerguer-se, por recuperar a estrada perdida, será sempre ação meritória da alma, que o Tesouro Celeste premiará com o descortino de oportunidades santificantes. A serenidade deve presidir aos mínimos impulsos de vocês na tarefa próxima. Sem as fontes da ponderação individual, o rio da paz jamais fertilizará os continentes da obra combativa. É indispensável, por isso, recordar o caráter precário de toda posse na ordem material. O tempo, que é fixador da glória dos valores eternos, é corrosivo de todas as organizações passageiras, na Terra e noutros mundos. Todas as formas, com base na substância variável, perecerão no que se refere à máscara transitória, dentro dos jogos da expressão.
Conservando-se atentos aos imperativos de marcha pacífica, não se esqueçam, sobretudo, de que todo o equipamento de recursos humanos é substituível. Todos os quadros que vocês integrarão se destinam ao processo educativo da alma. Em breve, estarão soterrados nos séculos, como todos os espetáculos de que participamos nas paisagens que se foram...
A lei de substituição funciona diariamente para nós todos.
Cada testemunho incompleto, cada lição imperfeita, serão repetidos tantas vezes quantas forem necessárias.
A própria Natureza, na Crosta do Mundo, instruí-los-á sobre o vaivém das situações e das coisas.
Primavera e inverno renovam-se para a comunidade dos seres terrestres, nos diversos reinos, há milhares de anos. As influências lunares se rearticulam, de semana a semana, difundindo o magnetismo diferente da luz polarizada. Nos círculos planetários, infância, juventude e velhice dos corpos funcionam igualmente para todos.
Qual ocorre na zona das formas temporárias, prepondera a substituição na ordem espiritual.
Quem não dispõe de parentes consangüíneos, com boa vontade encontrará família maior nos laços humanos. Se vocês não puderem suportar o clima de uma bigorna, encontrarão acesso à carpintaria e, em qualquer casa de ação edificante, desde que se inspirem no ideal de servir, serão aquinhoados com as possibilidades de realizar intensivamente, na sementeira e na seara do bem.
Nas artes e nas ciências, receberão todos vocês a benção de aprender e reaprender, de experimentar e recapitular incessantemente.
Nas circunstâncias, aparentemente mais duras, ninguém entregue o espírito ao desespero. Tal qual a alvorada que faz a luz resplandecer além das trevas, a oportunidade de reajustamento, reabilitação e ascensão brilhará sempre sobre os abismos nos quais nos precipitemos, desavisados e incautos... Guardem a paz inalterável, porquanto, ao longo do problema esclarecido e do caminho trilhado pelos seres mortais, tudo será reformado e substituído...
O orientador mostrou diferente brilho nos olhos e acrescentou:
– Há, porém, no decurso de nossas atividades uma perda irreparável. Com exceção dos valores prevalecentes na jornada evolutiva, é esse prejuízo a medida que define a distância entre o bom e o mau, entre o rico e o pobre, entre o ignorante e o sábio, entre o demônio e o santo. Semelhante lacuna é impreenchível. Deus dispôs a Lei de tal modo que nem mesmo a justiça dEle consegue remediá-la, em benefício dos homens ou dos anjos. Ante a expectação dos ouvintes, o instrutor esclareceu:
– Trata-se da perda do dia de serviço útil, que representa ônus definitivo, por distanciar-nos de todos os companheiros que se eximem a essa falha.
E enquanto os aprendizes se entreolhavam, admirados, o mentor paternal concluiu:
– Ajudando-nos na preservação da paz, Jesus: recomendou-nos: “contemplai os lírios do campo!”
Entretanto, para que não zombemos do profundo valor das horas, foi Ele mesmo quem nos advertiu: “caminhai enquanto tendes luz!”


pelo Espírito Irmão X - Do livro: Luz Acima, Médium:Francisco Cândido Xavier.

Acesse o nosso site: www.caminhosluz.com.br

sábado, 13 de agosto de 2011

Leis Morais da Vida- Divaldo Pereira Franco

 

Índice do Blog  

 

LEIS MORAIS DA VIDA

DIVALDO PEREIRA FRANCO

DITADO PELO ESPÍRITO JOANA DE ÂNGELIS

ÍNDICE

LEIS MORAIS DA VIDA

PRIMEIRA PARTE - DA LEI DIVINA OU NATURAL

SEGUNDA PARTE - DA LEI DE ADORAÇÃO

CAPÍTULO 1 = AMAR A DEUS
CAPÍTULO 2 = ORAÇÃO NO LAR
CAPÍTULO 3 = DECISÃO NA VERDADE
CAPÍTULO 4 = MUITOS CHAMADOS
CAPÍTULO 5 = BENFEITORES DESENCARNADOS E PROBLEMAS HUMANOS
CAPÍTULO 6 = AGRADECIMENTO

TERCEIRA PARTE - DA LEI DO TRABALHO

CAPÍTULO 7 = A BÊNÇÃO DO TRABALHO
CAPÍTULO 8 = TRABALHO DE ÚLTIMA HORA
CAPÍTULO 9 = BENS MATERIAIS
CAPÍTULO 10 = FRACASSO E RESPONSABILIDADE
CAPÍTULO 11 = CONSIDERANDO O ARREPENDIMENTO
CAPÍTULO 12 = TRANQÜILIDADE

QUARTA PARTE - DA LEI DE REPRODUÇÃO

CAPÍTULO 13 = PERANTE A VIDA
CAPÍTULO 14 = LIMITAÇÃO DE FILHOS
CAPÍTULO 15 = FILHO DEFICIENTE
CAPÍTULO 16 = DEVERES DOS PAIS
CAPÍTULO 17 = DEVERES DOS FILHOS
CAPÍTULO 18 = AFINIDADE E SINTONIA

QUINTA PARTE - DA LEI DE CONSERVAÇÃO

CAPÍTULO 19 = O DINHEIRO
CAPÍTULO 20 = DESPERDÍCIOS
CAPÍTULO 21 = PRESENÇA DO EGOISMO
CAPÍTULO 22 = AMOR-PRÓPRIO
CAPÍTULO 23 = RENOVAÇÃO
CAPÍTULO 24 = HEROÍSMO DA RESIGNAÇÃO
SEXTA PARTE - DA LEI DE DESTRUIÇÃO
CAPÍTULO 25 = HOSTILIDADES
CAPÍTULO 26 = CONSIDERANDO O MEDO
CAPÍTULO 27 = COMPANHEIROS PERIGOSOS
CAPÍTULO 28 = AGRESSIVIDADE
CAPÍTULO 29 = ANTE DISSENSÕES
CAPÍTULO 30 = ELES VIVEM

SÉTIMA PARTE - DA LEI DE SOCIEDADE

CAPÍTULO 31 = INTERCÂMBIO SOCIAL
CAPÍTULO 32 = PARTICIPAÇÃO NA FELICIDADE
CAPÍTULO 33 = AMIZADES E AFEIÇÕES
CAPÍTULO 34 = ABNEGAÇÃO
CAPÍTULO 35 = REFREGAS DA EVOLUÇÃO
CAPÍTULO 36 = REFERÊNCIAS ENCOMIÁSTICAS

OITAVA PARTE - DA LEI DO PROGRESSO

CAPÍTULO 37 = DIANTE DO PROGRESSO
CAPÍTULO 38 = DIANTE DO DESTINO
CAPÍTULO 39 = DORES E JUSTIÇA
CAPÍTULO 40 = VÍCIOS E DELITOS
CAPÍTULO 41 = PASSADO E DOR
CAPÍTULO 42 = PROSSEGUIR SEMPRE

NONA PARTE - DA LEI DE IGUALDADE

CAPÍTULO 43 = CRÍTICOS IMPIEDOSOS
CAPÍTULO 44 = JULGAMENTO ERRÔNEO
CAPÍTULO 45 = GLÓRIAS E INSUCESSOS
CAPÍTULO 46 = SOB DORES EXTENUANTES
CAPÍTULO 47 = DE ÂNIMO INQUEBRANTÁVEL
CAPÍTULO 48 = INGRATIDÕES

DÉCIMA PARTE - DA LEI DE LIBERDADE

CAPÍTULO 49 = DIREITO DE LIBERDADE
CAPÍTULO 50 = O BEM SEMPRE
CAPÍTULO 51 = SEGURANÇA ÍNTIMA
CAPÍTULO 52 = ERRO E QUEDA
CAPÍTULO 53 = NA ESFERA DOS SONHOS
CAPÍTULO 54 = EXIGÊNCIA DA FÉ

DÉCIMA-PRIMEIRA PARTE - DA LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

CAPÍTULO 55 = ANTE O AMOR
CAPÍTULO 56 = DESARMAMENTO ÍNTIMO
CAPÍTULO 57 = CARIDADE PARA COM OS ADVERSÁRIOS
CAPÍTULO 58 = CONFIANÇA E AMOR
CAPÍTULO 59 = AUXÍLIO A SOFREDORES
CAPÍTULO 60 = TERAPÊUTICA DO AMOR

LEIS MORAIS DA VIDA

São de todos os tempos as leis morais da vida, esta­belecidas pelo Supremo Pai.

Invioláveis, constituem o roteiro de felicidade pelo rumo evolutivo, impondo-se, paulatinamente, à inteligência humana achando-se estabelecidas nas bases da harmonia perfeita em que se equilibra a Criação.

Reveladas através dos tempos, a pouco e pouco, não se submetem às injunções transitórias das paixões humanas, que sempre desejaram padronizá-las ao próprio tal­ante, submetendo-as às suas torpes determinações.

Inspiradas à humanidade pelas forças vivas da Natu­reza desde os dias do ‘homem primitivo, passaram a constituir a ética religiosa superior de todos os povos e de todas as nações.

Leis naturais de amor, justiça e eqüidade, são o fiel da conquista do espírito que, na preservação dos seus có­digos sublimes e na vivência da sua legislação, haure o próprio engrandecimento e plenitude.

O desacato, a desobediência aos seus códigos en­gendram o sofrimento e o desalinho do infrator, que de forma alguma consegue fugir ao reajuste produzido pela rebeldia ou insânia de que se faz portador.

Profetas, legisladores e sábios têm sido os maleáveis instrumentos de que se utilizou o Pai Amantíssimo atra­vés dos tempos, a fim de que o homem, no ergástulo carnal, pudesse encontrar a rota segura para atingir o reino venturoso que o espera.

Dentre todos, porém, foi Jesus o protótipo da mise­ricórdia divina, “o tipo mais perfeito que Deus tem ofere­cido ao homem, para lhe servir de guia e modelo”, o pró­prio Rei Solar.

Vivendo em toda a pujança o estatuto das “leis mo­rais”, deu cumprimento às de ordem humana, submeten-­do-se, pacificamente, instaurando o período fundamentado na de amor, que resume todas as demais e as comanda com inexcedível mestria.

Modelo a ser seguido, ensinou pelo exemplo e pelo sacrifício, selando em testemunho supremo a excelência do seu messianato amoroso, através da doação da vida, incitando-nos a incorporar ao dia-a-dia da existência a irrecusável lição do seu auto-ofertório santificante.

*

lnspiramo-nos para elaborar esta Obra no incompará­vel “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, Parte 3ª, “Das leis morais” (*).

Não pretendemos produzir um trabalho de exegese doutrinária, mas respingar alguns conceitos e opiniões atuais nas nobres e relevantes lições ali exaradas, por con­siderarmos insuperável e de profunda momentaneidade a Obra Kardequiana, repositório fiel do Consolador, confor­me prometido por Jesus.

Dividimos o nosso estudo nas onze leis morais, con­forme a classificação kardequiana, utilizando-nos de va­riado assunto para a meditação e a renovação íntima da­queles que se interessam pela Doutrina Espírita, ou que no báratro destes dias de inquietação padecem a sede de Deus, requerem ao Alto respostas imediatas às interroga­ções afligentes, pedem orientações.

O homem viaja com os seus formidáveis bólides espa­ciais fora ‘da órbita da Terra, e, todavia, não se conhece a si mesmo.

Descobre o mundo que o fascina e não se penetra das responsabilidades morais que lhe cabem.

Altera a face do planeta que habita e pretende modi­ficar as “leis morais” que regem o Universo, mergulhan­do, então, em profunda amargura.

Apresenta conceitos valiosos e concepções de auda­ciosa matemática, desvendando as leis da gravitação, da aglutinação das moléculas, da estrutura genética dos seres e, todavia, impõe absurdas determinações no campo mo­ral, legalizando o aborto, ressuscitando a pena de morte, programando a família mediante processos escusos, pre­cipitados, advogando a dissolução dos vínculos matrimo­niais estimulado por terrível licenciosidade, fomentando a guerra...

Há dor e loucura, fome, miséria moral e social em larga escala, num atestado inequívoco do primarismo moral que vige em indivíduos e coletividades ditos civi­lizados.

As leis morais da vida são impostergáveis.

Ninguém as derroca; não as subestima impunemente; não as ignora, embora desejando fazê-lo. Estão insculpidas na consciência das criaturas. Mesmo o bruto sente-as em forma de impulsos ou pelo luzir da sua grandeza transcen­dente nos pródromos da inteligência.

Leis imutáveis, são as leis da vida.

*

Algumas destas páginas apareceram oportunamente em letras de forma, no periodismo espírita como no leigo.

Aqui estão refundidas umas, reajustadas outras, por nós mesma, para melhor entrosamento no conjunto da Obra.

A modesta contribuição ora reunida em volume obje­tiva despertar sentimentos elevados, clarear mentes em aflição ou que dormem na ignorância das verdades espiri­tuais, contribuindo com as Vozes dos Céus” no desiderato da edificação da nova humanidade com Jesus para o Mi­lênio porvindouro.

Dando-nos por trabalhadora que reconhece sua pouca valia, exoramos a proteção do Mestre Incomparável para todos nós, seus discípulos imperfeitos, embora amorosos que tentamos ser.

Joanna de Ângelis

Salvador, 7 de maio de 1975

(*) Todas as citações de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, fo­ram extraídas da 29ª edição da FEB - Nota da Autora espiritual.

PRIMEIRA PARTE

DA LEI DIVINA OU NATURAL

“614. Que se deve entender pôr lei natural?”

“A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta.”

“O Livro dos Espíritos”

SEGUNDA PARTE

DA LEI DE ADORAÇÃO

“649 Em que Consiste a adoração?”

“Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma.”

“659. Qual o caráter geral da prece?”

“A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é pôr-se em comunicação com ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer.”

“O Livro dos Espíritos”

1

AMAR A DEUS

Amor é vida.

Sem o amor de Deus que tudo vitaliza, a Criação volveria ao caos do princípio.

Antes, portanto, do amor não havia Criação, por­que Deus é Amor.

*

Sem o amor ao próximo não se pode amar a Deus.

Nesse particular o Evangelho é todo um hino ao Criador, mediante o eloqüente testemunho de amor ao próximo, apresentado por Jesus.

Em todos os Seus passos o amor se exterioriza numa canção de feitos, renovando, ajudando e levan­tando os Espíritos.

*

Não podendo o homem romper a caixa escura do egoísmo, saindo de si na direção da criatura, sua irmã, dificilmente compreenderá o impositivo do amor trans­cendente em relação à Divindade.

Quando escasseiam os recursos da elevação inte­rior pelo pensamento vinculado ao Supremo Constru­tor do Cosmo, devem abundar os esforços no labor da fraternidade em direção às demais criaturas, do que decorre, inevitavelmente, a vinculação amorosa com Deus. Porqüanto ninguém pode pensar no próximo sem proceder a uma imperiosa necessidade de fazer inter­rogações que levam à Causa Central.

O homem constitui, indubitavelmente, um enigma que só à luz meridiana da reencarnação — técnica do amor e da Justiça Divina — pode ser entendido.

*

Na vida, sob qualquer expressão, está manifesto o amor.

Mediante o amor animam-se as forças atuantes e produtivas da Natureza, no mineral, no vegetal, no animal, no homem e no anjo.

*

Dilata, desse modo, as tuas expressões íntimas, dirigindo-as para o bem e não te preocupes com o men­tiroso triunfo do mal aparente.

Exalça a vida e não te detenhas na morte.

Glorifica o dever e não te reportes à anarquia.

Fala corretamente e retificarás os conceitos infe­lizes.

Se te impressionam as transitórias experiências do primitivismo e da barbárie que ainda repontam na Terra, focaliza a beleza e superarás as sombras e in­quietações...

*

A maneira mais agradável de adorar a Deus é elevar o pensamento a Ele, através do culto ao bem e do amor ao próximo.

Desce à dor e ergue o combalido à saúde íntima;

mergulha no paul e levanta ao planalto os que ali en­contres; curva-te para socorrer, no entanto, ascende no rumo de Deus pelo pensamento ligado ao Seu amor e vencerás os óbices.

*

Se desejas, todavia, compreender melhor a neces­sidade de amar a Deus, acompanha o desabrochar de uma rosa, devolvendo perfume à vida, o que extrai do solo em húmus e adubo... Fita uma criança, de­tém-te num ancião...

Ama, portanto, pelo caminho quanto possas, plantas, animais, homens, e te descobrirás, por fim, superiormente amando a Deus.

2

ORAÇÃO NO LAR

A transformação do lar em célula viva do Cris­tianismo operante constitui labor impostergável.

Por mais valiosas se façam as conquistas externas na atividade quotidiana, com vistas ao progresso e àfelicidade, se tais aquisições não encontrarem funda­ções de segurança no reduto doméstico far-se-ão edifi­cações em constante perigo.

Isto, porque, o lar é a matriz geradora da comu­nidade ditosa, sobre o qual repousam os sustentáculos das nacionalidades progressistas.

Os distúrbios internos em qualquer máquina de serviço provocam prejuízo na rentabilidade, quando não se dá a paralisação do trabalho com danos impre­visíveis.

A família é o fulcro da maior importância para o homem.

Não obstante os complexos mecanismos da reen­carnação, os fatores criminógenos ou os estímulos ho­noráveis encontram no núcleo familiar as condições fomentadoras para o eclodir das paixões insanas co­mo o das sublimes. Obviamente, neste capítulo, de quando em quando surgem exceções, como atestando que o diamante valioso, apesar de tombado na lama, fulgura, precioso, ou a pedra bruta embora o engaste nobre e o estojo especial, de forma alguma adquire valor.

Num lar lucilado pela oração em conjunto onde, a par do exemplo salutar dos cônjuges, a palavra do Senhor recebe consideração e apontamentos superio­res, ao menos periodicamente, os dramas passionais, as ocorréncias infelizes, os temores e as discórdias cedem lugar à compreensão fraternal, à caridade recíproca, àpaciência, ao amor.

Ali se caldeiam os complexos fenômenos da evolução e se resolvem em clima de entendimento os pro­blemas urgentes que dizem respeito à recuperação de cada um. Não apenas se ajustam e se sustentam afeti­vamente os nubentes como se reorganizam os programas iluminativos, retemperando-se ânimo e ideais àinspiração do Cristo sempre presente.

*

Companheiros sinceros queixam-se quanto aos da nos promovidos pelos modernos veículos de comuni­cação de massas.

Diversos expositores do verbo espírita invectivam contra as permissividades hodiernas.

Mentes lúcidas, considerando a áspera colheita de espinhos da atualidade, reagem com emoção através da palavra falada ou escrita.

Muitos oferecem programas complexos de ação, talvez impraticável, debatem, acusam, vociferam. Mas pouco fazem realmente.

O trabalho do bem é paulatino e a reforma mo­ral, para ser autêntica, será sempre individual, bem laborada, sacrificial.

As técnicas ajudam, todavia, só a persuasão ho­nesta, mediante a qual o homem se conscientiza das necessidades reais, consegue lograr libertá-lo dos com­promissos inditosos, engajando-o nas disposições res­tauradoras.

De pouca monta o esforço para ajudar a renova­ção do próximo, se não ensinar fixado ao exemplo da própria modificação íntima para melhor.

O exercício evangélico na família à pouco e pou­co, em clima de cordialidade e simpatia, consegue neutralizar a má propaganda, as investidas violentas do crime de todo porte que se insinuam e irrompem dominadoras.

*

Ao realizares o Culto Evangélico do lar não te excedas em tempo, a fim de serem evitados a mo­notonia e o desinteresse.

Não o imponhas aos que te não compartem as idéias ou preterem, por enquanto, outros rumos.

Tenta a argumentação honesta e branda, convin­ente e autêntica.

Insiste junto aos filhinhos para que comunguem contigo do pão do espírito, conforme de ti recebem o pão do corpo.

Faze, porém, a tua parte.

Se sentires a tentação do desânimo, a amargura ia decepção, recorda-te do otimismo dos primeiros cristãos e não desfaleças. Orando em conjunto, reco­mendavam os invigilantes, os perturbadores e indito­sos ao Senhor, haurindo forças na comunhão fraterna para os testemunhos com que ensementaram na Hu­manidade as excelências da Boa Nova, que ora te al­cança o espírito sem as agruras da perseguição exter­na e das dolorosas injunções da impiedade humana.

Acende o sol do Evangelho em casa, reúne-te com os teus para orar e jamais triunfarão trevas em teu lar, em tua família, em teu coração.

3

DECISÃO NA VERDADE

...“Havendo eu sido cego, agora vejo.” - (João: capítulo 9º, versículo 25)

O jovem padecia de cegueira desde o nascimento.

Jamais conhecera a luz.

Sua vida se encontrava povoada de trevas, em cujos meandros tateava com aflição.

Jesus abriu-lhe os olhos, concedendo-lhe a dia­mantina claridade da visão.

Inundado pela luz externa que o fascinou, enri­queceu-se de gratidão por aquele que o libertou.

Instado à informação do fato, deu-a inciso, conciso num eloqüente testemunho de júbilo.

Não acreditado pelos que o cercavam e o inquiriam, reafirmou a ocorrência, asseverando haver sido ele o antigo cego, face à dúvida que o cercava.

Convidado a opinar sobre quem o beneficiara, fez-se conclusivo: "Ë profeta!"

Intimado a injuriar e desmerecer o desconhecido benfeitor, a ingratidão de muitos que logo olvidam o socorro recebido, permitindo-se a dúvida, ao lado da subserviência aos transitórios triunfadores, foi explícito:

- "Se é pecador, não sei; uma coisa eu sei: havendo eu sido cego, agora vejo".

Não lhe importava quem ele era e sim o que lhe fizera.

*

Defrontam-se no ensino evangélico as duas conjunturas habituais: luz e treva.

Enfrentam-se as duas situações: verdade e mentira.

Duela a suspeita com a convicção.

Teima a pusilanimidade contra o sentimento leal.

Insiste o despeito, agredindo a nobreza.

O fato, porém, triunfa.

O bem relevante sobrenada entre as águas turvas do mal enganoso.

Nada importava ao jovem, agora vidente.

O essencial era que se encontrava a ver.

Nem assim, diante das evidências, cessava a hostilidade contra o "Filho de Deus".

O cipoal das paixões humanas, através das habilidades da astúcia, abriam-se em ardis infelizes, tentando apanhar o incomparável Amigo dos sofredores.

Hoje, no entanto, ainda é assim.

Tropeçam e atropelam-se os cegos do corpo com os do espírito. Os últimos são piores do que os primeiros porque se negam a ver, preferindo a urdidura da infâmia e da perversidade nas quais se distraem e anestesiam a razão.

*

Cuida-te contra a cegueira imposta pelos preconceitos, pelo orgulho, pelos descalabros de todo porte.

Já fizeste o teu encontro com Jesus.

Agora vês. Beneficia-te da claridade a fim de progredires.

Não mais acondiciones trevas morais nas antigas sombras dominadoras das paisagens íntimas.

Sai na direção do dia de sol para servir.

Caminha no rumo da luz e referta-te de claridades divinas, difundindo a esperança e a alegria.

Confessa o teu Amigo Sublime perante todos e segue, intimorato, ajudando em nome d'Ele os que ainda se debatem na escuridão donde saíste e que anseiam, também, pela bênção da visão a fim de enxergar.

4

MUITOS CHAMADOS

(Mateus capítulo 22º, versículos 1 a 14)

Mesmo hoje é assim...

Atônitas, as multidões procuram a diretriz do reino dos céus; não obstante, engalfinham-se nas hór­ridas lutas pela posse da Terra.

Fascinam-se com as narrativas evangélicas e co­movem-se ante os padecimentos do Senhor quando lêem a Sua vida; todavia não se resolvem seguir em definitivo os roteiros iluminativos, por meio dos quais os valores humanos mudam de expressão.

Examinando, igualmente, o comportamento de muitos companheiros de lides, verificarás que a parábola expressiva do Senhor mantém-se em plena atuali­dade para eles também.

Depois de experimentarem o contato com as le­gitimidades do espírito, sentem-se dominados pelo de­sejo sincero de espraiarem as certezas que a Boa Nova lhes oferece. Entretanto, aos primeiros impedimentos e problemas, perfeitamente consentâneos com a posi­ção evolutiva que os caracteriza, reagem, dizendo-se descrentes, atormentam-se e debandam.

Acreditam que são credores de especiais conces­sões, tendo em vista haverem recebido o convite para o banquete na corte do Grande Rei e o terem aceito com demonstrações de vivo entusiasmo...

Não lhes acode, porém, ao discernimento, que para qualquer solenidade se faz indispensável compos­tura própria, traje adequado.

Tais são as ações nobilitantes que conferem in­vestidura e insígnias para o comparecimento ao ágape real.

Por isso, as multidões esfaimadas de amor e sa­bedoria ainda não se resolveram fartar-se nos celeiros sublimes da Revelação Espírita ora ao alcance de to­dos, demorando-se em contínua aflição.

Buscando os tesouros do espírito, disputam, aguerridamente, as posses que os “ladrões roubam, as traças roem e a ferrugem gasta...”

*

Já que recebeste o chamado para a transforma­ção moral ao alento da luz espírita que te aclara os dédalos do mundo interior, não titubeies. Estuga o passo na senda habitual e reflete, deixando-te permear pelas lições de esperança e renovação com que te ar­marás para os combates. ásperos contra os severos ad­versários que a quase todos vencem: o egoísmo, o orgulho, a ira, o ciúme e seus sequazes, ensinando pe­lo exemplo fraternidade e amor.

Não te preocupes pelo proselitismo como pelo ar­rastamento das multidões à fé que te comove.

Recorda-te de Jesus que não veio para compac­tuar com as comezinhas paixões nem tão pouco para agradar os campeões da insensatez — maneira segura de conseguir simpatizantes e adeptos — antes para inaugurar o principado da felicidade ao qual são “muitos chamados”, porém poucos escolhidos”.

5

BENFEITORES DESENCARNADOS E PROBLEMAS HUMANOS

A promoção dos chamados mortos à categoria de benfeitores e santos resulta de um atavismo religioso de que o homem só a esforço insistente consegue li­bertar-se.

Enquanto transitam pelo corpo material, os me­nos projetados na sociedade são teimosamente igno­rados, quando não sistematicamente abandonados. Sofredores que por decênios de dor e amargura suportaram em silêncios estóicos a pesada canga das aflições; pessoas humildes que se apagaram nos labo­res singelos; enfermos em indigência e desprezo, ata­dos a cruzes de demorada agonia; lutadores anônimos que esbarraram em dificuldades e padeceram igno­mínias da imprevidência dos seus verdugos; pais e mães reclusos nos cárceres dos deveres sacrificiais, re­legados às posições inferiores do lar, tão logo retor­nam à Pátria são içados pelas consciências culpadas à condição santificante com que assim esperam excul­par-se à indiferença e ao desprezo que lhes impuseram.

Não apenas estes, porém, que merecem pelos pa­decimentos sofridos uma liberação abençoada.

Crê-se, no entanto, que a morte é ponte para a santificação, mesmo a daqueles que não a merecem.

Supõem que, com a desencarnação, ao se esque­cerem com facilidade os descalabros que foram come­tidos podem conferir-lhes uma situação ditosa, ao pa­ladar da trivialidade a que se entregam.

Não o fazem, porém, por amor.

Como exploraram e feriram, usaram e maceraram os que lhes dependiam, direta ou indiretamente, espe­ram continuar exigindo ajudas que não merecem, em comércio de escravidão contínua com os que já parti­ram.

*

Mentes viciadas pela acomodação aos velhos hábitos da preguiça e da rebeldia, não logram desprender­se dos problemas pessoais mesquinhos a que se afer­ram, por lhes aprazer enganar e enganar-se.

Dizem-se em sofrimento e preferem a condição de vítima da Divindade à de colaboradores de Deus.

Asseveram que só o insucesso lhes ocorre e de­moram-se na lamentação ao invés da ação saneadora do mal.

Teimam por receber tratamento especial dos Céus, e, sem embargo, não se facultam crescer sinto­nizando com as leis superiores que regem a vida.

Rogam bens que não sabem aplicar, desperdi­çando valioso tempo em consultas inúteis e conversa­ções fúteis em que mais se anestesiam na auto-pieda­de e na ilusão.

Afirmam que os seus mortos estão no paraíso en­quanto eles jazem na Terra esquecidos.

Fiéis ao ludíbrio pelo artificialismo das oferen­das materiais, prometem-lhes missas, “sessões solenes”, cultos especiais, flores e outras manobras artificiais com que gostam de insistir na vaidosa presunção da astúcia sistemática.

Em vão, porem.

*

Quando ditosos, os desencarnados, são apenas amigos generosos que intercedem, ajudam e inspiram, mas não podem modificar os compromissos que os seus afeiçoados assumiram desde antes do berço, conforme não se eximiram eles mesmos aos braços da cruz em que voaram no rumo da felicidade.

Quando em desdita no além-túmulo, são para eles inócuas todas as expressões exteriores dos chamados “cultos externos” das religiões terrestres.

A oração ungida de amor, as ações caridosas em sua homenagem refrigeram-nos e ajudam-nos a enten­der melhor a própria situação, armazenando forças para as reencarnações futuras.

Desse modo, esforça-te para resolver os teus pro­blemas sem perturbar os que agora merecem a justa paz depois das lutas ásperas que sofreram.

Respeita a memória dos desencarnados e sem os títulos mentirosos da Terra, tem-nos em conta de ami­gos queridos não subalternos que te poderão ajudar, porém que necessitam, a seu turno, de evoluir também.

6

AGRADECIMENTO

Seja qual for a ocorrência que te surpreenda, concitando-te ao júbilo ou à aflição, dá graças.

Não te olvides do valor da gratidão nos passos da vida.

A cada instante estás chamado ao reconhecimento pelas concessões que te enriquecem em experiências, em iluminação, em saúde, em paz e não apenas ante os valores transitários das moedas e dos títulos que nuito se disputam na Terra.

Não te impeças a emoção do reconhecimento, a exteriorização dos sentimentos da gratidão.

Há pessoas que, não obstante a elevação de pro­pósitos, se sentem constrangidas, angustiando-se sem encontrarem a forma de expressar as graças de que estão possuídas. Outras acreditam que não se faz ne­cessário apresentar ao benfeitor os protestos de reco­nhecimento, porque são mais valiosos os que se de­moram silenciados.

Não têm a razão os que assim pensam e agem.

Uma palavra de bondade ou uma frase simples, porém imantada pela unção da sinceridade, estimula e alegra quem a recebe, concitando a novos cometimen­tos, à continuação dos gestos de enobrecimento e amor.

Embora quem se faz útil e goste de ajudar não se deva prender à resposta do beneficiado, não há por que se desconsidere o dever do amor retributivo.

O amor que enfrenta a hostilidade e a transfor­ma ressurge como compreensão no agressor, assim re­tribuindo a afeição recebida.

Agradece, desse modo, as coisas que te cheguem, como sejam e de que se constituam. Favores divinos objetivam tua felicidade.

Se defrontas problemas, agradece a oportunida­de — desafio para a luta pela paz.

Se tropeças na incompreensão, agradece o ense­jo de provar a excelência dos teus sentimentos.

Se despertas na enfermidade, agradece a conces­são do sofrimento purificador.

Se recebes bondade e afeição, agradece a dádiva

para o esforço evolutivo.

Se colhes alegrias e saúde, agradece o tesouro que deves aplicar nas finalidades superiores da vida.

O espinho, o pedregulho, chamam a atenção do viandante para o solo por onde transita; o aguilhão impele à rota correta; o testemunho de qualquer con­dição revela as qualidades íntimas.

Gratidão é sentimento nobre — cultiva-o para próprio bem.

O sol aquece, a noite tranqüiliza, a chuva alimen­ta, o adubo fertiliza, a poda revigora — tudo são bên­çãos da vida.

Agradece sem cessar as doações divinas que fruis e esparze gratidão onde estejas, com quem te encon­tres, diante de tudo que recebas ou que te aconteça.

TERCEIRA PARTE

DA LEI DO TRABALHO

“674 A necessidade do trabalho é lei da Natureza?

“O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.

“675. Por trabalho só se devem en­tender as ocupações materiais?

“Não; o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho.”

“O Livro dos Espíritos”

7

A BÊNÇÃO DO TRABALHO

Sob pretexto algum te permitas a hora vazia.

Justificando cansaço ou desengano, irritabilida­de ou enfado, desespero íntimo ou falta de estímulo, evita cair no desânimo que abre claros na ação do bem, favorecendo a inutilidade e inspirando as idéias perni­ciosas.

Se supões que todos se voltam contra os teus pro­pósitos superiores, insiste na atividade, que falará com mais eficiência do que tuas palavras.

Coagido pela estafa, muda de atitude mental e renova a tarefa, surpreendendo-te com motivação no­va para o prosseguimento do ideal.

Vitimado por injunções íntimas, perturbadoras, que se enraízam no teu passado espiritual, redobra esforços e atua confiante.

O trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto contra o mal, porqüanto conquista valores incalculáveis com que o espírito corrige as imperfei­ções e disciplina a vontade.

O momento perigoso para o cristão decidido éo do ócio, não o do sofrimento nem o da luta áspera.

Na ociosidade surge e cresce o mal. Na dor e na tarefa fulguram a luz da oração e a chama da fé.

Maledicências e intrigas, vaidades e presunções, calúnias e boatos, despeito e descrédito, inquietação e medo, pensamentos deprimentes e tentações nascem e se alimentam durante a hora vazia.

Os germes criminógenos de muitos males que pe­sam negativamente sobre a economia da sociedade se desenvolvem durante os minutos de desocupação e ociosidade.

Os desocupados jamais dispõem de tempo para o próximo, atarantados pela indolência e pela inutilida­de que fomentam o egoísmo e desenvolvem a indife­rença.

*

O trabalho se alicerça nas leis de Amor que re­gem o Universo.

Trabalha o verme no solo, o homem na Terra e o Pai nas Galáxias.

A vida é um hino à dinâmica do trabalho.

Não há na Natureza o ocio.

O aparente repouso das coisas traduz a pobreza dos sentidos humanos.

A vida se agita em toda parte.

O movimento é lei universal em tudo presente.

*

Não te detenhas a falar sobre o mal. Atua no bem.

Não te escuses à glória de trabalhar pelo progres­so de todos, do que resultará a tua própria evolução.

Cada momento sabiamente aproveitado adiciona produtividade na tua sementeira de esperança.

O trabalho de boa procedência em qualquer di­reção produz felicidade e paz.

Dele jamais te arrependerás.

Não esperes recompensa pela sua execução.

Produze pela alegria de ser útil e ativo, içan­do o coração a Jesus, que sem desfalecimento traba­lha por todos nós, como o Pai Celeste que até hoje também trabalha.

8

TRABALHO DE ÚLTIMA HORA

A pretexto de cansaço ou necessidade urgente de repouso, não postergues a ensancha abençoada do tra­balho que agora te chega, na Vinha do Senhor.

O trabalho do bem não apenas engendra o pro­gresso, mas estatui a paz.

Dínamo gerador do desenvolvimento e estímulo da ordem, o trabalho é manifestação de sabedoria, desde que o esforço encetado se dirija à execução su­perior.

Sejam quais forem as circunstâncias, reverencia o trabalho como meio e meta para a harmonia íntima e o equilíbrio externo.

Enquanto trabalhas, olvidas problemas e superas limitações, consubstancializas ideais e incrementas a felicidade. Em retribuição, a atividade ordeira te pro­porciona esperanças, modificando as paisagens por mais complexas e pressagas se te apresentem.

*

Convidado à Seara do Senhor não examines di­ficuldades nem recalcitres ante as necessidades urgen­tes com que depares.

Mediante a operação socorrista na lavoura dos co­rações, lograrás vantajosas conquistas contra os contu­mazes verdugos do espírito: egoísmo, paixão, ódio que dormem ou que se agitam nos dédalos da vida men­tal.

Quase sempre ajudas com a esperança de imedia­ta retribuição e reages porque não recebes em seguida...

Consideras as circunstâncias em que os outros atuam e conferes resultados, arbitrando com a visão distorcida do que supões merecer.

A honra do trabalhador, no entanto, se exteriori­za pela satisfação do labor executado.

*

O serviço de Deus é comum para todos, facultan­do operações incessantes com que se pode desenvol­ver a felicidade na Terra.

Pouco importa a hora que se haja compreendido a significação do divino chamado.

Assim, não te deixes perturbar ante os que estão à frente, nem lamentes os que seguem à retaguarda.

Importa-te em proceder com dedicação desde ho­je, aqui e agora.

Descobre uma dentre as mil maneiras de atuar edi­ficando e serve, atendendo o chamado do Senhor, que prossegue aguardando os que desejam trabalhar na Sua vinha.

Nenhum olhar para trás, nenhuma medida de dis­tância à frente.

Os últimos chamados, qual o que ocorre contigo, receberão a recompensa prometida, não obstante o pouco tempo de que disponham para trabalhar com Jesus e por Jesus.


9

BENS MATERIAIS

A riqueza, sob qualquer aspecto considerada, é bênção que Deus concede ao homem para sua felicida­de e que lhe compete bem utilizar, multiplicando-a em dons de misericórdia e progresso a benefício do próxi­mo.

Torná-la oásis reduzido para o próprio prazer, em pleno deserto de recursos onde medram a dor e a miséria de todo porte, é fraqueza moral que se conver­te em algema de demorada escravidão.

Todas as concessões da Vida rendem juros con­forme a direção e a aplicação que se lhes dêem.

Os bens materiais ensejam o progresso e devem fomentá-lo, porqüanto a própria evolução humana im­põe necessidades que os homens primitivos desconhe­ciam.

As exigências da higiene e do conforto, da pre­servação da saúde e das experiências de evolução, fa­cultam a aplicação de valores que, simultaneamente, organizam o sistema de crescimento e desenvolvimento do indivíduo como do grupo onde vive.

Não cabe, porém, a ninguém o direito de usufruir, seja o que for, em detrimento das possibilidades do próximo.

Criminosa a exploração que exaure as forças na­turais e entenebrece o caráter humano.

Desse modo, a direção que o homem dá aos re­cursos materiais, mediante a aplicação egoísta ou a utilização benéfica, faz que tal se transforme em li­berdade ou grilhão, dita ou desgraça.

Administradores, que todos somos, transitoria­mente, dos haveres, enquanto na vilegiatura carnal, seremos convocados a contas para relatórios, apresen­tando o que fizemos das concessões divinas que pas­saram pelas nossas mãos.

O dinheiro, a propriedade, a posição social rele­vante, a saúde, a inteligência, a mobilidade, a lucidez são bens que o espírito recebe como empréstimo divi­no para edificar-se e construir a ventura.

Qualquer emprego malsão engendra escassez e li­mitação que se transformam em aflição e desespero.

O mordomo infiel dos bens retorna à Terra na sujeição escravizadora, que lhe cobra o desperdício ou a usura de que se fez vítima inerme.

*

Multiplica pelo trabalho e pela ação benéfica to­dos os bens de que disponhas: do corpo, da mente, do espírito.

Aquinhoado com os valores perecíveis que dor­mem ou se movimentam nas tuas mãos, recorda os fi­lhos da agonia ao teu lado, nas tábuas da miséria e do abandono...

Um dia, sem que o queiras, deixarás todas as coisas e valores, ante o impositivo da desencarnação, seguindo contigo, apenas, os valores morais legítimos, decorrentes dos bens materiais que converteste em es­perança, alegria, progresso e paz, qual semeador de estrelas que, após transitar por um caminho de som­bras, conseguiu transformá-lo numa via-láctea de bri­lhantes celestes.


10

FRACASSO E RESPONSABILIDADE

Muito cômodo atribuir-se o insucesso das reali­zações a outrem, transferindo responsabilidades.

Incapaz de encarar o fracasso do verdadeiro ân­gulo pelo qual deve ser examinado, o homem que faliu acusa os outros e exculpa-se, anestesiando os centros do discernimento, mediante o que espera evadir-se do desastre.

Há fatores de vária ordem que contribuem pode­rosamente em todo e qualquer cometimento humano. O homem de ação, porém, graças aos seus valores in­trínsecos reais, responderá sempre pela forma como conduz o programa que tem em mãos para executar. Assim, portanto, pelos resultados do empreendimento;

Pessoas asseveram em face dos desequilíbrios que se permitem: “Não tinha outra alternativa. Fui indu­zido pelos maus amigos.”

Outras criaturas afirmam após a queda: “Os Espíritos Infelizes ganharam a batalha, após a insis­tência e a perseguição que eu não mais agüentava.

Diversos justificam a negligência, sob o amparo do desculpismo piegas e da desfaçatez indébita.

*

Luta sem desfalecimento e perseverança no posto em qualquer circunstância são as honras que se reser­vam ao candidato interessado na redenção.

O vinho capitoso flui da uva esmagada.

O pão nutriente surge do trigo triturado.

A água purificada aparece após vencer o filtro sensível.

Os dons da vida se multiplicam mediante as con­tribuições poderosas da transformação, da renovação, do trabalho.

Não te escuses dos dissabores e desditas, acusan­do o teu irmão. Mesmo que ele haja contribuído para a tua ruína, és o responsável. Porque agiste de boa-fé com leviandade, ou tutelado pela invigilância, não te deves acreditar inocente.

Cada um sintoniza com o que lhe apraz e afina.

O Evangelho na sua beleza e candidez de lingua­gem, registra e nos recorda a incisa e concisa lição do Mestre: “Sede mansos como as pombas e pruden­tes como as serpentes.”

Sem que estejas em posição belicosa, colocado em situação contrária, abre a alma ao amor para com todos, porém vigia “o coração porque dele procedem as nascentes da vida”.

Diante de qualquer fracasso, refaze as forças, assume responsabilidades e tenta outra vez. Quiçá seja esse o feliz instante de acertares logrando êxito.

11

CONSIDERANDO O ARREPENDIMENTO

Por mais anestesiados se encontrem os centros do discernimento intelectual, dia chega em que ele se instala.

Passe o tempo sob a aflicão do tóxico que per­turba a faculdade da razão, momento surge em que se reajustam os núcleos da atividade do pensamento e ele brota.

Apesar da intensidade clamorosa dos fatores per­turbantes que destroem os sentimentos superiores da vida, ao impacto dos projéteis da ira alucinada, do ódio avassalador, do ciúme desequilibrante ou do amor próprio enlouquecido, levando a criatura a atitudes infelizes, chega a oportunidade em que aparecem os pródromos da sua presença..

*

O arrependimento sempre se manifesta na cons­ciência em débito para com a vida.

A princípio, ei-lo como lembrança da falta co­metida de que já se não supunha existir qualquer sinal; posteriormente, a recordação do momento infeliz que se estabelece; mais tarde, a idéia rediviva dominante e por fim a obsessão do remorso, avassaladora.

Insidioso e maleável, o arrependimento é câncer que se apropria do homem que se deixou colher em falta, pela vindita ou pelo desforço.

*

Há pessoas que dizem: “Arrependo-me de me não ter vingado.”

Algumas exclamam: “Arrependo-me de não ter expulso o inimigo à minha porta.”

Outros proferem: “Arrependo-me do bem que fiz.”

Algumas contraditam: “Amarguro-me, sim, por­que fui eu quem o ajudou e arrependo-me da hora inditosa em que nutri a víbora que hoje me picou...

Em verdade devemos arrepender-nos das más ações que cometemos, louvando sem cessar os momen­tos briosos do auxílio que dispensamos e agradecendo a Deus a oportunidade em que poderíamos ter ferido mas não o fizemos, o ensejo de vingança, sem haver­mos descido a rampa da desgraça, a ocasião de negar mos o bem, tendo distendido a escudela da genero­sidade,

O arrependimento que enseja reabilitação do gra­vame é convite da consciência ao refazimento da obra mal sucedida. Se, todavia, a vítima transitou e a per­deste de vista, o acúleo do arrependimento se converte em cravo que se fixa no cerne do espírito, qual pre­sença da dor que infligiste, até que se te depurem os fatores negativos que causaste.

Não te permitas, portanto, trair, enganar, acusar, ferir, mesmo que tenhas razão. Se a tens, obviamente não se faz necessário descartar-te de quem te pre­judica, porqüanto estás melhor do que ele. Se não a tens, não te compete a tarefa do desforço, desde que o teu padecimento é o corretivo para as tuas im­perfeições.

Em qualquer circunstância, poupa-te desde hoje ao impositivo escravízante que te surpreenderá amanhã.

Arrependimento sadio das faltas cometidas é com­promisso assumido com as tarefas a executar.

Arrependimento perturbador que ultraja a cons­ciência torna-se problema que se afigura de difícil solução.

Caso não te disponhas a tudo recomeçar sob o beneplácito da Misericórdia Divina que nos colocou no mundo para amar e amar, servir e servir porque é da Lei que “somente pelo amor os homens serão salvos”, padecerás do arrependimento perturbador, que nada edifica.

12

TRANQÜILIDADE

Conceituas tranqüilidade qual se fora inércia ou indolência, dever ausente, lazer demorado.

Face a isso pensas em férias, recreação, letargo, com que supões lenir aflições íntimas, solucionar pro­blemas e complexidades do cotidiano.

Talvez consigas, em misteres de tal natureza, re­novar forças, catalisar energias, predispor-te. Sem e esforço interno, intransferível com que te defrontarás, assumindo posição decisiva para os embates de reedu­cação, dificilmente lograrás êxito.

A tranqüilidade independe de paisagens, circuns­táncias e ocasiões. Estabelece-se no espírito conto re­sultado de uma consciência pacificada, que decorre, a seu turno, de uma vivência moral e social concorde com os postulados de enobrecimento espiritual.

Fatores externos criam, às vezes, possibilidades, circunstâncias para as aquisições do espírito. É, porém, nas refregas da evolução, lapidando imperfeições e arestas, que o homem se auto-descobre, conhece-se e premia-se com a ação libertadora.

O cansaço, o desaire, a perseguição, a dor não obstante aflijam, jamais logram romper a armadura da tranqüilidade real.

Quando existe harmonia interior os ruídos de fora não ecoam perturbadoramente.

*

Se condicionas a tua tranqüilidade a lugares, pes­soas e fatores externos, submetes-te, apenas, ao anes­tésico condicionante para o lazer dos sentidos.

Se necessitas de silêncio, melodias, ginásticas para a tranqüilidade, apenas estás no rumo. Sem que te possas manter sereno no retiro da natureza ou na atividade das ruas, entre sons harmoniosos e a polui­ção sonora, ritmos ginastas e a esfalfa das correrias nas leiras da caridade junto ao próximo, a tua aquisi­ção ainda é miragem diletante, que facilmente se diluirá.

Se te enerva a espera ou te desagradam o cansaço e o medo, fruis, somente, comodidades, encontrando-te longe da tranqüilidade real.

Um espírito tranqüilo não se atemoriza nem se enfada, não se desarranja nem se rebela, porqüanto, pacificado pela consciência reta, vibram nele as ener­gias da renovação constante e do otimismo perene.

*

Jesus, no Sermão da Montanha ou no Gólgota, manteve-se o mesmo.

Estatuindo a carta magna para a Humanidade, louvou Deus e padecendo a injustiça humana agrade­ceu ao Pai, enquanto perdoou os homens.

Íntegro, confiante, demonstrou até o momento último que a tranqüilidade é preciosa aquisição com que a vitória da vida coroa as lutas nas incessantes batalhas do existir.


QUARTA PARTE

DA LEI DE REPRODUÇÃO

“686 É lei da Natureza a repro­dução dos seres vivos?

“Evidentemente. Sem a reprodução, o mundo corporal pereceria.”

“694. Que se deve pensar dos usos, cujo eleito consiste em obstar à reprodu­ção, para satisfação da sensualidade?

“Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem é material.”

O Livro dos Espíritos

13

PERANTE A VIDA

Investimento sublime a vida!

Em todas as suas manifestações expressa a su­prema misericórdia de Deus, num conjunto de harmo­nias e bênçãos.

O homem, porém, nem sempre sabe valorizar-lhe a oportunidade.

Egresso das faixas primitivas do instinto por on­de transitou, guarda as altas cargas das sensações em que se demora, em detrimento dos sutis apelos da emoção cru que se engrandece, na ascese para a liber­tação que o aguarda.

Detivesse-se mais no acurar das observacões e descobriria a glória do bem manifesta em todo lugar.

Por descuido ou inépcia vincula-se aos compro­missos vis em que se emaranha e, ao ser surpreendido pela realidade da evolução de que ninguém se evade, reage e desagrega-se, mergulhando nos lôbregos esta­dos de dor selvagem e inútil.

A vida já dorminte no mineral, sonhando no ve­getal, pensa no homem, a caminho da perfeita integra­ção na Consciência Cósmica, quando se torna anjo.

*

Multiplica a alegria de viver, esparzindo tuas con­cessões de ventura onde te encontres.

Inobstante te descubras em dor ou em agonia, compreende que o sofrimento é processo de libertação realizando o mister onde o amor ainda não firmou alicerces.

Sofrimento não é desdita. Esta somente surge quando o homem se torna causa e razão de infortúnio para o seu próximo.

Assim, sempre podes exalçar a vida.

Estiolando-se a flor o pólen fecunda e a planta nele sobrevive.

O despedaçar de muitos anelos engendra o surgi­mento de formosas realizações. .

A renúncia pessoal fomenta a abnegação que le­vanta as realizações da ventura.

Usa a tua vida na preservação de outras muitas vidas.

Mesmo que estejas açodado pelo desespero, evita o fosso da revolta ou o paul do desânimo.

A tua vida inspira outras vidas.

Sê abnegado!

O que faças e como faças constituirá emulação para as criaturas que seguem ao teu lado.

Sem que o percebas és inspirado por alguém, mo­tivado por outrem, a teu turno modelo para outros que te seguem em pós.

Perante a vida és co-criador junto a Nosso Pai.

Vive, pois, de tal forma que, encerrando o capí­tulo da tua experiência no corpo físico, prossigas logo mais, noutra expressão na vida estuante.

14

LIMITAÇÃO DE FILHOS

O problema da planificação familiar, antes de maiores cogitações, deve merecer dos cônjuges mais profundas análises e reflexões.

Pela forma simplista como alguns o apresentam, a desordenada utilizacão de métodos anticonceptivos interfere negativamente, na economia moral da própria família.

Na situação atual, os pais dotados de recursos econômicos, menos procriam, em considerando as dis­ponibilidades que possuem, enquanto os destituídos de posses aumentam a prole, tornando muito mais com­plexas e difíceis as engrenagens do mecanismo social.

Os filhos são programados na esfera extra-física da vida, tendo-se em vista as injunções crédito-débito, defluentes das reencarnações passadas.

Normalmente, antes do mergulho no corpo car­nal, o Espírito reencarnante estabelece intercâmbio com os futuros genitores, de cujo concurso necessitam para o cometimento a empreender.

Os filhos não chegados pela via normal, não obstante, alcançarão a casa dos sentimentos negados, utilizando-se dos sutis recursos da Vida, que reaproxi­mam os afins pelo amor ou pela rebeldia quando se­parados, para as justas reparações.

Chegarão a outros tetos, mas dali sairão atraidos pelas necessidades propelentes ao encontro da família que lhe é própria, nem sempre forrados em objetivos relevantes

*

Alguém que te chega, perturbando a paz.

Outrem que te rouba pertences e sossego.

O ser que te sobrecarrega de dissabores.

Aquele que de fora desarmoniza a tua família.

O vadio que te adentra o lar.
O viciado que corrompe quem te é caro.

O aliciador que chega de longe e infelicita o filho ou a filha que amas. .

Todos eles estão vinculados a ti

Quiçá houvessem renascido sob o teu teto e as Je circunstâncias impediriam dramas maiores.

*

Antes de aderires ao entusiasmo reinante para a limitação da prole, reparte com o outro cônjuge as tuas preocupações, discute o problema à luz da reen­carnação.

Evita engajar-te na moda, só porque as opiniões gerais são favoráveis à medida.

Não o faças, simplesmente, considerando os fa­tores econômicos, os da superpopulação.

O Senhor dispõe de recursos inimagináveis.

Confia a Ele as tuas dificuldades e entrega-te cons­ciente, devotadamente.

Seja qual for a opção que escolhas — ter mais ou menos filhos —, os que se encontram na pauta das tuas necessidades chegar-te-ão, hoje ou mais tarde.

Sendo possível, acolhe-os da melhor maneira, porqüanto, conforme os receberes, ser-te-ão amigos ge­nerosos ou rudes adversários dos quais não te liber­tarás facilmente.

15

FILHO DEFICIENTE

A decepção passou a ser-te um ferrete em brasa, dilacerando sem cessar os teus sentimentos.

Todos os planos ficaram desfeitos, quando espe­ravas entesourar felicidade e vitória.

No suceder dos dias, desde os primeiros sinais. anelaste por um ser querido que chegaria aos teus braços com os louros e a predestinação da grandeza em relação ao futuro.

O pequeno príncipe deveria trazer no corpo, na mente, na vida, as características da raça pura. gran­dioso no porte, lúcido na inteligência, triunfador nas realizações.

O que agora contemplas não é o filho desejado, mas um feio espécime, mutilado, enfermo, frágil.

Mal acreditas que se haja gerado por teu inter­médio, que seja teu filho.

Por pouco não o detestas.

Mal te recobras do choque e da vergonha que experimentas quando os amigos o vêem, quando sabem que é teu descendente.

Surda revolta assenhoreia-se da tua alma e, a pou­co e pouco, a amargura ganha campo no teu coração.

Reconsidera, porém, quanto antes, atitudes e po­sicões mentais.

Não podes arbitrar com segurança no jogo dos insondáveis sucessos da reencarnação.

Pára a reflexionar e submete-te à injunção re­dentora.

A tua frustração decorre do orgulho ferido, do desamor que cultivas.

Teu filho deficiente necessita de ti. Tu, porém, mais necessitas dele.

*

Quem agora te chega ao regaço com deficiência e limitação, recupera-se no cárcere corporal das arbi­trariedades que perpetrou.

Déspota ou rebelde, caiu nas ciladas que deixou pela senda, onde fez que outros sucumbissem.

Mordomo da existência passada, abusou dos dons da vida com estroinice e perversidade, ferindo e ter­minando por ferir-se.

Não cometeu, todavia, tais desatinos a sós.

Quando alguém cai, sempre existe outrem oculto ou ostensivo que o leva ao tombo.

O êxito como o insucesso sempre se faz de par­ceria.

Muitos responsáveis intelectuais de realizações nobres como de crimes espetaculares permanecem não identificados.

E são os autores reais, que se utilizam dos chamados ignorantes úteis para esses cometimentos.

O filho marcado que resulta do teu corpo é alma vitimada pela tua alma, não duvides.

Não é este o primeiro tentame que realizam juntos.

Saindo do fracasso transato, ambos recomeçam abençoada experiência, cujo êxito podes promover desde já.

Renteia com ele na limitação e aumenta-lhe, me­diante o amor dinâmico, a capacidade atrofiada.

Sê-lhe o que lhe falta.

Da convivência nascerá a interdependência re­cíproca.

No labor com ele, ama-lo-ás.

Infatigavelmente renova os quadros mentais e por enquanto desce ao solo da realidade, fora das ilusões mentirosas, a fim de seres, também, feliz.

*

Honra-te com o filhinho dependente e mais apro­xima-te dele, cada vez.

A carne gera a carne, mas os atos pretéritos do espírito produzem a forma para a residência orgânica.

As asas de anjo do apóstolo, como os pés de barro de quem amas, precedem à atual injunção fisiológica.

*

Se te repousa no berço de sonhos desfeitos um filhinho deformado, amputado, dementado, deficiente de qualquer natureza, esquece-lhe a aparência e assis­te-o com amor.

Não te chega ao trono dos sentimentos por acaso. Antigo companheiro vencido, suplica ajuda ao desertor, só agora alcançado pela divina legislação.

Dá-lhe ternura, canta-lhe um poema de esperan­ça, ajuda-o.

O filho deficiente no teu lar significa a tua opor­tunidade de triunfo e a ensancha que ele te roga para alcançar a felicidade.

Seria terrivelmente criminoso negar-lhe, por vai­dade ferida, o amparo que te pede, quando te con­cede a bênção do ensejo para a tua reparação em re­lação a ele.

16

DEVERES DOS PAIS

Por impositivo da sabedoria divina, no homem a infância demora maior período do que em outro ani­mal qualquer.

Isto, porque, enquanto o Espírito assume, a pouco e pouco, o controle da organização fisiológica de que se serve para o processo evolutivo, mais fácil se fazem as possibilidades para a fixação da aprendizagem e a aquisição dos hábitos que o nortearão por toda a exis­tência planetária.

Como decorrência, grande tarefa se reserva aos pais no que tange aos valores da educação, deveres que não podem ser postergados sob pena de lamentá­veis conseqüências.

Os filhos — esse patrimônio superior que a Di­vindade concede por empréstimo —, através dos lia­mes que a consangüinidade enseja, facultam o reajus­tamento emocional de Espíritos antipáticos entre si, a sublimação de afeições entre os que já se amam, o caldeamento de experiências e o delinear de progra­mas de difícil estruturação evolutiva, pelo que mere­cem todo um investimento de amor, de vigilância e de sacrifício por parte dos genitores.

A união conjugal propiciatória da prole edificada em requisitos legais e morais constitui motivo rele­vante, que não deve ser confundida com as experiên­cias do prazer, que se podem abandonar em face de qualquer conjuntura que exige reflexão, entendimento e renúncia de algum ou de ambos nubentes.

*

Os deveres dos pais em relação aos filhos estão inscritos na consciência.

Evidentemente as técnicas psicológicas e a meto­dologia da educação tornam-se fatores nobres para o êxito desse cometimento. Entretanto, o amor — que tem escasseado nos processos modernos da educação com lamentáveis resultados — possui os elementos essenciais para o feliz desiderato.

No compromisso do amor, estão evidentes o com­panheirismo, o diálogo franco, a solidariedade, a indul­gência e a energia moral de que necessitam os filhos, no longo processo da aquisição dos valores éticos, es­pirituais, intelectuais e sociais.

No lar, em conseqüência, prossegue sendo na atualidade de fundamental importância no complexo mecanismo da educação.

Nesse sentido, é de essencial relevância a lição dos exemplos, a par da assistência constante de que necessitam os caracteres em formação, argila plástica que deve ser bem modelada.

No capítulo da liberdade, esse faLIr basilar, nun­ca deixar esquecido o dever da responsabilidade. Li­berdade de ação e responsabilidade dos atos, ajudan­do no discerriimento desde cedo entre o que se deve, convém e se pode realizar.

*

Plasma, na personalidade em delineamento do filhinho, os hábitos salutares.

Diante dele, frágil de aparência, tem em mente que se trata de um Espírito comprometido com a re­taguarda, que recomeça a experiência a penates, e que muito depende de ti.

Nem o excesso de severidade para com ele, nem o acúmulo de receios injustificados, em relação a ele, ou a exagerada soma de aflição por ele.

Fala-lhe de Deus sem cessar e ilumina-lhe a cons­ciência com a flama da fé rutilante, que lhe deve lu­cilar no íntimo como farol de bênçãos para todas as circunstâncias.

Ensina-lhe a humildade ante a grandeza da vida e o respeito a todos, como valorização preciosa das concessões divinas.

O que lhe não concedas por negligência, ele te cobrará depois.

Se não dispões de maiores ou mais valiosos re­cursos para dar-lhe, ele saberá reconhecer, e, por isso, mais te amará.

Todavia, se olvidaste de ofertar-lhe o melhor ao teu alcance também ele compreenderá e, quiçá, rea­girá de forma desagradável.

Os pais educam para a sociedade, quanto para si mesmos.

Examina a tua vida e dela retira as experiências com que possas brindar a tua prole.

Tens conquistas pessoais, porqüanto já trilhastes o caminho da infância, da adolescência e sabes de motu próprio discernir entre os erros e acertos dos teus educadores, identificando o que de melhor pos­suis para dar.

Não te poupes esforços na educação dos filhos.

Os pais assumem desde antes do berço com aque­les que receberão na condição de filhos compromissos e deveres que devem ser exercidos, desde que serão, também, por sua vez, meios de redenção pessoal pe­rante a consciência individual e a Cósmica que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mer­gulhados.

17

DEVERES DOS FILHOS

Toda a gratidão sequer retribuirá a fortuna da oportunidade fruída através do renascimento carnal.

O carinho e respeito contínuos não representarão oferenda compatível com a amorosa assistência rece­bida desde antes do berço.

A delicadeza e a afeição não corresponderão à grandeza dos gestos de sacrifício e da abnegação demoradamente recebidos. .

Os filhos têm deveres intransferíveis para com os pais, instrumentos de Deus para o trâmite da experi­ência carnal, mediante a qual o Espírito adquire patri­mônios superiores, resgata insucessos e comprometimentos perturbadores.

*

Existem genitores que apenas procriam, fugindo à responsabilidade.

Não compete, porém, aos filhos julgá-los com severidade, desde que não são dotados da necessária lucidez e correção para esse fim.

Se fracassaram no sagrado ministério, não se furtarão à consciência, em forma da presença da culpa neles gravada.

Auxiliá-los por todos os meios ao alcance é mister indeclinável, que o filho deve ofertar com extremos de devotamento e renuncia.

A ingratidão dos filhos para com os pais é dos mais graves enganos a que se pode permitir o Espírito na sua marcha ascensional.

A irresponsabilidade dos progenitores de forma alguma justifica a falência dos deveres morais por parte da prole.

Ninguém se vincula a outrem através dos vigorosos liames do corpo somático, da família, sem justas, ponderosas razões.

Desincumbir-se das tarefas relevantes que o amor e o reconhecimento impõem - eis o impositivo que ninguém pode julgar lícito postergar.

*

Ama e respeita em teus genitores a humana manifestação da paternidade divina.

Quando fortes, sê-lhes a companhia e a jovialida­de; quando fracos, a proteção e o socorro.

Enquanto sadios, presenteia-os com a alegria e a consideração; se enfermos, com a assistência dedicada e a sustentação preciosa.

Em qualquer situação ou circunstância, na matu­ridade ou na velhice, afeiçoa-te àqueles que te oferta­ram o corpo de que te serves para os cometimentos da evolução, como o mínimo que podes dispensar-lhes, expressando o dever de que te encontras investido.

18

AFINIDADE E SINTONIA

De referência à problemática das doenças, a ques­tão da sintonia psíquica é de relevância incontestável.

Fenômeno inconsciente que decorre dos hábitos mentais assumidos pelo indivíduo deve ser examinado em profundidade, necessitando de acurado esforço, a fim de que abandone as baixas e densas faixas do aba­timento e da viciação, ascendendo àquelas nas quais se haurem forças e estímulos para os cometimentos de sucesso.

Acomodado à posição de lamentável rebeldia interior, seja pelo acumplíciamento com Entidades per­niciosas ou mediante a tácita aceitação dos velhos há bitos do personalismo dissolvente, o homem permane­ce por prazer e invigilância em sintonia com o mal.

Difluem dessas situações graves conúbios men­tais, em processos de obsessão por parte de Espíritos ignorantes e pervertidos ou pela satisfação natural de permanecer em atitude doentia, sem o esforço que de­ve envidar para a libertação.

Em toda enfermidade existe sempre uma predis­posição orgânica e psíquica, decorrente do pretérito es­piritual ou da vivência atual, em cujo campo se insta­lam os fatores predisponentes ou propiciatórios a larga cópia de doenças, as mais complexas.

Conveniente por isso o cultivo do otimismo e a realização de trabalhos que desloquem a mente indis­ciplinada ou mal educada, induzindo-a a novos exercí­cios e hábitos de que decorrerão resultados diversos.

Afinas com o que sintonizas. Estás com quem ou com o que preferes.

Cada ser nutre-se nos redutos mentais em que lo­caliza as aspirações. Em conseqüência, os que aspiram fluidos deletérios da irritação constante, da sistemática indiferença ou da prevenção contumaz perturbam-se, arrojando-se ao desequilíbrio ou intoxicam-se interiormente, dando origem e curso a distonias nervosas que culminam com a loucura ou as aberrações de outra natureza.

*

Enxameiam por toda parte aqueles que falam so­bre o sofrimento e as doenças, dizendo-se desejosos de superá-los, vencê-los sem que, contudo, se imponham as condições exigíveis do esforço e da perseverança nos propósitos salutares que lhes são inusitados.

Preferem o retorno à situação primitiva e a fuga espetacular através da lamentação, ao combate profí­cuo, insistente, reagindo às forças infelizes, para sair das faixas vibratórias em que se detêm, de modo a granjearem os inapreciados valores da paz, da saúde, da harmonia.

*

Toda ascese decorre em clima de sacrifício.

A renovação exige esforço.

A liberdade propõe disciplina.

A ascenção às vibrações superiores impõe largo estipêndio mental, exigindo permanente sintonia com os pensamentos edificantes e as idéias que fecundam bênçãos.

A doença como a saúde resulta invariavelmente da posição interior de cada um.

Por essa razão, o Evangelho é constituído de con­vites imperativos à elevação íntima, à solidariedade, ao otimismo em cujas paisagens haurirás a felicidade que todos buscamos.

Afinamo-nos uns com os outros e intercambia­mos conforme as preferências que exteriorizamos, mas que são o resultado do comportamento íntimo.

Qualquer que seja o preço da responsabilidade, por mais alto o ônus do sacrifício, estás destinado àfelicidade e por lográ-la terás que investir todos os es­forços, abandonando as faixas do erro e do crime em que te comprazes, a fim de alcançares os cumes da vi­tória sobre ti mesmo.

QUINTA PARTE

DA LEI DE CONSERVAÇÃO

“711. O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens?

“Esse direito é conseqüente da ne­cessidade de viver. Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de cumpri-lo.”

715. Como pode o homem conhe­cer o limite do necessário?

Aquele que é ponderado o conhe­ce por intuição. Muitos só chegam a co­nhecê-lo por experiência e à sua própria custa.”

“O Livro dos Espiritos”

19

O DINHEIRO

De fato, o dinheiro Constitui pesada responsabi­lidade para o seu possuidor.

Não compra a felicidade e muitas vezes torna-se responsável por incontáveis desditas.

Apesar disso, a sua ausência quase sempre se transforma em fator de desequilíbrio e miséria com que se atormentam multidões em desvario.

O dinheiro, em si mesmo, não tem culpa: não é bom nem mau.

A aplicação que se lhe dá, torna-o agente do progresso social, do desenvolvimento técnico, do conforto físico e, às vezes, moral, ou causa de inomináveis Iesgraças.

Sua validade decorre do uso que lhe é destinado.

Com ele se adquire o pão, o leite, o medicamen­to, dignificando o homem pelo trabalho.

Sua correta aplicação impõe responsabilidade e discernimento, tornando-se fator decisivo na edifica­ção dos alicerces das nações e estabilizando o inter­câmbio salutar entre os povos.

Através dele irrompem o vício e a corrupção, que arrojam criaturas levianas em fundos despenhadeiros de loucura e criminalidade.

Para consegui-lo, empenham-se os valores da in­teligência, em esforços exaustivos, por meio dos quais são fomentados a indústria, o comércio, as realizações de alto porte, as ciências, as artes, os conhecimentos.

No sub-mundo das paixões, simultaneamente, dele se utilizando, a astúcia e a indignidade favorecem os disparates da emoção, aliciando as ambições desre­gradas para o consórcio da anarquia com o prazer.

Por seu intermédio, uns são erguidos aos pínca­ros da paz, da glória humana, enquanto outros são ar­rojados às furnas pestilentas do pavor e da desagrega­ção moral em que sucumbem.

Sua presença ou ausência é relevante para a quase totalidade dos homens terrenos.

Para o intercâmbio, no movimento das trocas de produtos e valores, o dinheiro desempenha papel pre­ponderante.

Graças a ele estabelecem-se acordos de paz e por sua posse explodem guerras calamitosas.

*

Usa-o sem escravizar-te.

Possui-o sem deixar-te por ele possuir.

Domina-o antes que te domine.

Dirige-o com elevação, a fim de que não sejas mal conduzido.

Mediante sua posse, faze-te pródigo, sem te tor­nares perdulário.

Cuida de não submeter tua vida, teus conceitos, tuas considerações e amizades ao talante do seu con­dicionamento.

Previdente, multiplica-o a benefício de todos, sem a avareza que alucina ou a ambição que tresvaria.

De como te servires do dinheiro, construirás o céu da alegria ou o inferno de mil tormentos para ti mesmo.

*

Se te escasseia nas mãos a moeda, não te supo­nhas vencido.

Ter ou deixar de ter, importa pouco, na econo­mia moral da tua existência.

O importante será a posição que assumas em re­lação à posse.

Não te desesperes pela ausência do dinheiro.

Como há aqueles que se fizeram servos do que têm, os há, também, escravizados ao que gostariam deter.

O dinheiro é meio, não meta. Imprescindível colocar-te jubilosamente na situa­ção que a vida te brindou, padronizando as diretrizes e os desejos pessoais dentro dos limites transitórios da experiência educativa por que passas, conseqüência natural do mau uso que fizeste do dinheiro que um dia possuiste.

Por outros recursos poderás ajudar o próximo e erigir a felicidade pessoal, conforme as luminosas li­ções com que o Evangelho te pode enriquecer a vida.

Essencial é viver bem e em paz com ou sem o di­nheiro.

20

DESPERDÍCIOS

Há muito desperdício no mundo, fomentando lar­ga faixa de miséria entre os homens.

O que abunda em tua mesa falta em muitos lares.

O excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias.

O que te sobra e atiras fora, produz ausência em outros lugares.

O desperdício é fator expressivo de ruína na co­munidade.

O homem, desejando fugir das realidades trans­cendentes da vida, afoga-se na fantasia, engendrando as “indústrias da inutilidade”, abarrotando-se com os acúmulos, padecendo sob o peso constritor da irrespon­sabilidade, em que sucumbe por fim.

A vida é simples nas suas exigências quase ascetas.

Muitos cristãos distraídos, porém, ataviam-se. complicam os deveres, sobrecarregam-se do dispensá­vel, desperdiçam valores, tempo e oportunidade edificante para o próprio burilamento.

*

Desperdiçam palavras, amontoando-as em verbalismo inútil a fim de esconderem as verdades;

Desperdiçam tempo em repousos e férias demora dos, que anestesiam os centros combativos de ação da e alma encarnada;

Desperdiçam alimentos em banquetes, recepções testas extravagantes com que disputam vaidades;

Desperdiçam medicamentos em prateleiras em­poeiradas, aguardando, no lar, doenças que não chegarão, ou, em se apresentando, encontram-nos ultrapas­sados;

Desperdiçam trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão a usar;

Desperdiçam moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer recato ou zelo;

Desperdiçam a saúde nas volúpias do desejo e nas inquietações da posse com sofreguidão;

Desperdiçam a inteligência, a beleza, a cultura, a arte nos espetáculos do absurdo e da incoerência, a fim de fazerem a viagem da recuperação do que estra­garam, em alucinada correria para lugar nenhum...

Não se recupera a malbaratada oportunidade.

Ninguém volta ao passado, na busca de refazê-lo, encaminhá-lo noutro rumo.

O desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe faz vítima.

Há, sim, muito e incompreensível desperdício na Terra.

*

Reparte a tua fartura com a escassez do teu pró­ximo.

Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-los-á: multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas generosas mãos.

Passarás pelo mundo queiras ou não. Os teus fei­tos ficarão aguardando o teu retorno.

Como semeares, assim recolherás.

O que desperdiçares hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides.

Sê pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser

Desperdiçador e o que conseguires será crédito ou dé­bito na contabilidade da tua vida perene.

21

PRESENÇA DO EGOISMO

No fundo das desgraças humanas o egoísmo sem­pre aparece como causa essencial.

Urde a agressividade e inspira a fuga ao dever sob disfarces inescrupulosos com que passa ignorado.

Remanescente das paixões que predominam em a natureza animal, vige com vigor logrando triunfos de mentira com que não consegue saciar a sede dos gozos nem organizar o bastião de segurança em que busca apoio para a sistemática auto-defesa.

*

Examinemo-lo em algumas nuances.

O mentiroso acredita que se exime à responsabi­lidade do cometimento que oculta e não raro avança no rumo da infâmia ou da calúnia logo a oportunida­de se lhe faça propícia.

O egoísmo é-lhe o nefando inspirador.

O perseguidor crê-se amparado pela necessidade do desforço justo ou que procura justificar, transfor­mando-se em implacável algoz.

O egoísmo sustenta-o na empresa inditosa.

O sensualista perverte o próximo, desrespeitando a honestidade das vítimas que lhe caem nas armadi­lhas.

O egoísmo absorvente emula-o ao desar contí­nuo.

O avaro amealha com sofreguidão cobrando à so­ciedade um tributo absurdo, devorando os bens alheios e permitindo-se devorar pela sandice.

O egoísmo faz-se-lhe a força que o propele na in­feliz tarefa.

O assaltante de qualquer denominação apropria ­indebitamente utilizando-se subrepticiamente da as­túcia, da temeridade, do cinismo, da loucura.

O egoísmo domina-o feroz.

O misantropo arroga-se direitos na infelicidade que se impõe e exerce enérgico domínio em torno dos próprios passos com que não amaina a melancolia em que se compraz.

O egoísmo concita-o à lamentável situação.

O vício de qualquer tipo exercendo dominação sobre o homem, sem facultar a outrem qualquer ensan­cha de prazer.

Crê-se merecedor de tudo e a si mesmo se conce­de somente direitos e permissividades.

Morbo pestilencial, no entanto. consome aquele que o agasalha e o vitaliza.

Destrói em volta, sem embargo aniqüila-se.

*

O conhecimento da vida espiritual constitui o an­tídoto eficaz a tão violento quão generalizado mal: o egoísmo.

Descarta-te de excessos e, disposto a vencê-lo, dis­tribui o que te seja também necessário.

Não é uma conclamação à imprevidência, tão-pouco apoio à avareza.

Imprescindível combater por todos os modos pos­síveis esse adversário que se assenhoreia da alma e lhe estrangula as possibilidades de libertação.

Ama e espraia-te.

Desculpa e cresce na fraternidade.

Serve e desdobra a esperança.

Ora e dilata os valores da iluminação espiritual, clarificando mentes e corações no propósito excelente de vencer em definitivo esse verdugo que tem sido a matriz de todos os males que pesam na economia mo­ral, social e espiritual da Humanidade.

FONTE: “Leis Morais da Vida”. Médium: Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis.

22

AMOR-PRÓPRIO

É dos mais perigosos inimigos do homem.

Ardilosamente oculta as intenções de que se nu­tre e exterioriza falsas argumentações com que se im­põe, malévolo.

Ataca no momento azado, após realizar hábeis manobras, persistentes e vigorosas.

Consegue ocultar os objetivos reais que o açulam e enfileira-se com destaque entre os mais graves des­truidores da harmonia íntima da criatura.

Intoxica quem o conduz e desfere dardos vene­nosos com segurança, produzindo vítimas que tom­bam, inermes, sob seus certeiros aguilhões.

Impiedoso, compraz-se quando esmaga e afive­la à face a máscara de falsa compaixão com que dissi­mula os sorrisos da vitória nefasta.

Desvela-se sob artifícios e consegue desviar a atenção da sua tarefa lúgubre.

A queda do próximo, alegra-o: a desdita de al­guém emula-o; o descoroçoamento do lutador, fasci­na-o: a derrota do adversário, diverte-o.

Esse venal servidor da desdita chama-se amor-próprio.

Fere-se com facilidade e melindra-se sob pretex­tos imaginosos e fúteis.

Arregimenta o desculpismo para si mesmo e a fis­calização severa para com os outros.

Por artimanhas domina os sentimentos e perturba o discernimento de quem lhe dá guarída.

Filho dileto do orgulho é irmão gêmeo do egoís­mo e célula cancerígena responsável por muitos reve­ses na vida das criaturas.

*

Combate-o com todas as forças.

Não lhe dês guarida, nem convivas com as suas astúcias.

O amor a si mesmo recomendado por Jesus não objetiva os triunfos imediatos, nem as situações aco­modatícias.

Ajuda o espírito a emergir das torpezas e a liber­tar-se das contingências transitórias, mediante a auto­doação, a renúncia, a abnegação e o amor ao próximo.

*

Vidas que se podiam glorificar pelas oportunida­des ditosas que fruem malogram quando o amor-próprio as dirige.

Construções superiores do bem soçobram quando o amor-próprio as sitia.

Grupamentos humanos de relevância se desagre­gam quando o amor-próprio semeia o separatismo.

E as guerras — conseqüências das pequeni­nas guerras que se travam nos grupos familiares — decorrem do amor-próprio doentio de governos arbi­trários e enlouquecidos que tripudiam sobre os direi­tos humanos, e, transformados em abutres, logo su­cumbem sobre os escombros dos vencidos em que se refestam.

*

Jesus caluniado, agredido, desrespeitado, abando­nado e crucificado, lecionando o amor fraternal — an­títese do amor-próprio — e atestando a suprema força de que se encontrava investido, ofertou-nos, sábio, a mensagem-advertência salvadora contra esse inimigo que habita em nós e deve ser combatido sem trégua: o amor-próprio.

23

RENOVAÇÃO

A poda propicia renovação da planta.

A drenagem faculta a modificação do campo.

A decantação aprimora a qualidade do líquido.

O cautério enseja laqueação de vasos e destruição dos tecidos contaminados.

A modificação dos hábitos viciosos fomenta o en­tusiasmo que liberta do comodismo pernicioso e da atividade perturbadora.

Imperioso o esforço para a renovação que gera bênçãos e é matriz de prodigiosas conquistas.

Renovar idéias — haurindo no manancial inesgo­tável do Evangelho a inspiração superior.

Renovar palestras — mediante o exercício salu­tar do pensamento comedido e nobre.

Renovar atividades — colocando o “sal” da alegria e a gota de amor em cada tarefa a ser realizada.

Renovar objetivos — através do estudo contínuo das metas e meios para a libertação espiritual, tendo em vista a decisão irrevogável de triunfar sobre as im­posições afligentes que conspiram no mundo contra a paz verdadeira do espírito.

Renovar é processo fecundo de produzir. Não apenas renovar para variar, antes reativar os valores que jazem vencidos pela rotina pertinaz, ou redesco­brir os ideais que, a pouco e pouco, vão consumidos pelo marasmo, vencidos pela modorra, desarticulados pelas contingências da mecânica realizadora.

A renovação interior — poda moral — desse mo­do, exige disciplina e sacrifício para lograr o êxito que se pretende colimar.

*

Diante da questão desagradável, que já não con­segues resolver, renova a paciência e tenta uma vez mais.

Ante a pessoa irritante que já conseguiu fazer-se antipática, renova conceitos e insiste na fraternidade um pouco mais.

Face ao antagonista gratuito que logra desagra­dar-te, renova o esforço de vencer-te e sê gentil ainda mais.

Perante o sofrimento que parece destruir-te, reno­va-te pela oração e confia mais.

*

O discípulo do Evangelho, que desdenha o mila­gre da renovação, pode ser comparado ao trabalhador que menospreza a esperança torna-se vítima fácil para o fracasso.

Jesus, o Sublime Exemplo, ensinando a perene urgencia da renovação dos propósitos superiores, cer­cou-se de pessoas difíceis de serem amadas, compreen­didas, ajudadas, não desperdiçando situações nem cir­cunstâncias negativas, armadilhas e astúcias em mo­mentos de aflitivas conjunturas, propiciando-nos, as­sim, a demonstração do valor do ideal e da vivência do Bem, conseguindo todos renovar e tudo modificar, em razão dos objetivos elevados do Seu ministério entre os homens.

Sem reclamar contra o pecado, renovou os pecadores.

Sem invectivar a astúcia, renovou as vítimas da perturbação bem urdida.

Sem reagir contra os que O perseguiam em caráter contumaz, renovou todos os que se facultavam a Sua palavra.

Toda a mensagem que nos legou, mediante palavras ou ações, constituiu um poema e um hino de bên­çãos à renovação do homem, do mundo e da Humanidade.

24

HEROÍSMO DA RESIGNAÇÃO

O imediatismo dos interesses apaixonados con­funde-a com demência ou tem-na em conta de defi­ciência de forças para poder investir violentamente contra as circunstâncias.

Não falta quem se rebele contra os seus necessá­rios impositivos.

Taxam-na de cobardia moral.

Crêem-na ultrapassada, nos dias voluptuosos do tecnicismo moderno.

Todavia, a resignação é bênção lenificadora, quando a vida responde em dor e sombra, infortúnio e dificuldade aos apelos do homem.

Alternativa redentora, que somente os bravos sc conseguem impor, reforça os valores espirituais para as lutas mais ingentes da inteligência e do sentimento.

Não deflui de uma atitude de medo, porqüanto isto seria receio injustificado ante as Leis Superiores, mas resulta de morigerada e lúcida reflexão que favo­rece o perfeito entendimento das imposições evolutivas.

O conhecimento dos fatores causais dos sofrimen­tos premia o homem com a tranqüila responsabilidade que assume, em relação aos gravames que os motiva­ram.

*

Quiçá a resignação exija mais força dinâmica da coragem para submeter-se, do que requereria a reação rebelada da violência.

Entrementes, a atitude resignada não significa pa­rasitismo nem desinteresse pela luta. Ao contrário, en­seja fecundo labor ativo de reconstrução interior, fixação de propósitos salutares em programa eficaz de enobrecimento.

*

Ceder, agora, a fim de conseguir mais tarde.

Aguardar o momento oportuno, de modo a favo­recer-se com melhores resultados.

Reagir pela paciência e mediante a confiança im­batível em Deus, apesar do quanto conspire, aparente­mente contra.

Crer sem desfalecimento, embora as aparências aziagas.

Porfiar no serviço edificante sem engendrar técni­cas da astúcia permissiva, quando tudo se apresenta em oposição.

Manter-se na alegria, não obstante sofrendo ou incompreendido, abandonado ou vencido, expressa os triunfos da resignação no homem consciente dos obje­tivos reais da existência na Terra.

*

O metal em altas temperaturas funde-se.

O rio caudaloso na planície espalha-se.

A semente no solo adubado transforma-se.

O cristão ativo na constrição do testemunho re­signa-se.

A própria reencarnação é um ato de submissão, quanto a desencarnação, desde que ocorrem à mercê da vontade do aprendiz que se deve resignar às exi­gências superiores da evolução.

Resignação, por conseguinte, é conquistada da não-violência do espírito que supera paixões e impul­sos vis, a fim de edificar-se e triunfar sobre si mesmo em conseqüência, sobre os fatores negativos que lhe obstaculam o avanço libertador.

SEXTA PARTE

DA LEI DE DESTRUIÇÃO

728. É lei da Natureza a destruição?

“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais

destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos.”

752. Poder-se-á ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?

“É o instinto de destruição no que tem de pior, porqüanto, se, algumas vezes, a destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta sempre de uma natureza má.”

O Livro dos Espíritos

25

HOSTILIDADES

Sempre as defrontarás pelo caminho por onde avanças, elaborando a ventura.

Há quem hostilize o próximo por prevenção, des­peito, inveja, ira, pelo prazer de inquietar. São os que estão de mal consigo próprios, seguindo a largos passos no rumo da loucura.

Há os que hostilizam os fracos, os caídos nos po­ços da viciação, os enganados, os pervertidos pretex­tando-se tarefa de depuração moral da sociedade.

Há os que hostilizam os idealistas, os triunfado­res, os abnegados servidores do bem, espicaçados pôr sentimentos inconfessáveis.

Se trabalhas e não dispões de tempo para a ociosi­dade e a maledicência, hostilizam-te os demolidores e atrasados morais.

Se te deténs na inutilidade e te acobertas na mo­dorra dourada, hostilizam-te os adversários gratuitos que se avinagram ante as tuas disposições igualmente doentias.

Faças ou deixes de fazer o bem não te faltarão hostilidades.

Muitas vezes vêm de fora, dos fiscais gratuitos da vida alheia. Noutras surgem no lar, no reduto fami­liar, entre as pessoas afeiçoadas, perturbando tuas rea­lizações começantes, ferindo-te.

Refunde as aspirações superiores a que te afer­voras nos fornos da abnegação e não te aflijas.

Intenta não revidar nem tão-pouco desanimar, cultivando assim mesmo os propósitos relevantes com os quais conseguirás, por fim, liberar-te da persegui­ção deles.

Diante de pessoas hostis, a atitude mais correta é a da resistência pacífica, a perseverança na posição não violenta.

*

Quando nada te açode a alma nem te penetre os sentimentos em forma de acúleo e dor, estarás em pe­rigo.

Águas paradas — águas pèstilenciais.

Terra inculta — inutilidade em triunfo.

Instrumento ao abandono — desgaste à vista.

*

Todos os homens úteis atestaram a legitimidade dos seus propósitos e ideais sob as farpas da inveja e o ácido das hostilidades de muitos dos seus contempo­râneos.

Perseguidos de todos os tempos que amaram as causas de enobrecimento humano, desbravadores de céus, terras e vidas, alcançaram a vitória, não obstan­te chibatados e vituperados pelos demais.

Não dispunham de tempo para atender à malícia e ao despeito dos seus adversários.

A flama que lhes ardia nalma era sustentada pe­los combustíveis do sacrifício e da renúncia que os le­varam à imolação, com que selavam a grandeza dos seus misteres.

Não temas os que hostilizam, difamam, infelici­tam.

Não foram poucas as personagens que se movi­mentaram para a tragédia da Cruz. Sem embargo, o Crucificado, erguido ao ponto mais alto do cenário si­nistro, permanece incorruptível e vivo na consciência universal, enquanto todos os que O haviam hosti­lizado passaram carregados pelo vendaval das paixões, consumindo-se nas alucinações que já os dominavam.

26

CONSIDERANDO O MEDO

Coisa alguma se te afigure apavoradora.

A vida são as experiências vitoriosas ou não, que te ensejem aquisições para o equilíbrio e a sabedoria.

Não sofras, portanto, por antecipação, nem per­mitas que o fantasma do medo te perturbe o discerni­mento ante os cometimentos úteis, ou te assuste, ge­rando perturbação e receio injustificado.

Quando tememos algo, deixamo-nos dominar por forças desconhecidas da personalidade, que instalam lamentáveis processos de distonia nervosa, avançando para o desarranjo mental.

Os acontecimentos são conforme ocorrem e como tal devem ser enfrentados.

O medo avulta os contornos dos fatos, tornando-os falsos e exagerando-lhes a significação.

Predispõe mal, desgasta as forças e conduz a si­tuação prejudicial sob qualquer aspecto se considere.

O que se teme raramente ocorre como se espera, mesmo porque as interferências divinas sempre ate­nuam as dores, até quando não são solicitadas.

O medo invalida a ação benéfica da prece, espar­ze pessimismo, precipita em abismos.

Um fato examinado sob a constrição do medo descaracteriza-se, um conceito soa falso, um socorro não atinge com segurança.

A pessoa com medo agride ou foge, exagera ou se exime da iniciativa feliz, torna-se difícil de ser aju­dada e contamina, muitas vezes, outras menos robus­tas na convicção interna, desesperando-as, também.

O medo pode ser comparado à sombra que alte­ra e dificulta a visão real.

Necessário combatê-lo sistemática, continuamente.­

*

Doenças, problemas, notícias, viagens, revolu­ções, o porvir, não os temas.

Nunca serão conforme supões.

Uma atitude calma ajuda a tomada de posição pa­ra qualquer ocorrência aguardada ou que surge ines­peradamente.

Não são piores umas enfermidades do que outras. Todas fazem sofrer, especialmente quando se as teme e não se encoraja a recebê-las com elevada posição de confiança em Deus.

Os problemas constituem recursos de que a vida dispõe para selecionar os valores humanos e eleger os verdadeiros dos falsos lutadores.

As notícias trazem informes que, sejam trágicos ou lenificadores, não modificam, senão, a estrutura de uma irrealidade que se está a viver.

As viagens têm o seu fanal e recear acidentes, aguardá-los, exagerar providências, certamente não impedem que o homem seja bem ou mal sucedido.

As revoluções e guerras que alcançam bons e maus estão em relação à violência do próprio homem que, vencido pelo egoísmo, explode em agressividade. graças aos sentimentos predominantes em a sua natu­reza animal.

Ninguém pode prever o imprevisto ou evadir-se à necessária conjuntura cármica para o acerto com as Leis Superiores da evolução.

Prudência, sim, é medida acautelatória e impos­tergável para se evitarem danos inecessários.

Afinal, em face do medo, deve-se considerar que o pior que pode suceder a alguém é advir a desencar­nação. Se tal ocorrer, não há, ainda, porque temer, desde que morrer é viver.

O único cuidado que convém examinar diz res­peito à situação interior de cada um perante a cons­ciência, ao próximo, à vida e a Deus.

Em face disso, ao invés do sistemático cultivo do medo, uma disposição de trabalho árduo e intimora­to, confiança em Deus, a fim de enfrentar bem e utilmente­ toda e qualquer coisa, fato, ocorrência, desdita ...

*

Entrega-te ao fervor do bem e expulsa dalma as artimanhas da inferioridade espiritual.

Faze luz intima e os receios infundados baterão em retirada.

A responsabilidade dar-te-á motivos para preocu­pações, enquanto o medo minimizará as tuas probabi­lidades de êxito.

Jesus, culminando a tarefa de construir nos tíbios corações humanos a ventura e a paz, açodado pelos famanazes da loucura em ambos os lados da vida, inocente e pulcro, não temeu nem se afligiu, ensinando como deve ser a atitude de todos nós, em relação ao que nos acontece e de que necessitamos para atingir a glorificação interior.

27

COMPANHEIROS PERIGOSOS

São envolventes, persuasivos, gentis.

Indiferentes à gravidade dos problemas que per­turbam o próximo, fazem-se solidários quando a pes­soa está equivocada, tomando-lhe o partido.

— “Não dë importância a quem o adverte” —‘conclamam, quando o outro está em compromisso ne­gativo.

— “Seja superior” —, arengam aos ouvidos de quem foi colhido pela circunstância infeliz que engen­drou.

- “Nada de pedir perdão” —, arrematam ao in­terlocutor perturbado, que se ampara na sua frivoli­dade.

— “Aproveite a vida. Somente se vive uma vez” — resmungam, conselheirais, como se dotados de to­da a sapiência.

Outras vezes, apresentam-se como privilegiados, com um sorriso bailando nos lábios, concitando à to­lerância, para com tudo, isto é: exatamente em refe­réncia às coisas que levam à abjeção moral.

Passam considerados como “boas pessoas”, do­tados de “excelentes valores” porque conseguem ocul­tar, no cinismo doentio de que são vítimas, os distúr­bios morais e mentais em que se debatem.

*

Sabes, sem que ninguém te aplauda ou objurgue, quando acertas ou erras.

A palavra estimulante é de significação valiosa, indispensável mesmo. As expressões encomiásticas, to­davia, alardeando qualidades que não possuis, trazem o bafio da loucura e levam ao desequilíbrio. Nesse sen­tido, a crítica de qualquer natureza, quando proceden­te, mesmo ácida, sempre merece consideração.

*

Pessoas apontam-te os erros quando estás ausen­te, censurando-te, não obstante refugiam-se na tua pre­sença, elogiando-te.

Companheiros atiram os teus erros, à tua face, em nome da lealdade, desanimando-te.

Agem erradamente. São perigosos, quão insensa­tos.

Reflexiona com calma em torno dos teus atos e ouve a consciência. Se persistires em dúvida quanto ao acerto desta ou daquela atitude, ora, consulta o Evangelho e ele te responderá irrefragavelmente com segurança, discrição gentil e nobre.

Se quiseres, entenderás a mensagem que dele di­mana, compreendendo como deverás atuar de outra vez com retidão.

Nem todos possuem capacidade de discernimen­to para ajudar com acerto.

O consenso alheio é respeitável, mas não impres­cindível.

Considera as opiniões, os arrazoados, os palpites dos teus amigos. Tem, porém, cuidado com aqueles que, embora aparentem amizade, são adversários pe­rigosos disfarçados.

Por isso, em qualquer circunstância segue, con­sulta e ouve Jesus, que nunca erra, jamais abandona e ajuda sempre com amor.

28

AGRESSIVIDADE

O agressor deve ser examinado como alguém per­turbado em si mesmo, em lamentável processo de agra­vamento. Não obstante merece tratamento a agressivi­dade, que procede do espírito cujos germes o conta­minam, em decorrencia da predominância dos instintos materiais que o governam e dominam.

Problema sério que exige cuidados especiais, a agressividade vem dominando cada vez maior número de vítimas que lhe caem inermes nas malhas constrito­ras.

Sem dúvida, fatores externos contribuem para dis­tonias nervosas, promotoras de reações perturbantes, que geram, não raro, agressividade naqueles que, po­tencialmente, são violentos.

Acostumado à “lei da selva”, o espírito atribulado retorna à carne galvanizado pelas paixões que o la­ceram e de que não se deseja libertar, favorecendo facilmente que as reminiscências assomem ao cons­ciente e se reincorporem à personalidade atual, dege­nerando nas trágicas manifestações da barbárie que ora aterram todas as criaturas.

A agressividade reponta desde os primeiros dias da vida infantil e deve ser disciplinada pela educação, na sua nobre finalidade de corrigir e criar hábitos sa­lutares.

A pouco e pouco refreada, termina por ceder lu­gar às expressões superiores que constituem a natureza espiritual de todo homem.

O espírito é constituído pelos feixes de emoções que lhe cabe sublimar ao império dos renascimentos proveitosos,

O que não corrija agora, transforma-se em rude adversário a tocaiá-lo nas esquinas do futuro.

O temperamento irascível, aqui estimulado, res­surge em violência infeliz adiante.

O egoísmo vencido, o orgulho superado cedem lugar ao otimismo e à alegria de viver para sempre.

*

O agressivo torna-se vítima da própria agressivi­dade, hoje ou posteriormente.

O organismo sobrecarregado pelas toxinas elabo­radas arrebenta-se em crise de apoplexia fulminante.

A máquina fisiológica sacudida pelas ondas men­tais de cólera, sucumbe, inevitavelmente, quando não desarranja a aparelhagem eletrônica em que se susten­ta, dando início aos lances da loucura e das aberrações mentais.

Outrossim, gerando ódio em volta de si, o agres­sivo atrai outros violentos com os quais entra em cho­que padecendo, por fim, as conseqüências das arbitra­riedades que se permite.

Não foi por outra razão que Jesus aconselhou a Simão, no momento grave da Sua prisão: “Embainha a tua espada, porque quem com ferro fere, com ferro será ferido.”

Acautela-te, e vence a agressividade, antes que ela te infelicite e despertes tardiamente. Só o amor vence todo o mal e nunca se deixa vencer.

29

ANTE DISSENSÕES

Jamais faltarão dissensões enquanto o homem não se despoje dos sombrios andrajos do egoísmo e do orgulho.

Repontam em toda parte, desde que a criatura se permita arbitragem indevida, envolvendo os problemas do próximo.

Semelhante a escalracho infeliz, prolifera com celeridade e asfixia as mais belas expressões de vida no jardim, anulando o esforço da ensementação da esperança e da alegria.

Sutilmente inicia o contágio, qual ocorre com o morbo e outras variadas formas de contaminação, culminando por anular nobres esforços.

Quando surge, já se encontra espalhada.

Sem dúvida é câncer moral.

Indispensável vigiar-lhe a metástase no organismo social, de modo a preservar a comunidade em cujo corpo se instala, utilizando-se da dubiedade moral e das falhas do caráter em cujas células irrompe.

Policiar a palavra e refletir com segurança são terapêuticas valiosas para deter-lhe a proliferação.

Preservar-se pela oração, resguardando os ouvidos e o coração à sua insidiosa interferência são medidas preventivas de real valia.

Desde, porém, que se estabeleçam as redes das tricas e das informações malsãs, inútil envolver-se, tomando partido.

Salutar erguer-se pelo trabalho edificante às paisagens de luz, a fim de que, passada a tempestade da dissensão malévola, possam sobreviver nos seminários do bem as plântulas valiosas e os abençoados frutos de paz e realização.

*

Resguarda-te dos que promovem dissensões.

Atormentados em si mesmos comprazem-se, na alucinação que os aflige, em espalhar miasmas, quais cadáveres ao abandono, consumidos pela desarticula­ção que os vence.

Cerra os ouvidos diante deles e embora escutan­do-os à instância deles não irradies as malsãs informa­ções.

Candidatas-te ao serviço e ao entendimento, não ao mister de usufruir, de desfrutar benefícios.

Se considerares que estás na Terra em reparação espiritual, recuperando o patrimônio malbaratado, sub­meter-te-ás facilmente à injunção deles, sem os sofre­res, sem te magoares.

Tornados teus censores, transformados em teus fiscais, compreenderás que são teus benfeitores.

O trilho estreito que obriga a locomotiva à obe­diência salva-a de desastres lamentáveis.

O cautério que dói libera o corpo da enfermidade perniciosa.

A poda violenta obriga a seiva à renovação da vida no vegetal exaurido.

Assim a dor, as dificuldades.

Mesmo acossado, submetido à rigorosa constrição dos companheiros em agonia moral, que desconhecem a procedência do mal que os vitima, não dissintas.

Se não concordas, silencia e aguarda o tempo.

Se executares a tua parte corretamente, o valor do dever cumprido realçará o teu esforço.

Se não pretendes a glória do êxito no trabalho, não te preocuparás com a ausência do sucesso nas tuas realizações.

O triunfo de fora jamais sacia a sede de paz inte­rior.

Discordar, quiçá dialogar, apresentando opiniões e fraternalmente sugerindo, são atitudes relevantes que não podes desconsiderar nem delas te podes evadir. Dissentir, jamais.

*

O Colégio Galileu mantinha dificuldades entre os seus membros. Jesus, porém, como medida de perfeito equilíbrio não se permitiu dominar ou ceder ante as murmurações, os distúrbios que assolavam nas paisa­gens morais dos companheiros desatentos.

Ajudava-os sem os ferir, sem os azorragar, sem os incriminar.

Sabendo-os crianças espirituais, mantinha em re­lação a eles indulgência e abnegação, socorrendo-os sem termo.

Toma-o como teu exemplo e faze conforme Suas lições vivas te ensinaram.

Se, todavia, sentires a fragilidade dominando-te. reflete que aquele que sobrecarrega o irmão já cansa­do, censurando-o ou malsinando-o, faz-se responsável pela sua desídia como pela sua queda.

Envolve-te em qualquer situação e lugar onde me­drem dissensões — nestes tormentosos dias de paixões generalizadas e ácidas agressões verbalistas — na lã do Cordeiro de Deus e faze o teu caminho pavimentado com a humildade e a renúncia, lobrigando, assim, al­cançar as cumeadas da montanha de redenção, donde fruirás a paz da consciência tranqüila e a alegria do dever cumprido.

30

ELES VIVEM

Sim, com a morte orgânica ocorre uma desagrega­ção de moléculas, que prosseguem em transformação.

Não, porém, o aniquilamento da vida.

Desintegra-se a forma, todavia não se dilui a es­sência.

A modificação que se opera no mundo corporal produz o desaparecimento físico, sem embargo perma­necem os liames da afetividade, as evocações queridas, as ocorrências do quotidiano alimentadas pela vida do Espírito imortal, que se emancipou das limitações carnais, sobrevivendo às contingências do desgaste ine­vitável, que se finou na disjunção material transitória.

Triunfa a vida sempre sobre a extinção do corpo.

A porta do túmulo que se fecha para determina­das expressões abre-se, em triunfo, para outras reali­zações da vida.

O encerramento de uma existência humana, no cometimento da morte, equivaleria a lamentável falha da Organização da Vida.

O princípio que agrega as células e as organiza para o ministério da investidura humana, com o des­conectar das engrenagens pelas quais se manifesta, prossegue em incessante curso de aprimoramento e as­censão, na busca da felicidade a que está destinado.

*

Em face da ocorrência da morte que te visita o lar, não te permitas a surpresa insensata, que se trans­forma em alucinação e rebeldia.

Desde logo conjectura com segurança em torno desse fatalismo biológico, que é a morte do corpo, ar­mando-te com os esclarecimentos com que interpretarás os possíveis enigmas em torno do pós-desencarnação.

Se ainda não foste visitado por esta rude aflição, não creias que serás poupado, vivendo em clima de ilu­sória exceção.

Se todavia, já sorves o travo da saudade e resguar­das as feridas, ainda em dores produzidas pela parti­da dos seres amados, retifica conceituações e reformu­la observações.

Não penses em termos finalistas.

Examina a majestade da vida em toda parte e fa­ze paralelos otimistas.

Teus amores não se acabaram, transferiram-se de habitat e prosseguem vivendo.

Ouvem os teus pensamentos, sentem as tuas aspi­rações, sofrem tuas revoltas, fruem tuas esperanças, amam-te.

Se os amaste, realmente, não recalcitres em razão da sua partida para outras dimensões da existência.

Sê-lhes grato pelas horas ditosas que te concede­ram, pelos sorrisos que musicaram o lar da tua alma, e, em nome deles, esparze a dádiva da alegria com ou­tros seres tão sofridos ou mais amargurados do que tu mesmo, preparando-te a teu turno, para o reencontro, oportunamente

*

O silêncio da sepultura é pobreza dos sentidos fí­sicos que não conseguem alcançar mais sutis percep­ções!.

Pensa nos teus finados com carinho e dialogarás com eles, senti-los-ás e vibrarás ante a cariciosa presen­ça com que te vêm diminuir a pungente dor da sauda­de.

... E não raro, quando parcialmente desprendido pelo sono, reencontrá-los-ás esperando-te que estão nas ditosas paisagens do mundo a que fazem jus e on­de habitarás, também, mais tarde...

Se, todavia, não conseguires o medicamento da esperança na hora grave da angústia, ora. Deixa-te ar­rastar pelas vibrações sublimes da prece de que sairás lenificado e confiante para concluíres a própria jorna­da, lobrigando a libertação a que aspiras em forma de plenitude junto aos que amas e te esperam na Vida Verdadeira.

SÉTIMA PARTE

DA LEI DE SOCIEDADE

766. A vida social está em a Natureza?

“Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a

palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação.”

775. Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família?

“Uma recrudescência do egoísmo.”

‘O Livro dos Espíritos”

31

INTERCÂMBIO SOCIAL

O homem, inquestionavelmente, é um ser gregá­rio, organizado pela emoção para a vida em sociedade.

O seu insulamento, a pretexto de servir a Deus. constitui uma violência à lei natural, caracterizando-se por uma fuga injustificável às responsabilidades do dia-a-dia.

Graças à dinâmica da atualidade, diminuem as antigas incursões ao isolacionismo, seja nas regiões desérticas para onde o homem fugia a buscar meditação, seja no silêncio das clausuras e monastérios onde pen­sava perder-se em contemplação.

O Cristianismo possui o extraordinário objetivo de criar uma sociedade equilibrada, na qual todos os seus membros sejam solidários entre si.

Negar o mundo” do conceito evangélico, não sig­nifica abandoná-lo, antes criar condições novas, a fim de modificar-lhe as estruturas negativas e egoísticas, engendrando recursos que o transformem em reduto de esperança, de paz, perfeito símile do “reino dos céus”, a que se reportava Jesus.

A vivência cristã se caracteriza pelo clima de con­vivência social em regime de fraternidade, no qual to­dos se ajudam e se socorrem, dirimindo dificuldades e consertando problemas.

Viver o Cristo é também conviver com o próxi­mo, aceitando-o conforme suas imperfeições, sem cons­tituir-lhe fiscal ou pretender corrigi-lo, antes acompa­nhando-o com bondade, inspirando-o ao despertamen­to e à mudança de conduta de motu proprio.

A reforma pessoal de alguém inspira confiança, gera simpatia, modifica o meio e renova os cômpares com quem cada um se afina.

Isolar-se, portanto, a pretexto de servir ao bem não passa de uma experiência na qual o egoísmo pre­domina, longe da luta que forja heróis e constrói os santos da abnegação e da caridade.

*

Criaturas bem intencionadas sonham com comunidades espiritualizadas, perfeitas, onde se possa viver em regime da mais pura santificação.

Assim tocadas programam colméias, organizam comitês para tal fim, e os mais ambiciosos laboram por cidades onde o mal não exista e todos se amem. .

Em verdade, tal ambição, nobre por enquanto im­praticável senão totalmente irrealizável, representa uma reminiscência ancestral das antigas comunidades religiosas onde o atavismo criou necessidades de ele­vação num mundo especial, longe das realidades objetivas entre os homens em evolução.

Jesus, porém, deu-nos o exemplo.

Desceu das Regiões Felizes ao vale das aflições, a fim de ajudar.

Não convocou os privilegiados, antes convidou os infelizes, os rebeldes e rejeitados, suportando suas mazelas e assim mesmo os amando.

No Colégio íntimo esteve a braços com as siste­máticas dúvidas dos amigos, suas ambições infantis, suas querelas frívolas, suas disputas.

Não se afastou deles, embora suas imperfeições, não se rebelou contra eles.

Ajudou-os, íncansavelmente, até os momentos extremos, quando, sofrendo, no Getsemani, surpreen­deu-os, mais de uma vez, a dormir.

E retornou ao convívio deles, quando atemoriza­dos, a sustentá-los e animá-los, a fim de que não deperecessem na fé, nem na dedicação em que se fize­ram mais tarde dignos do seu Mestre, em face dos testemunhos libertadores a que se entregaram.

*

Atesta a tua confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais inditosos do que tu mesmo.

Sê-lhes a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha.

Nada esperes dos outros.

Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende.

Se eles te enganam ou te traem, se censuram-te ou exigem-te o que te não dão, ama-os mais, sofre-os mais, porqüanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.

Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los companheiros, terás logrado êxito, porqüanto Jesus em teu coração estará sempre refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direção de Deus.

32

PARTICIPAÇÃO NA FELICIDADE

Quando alguém chora acoimado por este ou aquele problema, fácil é participares do seu drama, dilatando esforços para diminuir-lhe o padecimento.

Ante a fome ou a enfermidade experimentas o apelo aos elevados sentimentos que te concitam à aju­da automática e rápida.

Sem dúvida todo socorro que se oferta a alguém que sofre é de relevante significação.

Caridade, sim, a dádiva material e o gesto moral de solidariedade.

Indispensável, porém, não te deteres na superfí­cie da realização.

Há os que são solidários na dor, assumindo a po­sição de benfeitores, em lugar de realce com o que se realizam interíormente.

Todavia, quando defrontam amigos em prospe­ridade, companheiros em evidência, conhecidos em situação de relevo, deixam-se ralar por mágoa injus­tificável, transformando-se em fiscais impenitentes e acusadores severos que não perdoam a ascensão do próximo.

Ressentimentos se acumulam nas paisagens ínti­mas, e, azedos, referem-se ao êxito alheio, vencidos por torpe inveja.

Não sabem o preço do triunfo de qualquer pro­cedência, quando na Terra.

Ignoram os contributos que deve doar todo aque­le que se alça a situação de destaque.

Farpas da maledicência e doestos do ciúme, per­seguição sistemática disfarçada de sorrisos, ausência de amigos legítimos tornam as ilusórias horas doura­das do homem de relevo em momentos difíceis de ser vencidos.
— Assume posição diferente.
Sem que te faças interessado no que ele tem ou é, rejubila-te com o progresso de quem segue contigo.
Quando alguém se eleva, com ele se ergue toda

a Humanidade. Quando cai é prejuízo na economia moral do planeta.

Solidário na dificuldade do teu irmão, participa dos júbilos do teu próximo para que a ingestão do veneno do despeito e do tóxico da animosidade não te destrua a alegria de viver.

Ser feliz com a felicidade alheia é também forma de caridade cristã.

33

AMIZADES E AFEIÇÕES

Não apenas a simpatia como ingrediente único para facultar que os afagos da amizade te adornem e enlevem o espírito.

Muito fácil ganhar como perder amigos. Quiçá difícil se apresente a tarefa de sustentar amizades, ao invés de somente consegui-las.

O magnetismo pessoal é fator importante para promover a aquisição de afetos. Todavia, se o com­portamento pessoal não se padroniza e sustenta em diretrizes de enobrecimento e lealdade, as amizades e afeições não raro se convertem em pesada canga, desagradável parceria que culmina em clima de animo­sidade, gerando futuros adversários.

Nesse particular existem pequenos fatores que não podem nem devem ser relegados a plano secundário, a fim de que sejam mantidas as afeições.

A planta não irrigada sucumbe sob a canícula.

O grão não sepulto morre.

O lume sem combustível se apaga.

A máquina sem graxa arrebenta-se.

Assim, também, a amizade que sem o sustento da cortesia e da gentileza se estiola.

*

Se desejas preservar teus amigos não creias con­segui-lo mediante um curso de etiqueta ou de boas maneiras, com que muitas vezes a aparência estudada, artificial, substitui ou esconde os sentimentos reais. Os impositivos evangélicos que te apliques, ser-te-ão admiráveis técnicas de autenticidade, que funcionam como recurso valioso para a sustentação do bem em qual­quer lugar, em toda situação, com qualquer pessoa.

A afabilidade, a doçura, a gentileza de alguém, aparentemente destituído de simpatia conseguem pro­piciar a presença de amigos, retê-los e torná-los afetos puros para sempre.

Amizades se desagregam ou se desgastam exata­mente após articuladas, no período em que os consór­cios fraternos se descuidam de mantê-las.

E isto normalmente ocorre, como conseqüência de atitudes que se podem evitar: o olhar agressivo;

A palavra ríspida;

O atendimento hostil ou negligente;

A lamentação constante;

A irreverência acompanhada pela frivolidade;

A irritação contínua;

A queixa contumaz;

O pessimismo vinagroso.

Os amigos são companheiros que também têm problemas. Por essa razão se acercam de ti.

Usa, no trato com eles, quanto possível, a bonda­de e a atenção, a fim de que, um dia, conforme Jesus enunciou: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas, tenho-vos chama­do amigos, porque vos revelei tudo quanto ouvi de meu Pai”, tornando-te legítimo amigo de todos, con­seqúentemente fruindo as bênçãos da amizade e da afeição puras.

34

ABNEGAÇÃO

Mais profunda do que a ação de solidariedade, pura e simplesmente.

Mais nobre do que o gesto asceta de desprezo e indiferença pelo mundo.

Mais elevada do que o altruísmo no seu sentido sociológico.

A abnegação é a oferenda de amor ao próximo que leva ao sacrifício como forma inicial de caridade relevante.

Tem origem nos pequenos cometimentos do auxí­lio fraternal, com renúncia pessoal, mediante a qual a imolação reserva para quem a exerce a alegria de pri­var-se de um prazer, em prol do gozo de outrem.

Uma noite de sono reparador trocada pela vigília junto a um enfermo não vinculado diretamente aos sentimentos, quer pela consangüinidade ou por inte­resses de outra procedência;

A cessão de um bem que é preciso e quiçá faça falta, desde que constitua alegria de outra pessoa;

A paciência e a doçura na atitude, com esforço e sem acrimônia interna, na desincumbência de um grave mister, dirigido às criaturas humanas;

A jovialidade, ocultando as próprias dores, de nodo a não afligir aqueles com os quais se convive;

A perseverança discreta no trabalho mortificante, sem queixa nem enfado, desde que resultem benefícios para os demais;

A ação não violenta, o silêncio ante a ofensa, a não defesa em face de indébitas acusações, consideran­do, com esse esforço sacrificial, não comprometer nem ofender a ninguém, são expressões de renúncia ao amor-próprio, dando lugar à abnegação, que ora escasseia entre as criaturas, e, no entanto, é essencial para a construção do bem entre os homens da Terra.

Um gesto de abnegação fala mais expressivamen­te do que brilhantes páginas escritas ou discursos de alta eloqüência e rebuscada técnica retórica.

A abnegação felicita quem a recebe, mas santi­fica quem a exercita.

O utilitarismo e o imediatismo modernos encon­tram soluções eufemistas, por meio de processos de transferência para as realizações que recomendam a abnegação de cada um.

Nesse sentido o egoísmo é um entrave dos mais impeditivos para a consecução do sacrifício com que se pode enflorescer de bênçãos a cruz da abnegação.

*

Diante de um esforço que te cabe brindar a al­guém que sofre, não transfiras a oportunidade de ser abnegado.

Sob pretexto algum te poupes à operosa produ­ção da felicidade, se o cometimento te exige abnegação.

Melhor ser o sacrificado pelo bem e pelo pro­gresso dos seres do que o usufrutuário das coisas.

No ato de espalhar o conforto moral, não entre teças opiniões desairosas, nem te apresentes na condi­ção de mártir a fim de inspirares simpatia.

Sê autêntico no dever.

O abnegado se desconhece. Ama com devota­mento, e a flama do amor que lhe arde no íntimo ra­ramente dá-lhe tempo para pensar primeiro em si, porqüanto os problemas e as dores dos seus irmãos em Humanidade têm para ele regime de prioridade.

Se, todavia, desejares um protótipo que te ex­presse com mais veemência a grandeza da abnegação, recorre a Jesus que, em se esquecendo de si mesmo, abraçou a cruz do sacrifício, a tudo renunciando, a fim de, por essa forma, testemunhar o seu afeto e de­voção por todos nós.

Oxalá, assim, a abnegação te dulcifique o ser e te faça realmente cristão.

35

REFREGAS DA EVOLUÇÃO

Apesar das rudes refregas da luta, não te deixes abater.

Sob o peso de indescritíveis aflições, não te guar­des à sombra do desalento,

Mesmo que os caminhos estejam refertos de difi­culdades, não estaciones desanimado na jornada em­preendida.

Aprende com a natureza: a terra sacudida pelo desvario dos ventos renova-se, cessada a tormenta; o solo encharcado retoma a verdura e o arvoredo esfa­celado cobre-se, novamente, de flores.

Em toda parte a vida se renova incessantemente, sob o látego das aflições, convidando-te a imitar-lhe o exemplo.

Não permitas, assim, que o pessimismo, esse con­selheiro soez, balbucie aos teus ouvidos expressões de desencanto junto às tarefas elegidas.

Recorda Jesus, abandonado, traído, em extrema solidão, plantando sozinho a espada luminosa do de­ver, desde então transformada em marco de luz para a humanidade inteira.

*

Não te meças por aqueles que tombaram, dei­xando-te empolgar pelas deficiências deles.

A terra não se sente desrespeitada com o cadá­ver que lhe macule o solo. Recebe a dádiva da de­composição celular como bênção e transforma os teci­dos apodrecidos em energias novas que são preciosas a Outras vidas.

Se o companheiro ao teu lado cair, porque te de­salentares? Encoraja-te e reflete que, apesar do fra­casso dele, necessitas chegar ao fim.

Não te intimides com o insucesso alheio. A cor­renteza não cessa o curso porque a lama se encontra à frente: atravessa as camadas da dificuldade e surge, novamente límpida, adiante para abraçar o mar que a aguarda ao longe.

Se o amigo não teve a felicidade de manter o pa­drão de equilíbrio que se fazia necessário, na tarefa empreendida, conduze a mensagem que ele não pode levar aos angustiados que te esperam, ansiosos, à frente.

Fita a face dos triunfadores e deixa-te estimular pelo exemplo deles.

O caminho do Calvário é a história de uma gran­de solidão e toda a Boa Nova é um hino de fidelidade ao dever.

O Mestre nem sequer repreendeu Judas, ou cen­surou Pedro, ou doou taça de fel a Tomé, em dúvida. Fez-se o atestado vivo e imortal do Pai, transforman­do-se em caminho para todos os arrependidos que o desejem seguir.

Na Boa Nova, a queda de cada discípulo é uma advertência para a vigilância dos que vêm depois; a deserção do aprendiz representa um convite à perse­verança dos novos candidatos à escola universal do amor.

Robustece o ânimo, amigo do Cristo, fita o sol generoso a repetir sem cansaço a mensagem da alvo­rada diariamente, e segue fiel, de fronte erguida e co­ração içado ao bem, mantendo a tua comunhão com o Mestre nos deveres que te competem, certo de que não seguirás sozinho.

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REFERÊNCIAS ENCOMIÁSTICAS

Agredido pela pedrada rude com que a impieda­de zurze a sua malquerença ante o bem em triunfo, não desfaleças na desincumbência do ideal.

O petardo que te alcança, mesmo ferindo a sen­sibilidade da tua alma ou rasgando a tecedura fisio­lógica do teu corpo, é bênção de que podes retirar incalculáveis resultados opimos.

O agressor é sempre alguém em aturdimento, de que a Lei muitas vezes se utiliza a fim de chamar-te a atenção e situar-te no devido lugar de trabalhador da Causa das minorias do Evangelho.

Perigoso, entretanto, na tarefa a que doas o me­lhor dos teus sentimentos, é a referência encomiástica, exaltada e perturbadora.

Semelhante a punhal disfarçado em veludo, pe­netra-te e aniquila as tuas decisões superiores, fazen­do-te desfalecer. E comparável a veneno perigoso em taça de cristal transparente. Chega-se aos lábios da alma pruduzindo imediata intoxicação.

Necessário colocar-te em atitude de defesa con­tra os que aplaudem, os que enaltecem, os que, mo­mentaneamente iludidos, podem transformar os teus sentimentos que aspiram à paz, em perturbações que desejam a glória efêmera.

Sabes pela experiência que o bom amigo traduz os seus sentimentos invariavelmente pelo testemunho da solidariedade silenciosa, da ação produtiva e do amparo fraternal, do que mediante as palavras explo­sivas, carregadas de lisonja.

O júbilo que explode no momento de exaltação também se converte em máscara de ira no momento de desgraça.

Poderás identificar o apoio ou a ressalva, o acerto ou o equívoco dos teus cometimentos se te exercitares no hábito salutar da reflexão e do exame das ativida­des encetadas.

*

“O bom trabalhador”, disse Jesus, “é digno do seu salário.” E o salário de quem trabalha com o Cristo é a paz da consciência correta.

O lídimo cristão sabe que tudo quanto faça nada faz, em considerando a soma volumosa de bênçãos que usufrui quando nas tarefas do Senhor.

Não te deixes, portanto, perturbar pela balbúrdia dos companheiros aturdidos, de palavras fáceis, ges­tos comovidos que te trazem o encômio vulgar, instru­ mentos, quiçá, de mentes levianas da Espiritualidade inferior interessadas na tua soberba e na tua queda.

Vigia as nascentes donde procedem o elogio e não o apliques a ninguém, nem te facultes recebê-lo de ninguém.

*

É verdade que todos necessitam do estímulo.

Entre o estímulo sadio e a palavra enganosa medeia uma grande distância.

Poderás incutir no teu amigo o estímulo de queele precisa.

Um gesto de ternura numa expressão da face em júbilo edificante, mediante a palavra bem dosada com expressões de equilíbrio, terçando armas ao lado, quando ele necessita de alguém e participando com ele da experiência da fé, no amanho do solo dos co­rações com o arado da caridade e a perseverança do tempo, são atestados inequívocos de aplauso nobre.

Encômios, Jesus, o modelo excepcional de todos

nós, nunca recebeu dos que O cercavam. A dúvida, porém, a suspeição rude, a injunção negativa, a coroa de espinhos, o cetro do ridículo, o manto da chocarrice e a cruz da ignomínia sim, Ele os aceitou em silêncio, e, não obstante, representava a Verdade máxima que jamais a Terra recebera.

Não pretendas, a serviço d’Ele, superá-lo sem lograr sequer o que Ele jamais almejou: o triunfo equivocado das criaturas humanas.

Preserva-te nos postulados e tarefas do bem e ocorra quanto ocorrer, sê-Lhe fiel sem fantasias, sem enganos e sem aceitar as expressões encomiásticas que a tantos tem iludido e derrubado no cumprimento do dever.

OITAVA PARTE

DA LEI DO PROGRESSO

“780 O progresso moral acompa­nha sempre o progresso intelectual?

“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”

“792. Porque não efetua a civili­zação, imediatamente, todo o bem que poderia produzir?

“Porque os homens ainda não estão aptos nem dispostos a alcançá-lo.”

“O Livro dos Espíritos”

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DIANTE DO PROGRESSO

Embora os respeitáveis índices que atestam as valiosas conquistas do progresso científico, nos múl­tiplos campos de realizações, não te descures da ação evangélica nos cometimentos evolutivos a que te afervoras.

A astronáutica sonha por atingir as estrelas e de­cifrar-lhes a grandeza; o Evangelho permanece cui­dando do homem na Terra, elucidando-o quanto aos deveres que lhe cumpre realizar.

A cibernética elabora técnicas para lançá-lo com segurança através das distâncias imensuráveis; o Evan­gelho luta, porém, para equilibrá-lo na sociedade onde cresce espiritualmente.

A ciência em geral tenta resolver os problemas que afligem a criatura impelindo-a para fora; o Evan­gelho projeta-lhe claridade íntima, ajudando-a a rom­per as amarras que a fazem infeliz.

Os métodos científicos atam os seres às conjun­turas da sua limitação; o Evangelho libera-os dos impedimentos que os retêm na retaguarda da evolução.

O tecnicismo procura amenizar as asperezas e as constrições que decorrem do mundo moderno; o Evangelho elucida quanto à razão dos sofrimentos e elimina os óbices que impedem o homem de avançar.

*

Ninguém como Jesus conseguiu, jamais, produ­zir tão elevados padrões de valorização do homem, sem as complexidades de que hoje se utilizam as cria­turas, sem que logrem expressivo êxito.

Desfilaram ante Ele os mais diversos biótipos humanos e sociais, recebendo seguras diretrizes.

A todos dispensou a mesma solidariedade frater­nal e moral, sem alarde, sem restrição.

Não se utilizando de qualquer tipo de prolixidade, ensinou a metodologia do amor que “cobre a mul­tidão dos pecados”, mediante a vivência que se per­mitiu, amando indistintamente.

Da chamada ralé ergueu protótipos de nobreza e da nobreza temporal levantou a culminância da digni­dade real príncipes e doutos, através dos mesmos re­cursos de ternura e sabedoria.

*

O progresso, para ser legítimo, não pode pres­cindir da elevação moral dos homens, que se haure no Evangelho, sempre atual.

As conquistas da inteligência, embora valiosas, sem a santificação dos sentimentos, conduzem ao des­vario e à destruição.

Para serem autênticas as aquisições humanas, devem alicerçar-se nos valores éticos, sem os quais o conhecimento se converte em vapor tóxico que cul­mina por aniquilar quem o detém.

Estudo, pesquisa, sim, mas amor também.

Examinando a problemática da evolução, os Mensageiros encarregados da Codificação Espírita fo­ram taxativos: “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.”

Nem o amor sem equilíbrio, arrebatamento que revela paixão e desconserto interior, nem a instrução intelectual sem o conteúdo de amor, a transformar-se em vapor alucinante de vaidades perniciosas quão destrutivas.

*

Sem o equilíbrio das duas asas a ave não conse­gue voar, plainando nas alturas.

Amor e conhecimento são as asas harmoniosas para o progresso do homem e dos povos, progresso que, não obstante as paixões nefastas ainda predominantes na natureza animal do homem, será impossível de ser alcançado.

Inexoravelmente o homem avança e sem apelação crescem as sociedades na direção da felicidade, por­que é da Lei que o espírito jamais retrocede, progre­dindo sempre e com ele a sociedade humana, repre­sentada pelas nações, evoluindo sem cessar.

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DIANTE DO DESTINO

Falso o conceito sobre os que “estão fadados ao mal “.

Equivocado o ensino de que a “sorte é respon­sável pelo destino de cada homem

Absurda a teoria em torno dos que devem irre­missivelmente “sofrer desgraças

Lamentável a idéia que impele o ser a “fazer o que deve fazer” na contingencia do erro e da desdita.

Sem fundamento a asseveração da “fatalidade para o infortúnio

O destino individual resulta dos atos de cada criatura. Por isso mesmo, a todo instante, sofre injunções positivas e negativas que lhe alteram a plani­ficação.

No determinismo das Leis, há opções que de­correm do comportamento do espírito em experiência evolutiva, dispondo e orientando sempre para as tri­lhas liberativas e felicitantes.

Ninguém, portanto, em desvalimento, atirado à irrefragável derrota.

*

Querer ou não querer, esforçar-se ou não pelo triunfo pessoal, depende de cada aprendiz da vida.

Açulado, perseguido por fatores inditosos, arro­jado a situações perniciosas, mesmo assim o homem é responsável pela sua acomodação tácita ou pelo em­penho de superação das injunções, que devem fun­cionar como valiosas experiências para a fixação do dever nobre, do bem atuante nos painéis da sua mente encarnada.

*

Açodado por inspiração obsessiva ou compelido pela impulsividade malsã de companheiros aturdidos, a responsabilidade da decisão te pertence.

Não transfiras culpas, escudando-te no destino, ou no propelimento da natureza íntima, ou nos fatores circunstanciais.

Reencarnação é oportunidade de soerguimento e não de desaire ou queda.

Acumpliciamento com o mal é afinidade para com ele.

Sintonia com o bem é sede de amor e ânsia de felicidade.

A ascensão ou a queda será decorrência do teu livre arbítrio, desde que, em todo momento, o Senhor te faculta recursos excelentes com que podes discernir, optar e agir...

*

Em situação que te pareça aziaga, ao invés da deserção do dever, da revolta precipitada, do desva­rio, recolhe sensatez, prudência, amadurecendo inti­mamente e interiormente modificando-te.

Lição é o prêmio da vida, como a experiência representa aquisição preciosa do esforço pessoal, in­transferível.

De forma alguma desistas de lutar, de tentar em esforço de reabilitação, de repetir a tarefa até lograr a vitória.

Só há fatalidade para o bem sendo as determina­ções de provação e expiação, capítulos e ensaios re­dentores para os equivocados que se demoram nas experiências primárias da evolução.


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DORES E JUSTIÇA

Semelhantes a sementeira produtiva, imbatível, ei-los que retornam. Sofrimentos que supunhas superados dilaceran­do as fibras do espírito; obstáculos imprevisíveis de que já esqueceras, causando receios justificados; danos morais para os quais te acreditavas preparado, espe­zinhando tua fortaleza íntima; enfermidades contínuas cansando tuas disposições de otimismo; problemática financeira reduzindo possibilidades aquisitivas; angús­tias que dormiam anestesiadas, volvendo, imprevi­síveis, ameaçadoras; debandada de amigos e afetos que foram adiante, deixando-te quando deles mais necessitavas...

E, inumeráveis outras conjunturas afugentes, conspirando contra os teus esforços de progresso e ascensão.

Todavia, só assim progredirás, ascenderás.

O aguilhão é, por enquanto, o mais eficaz impul­sionador para muitos espíritos.

Clima de paz, conforto fácil e família ditosa ge­ralmente criam problemas outros, que somente no gra­bato de aflições vigorosas podem ser considerados.

Não recalcitres, por isso, nem renteies com os

desesperados, engrossando suas fileiras. Isto também passará, como já transitaram no tem­po e no espaço outras conjunturaS e acontecimentos.

*

Os que se supõem vitoriosos estão semeando o amanhã...

Não poucos deles, embora fartos, atiram-se açula­dos pela monotonia que dizem sofrer aos espetáculos fortes da leviandade que produz loucura, tentando emoções novas.

Correm atônitos ou desfilam fantasiados e iludi­dos, invejados, mas igualmente insaciados.

Refestelam-se na comodidade, todavia, carregam outros problemas, que não te são peculiares, graças à posição em que te situas.

Agradece a Deus ‘a carga de penas que te sobre­carrega, no entanto te proporciona benéficas reflexões, fazendo-te sonhar com o amanhã tranqüilo.

Não penses exclusivamente em termos de atual reencarnação.

Reflete na dimensão da vida futura, a verdadeira, e promove os teus dias porvindouros carpindo e res­gatando as dores que te alcançam, provindas de qual­quer procedência, certo de que a justiça da paz te encontrará, como já te atingiu a justiça para o res­gate...

A libertação não precede a caminhada redentora.

Não te amofines, prosseguindo otimista, haja o que houver.

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VÍCIOS E DELITOS

Condicionamentos passados fortemente fixados nos tecidos sutis do espírito ressurgem como incontidas impulsões, que se transformam em vigorosos se­nhores dos que lhes padecem a injunção.

Procedentes do pretérito espiritual, fazem-se dila­ceração da alma desde cedo, quando o processo da reencarnação se consuma...

Constituem imperiosos tormentos que aparecem reiteradamente, dominam e destroem os seus êmulos.

Formam as paisagens lôbregas do mundo moral da criatura humana.

*

Tomam corpo em decorrência dos maus hábitos, estimulados pela insensatez, cultivados pela permissi­vidade social.

Assumem aspeto inocente e se incorporam à per­sonalidade, tornando-se uma segunda natureza que absorve os recursos superiores da vida, culminando por seviciar e vencer os que derrapam na sua inditosa direção.

*

Defluem de inspirações perniciosas de mentes desencarnadas, em processo insinuante de obsessão simples, que se converte em subjugação selvagem, me­diante a qual os cômpares se sustentam e se extre­munham, infelicitando-se reciprocamente em doloroso processo de longo curso em que se interdependem, amargurados.

*

Possuem uma gênese e uma gama diversa e com­plexa.

Todos decorrem do espírito dúbio e procedem da fraqueza interior dos que se acumpliciam em consór­cio de dependência inditosa.

Florescem, pestilenciais, na alma, na mente e no corpo.

São paixões dissolventes que envenenam com te­nacidade, em programática segura.

*

Seja sob qual aparência os descubras em ti, não lhes dês trégua.

A mentira inocente estimulada transforma-se, um dia, numa calúnia bem urdida.

Uma taça de licor singela, repetida, faz-se veí­culo de alcoolofilia martirizante.

Um delíquio moral momentâneo, aceito com na­turalidade, abre as portas da dignidade à corrupção.

*

Sê severo nos teus compromissos morais, nas tuas relações sociais, impondo-te elevação e austeridade.

Um descuido, uma concessão e se estabelecem os vínculos inditosos.

Morigeração e cuidado deves manter, mesmo que os outros se favoreçam com maior soma de liberdade, a fim de preservar-te das artimanhas dos vícios e de­litos que trazes do ontem, que podes adquirir hoje e que estão fáceis por toda parte...

*

Sublimes realizações, tarefas nobilitantes que su­portaram graves investidas do mal, homens e mulheres resolutos que se ofereceram ao bem e ao dever, tom­baram, inermes, ante os vapores dos vícios sociais e delitos morais aparentemente ingênuos, que terminaram por vencer as decisões robustas em que fraquejaram...

Vigia e perscruta teus sentimentos.

Se descobrires tendências e inclinações não adies o combate, nem te concedas pieguismo.

Luta e vence-os de uma vez, arrebentando os elos mantenedores da viciação e dos delitos, a fim de logra­res o êxito que persegues, anelas e necessitas.

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PASSADO E DOR

No passado espiritual de cada criatura se inscre­vem as causas dos sofrimentos humanos.

Enfermidades irreversíveis, problemas teratológi­cos, perturbações psíquicas de largo porte, limitações e mutilações físicas, degenerescências orgânicas e mentais, aberrações congênitas procedem do uso indevido e abuso do livre arbítrio quando de outras experiências evolutivas em reencarnações pregressas.

É das Leis divinas que ninguém pode abusar im­punemente dos tesouros inalienáveis de que usufrui na condição de ser inteligente.

A realidade física impõe deveres para com os im­plementos orgânicos e as delicadas peças encarregadas das manifestações intelectuais, concedidas pela Divin­dade para a aquisição de sabedoria e felicidade para o Espírito em evolução.

Os desregramentos de qualquer expressão impõe necessidades reparadoras que gravam nos recessos do Espírito as matrizes que organizarão as futuras engrenagens de que se utilizará a vida para realizar as altas finalidades.

Não obstante os problemas e as dores que tradu­zem necessidade urgente de reparação interior, é tam­bém da Lei que toda aquisição de ordem superior fun­cione como bênção que faculta liberação carcerária no programa de resgate espiritual. Equivale a uma compensação de que se utilizam os Benfeitores da Hu­manidade para minimizar as angústias e expiações necessárias aos calcetas, em razão da própria depuração.

As leis que regem o Universo são de amor, e o amor não implica em conivência com os engodos e erros do ser amado, antes se estabelece mediante o im­positivo da sua libertação e da sua ascensão para Deus.

*

Normalmente os que padecem determinadas constrições orgânicas e mentais, como expurgatórios abençoados, se tornam causas de dores angustiantes para pais, familiares e amigos. Ocorre que todo aque­le que se encontra vinculado direta ou indiretamente aos que expunge, aí não estão a- expensas do acaso, na condição de vítimas que sofrem injustamente.

Não há equívocos no Estatuto Divino.

Antigos comparsas, sequazes de loucuras, êmulos e estímulos de desequilíbrios, fatores causais de sui­cídios chocantes e homicídios hediondos renascem no mesmo grupo genético, a fim de participarem do res­gate das suas vítimas ou dos seus cômpares.

O mesmo ocorre em relação aos seres queridos que retornam à Vida Espiritual de surpresa, deixando na retaguarda pais e amigos com a alma dilacerada.

Antigos suicidas, que volvem a cumprir período não resgatado, vinculam-se àqueles antigos amores que os levaram à alucinação autocida, deixando-os mergulhados na rude saudade, mortificados pela dor...

O presente, porém, é ensancha sublime que a to­dos compete aproveitar.

*

Enxuga o pranto, transforma a saudade em sinfo­nia de esperança, atende à enfermidade, conduze re­signado a cruz dos padecimentos libertadores, confia e espera.

O amanhã será o teu dia de sol e de bem-aventu­ranças.

Não desfaleças ante as conjunturas aflitivas.

Desde que provéns do passado de erros e pertur­bações, edifica o teu porvir de venturas, amando, ser­vindo e renunciando desde agora, porqüanto o bem éa única linguagem eterna a produzir incessantemente felicidade plena e sem jaça.

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PROSSEGUIR SEMPRE

O desfalecimento na luta traduz, não raro, a fra­queza nos propósitos esposados. Quando essa ocorrên­cia incide nos expressivos labores que objetivam os ideais de enobrecimento humano, com vistas à comu­nidade onde o trabalhador se acha situado, a atitude de desânimo se faz mais grave pelas implicações de que se reveste. Não apenas constitui fator dissolven­te na coragem de todos como se revela debilidade de convicção. Quem se dispõe ao ministério da iluminação pró­pria, alargando possibilidades em relação ao próximo, deve estar consciente de que o seu empreendimento é sacrificial, e todo o esforço deve ser empregado sem as amplas aspirações de recompensa imediata, entendimento geral, aplauso público.

No serviço deve-se descobrir a emulação para o desiderato, conscientizando-se cada vez mais do quanto ­deve ainda fazer, ao constatar insucesso no serviço realizado.

Diante da agressividade que explode ameaçado­ra, indispensável redobrar a paciência; em face da deserção de colaboradores antes devotados, mais ampla fidelidade ao serviço; junto ao desespero coletivo, confiança inabalável; se grassam a maldade, o comentário ácido, a ingratidão mesquinha, o rigor dos fiscais da inutilidade, a sanha feroz dos perturbados em si mesmos pelas paixões mais vis, indubitavelmente são exigidas maiores somas de renúncia e fé, persistência e otimismo, porqüanto, no solo sáfaro, são imprescindíveis mais adubo e irrigação para o êxito da sementeira, o mesmo ocorrendo, nas paisagens inditosas dos espíritos equivocados...

Desfalecer, porém, na luta, nunca!

*

O êxito de uma engrenagem complexa depende da exatidão de cada peça.

A eloqüência de um discurso decorre da colocação correta de cada palavra na elaboração do conceito ­harmonioso.

A musicalidade sinfônica pertence ao ajustamento de cada nota melódica.

O mesmo acontece de referência aos empreendimentos superiores a que te vinculas.

Momento a momento, ação a ação, esforço a esforço lograrás a meta, se prosseguires sempre, sem pressa, todavia sem desânimo.

Cada dissabor que experimentes sem descoroçoamento, na estrada do bem, é um êxito no entesouramento de bênçãos íntimas.

Toda dificuldade defrontada no desdobrar dos esforços torna-se um convite a mais eficiente reflexão para segura superação.

Aquele que desiste, vitimado pelo receio injustificado ou arrimado ao desânimo indesculpável, perde o excelente veículo da oportunidade que lhe propiciaria o triunfo sobre si mesmo, granjeando a felicidade pela farta sementeira do amor a assimilar-lhe o caminho vencido.

*

Aos sinais de cansaço, inquietação íntima, desânimo sorrateiro ou indiferença em plena atividade fraternal, resguarda-te na oração e cuida-te.

Inimigos embaraçosos que se exteriorizam de ti mesmo bloqueiam os centros de interesse, frenando os teus impulsos nobres, com iminente perigo de arrojar-te nas rampas da desdita e da loucura.

Impõe-te vigilância e porfia.

Armado com a “couraça da fé” e os hábeis recursos da perseverança, da humildade e da caridade no coração, conseguirás readquirir a confiança e o otimismo, porqüanto a “fé remove montanhas”, quando o amor luze nalma e se prossegue no dever, conforme

elucidou Jesus.

NONA PARTE

DA LEI DE IGUALDADE

803. Perante Deus, são iguais todos os homens?

“Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez Suas leis para todos. Dizeis freqüentemente: “O Sol luz para todos” e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais.”

806. É lei da Natureza a desigualdade das condições sociais?

“Não; é obra do homem e não de Deus.”

O Livro dos Espíritos

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CRÍTICOS IMPIEDOSOS

Não te permitas a atribuição de avinagrar as ho­ras de outrem mediante o ingrediente da crítica contu­maz ou da censura incessante.

Há muitos críticos na Terra que apenas vêem o que lhes apraz, conseguindo descobrir o humilde cas­calho no leito de um rio de brilhantes preciosos.

Sua argúcia facilmente aponta erros, aguça deta­lhes negativos, embora insignificantes. São perfeccio­nistas em relação às tarefas alheias, combativos contra os companheiros de lide, nos quais sempre descobrem falhas, descoroçoando, facilmente, quando no lugar da­queles aos quais combatem.

São críticos, porém, incapazes de aceitar as apre­ciações que os desagradam.

Quando advertidos ou convidados ao diálogo franco, de que se dizem partidários, justificam os en­ganos e justificam-se, não admitindo admoestações ou corrigendas.

Há, sim, muitos desses críticos na Terra.

Ouve-os, mas não te detenhas nas suas apreciações.

Segue adiante e porfia sem desânimo.

Eles também passarão pelo crisol das observações alheias, nem sempre sensatas ou verdadeiras.

Sê tu aquele que ajuda com alegria em qualquer circunstância.

Mesmo que te agridam, ora por eles e não os ames menos.

Não tens o dever de agradá-los, é verdade, porém não os tenhas como inimigos.

Sem que o saibam ou porque insistam em ignorá­lo, necessitam de tua amizade pura e desinteressada.

Assistido por tais críticos impiedosos e por eles insistentemente perseguido; fiscalizado por tais “de­fensores da verdade” e por eles combatido; seguido a cada passo por frios e céticos reprochadores e por eles azorragado verbalmente, Jesus prosseguiu sereno, por saber que os doentes mais inditosos, são os que se re­cusam reconhecer a posição de enfermos, quando os piores cegos são aqueles que não querem ver

Buscando o “reino dos céus”, não contes com os enganosos aplausos da Terra, bendizendo os teus crí­ticos, os fiscais insensíveis da tua conduta, que, sem quererem, te impelirão para Jesus, o fanal que desejas honestamente lograr.

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JULGAMENTO ERRÔNEO

Por imprevidência permites que a mágoa se te as­senhoreie do intimo face ao triunfo de pessoas arbitrá­rias, ardilosas e desonestas.

Examina-lhes, superficialmente, as atitudes, e, como os vês alçados ao triunfo transitório do mundo, deixas-te consumir por insidioso despeito, senão por surda revolta, como se estivesses a tomar nas mãos as diretrizes da vida para agir conforme as aparências.

Crês que mereces mais do que eles, os insensatos e perversos, que galopam sobre a fortuna e a glória, sem te dares conta de que as determinações divinas são sábias e jamais erram.

Ante os problemas que te surgem, comparas a tua com a existência de filhos ingratos que tudo recebem, de esposos infiéis que são bem aceitos no grande mun­do, de amigos desleais que, não obstante, vivem cerca­dos pela bajulação dourada.

Não te agastes, porém, indevidamente.

Corrige a visão e muda a técnica de observação.

Cada espírito é um ser com programação própria, fruto das suas realizações pessoais. Não se pode exa­miná-los e julgá-los em grupo. Aliás, ninguém pode com acerto total julgar o próximo.

Conveniente, por isso, fazeres a parte que te com­pete, na programática da vida e prosseguires sem des­falecimento, nem desaires.

*

Ontem estiveste aquinhoado com a mordomia de valores que desperdiçaste.

Já fruíste de afeições abnegadas que desconside­raste.

Passaram pela porta das tuas aspirações alegrias e bênçãos que malsinaste.

Por algum, tempo sobre os teus ombros pesaram as cangas da governança e da responsabilidade, que arrojaste fora leviamente.

Amigos cantaram aos teus ouvidos as músicas da fraternidade e as transformaste em patéticas, após trai­ções e infâmias.

Esvaziaste a ânfora da esperança, arrojando fora as concessões do bem. .

Agora carpes, experimentas faltas, registras sofri­mentos, anotas soledade...

Reformula conceitos, opiniões e arma-te de pa­ciência e valor a fim de prosseguires otimista.

É sempre dia para quem acende a luz da fé no co­ração e usa o amor nas realizações a que se afervora.

Vens de experiências fracassadas e estás em tenta­tivas de equilíbrio.

Não te desencantes.

*

Agora é a vez dos outros.

Fruem hoje o que possuíste ontem.

Ajuda-os a não caírem na alucinação que te ven­ceu, orando por eles, não os invejando, nem pensando mal a respeito deles.

Além disso, eles sabem como estão construindo a ilusão, os recursos de que se utilizam e isto basta-lhes como punição gravada na consciência, de que não se conseguem libertar.

Sorriem em público e choram a sós.

Gozam em sociedade e reconhecem-se solitários.

Por penetrar no âmago das questões e no cerne das consciências, afirmou Jesus: “Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo”.

Faze a paz com todos e fruirás das messes da paz, não julgando, condenando ou perseguindo ninguém.

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GLÓRIAS E INSUCESSOS

Pessoa alguma se encontra em clima de privilé­gio, enquanto na vilegiatura material.

Triunfos e galas, destaques e fortuna, saúde e la­zer não significam concessões indébitas que alguém po­de usufruir sem o ônus da responsabilidade.

Empréstimos superiores ensejam aquisições rele­vantes, de que nem sempre sabem utilizar-se os tran­sitórios mordomos dos valores terrenos.

Teste para os portadores dos títulos e láureas, dos bens e moedas, são também exemplo da excelsa mise­ricórdia, a fim de que todos se possam adestrar na mo­vimentação dos recursos que levam à dita ou à aluci nação, mediante o uso e a direção que cada um resolva dar às posses vulneráveis.

Isto, porque, as alegrias facilmente se convertem em tristezas, as honrarias e glórias se transmudam em amargura e desaire, as moedas e títulos se consomem e desaparecem, a saúde e o lazer passam, enquanto a vida física se extingue.

Somente perduram o que se fez das posses, quan­to se armazenou em bênçãos, tudo que se dividiu em nome do amor, multiplicando esperança e paz.

*

Ninguém que esteja em estado de desgraça, en­quanto transitando nas roupagens carnais.

Soledade, pobreza, doença, limitação, esqueci­mento constituem provas redentoras de que se utili­zam os excelsos mentores encarregados da programá­tica reencarnatória, para a educação, a ascensão e a felicidade dos que tombaram nos fossos da loucura e da criminalidade, quando no uso das disponibilidades que lhes abundavam no passado.

Desgraça real é sempre o mal que se faz, nunca o que se recebe. Insucesso social, prejuízo econômico, fatalidade são terapêuticas enérgicas da vida para a erradicação dos cânceres morais existentes em metás­tase cruel nos tecidos do espírito imortal.

Nesse sentido, a soledade se enriquece de presen­ças, a enfermidade passa, o abandono desaparece, a li­mitação se acaba, a pobreza cede lugar à abundância e, mesmo ocorrendo a morte, a vida espera, em triunfo, após a cessação dos movimentos do corpo.

*

Êxitos e desditas à luz do Evangelho se apresen­tam comumente em sentido oposto à interpretação ime­diatista dos conceitos humanos.

Na mangedoura, entre pecadores, no trabalho humilde, convivendo com os deserdados, reptado e perseguido pela argúcia dos vencedores terrenos, larga­do numa cruz, Jesus é o símbolo do triunfo real so­bre tudo e todos, em imperecível lição, que ninguém pode deslustrar ou desconhecer.

Toma-o por modelo e não te perturbes nunca!

Nas glórias ou nos insucessos guarda-te na paz in­terior e persevera no amor, seguindo a rota do Bem inalterável.­

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SOB DORES EXTENUANTES

Sobraçando dores e aturdido no báratro das in­terrogações sem respostas imediatas, exaures-te sem consolo, face às sucessivas desilusões e amarguras.

Tens a impressão de que desmoronaram os teus castelos de esperança como se fossem de névoa bri­lhante diluída pela ardência do áspero sol do deses­pero.

Todavia, não obstante o acúmulo dos sofrimen­tos que te gastam, esmagando os teus anelos, quais arietes da impiedade que destrói, dispões da confian­ça em Deus e não deves desistir da luta.

Todas as lágrimas procedem de razões justas, em­bora não alcances prontamente as suas nascentes.

Reconforta-te na decisão das atitudes sãs a que te entregas e não permitas que as leviandades dos fra­cos e irresponsáveis tisnem de sombras os claros céus do teu porvir.

Faze a tua parte ajudando sem, contudo, coloca­res sobre os ombros o fardo da responsabilidade que te não compete.

Ninguém se poupa às dores, inevitáveis, na sen­da evolutiva. Não é justo, porém, permitir que estas esmaguem ou anulem os objetivos relevantes da tua promissora e produtiva reencarnação.

*

Muitos dizem que a morte deverá ser o fim dos padecimentos.

Sabes que não é assim.

Outros asseveram que morrer é consumir-se no caos.

Estás informado que a referência não é correta. Cada vida tem a suceder a desencarnação, decor­rente dos hábitos a que se afervore.

Para o Além conseqüentemente são transferidos os anseios e os sorrisos, os segredos que se revelam e os enigmas que se decifram, as conquistas que se fi­xam como bênçãos e os desaires que se convertem em canga e carga de espinhos.

Resolve aqui, quanto antes, logo surja a oportu­nidade, os problemas e as complicações.

Não te ensejes, no entanto, quedas ou desesperos em razão de ti mesmo ou daqueles a quem amas.

Cada ser responde pelos próprios atos, hoje ou mais tarde.

Tens a luz da fé, que brilha à frente. Preserva-a e insculpe-a no cérebro, clareando o coração.

Segue adiante, mesmo que sobraçando tantas do­res, estejas a ponto de parar, de desistir ou de tombar.

*

Coroado de espinhos, ferido por uma lança e aten­dido na sede por uma esponja vinagrosa, carregando nalma a ingratidão e o olvido dos amigos, sob um céu plúmbeo que ameaçava tempestade, Jesus não parecia um triunfador, confundido com dois bandoleiros que completavam a cena trágica do Calvário... Todavia, era o Incomparável Filho de Deus no supremo abando­no dos homens mas em superlativa glória com a Di­vindade, mediante cujo testemunho atingia o ápice do seu ministério de amor entre as criaturas.

Pensa nisso, alma sofredora, e não desfaleças.

Dor é bênção libertadora, através da qual se rom­pem os encantamentos da ilusão e da fatuidade, dando ensejo à ímarcessÍvel conquista dos inalienáveis tesou­ros do espírito eterno, ditoso após a luta redentora.

47

DE ÂNIMO INQUEBRANTÁVEL

Em teu compromisso pessoal de renovação contí­nua com Jesus, precata-te contra os fatores circunstan­ciais, sutis e perigosos que se te insinuam, transfor­mando-se, posteriormente, em teus algozes impiedosos.

O ácido da ingratidão, o fel da amargura demo­rada, o vinagre da revolta constante, a truculência da rebeldia, a sombra da dúvida, a lâmina da maledicên­cia, o veneno da ira, o’ azinhavre da preguiça e todo um cortejo que lentamente penetra, domina as engre­nagens do teu labor, emperrando a máquina das tuas aspirações e sitiando-te no canto escuro do ceticismo ou no poço fundo da soledade.

Em lugar deles deixa que se te instalem o labor exaustivo pelo bem, o aroma da esperança nas ações, o óleo do otimismo nas peças enferrujadas pela decep­ção, a chama da alegria em toda a atividade, a presen­ça da tolerância na luta, o amplexo da fraternidade autêntica junto aos demais, a paz da paciência e o tem­pero do bom humor, de forma estimulante para os momentos asados em que os problemas pareçam amea­çar consumir-te.

Não faltam os conspiradores da paz nos arraiais do nosso bom viver.

Pululam, entretanto, também, os estímulos da santificação quando nos voltamos para as esferas da luz.

Fitando o sol e deixando-te por ele deslumbrar, énatural que nem sempre te detenhas no solo e os teus pés sejam feridos, agredidos pela urze e pelo pedrou­ço que terás de calcar. Não obstante, ao atingires o planalto que te deslumbra, à frente, donde poderás vislumbrar os horizontes sem fim da plenitude da vi­da, serão de somenos importância os óbices vencidos, que ficaram para trás, os problemas superados que deixaste à margem.

Cada alma, porém, segue até onde pode. Não se­jas daqueles que coletam mágoas, que desertam, que desconfiam, que ruminam desesperos íntimos, que mo­dificam a estrutura de fatos ao prazer do desequilíbrio interior. .

Filho da luz divina, marchando na direção do Pai, deixa as bagas de amor como gotas de orvalho e de carinho pelos caminhos percorridos, porque o homem será sempre, hoje ou mais tarde, o que se faça de si mesmo.

Forte, deverá vencer as paixões; fraco, deverá fortalecer-se em Cristo para a vitória de si mesmo.

E entregando-te em clima de total confiança a

Deus triunfarás, porque tal é a meta que a todos nós está destinada.

48

INGRATIDÕES

Muito raro nos corações, por enquanto, o senti­mento da gratidão.

O semblante afável, a voz melodiosa, a atitude gentil no ato da solicitação do auxílio, quase sempre se convertem em sisudez, verbetes duros, gestos brus­cos no momento de retribuir.

Gratidão prescreve altruísmo, amplitude de espí­rito, riqueza de emoções. Como o egoísmo prossegue triunfante, em grande número de pessoas, estas, mes­mo quando sentem as expressões do reconhecimento repontarem no imo, se asfixiam, vencidas por contro­vertidos estados íntimos.

Algumas alegam que não sabem retribuir, que se constrangem, sentem receio, avergonham-se... E olvi­dam que é sempre mais feliz aquele que dá, felicitan­do-se, também quem retribuir sentimentos, gestos ou palavras.

Retribuir com ternura, com expressões de afeto, com gestos de simpatia fraternal em testemunhos de solidariedade constituem formas de gratidão no seu sentido nobre.

Não apenas por meio de moedas, objetos, uten­sílios deve ser a preocupação dos que se beneficiaram junto a alguém, buscando exteriorizar ou traduzir gra­tidão de que se sentem possuídos.

*

Sê tu quem doa reconhecimento, quem resgata a dívida da gratidão pela fidelidade, afeição e respeito a quem te foi ou te é útil.

Nunca esqueças o bem que recebeste, embora se modifiquem os quadros da vida em relação a ti ou a quem te beneficiou.

*

Se alguém te retribui com a ingratidão o bem que doaste, exulta. Ë sempre melhor receber a ingratidão do que exercê-la em relação ao próximo.

Se ofertaste carinho e bondade, sustentando a ale­gria nos corações alheios e te retribuem com azedume ou indiferença, alegra-te. O ingrato é alguém que en­louquece a longo prazo.

Se te sentes tentado à decepção, porque o bem que fazes se demora sem a resposta dos que o fruem rejubila-te. A árvore não se nega a doar aos malfeito­res do caminho novos frutos, após ser apedrejada por eles.

Não te constitua modelo aquele que delinqüe pe­la ingratidão ou que te esquece o benefício vencido pe­la soberba.

O bem que faças é bem em triunfo no teu cora­ção. Receber o retributo seria diminuir-lhe a significa­ção do que realizaste.

Bendize, assim, os ingratos e ora por eles, porqüanto estão em piores condições do que supões e se puderes, ajuda-os mais, pois a felicidade é sempre maior naquele que cultiva o amor e a misericórdia, ja­mais em quem recebe e esquece, beneficia-se e despre­za o benfeitor.

DÉCIMA PARTE

DA LEI DE LIBERDADE

825. Haverá no mundo posições em que o homem possa jactar-se de gozar de absoluta liberdade?

“Não, porque todos precisais uns dos outros, assim os pequenos como os grandes.

843. Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?

“Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina.”

“O Livro dos Espíritos’

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DIREITO DE LIBERDADE

Intrinsecamente livre, criado para a vida feliz, o homem traz, no entanto, ínsitos na própria consciên­cia, os limites da sua liberdade.

Jamais devendo constituir tropeço na senda por onde avança o seu próximo, é-lhe vedada a exploração de outras vidas sob qualquer argumentação, das quais subtraia o direito de liberdade.

Sem dúvida, centenas de milhões de seres transi­tam pela infância espiritual, na Terra, sem as condi­ções básicas para o auto-discernimento e a própria con­dução. Apesar disso, a ninguém é lícito aproveitar-se da circunstância, a fim de coagir e submeter os que seguem na retaguarda do progresso, antes competindo aos melhor dotados e mais avançados distender-lhes as mãos, em generosa oferenda de auxílio com que os educarão, preparando-os para o avanço e o crescimen­to.

Liberdade legítima decorre da legítima responsa­bilidade, não podendo aquela triunfar sem esta.

A responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos lídimos direitos hu­manos.

Pela lei natural todos os seres possuímos direitos, que, todavia, não escusam a ninguém dos respectivos contributos que decorrem do seu uso.

A toda criatura é concedida a liberdade de pen­sar, falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos semelhantes do próximo.

Desde que o uso da faculdade livre engendre so­frimento e coerção para outrem, incide-se em crime passível de cerceamento daquele direito, seja por par­te das leis humanas, sem dúvida nenhuma através da Justiça Divina.

Graças a isso, o limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, a prisão sem bar­ras em que expungirá mais tarde, mediante o impositi­vo da reencarnação, ou as asas de luz para a perene harmonia.

*

A liberdade é a grande saga dos povos, das na ções, da Humanidade que lutam através dos milênios contra a usurpação, a violência, a hegemonia da força dominadora, sucumbindo, sempre, nessas batalhas os valores éticos, vencidos pelo caos da brutalidade.

Livre o homem se tornará, somente, após romper as férreas algemas que o agrilhoam aos fortins das pai­xões.

A sua luta deve partir de dentro, vencendo-se, de modo a, pacificando-se interiormente, usufruir dessa liberdade real que nenhuma grilheta ou presídio algum pode limitar ou coibir.

Enquanto, porém, arrojar-se à luta sistemática de opinião de classe, de grei, de comunidade, de fé, de nação, estimulará a desordem e a escravidão do ven­cido.

Todo vencedor guerreiro, porém, é servo de quem lhe padece às mãos, qual ocorre com os guardiães de presidiários, que se fazem, também, presos vigiando encarcerados.

*

Prega e vive o amor conforme o ensinou Jesus.

Ensina e usa a verdade em torno da vida em triunfo, de que está referto o Evangelho, a fim de se­res livre.

Atém-te aos deveres que te ensinam engrandeci­mento e serviço ao próximo.

O trabalho pelos que sofrem limites e tumultos ensinar-te-á auto-conhecimento, favorecendo-te com o júbilo de viver e a liberdade de amar.

Na violência trágica do Gólgota não vemos um vencido queixando-se, esbravejando impropérios e ex­plodindo em revolta. Sua suprema sujeição e seu gran­dioso padecimento sob o flagício da loucura dos per­seguidores gratuitos atingem o clímax no brado de per­dão a todos: ingratos, cruéis, insanos, em insuperável ensinamento sobre a liberdade de pensar, falar e agir com a sublime consciência responsável pelo dever cumprido.

50

O BEM SEMPRE

O bem que deixes de fazer, podendo fazê-lo, éum grande mal que fazes.

Quando convidado a informar sobre alguém, refe­res-te ao seu lado positivo, dando oportunidade ao ou­tro para renovar as suas paisagens íntimas infelizes, sem o constrangimento de saber que os demais estão inteirados das suas dificuldades.

Se alguém agir mal em referência a ti, inutilmen­te passarás o acontecimento adiante.

Muito ajuda aquele que não divulga as mazelas do próximo.

Hábito salutar se deve impor o cristão para o fe­liz desiderato, na comunidade em que realiza as suas experiências evolutivas: policiar a palavra.

Infelizmente, a invigilância em relação ao verbo tem sido responsável por muitos dissabores e conflitos que não se justificam. Aliás, coisa alguma constitui desculpa honesta para contendas e perturbações.

A civilização e a cultura, engendrando os valo­res éticos da educação, constituem -eficientes recursos para que o homem se liberte das paixões inferiores que geram desforços, agressões, pelejas, através dos quais resvala, inexoravelmente, de retorno às expres­sões primitivas, que já deveria haver superado.

Toda interpelação agressiva, qualquer verbete ferinte, cada reação violenta constitui ingrediente pa­ra a combustão do ódio e a semeação nefasta da amar-gura.

Útil quão urgente o esforço pela preservação da paz íntima, mesmo quando concitado ao desvario ou diretamente chamado ao desforço pessoal.

Dos hábitos mentais — suspeita, ciúme, inveja, animosidade, fixação —, como dos condicionamentos superiores pelo exercício do pensamento — reflexão, prece, humildade, auto-exame — decorrem as atitu­des, quando se é surpreendido pela agressividade ou perseguido pela antipatia espontânea de alguém, em si mesmo inditoso.

Reagirás sempre, conforme cultives o pensamen­to.

Falarás e agirás conforme as aquisições que ar­mazenares nos depósitos mentais, através das ocorrên­cias do cotidiano.

Assim, atenta, quanto possível, para os valores dignificantes do teu próximo, exercitando-te nas visões relevantes e contribuirás com expressivos recursos em favor da economia de uma Terra feliz por que aspiras na vivência contínua do bem sempre.

51

SEGURANÇA ÍNTIMA

Embora atingido pela maleivosa insinuação da inveja, não te deixes arrastar à inquietação.

Não obstante a urdidura da maledicência tentan­do envolver-te em suas malhas, não te perturbes com a sua insídia.

Mesmo que te percebas incompreendido, quando não caluniado pelos frívolos e despeitados, não te afli­jas.

Segurança interior deve ser a tua força de equilí­brio, a resistência dos teus propósitos.

Quem é fiel a um ideal dignificante não conse­gue isentar-se da animosidade gratuita. que grassa so­berana, ou sequer logra permanecer inatacável pela pertinácia da incúria...

Somente os inúteis poderiam acreditar-se não agredidos.

O bom operário, todavia, quando na desincum­béncia dos deveres, experimenta as agressões de todo porte com que os cômodos e insatisfeitos pretendem desanimá-lo.

De forma alguma concedas acesso a irritação ou à informação malsã na tua esfera de atividades.

Quando te sentires compreendido, laureado pe­los sorrisos e beneplácitos humanos, quiçá estejas atendendo aos interesses do mundo, contudo não te encontrarás em conduta correta em relação aos com­promissos com Jesus.

Quem serve ao mundo e a ele se submete certa­mente não dispõe de tempo para os deveres relevantes, em relação ao espírito. A recíproca, no caso, é verda­deira.

Não te eximirás, portanto, à calúnia, à difama­ção, às artimanhas dos famanazes da irresponsabilida­de, exceto se estiveres de acordo com eles.

Não produzem e sentem-se atingidos por aqueles que realizam, assim desgastando-se e partindo para a agressividade, com as armas que lhes são afins.

Compreende-os malgrado não te concedas sintoni­zar com eles, nas faixas psíquicas em que atuam.

Não reajas, nem os aceites.

Suas farpas não devem atingir-te.

Eles estão contra tudo. Afinal estão contra eles mesmos, por padecerem de hipertrofia dos sentimen­tos e enregelamento da razão.

Segurança íntima é fruto de uma consciência tranqüila, que decorre do dever retamente cumprido, mediante um comportamento vazado nas lições que haures na Doutrina de Libertação espiritual, que é o Espiritismo.

Assim, não te submetas ou te condiciones às in­junções de homens ou Entidades, se pretendes servir ao Senhor...

Toda sujeição aos transitários impositivos das paixões humanas, em nome do Ideal de vida espiri­tual, se transforma em escravidão com lamentável des­respeito aos compromissos reais assumidos em relação ao Senhor.

Recorda-te d’Ele, Crucificado, desprezado, odia­do por não se submeter aos impositivos da mentira e das vacuidades humanas, todavia triunfante sempre pela Sua fidelidade ao Pai.

52

ERRO E QUEDA

Não erreis, não vos enganeis, meus amados irmãos.” - (Tiago: capítulo 1º, versículo 16)

O salutar conselho do apóstolo Tiago continua muito oportuno e de grande atualidade para os cristãos novos.

Erro — compromisso negativo, amarra ao passado.

­ Ao erro cometido impõe-se sempre a necessidade de reparação.

Quem conhece Jesus não se pode permitir o des­culpismo constante, irresponsável, que domina um sem número de pessoas.

Por toda parte se apresentam os que mentem e traem, enganam e dilapidam, usurpam e negligenciam, exploram e envilecem, aplaudidos uns, homenagea­dos outros, constituindo o perfeito clã dos iludidos em si mesmos. Sem embargo, o mal que fazem ao próximo prejudica-os, porqüanto não se furtarão a fazer a paz com a consciência, agora ou depois.

Anestesiados os centros do discernimento e da ra­zão, hoje ou amanhã as conjunturas de que ninguém se consegue eximir impor-lhes-ão reexame de atitudes e de realizações, gerando neles o impositivo do des­pertamento para as superiores conceituações sobre a vida.

Enquanto se erra, muitas vezes se diz crer na ho­nestidade e valia da ação, como a ocultar-se em ideais ou objetivos que têm aparência elevada e honesta. To­davia, todo homem, à exceção dos que transitam nas faixas mais primitivas da evolução ou os que padecem distúrbios psíquicos, tem a noção exata do que lhe constitui bem e mal, do que lhe compete, ou não, realizar.

Dormem nos recessos íntimos do ser e despertar no momento próprio as inabordáveis expressões da presença divina, que se transformam em impulsos ge­nerosos, sentimentos de amor e fé, aspirações de bele­za e ideal nobre que não se podem esmagar ou usar indevidamente sem a correspondente conseqüência, que passa a constituir problemas e dificuldade na eco­nomia moral-espiritual do mau usuário.

*

Refere-se, porém, especificamente o Apóstolo austero do Cristo, aos erros que o homem pratica em relação à concupiscência e à desconsideração para com o santuário das funções genésicas.

O espírito é sempre livre para escolher a melhor forma de evolução. Não fugirá, porém, aos escolhos ou aos alcatifados que lhe apraz colocar pela senda em que jornadeia.

Em razão disso, a advertência merece meditada nos dias em que, diminuindo as expressões de fideli­dade e renúncia, se elaboram fórmulas apressadas pa­ra as justificativas e as conivências com a falência dos valores morais, que engoda os menos avisados.

Os seus fâmulos crêem-se progressistas e tornam-se concordes para fruírem mais, iludindo-se quanto ao que chamam “evolução da ética”.

*

Não te justifiques os erros.

Se possível, evita errar.

Desculpa os caídos e ajuda-os, mas luta por man­ter-te de pé.

A corroborar com a necessidade imperiosa da preservação moral do aprendiz do Evangelho, adverte Paulo, na sua Primeira Epístola aos Coríntios, confor­me se lê no Capítulo dez, versículo doze: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe, não caia.

Perfeitamente concorde com a lição de Tiago, os dois ensinamentos são inadiável concitamento à resis­tência contra as tentações.

A tentação representa uma avaliação em torno das conquistas do equilíbrio por parte de quem busca o melhor, na trilha do aperfeiçoamento próprio.

Assim, policia-te, não caindo nem fazendo ou­trem cair.

Pensamento otimista e sadio, palavra esclarece­dora, sem a pimenta da malícia ou da censura e atitu­des bem definidas no compromisso superior aceito, ser-te-ão abençoadas forças mentais e escoras morais impedindo-te que erres ou que caias.

53

NA ESFERA DOS SONHOS

Os interesses recalcados, as aspirações frustra­das, os tormentos íntimos, complexos, mal conduzidos dormem temporariamente no inconsciente do ho­mem e assomam quando emoções de qualquer porte fazem-no desbordar, facultando o predomínio de con­flitos em formas perturbadoras, gerando neuroses que se incorporam à personalidade, inquietando-a.

Da mesma forma os ideais de enobrecimento, os anelos de beleza, o hábito das emoções elevadas, a mentalização de planos superiores, as aquisições e lu­tas humanistas repousam nos departamentos da sub­conscíência, acordando, freqüentemente, e produzindo euforia, emulações no homem, ajudando-o no seu pro­grama de paz interior e de realizações externas.

O homem é sempre aquilo que armazena cons­ciente ou inconscientemente nos complexos mecanis­mos da mente.

Quando se dá o parcial desprendimento da alma através do sono natural, açodado pelos desejos e pai­xões que erguem ou envilecem, liberam-se as memó­rias arquivadas que o assaltam, em formas variadas de sonhos nos quais se vê envolvido.

Permanecem nesse capítulo os estados oníricos da catalogação freudiana, em que as fixações de ordem sexual assumem expressões de realidade, dominando os múltiplos setores psíquicos da personalidade.

Além deles, há os que decorrem dos fenômenos digestivos, das intoxicações de múltipla ordem por conseqüência dos estados alucinatórios momentâneos, que produzem.

Concomitantemente, em decorrência do cultivo de idéias deprimentes ou das otimistas, a alma em li­berdade relativa sente-se atraída pelos locais que lhe são inacessíveis, enquanto na lucidez corpórea e for­temente arrastada por esse anseio de realização deslo­ca-se do envoltório físico e visita aqueles com os quais se compraz e onde se sente feliz. Disso decorrem en­contros agradáveis ou desditosos em que adquire in­formes sobre ocorrências futuras, esclarecimentos va­liosos, ou, conforme o campo de interesse que cada qual prefira, experimenta as sensações animalizantes, frui, em agonia, as taças vinagrosas dos desejos incon­fessáveis, continuando o comércio psíquico com Enti­dades vulgares, perversas ou irresponsáveis que se lhe vinculam ao pensamento, dando origem a longos e ru­des processos obsessivos de curso demorado e de difí­cil liberação.

*

Nos estados de desprendimento pelo sono natu­ral, a alma pode recordar o seu pretérito e tomar co­nhecimento do seu futuro, fixando essas impressões que assumem a forma de sonhos nos quais as reminis­cencias do ontem, nem sempre claras, produzem sin­gulares emoções. Outrossim, a visão do porvir, as revelações que haure no intercâmbio com os desen­carnados manifestam-se como positivos sonhos premo­nitórios de ocorrência cotidiana.

Quanto mais depurada a alma, possibilidades mais amplas depara, sucedendo, no sentido inverso, pelo seu embrutecimento e materialização, os desagra­dáveis e perturbadores sucessos na esfera dos sonhos.

*

Multiplicam-se e perpassam em todas as direções ondas mentais, que percorrem distâncias imensas, sin­tonizando com outras que lhe são afins e que buscam intercâmbio.

Em decorrência, pouco importa o espaço físico que separa os homens, desde que estes intercambiam mentalmente na faixa das aspirações, interesses e gos­tos que os caracterizam e associam.

Quando dorme o corpo, não adormece o Espírito exceto quando profundas as hebetações e anestesia­mentos íntimos lhe perturbam os centros da lucidez.

Automática, inconscientemente, libera-se do cor­po e arroja-se aos recintos que o agradam, porque anseia e de que supõe necessitar...

Quando, porém, se exercita nos programas reno­vadores e preserva os relevantes fatores da dignifica­ção humana, sutilizam-se as suas vibrações, sintoni­zando nas ondas que o erguem às Esferas da Paz e da Esperança, onde os Seres ditosos, encarregados dos la­bores excelentes dos homens, facultam que se mante­nham diálogos, recebendo recursos terapêuticos e li­ções que se incorporam à individualidade, indelevel­mente...

Nas esferas dos sonhos — nos Círculos Espiri­tuais elevados ou nos tormentosos conforme a preferên­cia individual — se engendram muitas, incontáveis programações para o futuro humano, nascendo ali ou se corporificando, quando já existentes, os eloqüentes capítulos das vidas em santificação, como as tragédias, os vandalismos, as desditas inomináveis...

*

Vive no corpo físico considerando a possibilida­de da desencarnação sem aviso prévio.

Cada noite em que adormeces, experimentas um fenômeno consentâneo ao da morte.

Dormir é morrer momentaneamente. Desse sono logo retornas, porque não se te desatam os liames que fixam o Espírito ao corpo.

Podes, porém, pelas ocorrências que experimen­tas na esfera dos sonhos, ter uma idéia do que te suce­derá nos Círculos da Vida, após o desenlace definitivo.

Por tal imperativo, aprimora-te, eleva-te, supera-te, mediante o exercício dos pensamentos salutares e das realizações edificantes.

Não apenas fruirás de paz por decorrência da consciência reta, como te prepararás para a vida real, porqüanto, examinada do ângulo imortalista, o ho­mem, na Terra, se encontra numa esfera de sonhos, que normalmente, transforma, por invigilância ou re­beldia, em desditoso pesadelo.

54

EXIGÊNCIA DA FÉ

Permitir-se a fé — um ato de coragem.

Abandonar vícios e imperfeições — atitude es­tóica perante a vida.

Superar impedimentos da própria leviandade — esforço hercúleo de elevação.

Facultar-se consciência de dever — maioridade espiritual.

*

O ato de crer implica, inevitavelmente, no dever de transformar-se, abdicando dos velhos hábitos para impor-se disposições impostergáveis na tarefa da edi­ficação interior.

A comodidade da negação, a permanência da in­diferença, a prosaica atitude de observador contumaz, encontram, na fé religiosa, o seu mais temível adver­sário, porqüanto, esta impele o homem a modifica­ções radicais, arrancando-o da inércia em que se compraz para a dinâmica relevante que conduz à felicidade real.

Luta-se contra a crença quanto às realidades da vida indestrutível pela morte e, todavia, ei-la inata no espírito humano. Essa reação, porém, muitos a justificam no utilitarismo, de que se servem, no parasitismo emocional em que se acomodaram e preferem, incon­seqüentes... No entanto, mais do que pela falta de “razões” e de “fatos” sobre a supervivência, que os negadores, alegam, não dispõem, isto sim, da coragem para recomeçar em bases novas, “abandonar tudo”, renunciar-se e seguir adiante, cobrindo as pegadas deixadas por Jesus.

*

Impõe-te valentia para desfazer-te do “homem ve­lho” e referta-te com os estímulos da fé, ressarcindo dívidas, remotas e próximas, contribuindo, assim, para o mundo melhor do futuro, mediante a tua própria melhora.

Refletindo nas lições do Evangelho, compreende­rás o imperioso convite da fé, e, experimentando as atitudes espíritas, mediante o intercâmbio dos habitan­tes dos “dois mundos”, o espiritual e o material, per­ceberás o porquê da urgência de incorporar-te à fa­lange dos que crêem e lutam, dos que amam e servem, dos que, morrendo, nascem para a vida verdadeira e ditosa...

Além de libertar-te das fúteis querelas e exibições que ocorrem no picadeiro do corpo físico, a fé te conce­derá visão reconfortante e plenitude em todos os teus dias.

Valoroso, mantém-te confiante nos postulados evangélicos e permite-te, sem titubeios, a fé, com a re­solução de quem está disposto a pelejar infatigável até a vitória final com Jesus.

DÉCIMA-PRIMEIRA PARTE

DA LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

875. Como se pode definir a justiça?

“A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais.”

886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?

“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

“O Livro dos Espíritos”

55

ANTE O AMOR

Quando te encontres semi-vencido pelos proble­mas que comumente assaltam o homem na trilha da evolução, já experimentando o ressaibo da amargura e do desencanto, ou quando à borda do resvaladouro, na direção do crime e da alucinação, antes da decisão aconselhada pela ira ou pela violência, perguntes ao Amor a trilha que deves tomar e o Amor te responde­rá com sabedoria como prosseguires, não obstante o céu nublado e os caminhos refertos pela perplexidade e pelo pavor.

Talvez não consigas alcançar a meta da paz que persegues imediatamente nem a logres em caráter me­diato-próximo.

No entanto, não desfaleças na tentativa.

O amor te faltará em mansuetude e brandura, paz e esperança.

Todo esse conjunto de valores exigir-te-á grande esforço e aguardarás tempo, a fim de se materializarem, modificando o contingente das realizações habituais.

Apesar da aspereza que a decisão amorosa te exi­girá, fruirás desde o início da decisão uma tranqüili­dade que decorre da consciência liberada das amarras infelizes do personalismo enfermiço quanto do egoís­mo perturbador.

No Amor — Causa primeira de todas as coisas porqüanto a Criação é um ato de amor — se iniciam e se findam todas as ambições, encontrando-se respostas para todas as situações da problemática moral e hu­mana.

Ante. o Amor, a dificuldade torna-se desafio,

a dor faz-se teste,

a enfermidade constitui resgate,

a luta se converte em experiência,

a ingratidão ensina,

a renúncia liberta,

a solidão prepara

e o sacrifício santifica...

Naturalmente o Amor impõe necessidades e valo­res retributivos, quiçá desconhecidos no momento da doação.

Quando, porém, alguém recebe o magnetismo do amor, sem que o perceba, vitaliza-se, acalma-se, reno­va-se e ama. Nem sempre devolve àquele que lhe doa a força do amor, não obstante retribui a dádiva esparzindo-a e dirigindo-a a outrem. E isto é o mais importante.

Talvez seja necessário que o teu amor atinja o martírio para alcançar o fim a que se destina. Entre­tanto, se te negas à doação total, eis que não amas, ver­dadeiramente, apenas impões transitório capricho que desejas receber transformado num amor que te irri­gue e sustente, sem que o mereças, porém.

Desse modo, recorda Jesus, em qualquer circuns­tância ou posição em que te encontres, e, à semelhan­ça d’Ele, consulta e responde com amor, não fazendo ao teu próximo o que não gostarias que este te fizesse.

O Amor tudo resolve. Experimenta-o desde agora.

56

DESARMAMENTO ÍNTIMO

Aclaras, que reagiste com ira descontrolada, por­que já aguardavas a agressão do outro.

Explicas que, informando das ciladas que esta­vam armadas contra ti não tiveste tempo de refletir, desferindo, então, o primeiro golpe.

Justificas que, ferido mil vezes pela impetuosidade dos desequilíbrios que desgovernam a Terra, foste forçado à decisão infeliz.

Conjecturas que, em verdade, poderias ter sido mais brando. No entanto, saturado pela recidiva dos problemas afligentes, não tiveste outra alternativa, se­não a do gesto tresloucado.

Informas que, a fim de não seres esmagado pelas circunstâncias, preferiste tomar a dianteira, na ação indébita.

De fato, como constatas, embora sob justificati­vas não justificáveis, estás armado intimamente con­tra os outros.

Feres, pensando, assim, evitar a tentativa do ou­tro.

Acossas, na suposição de que te poupas à pertur­bação nefasta do outro.

Esmagas, considerando ser a forma eficaz de pou­par-te à sanha do outro que se compraz em afligir e malsinar.

Todavia, convenhamos, o outro é o teu irmão.

Violento, inditoso, agressivo, vingador porque, In­felizmente, não tem encontrado entendimento e ajuda, fraternidade e afeição.

Tu que és amigo do Cristo, que tens dado à famí­lia sofrida da Terra, aos desorientados do caminho, em nome d’Ele?

*

Desarma-te ínteriormente e agirás melhor.

Agridem-te, porque também agrides, se a opor­tunidade é tua.

Magoam-te, porqüanto farias o mesmo, fosse-te o ensejo propício.

Somente modificarás as tristes paisagens morais do Orbe, se exteriorizares pacificação e beleza, ternu­ra e confiança que deves manter gravadas nos reces­sos do espírito.

Não sejas tu, sob motivo algum, o violador, o agente do mal.

Propõe-te à harmonia, e dá oportunidade ao teu irmão, mesmo que sejas onvidado a pagar o tributo desse gesto de socorro.

Quem ama sempre se transforma em mártir do amor.

E o amor somente é autêntico, quando imola quem ama.

Não fora essa grandiosa realidade, e Jesus não se teria permitido imolar por amor a nós todos, compro­vando que, se nos não despojarmos das armas morais interiores que engendram a guerra, não triunfará o Bem de que Ele se fez ímpar vexilário, que te propões restaurar e manter na atualidade.

57

CARIDADE PARA COM OS ADVERSÁRIOS

No fundo, o adversário gratuito, que se converte em perseguidor contumaz e sistemático, amargando tuas horas e anatematizando teus esforços dirigidos pa­ra o bem, não deve receber tua reação negativa.

Justo te precatares contra a irritação e a cólera, em relação a ele.

Não poucas vezes sentirás a presença da revolta e dos nervos em desalinho, face à constrição que te é in­fligida, convertendo-se em duro acicate ao ódio ou pe­lo menos ao revide. Apesar disso, arma-te de paciên­cia e age com prudência.

O vendaval enrija as fibras do arvoredo, o fogo purifica os metais, a drenagem liberta o lodo, o cinzel aprimora a pedra e a dor acrisola o espírito.

Observado pela má vontade e contundido pela impulsividade dos perseguidores serás convidado, ao exercício da abnegação e da humildade, preciosas virtudes mediante as quais resgatarás dívidas de outra procedência, enquanto eles, a seu turno, despertarão para a responsabilidade depois.

Porque te persigam, não é lícito te convertas em sicário também.

Todos nos encontramos na Terra em exercício de sublimação espiritual.

Embora te sintas arder nas provocações e sofrer pelas injustiças impostas não te cumpre qualquer revi­de infeliz.

Apazigua as paisagens íntimas e prossegue dedi­cado aos misteres abraçados.

Enquanto te fiscalizem, acusem, duvidem de ti, utilizarás mais a prudência e a temperança auferindo maior soma de benefícios.

No fragor da perseguição, oferta a tua prece de gratidão em favor dos que se converteram em inimigos gratuitos da tua paz, reservando-te caridade para com eles.

Se insistires desculpando-os, constarás que, não obstante, desconheçam, fazem-se teus mestres ignora­dos, graças a cuja permanente antipatia ascenderás na direção do Grande Incompreendido da Humanidade que prossegue até hoje esperando por todos nós.

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CONFIANÇA E AMOR

Se confias na Providência Divina não te agastes em face das incompreensões que te surpreendem no ideal do bem a que te dedicas.

Possivelmente encontrarás pessoas que desfilam na Terra cercadas de bajuladores e ovacionadas pelo entusiasmo geral, sem que, no entanto, se dediquem a qualquer mister de enobrecimento. Por isso mesmo são elogiadas, por outros equivocados, que se demoram na inutilidade.

*

Se te reservas a alegria do serviço nobre, não es­peres resultados favoráveis aos teus empreendimentos superiores.

Certamente há muitos que coletam provisões de simpatia e entusiasmo com facilidade, não obstante permaneçam insatisfeitos.

*

Se preferes a dedicação exclusiva à Seara do Cris­to, defrontarás empecilhos e mal-querenças onde espe­ravas que medrariam amor e fraternidade.

É provável que noutros campos de ação compa­reçam sorrisos e gentilezas de caráter exterior, porqüanto os homens são sempre homens — nem anjos nem demônios — lutando contra as imperfeições onde quer que se encontrem.

*

Se esperas conseguir a perseverança no lídimo serviço da Verdade, não descoroçoes ante injustiças e difamações.

Existem, sim, os que são ditosos e transitam au­reolados por títulos de benemerência, requestados por uns e aplaudidos por outros, não, porém, indenes à sanha da inveja, à chuva do despeito, feridos pela fle­cha da impiedade dos negligentes e malfeitores contu­mazes.

*

Na Terra, a felicidade somente é possível quan­do alguém se esquece de si mesmo para pensar e fazer tudo que lhe seja possível em favor do seu próximo.

A felicidade perfeita, se existisse, no mundo, se diluiria ante uma criança infeliz, um enfermo ao aban­dono, um velhinho relegado ao esquecimento...

Não pretendas, portanto, ouropéis enganosos, cortesias especiais, reconhecimento imediato, favori­tismo ou, mesmo, entendimento fraternal...

Como não é correto cultivar pessimismo, não é proveitoso sustentar ilusão de qualquer matiz.

Se confias na Misericórdia de Deus, trabalha sem desfalecimento e ama em qualquer circunstância, sem distinção nem preferências, recordando Jesus, que em­bora Modelo Impar, não encontrou, ainda, no mundo o entendimento nem a aceitação que merece.


59

AUXÍLIO A SOFREDORES

Diante deles, os sofredores de qualquer jaez, po­licia a conduta no ato de ajudá-los.

Tragam-te ao conhecimento problemas econômi­cos, morais ou de saúde, não te revistas de falsa supe­rioridade, assumindo a aparência de benfeitor, com que poderás constrangê-los, adicionando às já existen­tes, novas aflições.

Cada dificuldade se resolve mediante recurso específico.

Não os padronizes, igualando suas dores somente porque façam parte da imensa massa de padecentes da Terra.

Este deseja externar aflições e receber amizade Aquele anseia por socorro imediato através do pão ou do medicamento e, talvez, no desespero em que se vê colhido, não disponha das palavras próprias, fa­zendo-se impertinente, rebelde, inquieto.

Esse, ferido nos dédalos da alma por dardos ve­nenosos, está prestes a sucumbir e necessita de um amigo.

Aqueloutro, desarvorado por inquietações psíqui­cas e emocionais, perdeu o contato com a realidade objetiva e desvaira, ansiando por alívio.

Propõe-te solidariedade e alcança-os com os teus sentimentos fraternos.

Não os objurgues, amargando o pão que por aca­so disponhas para ofertar-lhes.

Nada lhes exijas, em face da moeda ou da pala­vra que lhes distendas.

Se te escassearem meios externos com que lhes diminuas as penas, recorre ao auxílio espiritual sem­pre valioso: a prece, a água fluidificada, o passe para a restauração das suas forças.

Sempre possuis algo para doar.

*

Há quem ajude avinagrando a linfa da generosi­dade.

Muitos confortam e reprocham simultaneamente.

Diversos socorrem e advertem, chamando a aten­ção para a dádiva que dispensam.

Uns abrem os braços à dor, mas não ocultam o

enfado, a saturação logo nos primeiros tentames, is to quando não exteriorizam o azedume e a censura rude.

Estão na provação hoje, os que não souberam uti­lizar-se dos bens da vida com a necessária correção no passado.

Sofrem os que iniciam o processo evolutivo por meio da dor-burilamento.

Batem-te à porta, buscam-te o socorro, pedem-te compreensão. Não lhes recuses o amor.

*

Jesus recomendou-nos com a Sua autoridade in­conteste: “Batei e abrir-se-vos-á; buscai e achareis; pe­di e dar-se-vos-á.”

Se esperas encontrar à tua disposição a Miseri­córdia Divina, amanhã, sê, agora, o mensageiro dela em relação aos que te batem à porta, te pedem e te buscam, executando o mais meritório esforço na cari­dade sem jaça: dar e dar-se sempre sem limite.


60

TERAPÊUTICA DO AMOR

Perante os irmãos desencarnados, em desfaleci­mento moral e amargura perturbadora, reflete a tua situação íntima antes de dirigir-lhes a palavra, nos abençoados momentos de intercâmbio mediúnico.

Eles apresentam o resultado da imprevidência e do desacato às soberanas leis do equilíbrio, ora colhi­dos pela dor que os amesquinha.

Não se conscientizaram das responsabilidades que lhes repousavam sobre os ombros. Fugindo ao de­ver, derraparam pelas encostas sombrias da turbação íntima em que ainda se encontram.

Se te não cuidares, neles já poderás identificar o que te aguarda.

Vêm em busca de auxílio; ajudam-te, porém, me­diante a silenciosa advertência do que te ocorrerá, caso não te firmes nas disposições e atitudes salutares.

Por isso, unge-te de compreensão e fala-lhes com a ternura de irmão e o respeito de amigo.

O amor que lucila em ti e te apazigua, leni-los-á e o argumento sincero, sem floreios nem azedume, despertá-los-á.

De forma alguma incidas na discussão infrutífera ou no preciosismo da linguagem vazia de significação fraternal.

Sem a preocupação de fazer retórica, lembra-te, que te ouve, além daquele que se utiliza da instru­mentalidade mediúnica, momentaneamente, um pú­blico curioso, ávido de sensacionalismo, com céticos e cínicos, enfermos e atônitos, perseguidores e maus reunidos pela excelsa misericórdia de Nosso Pai, a fim de que, também, possa desfrutar da abençoada oportunidade.

Evita a astúcia do sofisma pelo jogo das pala­vras. Não te encontras numa pugna verbal, da qual devas sair vencedor. A tua preocupação deve ser a de esclarecer e medicar a ulceração que lhe consigas iden­tificar. Os resultados pertencerão ao Senhor.

Incitado ao debate por aqueles que se comprazem em perturbar, declina com humildade, da justa im­procedente.

Nem vencer o interlocutor, nem mesmo conven­cê-lo, antes socorrê-lo, deve ser a inspiração que te emule ao diálogo.

Diante deles, os desencarnados que sofrem, em­bora alguns não se dêem conta, coloca-te na posição de quem usa a terapêutica espiritual do amor em si mesmo.

Como não é justo o arrazoado contundente, nun­ca é oportuno o pieguismo improdutivo.

Desde que coexistem os dois mundos — aquele no qual se encontram e o em que deambulas — os pro­blemas, por sua equivalência, merecem o mesmo tra­tamento.

Sê, então, autêntico, no sentido positivo.

Não aparentes uma posição superior, conselhei­ral, rebuscada, autoritária ou excessivamente piedosa, simulada, com rasgos de uma emoção que não sintas.

O bem é simples e a sua linguagem singela dis­pensa as pesadas bagagens da aparência. Exteriori­za-se sutilmente, antes que estronde dominador.

*

Não acreditarão na tua palavra os desencarnados com os quais dialogues.

Todo conceito nobre ajudá-los-á. Todavia, per­meia-te dos ensinos que lhes ministres. Incorpora-os ao comportamento cotidiano, não apenas porque te ajudarão a ascender e libertar-te das paixões, como porque os teus ouvintes te acompanharão a verifica­rem se apenas falas, ou se vives as disciplinas que ministras, lutando contra as imperfeições que profligas.

Em última análise, quem se faz instrutor deve valorizar o ensino, aplicando-o em si próprio.

Com natural esforço, a pouco e pouco despoja-te das mazelas que afeiam a transparência das tuas rea­lizações e aproveita o ensejo de, mantendo contato com os irmãos que já defrontam a consciência livre, aprenderes que te encontras no mundo em processo de purificação, precioso e relevante, e o não podes desperdiçar.

As palavras repassadas de lealdade, que fluem da fonte inexaurível da experiência pessoal, possuem cativante, envolvente magnetismo que lhes atesta a excelência.

Pondera, pois, na tua transitória situação. Quiçá, no futuro, invertam-se os papéis: quem ora te busca, poderá estar no teu lugar, enquanto lhe ocupes a posição.

A desencarnação e a reencarnação constituem portas de acesso à vida em expressões diferentes.

Se, apesar de tudo, desejando esclarecer os nossos irmãos em desalinho espiritual, não lobrigares o êxito que te parece ideal, não descoroçoes.

Toda tentativa de amar e ajudar é sempre válida, senão para quem pede, ao menos para quem se dispõe a doar.

E se hoje não te puderem entender os desencar­nados entorpecidos pela anestesia da leviandade, pos­teriormente valorizarão a tua tentativa de servi-los, e, por isso, não te amarão e respeitarão menos.

Tudo é válido na economia do Bem, na Casa do Pai Celestial, em que, por enquanto, transitamos entre as vibrações da estação terrena.

Fim